06

Maria Fernanda

Estar no elevador com os dois é estranho, e ver o meu chefe que tem uma cara de ser tão sério olhando a conversa do WhatsApp da ex noiva pelo espelho é de fato mais estranho.

Mas como eu sou curiosa olho também, mesmo sem entender nada. Mas os corações e em seguida a foto de um homem sem camisa em frente a um espelho me faz olhar pro meu chefe.

Mesmo sem conhecer ele, é perceptível que ele estava irritado e magoado ao mesmo tempo.

Ele apenas para de olhar, e o elevador se abre e a mulher sai sem olhar pra trás.

Tento não aparentar estar olhando tudo aquilo e pego o meu celular e começo a mexer.

Assim que o elevador se abre eu saio primeiro e vejo o Heitor mexendo no celular.

Vou até ele que me olha e sorri.

– vamos, tem um restaurante aqui perto e o melhor aceita nosso vale refeição.- ele diz colocando o braço no meu ombro.

Assim que chegamos lá, nós mesmo nos servimos e procuramos uma mesa.

– amanhã é a festa de empresa, você vem?.- ele me pergunta.

– festa da empresa?.- pergunto e ele concorda.

– 40 anos, se não me engane das redes de mercado dos castros, todos os funcionários são convidados, e vem várias pessoas dos outros estados, mesmo que seja algo de trabalho a festa é muito boa, álcool e tudo mais.- ele diz e eu arqueio a sobrancelha.

– você vai?.- pergunto e ele concorda.

– não perco por nada, e você pode se enturmar mais nessa festa.- ele diz e eu apenas enfio um pouco de salada na boca.

– eu vou.- falo e ele bate palmas animado.

– garanto que você vai amar, só não bebe muito por que no outro dia você vai trabalhar. - ele fala.

***

E depois da reunião com o pessoal do financeiro o meu chefe ficou mais irritado que o normal.

Já está na hora de ir embora, e eu preciso que ele saia, por que se eu chamar por ele, ele pode me tratar mal e eu posso mandar ele ir a merda e perder o meu emprego.

Mas o tempo vai passando e vejo que vou ter que ir lá mesmo.

Me levanto e vou até a porta dele e dou duas batidas.

– entra.- ele fala e eu abro a porta.

– é, já deu a minha hora, o senhor prefere que eu mande o seu dia de amanhã por e-mail ou falo agora?.- pergunto e ele me olha.

– pode mandar por e-mail, você já deveria ter ido embora.- ele fala se levanta e puxa as mangas da camisa social pra cima, deixando as veias do braço mostrarem.

– é mas eu não sabia se poderia sei lá, interromper o senhor.- falo e ele pega o celular em cima da mesa.

– é o seu trabalho, o fato de eu estar de mal humor não significa que eu vá descontar em você, Maria Fernanda.- ele fala e volta a me olhar. – seu nome é muito grande, tenho que ser sincero que isso me dá uma grande agonia.- ele diz e eu dou um sorrisinho. – vou te chamar de Maria.- ele fala passando por mim.

Eu odeio que me chamem de Maria, mas como ele é o meu chefe, ele pode me chamar até de outro nome.

– Maria.- falo baixinho e me viro pra ir embora atrás dele.

– algum problema com esse nome Maria?.- ele fala com um sorriso contido.

– não, problema nenhum.- falo e ele chama o elevador.

Fecho a porta dele e pego a minha bolsa em cima da minha mesa e vou na direção dele.

– amanhã terá a festa de empresa, o Heitor deve ter te contado.- ele diz puxando assunto o que é muito estranho já que ele é todo calado na dele.

– é ele me falou sim, só não me passou o endereço, vai ser aqui mesmo?.- pergunto e vejo ele concordando.

– é bom você vim, você é nova e vou precisar de você caso aconteça alguma coisa.- ele diz e o elevador chega e se abre.

O que se usa nessas festas de gente rica?

– nas festas de gente rica se usa o que você quiser Maria.- ele diz e eu olho pra ele. – você pensou alto.- ele diz e eu tento não ficar vermelha.

Entramos no elevador e eu fico em silêncio.

– um vestido longo, é o que as mulheres costumam usar.- ele fala e eu tô começando a achar que ele quer me falar alguma coisa.

– o senhor tá diferente.- falo de cabeça baixa.

– estamos fora do horário de trabalho, não precisa me chamar de senhor, apenas de Thomaz.- ele fala e eu concordo. – e diferente como?.- ele pergunta colocando as mãos no bolso da calça, isso não deveria ser atraente mas está sendo.

Deixa de ser louca Fernanda, nada de sentir atração pelo seu chefe.

– o senhor.- falo e ele faz cara feia. – você, é fechado normalmente, agora está puxando assunto.- falo e ele sorri de lado.

– como eu falei, estamos fora do horário de trabalho, eu não sou uma pessoa tão fechada assim, Maria.- ele diz e chegamos no nosso andar. – até amanhã.- ele diz e eu sorrio fraco.

– até.- falo e passo o meu crachá no leitor e logo estou na rua.

Espero que meu ônibus não tenha passado, ou vou demorar um ano pra chegar em casa.

Fico esperando no ponto de ônibus até ver o meu chefe pegar a chave do carro com um homem.

Assim que ele entra no carro eu paro de olhar e volto a minha atenção pra rua, pra esperar o meu ônibus.

Sinto uma respiração perto do meu pescoço o que me faz me assustar e olhar pra trás.

– tá maluco?.- falo ao ver um homem se afastar. – sai pra lá.- falo e as pessoas olham na nossa direção e ele se afasta.

Não demora muito pra ele voltar e tocar na minha cintura, junto a minha pouca força e dou um soco na cara dele.

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