Diga, Sim.

Diga, Sim.

01

Maria Fernanda

Quando eu nasci, fui a primeira felicidade de um casamento quase indo as ruínas.

Segundos meus pais, eu fui o ponto de luz pra eles, o que claro uns anos depois mudou já que ganhei uma irmã. Ela ganhou mais atenção que eu, mas eu nunca me importei com isso, sempre mimei a minha irmã da melhor forma possível.

Aliás, me chamo Maria Fernanda, Mafe pro mais íntimos. Nasci no Rio de Janeiro, pobre e lascada da vida.

E num calor incrível de 31 graus, estou eu aqui no asfalto quente com um currículo em mãos, o último de 10 currículos aliás. Uma calça jeans, é uma camisa formal, e sim, isso está me matando.

Entro no último local e entrego o último currículo pra poder voltar pra casa.

Mais um dia frustado atrás de trabalho, já que perdi o meu antigo. Acabei sendo demitida por que mandei a filha do meu chefe enfiar o ego dela no rabo.

Posso ser pobre e lascada, mas ninguém além de mim mesma pode me humilhar.

Com o dinheiro do ônibus, espero na parada e logo o meu ônibus chega e eu volto pra casa.

– oi, como foi hoje?.- a minha mãe pergunta assim que me ver entrar pela porta.

– estou gastando meus últimos centavos em currículos, e não sou chamada em nenhum lugar.- bufo indo pra cozinha, indo atrás de água gelada, na qual eu sempre misturo com água natural por que eu odeio água muito gelada.

– relaxa, irmã.- a minha irmã aparece de pijama. – um dia vamos ganhar na loteria.- ela diz o que eu sempre falo.

– claro que vamos.- falo dando um sorrisinho. – tá de folga hoje?.- pergunto e ela concorda se jogando no sofá.

– não viu o seu pai pela rua?.- a minha mãe pergunta terminando de fazer o almoço. – ele saiu e ainda não voltou, ele vai levar uns tapas pra voltar na hora certa.- ela diz secando as mãos no pano de prato.

– deve ter parado na esquina e está falando com os amigos.- a Maria Isabel, vulgo minha irmã fala.

– bom, vai tomar um banho e vem almoçar.- ela diz pra mim e eu vou pro meu quarto.

A nossa casa se resume a, três quartos, um banheiro, sala, cozinha, um quintal um pouco grande e um terraço pequeno.

Meu pai trabalha, minha mãe é confeiteira, e minha irmã também trabalha em uma loja de roupa no shopping.

E estar desempregada, mesmo que seja por quase um mês, eu me sinto uma inútil e um grande fardo.

Pego minhas roupa e vou pro banheiro, tomo um banho frio e logo estou almoçando enquanto assisto o jornal.

A porta de casa se abre e o meu pai passa por ela com um pequeno cachorro nos braços.

– que cachorro é esse Antônio?.- a minha mãe pergunta.

– eu que não vou cuidar de cachorro nenhum.- eu e minha irmã falamos ao mesmo tempo.

– está vendo, Luci.- ele fala pro pequeno ser nos braços. – esse povo são mal humorados, mas eu vou cuidar de você.- ele fala e eu volto a almoçar.

– que raça é, é macho ou fêmea ?.- falo indo em direção do cachorro e minha irmã vai atrás.

– é uma fêmea, e a raça é dobermann.- meu pai diz e eu pego a cachorra nos braços.

– como que você conseguiu uma cachorra de raça desse nível?.- pergunto alisando a Luci.

– quem tem amigos tem tudo querida.- ele diz indo em direção a cozinha.

– você vai cuidar dela, limpar tudo no quintal, e vai comprar tudo pra ela, ela é uma doçura pra dormir no quintal.- a minha mãe fala pegando a cachorra de mim e sai conversando com ela.

– pra quem não queria.- minha irmã fala revirando os olhos.

Escuto o toque do meu celular e vou até ele vendo o nome da Livia na tela.

– fala.- digo assim que atendo a ligação.

– olha, na empresa aqui perto de onde trabalho, está pegando currículos, vou te enviar o e-mail pra você enviar o seu.- ela diz e desliga a chamada.

Livia é minha melhor amiga, estudamos juntas e não desgrudamos desde então.

Logo vejo a mensagem dela chegar, envio o meu currículo sem esperança e volto pra terminar o meu almoço.

– e você, Maria Isabel?.- o meu pai fala puxando assunto depois que todos já estão almoçados.

– o que tem eu?.- ela diz deitada no tapete.

– não vai arrumar um genro pra mim nunca, sua irmã já arrumou um, claro que já não está mais com o traste, mas ainda sim arrumou.- ele diz e ela faz uma careta.

– essa aí vai morrer virgem.- falo rindo.

– fica na sua.- ela diz sem me olhar.

– por acaso você gosta de mulheres?.- meu pai diz e eu solto uma risada alta.

– Jesus, abençoa esse homem.- minha irmã diz dando risada. – eu não sou lésbica, só vou namorar com alguém que preste, como esse alguém ainda não apareceu, ficarei aqui quieta igual um anjo.- ela diz e meu pai começa a debater com ela sobre eles já estar velho e quer ser avô.

Meu celular começa a tocar e eu deixo os dois lá discutindo, e vou atender a ligação.

– Alô?.- falo colocando o celular no ouvido.

– falo com Maria Fernanda?.- uma voz feminina fala e meu coração acelera.

– Sim, sou eu.- falo e todos na sala param pra prestar atenção em mim. – no que posso ajudar?.- falo com a voz nervosa.

– olá, Maria Fernanda, tudo bem?.- ela fala e antes que eu responda ela continua. – sou a Luiza, falo da Castro Mercados, vimos o seu currículo e gostamos bastante dele, gostaria de saber se você está disponível para uma entrevista presencial amanhã às 10 da manhã?.- ela diz e eu nem penso antes de responder.

– sim, estou disponível sim.- falo animada.

– então a gente se vê amanhã, Maria Fernanda.- ela diz gentil. – tenha um bom dia.- ela diz e logo desliga.

Olho pro povo que esperava uma resposta minha.

– eu tenho uma entrevista de emprego.- digo sorrindo.

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Comments

Andreia Gregorio

Andreia Gregorio

Igualzinho a vc amiga!🤣🤣🤣🤣

2024-04-26

1

Carla Jesus

Carla Jesus

ao menos admite

2024-04-12

1

Sonhadora

Sonhadora

Já estou adorando. Adoro livro bem escrito e esse está muito bom 😍

2024-04-10

4

Ver todos

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