Somos um

O demônio saiu e me deixou sozinha no jardim com dois chafarizes, arbustos, uma plantação de rosas e uma horta. E com a revelação de que já há uma diminuta semente crescendo em minha barriga.

 Eu vou ser mãe. Mãe da Nott. Eu só espero que nessa nova existência ela seja feliz, eu vou lutar com todas as minhas forças para limpar o mal que essa família a fez. Eu sou uma pessoa que já sofri muito, vou tentar dar o meu melhor para que ela não sofra. Eu quero chorar. Os ventos são frios e o cheiro de umidade mostra que vai chover. É melhor eu voltar para dentro 

Eu terminei de enterrar a prova do crime,  no mais fundo possível no canteiro mais esquecido e ainda não usado onde a terra ainda era preta para não ter problemas de parecer remexida. Limpei as mãos com a água do regador do jardineiro Wilson.  Fui guardar a pá na despensa da cozinha.  Quando voltei para o nosso quarto,  Thomas parecia ele mesmo. Mas eu estranho, não houve desmaio ou febre… Eu sinto que tem algo errado. Está cada dia mais difícil discernir Thomas do demônio.

— Se livrou do meu presente? — Questionou emburrado pelos braços cruzados e lábios crispados.

Sim, é meu Thomas. 

Eu ri. Eu gosto desse quarto. O papel de parede no tom de areia me acalma. A pintura sacrossanta de anjinhos no teto é bonita. A penteadeira é marrom e os móveis também. Não é opressor como o nosso original que tem tudo vermelho e preto. 

 Tirando a parte dele ter matado um homem hedionamenfe. Esse rosto solene emburrado é muito adorável. 

— Querido, por mais que eu tenha apreciado  seu presente mórbido que deixaria outras damas transtornadas.  Não podia manter pelo seu bem e pelo meu bem. E pelo bem da nossa futura  bebê que não pode ter um pai assassino.— Expliquei. 

Ele me estudou ainda emburrado. Meu Deus! Que lindinho.Eu fui até ele e me sentei no seu colo rindo de sua impetuosidade juvenil.  Ele tocou meu cabelo e brincou com as ondas dos meus fios. Peguei a mão dele, beijei a mão macia, contudo, grande dele. E beijei sua boca sem resistir.

— Lina…Gosto quando age assim… — Sussurrou abraçando minha cintura, com o rosto nos meus seios. 

— Hm…como? 

— Assim. — Confessou, me abraçou, tocando meu rosto, acariciando minha bochecha com o polegar e roubando um selinho. — Você está mais suja do que o necessário de terra. O que houve? 

Corei. O demônio quis fazer amor comigo sobre a  terra.  Mesmo sendo o corpo de Thomas, ainda me soa tão errado. 

— Se eu te disser que eu não quero falar sobre isso. Esqueceria a questão, meu amado?

Meu Thomas assentiu e me cheirou. Quando ele me cheira é algo tão primitivo. Eu me sinto quente. 

Toquei seu rosto elegante com traços delicados sob a luz das velas dos candelabros.  As sobrancelhas cheias e bem aparadas. O pescoço de cisne e o belo pomo de adão.. As mãos cujas veias saltam lindamente da pele são minha perdição. Os malditos olhos azuis me enlouquecem.  A gola da camisa preta bonita do pijama, roçando em sua pele macia, me faz ter inveja da camisa. 

—  Tenho sorte de ter casado com alguém lindo e protetor que é esse meu belo  marido.— Observei me rendendo.— Seu presente comove meu coração e é uma pena não poder mantê-lo como lembrete de que se vingou por mim. Obrigada.

Mordi seu pescoço sem resistir ao apelo da maciez e da pele pálida no meu coração.Ele roçou o nariz no meu. 

— Achei que seu pretendente ser vistoso ou não, não te importava, minha bela bruxa. 

Abriu um sorriso de deboche.

— Não importa. Mas sou feliz que você é tão lindo, meu belo carrasco. 

Ele ficou sério. 

— Não tem mesmo medo de mim agora que sabe do que sou capaz? .

— Pareço com medo? Sou sua cúmplice.

Ele me fez levantar do seu colo com um leve empurrão. E antes que eu protestasse, indignada. Ele  subiu minha camisola até o começo das minha cintura, acariciando minhas nádegas e me fez sentar nele dessa vez com as pernas abraçando sua cintura e com ele se roçando bem no meu centro. 

— Hm … — Gememos juntos.

— Seu marido te deseja.

— Thomas… também te desejo, meu amor.— Deixei escapar num maldito suspiro. — Eu te quero a todo instante… hm …

Ele sorriu para mim. 

— Adorável. 

— Você que é. — Resmunguei timida.

 A atmosfera leve se desfez rápido. Ele  mordeu meu pescoço cruelmente. Hm… estremeci inteira, passando meus braços por seu pescoço quando ele entrou em mim sem aviso. Doeu.  Mas foi bom. Fiquei mais alta que ele pela posição e desci com dor e ardência sobre seu membro .  Os olhos dele ganharam uma sombria chama que me arrepiou toda. 

— Sou seu carrasco e você é minha bruxa amada.  — Garantiu e a voz ecoa longe como a do demônio, mas os olhos são do meu Thomas. — Você é adorável  quando é fiel a mim. Mas querida… o segredo é que somos um só. Não há diferença. 

— Do que você…

— Nada, querida. Vamos relaxar.

Essa fala do nada. Por que soa como se ele tivesse… esquece.

Mas só que quando ele fala assim, eu fico perdida e quero sentir ele sendo um só comigo. 

Ele rasgou minha camisola, fechou a mão no meu pescoço e sugou meus seios com a boca  me ajudando nos movimentos com uma mão na minha cintura.  Nossa. Isso é cruel. Mas eu gosto.

— Eu quero você. — Garantiu sem ar e massageou meus seios.— Esposa… Você me faz feliz e tira minha solidão. Esperei tanto tempo para conhecer alguém forte como você 

— Marido…do que… — Ia perguntar, mas resolvi me ater aos meus sentimentos. — você me faz feliz. Agora me possua. 

…

Acordei com ele em pé, arrumando a gravata se olhando no espelho e parecendo falar algo sozinho. 

Eu o estudei, confusa. Será que estou louca? Nosso olhar se encontrou pelo reflexo do espelho.

Thomas se virou para mim e sorriu. 

— Bom dia, Lina.

— O que aconteceu? — Perguntei. — Não lembro de…bem, ir dormir. 

— Fui um pouco além ontem.  — Explicou voltando a mim na nossa cama. — Você não aguentou e dormiu de exaustão. Desculpa.

— Tudo bem, querido.  — Falei selando minha boca na dele. — Você que me deu banho?

— Sim. E nosso quarto já está pronto…

— Eu gosto desse. — Sussurrei. — Me ajuda a dormir melhor. Podemos ficar com esse? 

Ele moveu a cabeça num sim. 

— Tenho que ir trabalhar. Me leva até o carro? — Pergunta.

— Sim, meu amor. — Respondo.

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