A sopa depois do jantar acontece às 21:00 da noite. Eu nunca vinha a sopa se jantava, mas hoje queria dar mais tempo a Thomas para ele processar o que acontecia. Não quero sufocá-lo. Quero estar perto dele, mas é bom deixá-lo sozinha um pouco. Mas minha angústia não passa. Isso não é bom para minha bebê.
— Temos que cortar gastos. Elizabeth você mandou fazer três vestidos só este mês. Dez jóias no joalheiro. Vinte pares de sapatos parisienses. — Comentou Grace severa.
A loira riu soltando a colher dourada de sopa.
— Isso é o mínimo que uma dama necessita. Já imaginou repetir vestidos, sapatos e jóias…
— Eu repito vestidos, sapatos e jóias. Isso não nos torna menos. — Constatou Grace sem se alterar. — Evangelina também. Por que não pode o fazer também…
— Ivan jamais me faria passar por uma situação dessa fosse o que fosse que se sucedesse nas fábricas e usinas.— Resmungou a loira.
— Mas ele não está mais aqui, está? — Falou Grace sombria e cansada. — E isso graças a quem…?
Elizabeth a estudou profundamente magoada. Os olhos esmeralda se encheram de lágrimas e ela deixou a mesa de refeições.
Um silêncio tenso começa.
Grace me estudou. Ela me avaliou.
— Thomas também não quis vim tomar sopa, querida?
— Disse que estava sem apetite. — Informei querendo terminar logo para ir vê-lo, mas preciso comer bem pela bebê. E não posso deixar Grace ceiar sozinha. . — Vou tentar acalentá-lo depois. E levar algo para que ele coma. Não se preocupe.
— Você o mima muito. Mais até do que eu. Não sei se seria prudente numa situação dessa. Ele deve pensar no que fez de errado e não ter uma mão acariciando sua cabeça. — Acusou Grace. Acho que corei. — Faz tudo o que ele quer, mas ainda consegue manter sua própria essência indomável. Incrível isso.
— O que a senhora quer dizer? — Questionei.
Isso é um elogio ou uma crítica?
— Cede a ele por empatia, não por carência. Não busca a validação dele, mas quer que ele fique feliz.
— Ele é um bom rapaz. E não acho que cometeu qualquer erro. Negócios assim são arriscados mesmo. E ele precisa ser consolado não lembrado desta situação cuja culpa não é dele e poderia ter acontecido com qualquer um que usa o mar para transportar mercadorias. — Murmurei suspirando e com o coração apertado. — Nem imagino o quanto ele já deve estar se culpando para não querer descer e sentir os olhares acusadores.
— Meu Thomas tem sorte por te ter… O protege como uma leoa.— Comentou Grace surpresa. — Se com ele que é seu companheiro é assim, imagine como a senhora vai ser com seu filhote.
Me lembrei do belo presente que ele me entregou. O coração do meu abusador.
— Eu que tenho sorte por tê-lo, Grace.
…
Cheguei ao nosso quarto. Depositei a bandeja com uma tigela de porcelana de canja de frango e um prato de torradas na mesa de cabeceira e fui vê-lo deitado encolhido se escondendo do mundo atrás do lençol da cama. Arranquei o lençol de seu rosto tentando ser paciente o que me é muito raro.
— Não quero comer. — Me informou com os olhos inchados de tanto chorar. — morrerei de fome como punição por ser tão inútil, esposa. Saia. Não quero que me veja assim.
— Não é inútil, meu amor… — Protestei.
Vê-lo assim me destrói mais do que me deixa com raiva.
— Ivan nunca cometeria erros, Lina…— Argumentou ele impetuoso. — Eu devia ter morrido no lugar dele. Sou um inútil.
— Você não é Ivan. Você é você. E você não é inútil, Thomas. Ó querido… Você me faz querer lutar para estar viva, meu doce amor.— Acalentei e o toquei no rosto e ele me estudou atordoado. — Onde está o belo homem que arrancou o coração do abusador de sua esposa e a presenteou com ele…hm… onde está o meu demônio lindo?
Ele ofegou. Puxou meu cabelo e enfiou a língua na minha boca. Ah, Thomas… Não, assim não resisto. Foco mulher.
— Aqui. — Rosnou. — Eu mato quem ousar tocar no que é meu.
— Eu também mato quem ousar tocar no que é meu. — garanti.
Ele rosnou.
— Verdade? — Perguntou, inseguro. — Mesmo eu sendo um erro?
— Saiba que mataria sim qualquer mulher que você tocasse e não fosse eu. — Falei com a testa contra a dele e lambi seu lábio sem resistir. — Estou do seu lado,lindo. Você não é um erro. É o meu amado.— acariciei com o polegar a lateral de seu lindo pescoço. — Sou sua para sempre. Seja meu também. Hm…— Pedi e ele assentiu. — Vamos queimar esse mundo juntos. Nunca vou deixar você. Mas precisa comer para criar forças para lutar contra as alguras da vida. Coma! Comer e dormir é o melhor remédio para as coisas ruins que acontecem e não estão no nosso controle. Podemos fazer amor também… o que você quiser.
Thomas perdeu a pose de menino. Me mirou como um homem faminto. Assenti. Isso. Ele ia pegar a bandeja determinado a comer. Mas não deixei. Ele me estudou confuso. Ele reagir …Essa era a reação que eu queria, mas agora eu vou mimá-lo muito.
— Hoje você pode sofrer como o menino que é. Eu vou até te dar comida na boca e você pode chorar e me amar como quiser, o controle é seu. Amanhã encontre a solução como o homem que precisa ser. Tudo bem, meu amor?
— Sim. — Concordou ele.
— Estou sempre com você, meu amor. Sempre. — Prometi sem me reconhecer.
Essa parte minha é tão nova. Mas vê-lo assim me dilacera. Eu não suporto ver o meu amado menino sofrer. Merda de mundo sádico.
Ele cheirou meu pescoço e respirei fundo. Ele beijou minha pele.
— Me alimente, esposa. Hoje sou um menino, mas amanhã prometo que te deixarei orgulhosa.
— Você sempre me deixa orgulhosa. — Garanti sem forças.
— Sempre? — Questionou lambendo meu pescoço.
Estremeci.
— Sempre.— Respondi.
Meu coração é meio que dele. Acho que estou apaixonada. Mas pode ser só empatia. Mas piedade não vem com vontade de fazer amor loucamente, vem? Nem com posse doentia? Nem com vontade de matar quem o machuque dessa forma e o faça duvidar de si mesmo? Seja lá o que for isso que sinto, vou provar com ações. Eu vou sempre estar ao lado dele
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Laurineide Silva Leite
Tão lindo.
2024-03-08
1
Rosária 234 Fonseca
paixão e começo e um amor profundo entre os dois
2023-09-03
2