Choque? Pânico? Horror? Não. Desespero.A mais pura essência do desespero. A minha única preocupação é… O que vou ofertar ao demônio se Thomas matou Nicolas? O chão parece não existir debaixo dos meus pés. O demônio vai querer me retaliar. Eu sei. Eu sinto.
— Está com raiva que eu o matei? — Exigiu Thomas. — Ainda o amava?
Amar não é bem a palavra. Era um apego de ódio e vingança.
— Eu ia matá-lo. — Expliquei, desesperada, sem ar, gesticulei andando pelo quarto, tomada de horror,analisando a caixa com presentes doentios e ele. — Agora o que vou ofertar… o que vou ofertar…
Puxei os fios do meu cabelo, tentando pensar e arranhei meu braço.
Thomas me estudou com surpresa.
— Ofertar a quem? — Gritou Thomas vindo até mim e me sacudindo pelos ombros. — Faça sentido. Do que está falando?
— O que eu vou ofertar para não morrer, seu grande tolo? Hm?
— Esposa, eu…
— Eu precisava matá-lo e precisava do sangue.. Do sangue de Nicolas. O demônio só ia me deixar viver se eu o matasse e anotasse meu nome no livro dele com o sangue do que uma vez amei. Mas agora… agora… você colocou tudo a perder. O que eu vou fazer agora?
Exigi dele. E acabei o socando no peito histérica.
— Eu preciso do sangue dele. Ah, Thomas… e agora? — Balbuciei. As lágrimas desceram. — Eu vou morrer. — Comecei, angustiada. — Ele não vai me perdoar.
Thomas me estudou.
— Do que está falando? Eu matei um homem a sangue frio… Por que não está com medo?
— Todos nós morreremos algum dia. — Falei indiferente e dei de ombros. — Eu teria amado o seu presente perverso se não fosse o custo da minha alma, querido.
Funguei e o beijei trêmula ficando menos irritada por ele estar comigo. Mesmo que ainda com raiva que ele colocou tudo a perder.
— Eu ainda não entendo. — Falou ele, confuso.
— Era eu quem tinha que matar Nicolas, que foi alguém que amei, como oferta para o demônio que amaldiçoou sua família e para que ele me deixe viver. Eu ia trocar minha alma pela dele. Mas agora… agora…
— Não está triste e com raiva porque o matei, mas sim porque ele era sua oferta ao demônio?
— É, Thomas. Quer que eu desenhe?— Gritei. — Eu tenho até a lua cheia, Thomas. O que eu vou fazer?
— Não está com medo de mim ? — Falou ele.
— E você… Não está com medo de mim? Eu iria sacrificar um homem inocente ao demônio da sua família…
— De inocente ele não tem nada. — Resmungou Thomas. — Você não foi a única menina que ele abusou.
Engoli em seco.
— Não foi bem abuso. Eu quis em algum momento. — Resmunguei.
— Senti prazer com estimulações é diferente de querer. — Rebateu ele. — é por isso que não gosta que eu te toque e é você que tem que vir até mim?
Respirei fundo e o abracei.
— Eu gosto que me toque. — Protestei sem forças.
— Mas você tem que estar sempre no controle. Se não é assim, seus olhos ficam inalcançáveis. — Retornou ele.
— Como o matou? — Perguntei e selei os lábios nos dele. — Se não fosse minha alma em jogo, eu arrancaria a sua calça e te mostraria como estou grata.
— Disse que queria um carrasco. Alguém que queime o mundo por você. Eu sou esse alguém, Lina.
O mordi. O beijei. Rasguei sua pele e arranquei sangue.
— Bom menino… mas eu ainda preciso de outro alguém para morrer no meu lugar. — Murmurei contra sua boca. — E precisamos nos livrar do seu maravilhoso presente. Quando começarem a investigar… não é bom que tenhamos isso na nossa casa. Mas se a intenção é o que vale, eu sou imensamente grata, meu belo carrasco.
Thomas me cheirou.
— Quero fazer amor…
— Aqui?
— Aqui. — Pediu ele no meu ouvido. — Deixa?
— hm .. sim.
…
Eu enterrei os pertences da caixa no jardim à meia-noite quando a casa estava em silêncio e todas as luzes apagadas. Estava distraída quando senti a presença poderosa atrás de mim. Me virei no susto vendo Thomas. Mas a postura intimidante não era de Thomas. Contudo, parecia Thomas. Tem algo errado.
— Preciso conversar com você, Lina.
A voz ecoava distante, mesmo no nosso mundo. É o demônio? Mas porque soa como Thomas com poucas divergências ao contrário de antes?
— Nicolas foi morto por Thomas e…— Eu ia me justificar. — Você me deu até a lua cheia. Eu juro que vou arranjar…
— De alguma forma, a morte violenta de Nicolas pode ser nosso acordo. Eu não esperava que… aquilo acontecesse. Só fiquei com muita raiva. Thomas a sentiu e reagiu por mim. — Sussurrou o demônio parecendo surpreso e tocou meu rosto. — Você não contou a Thomas sobre eu estar no corpo dele. Só contou sobre precisar de Nicolas para ofertar a mim…boa menina.
O demônio me estudou e acariciou meu rosto. Ele me cheirou como Thomas faz. Mesmo que seja o demônio falando comigo eu sinto um pouco de Thomas nele.
— Eu já disse que respeito você. — Murmurei. — Por favor, quero viver. Por favor… eu estou tão feliz agora.
Ele me beijou, mas não correspondi. O que? Senti sua língua desbravando minha boca e seus braços fortes em mim, mas me debati. Ele me empurrou e me deitou na terra escura do campo de flores e deitou por cima de mim.
— Deu sangue a Thomas naquele dia que ficou com ciúme para me ver de novo ou porque gostou da perversão dele? — Exigiu.
Corei.
— No momento não pensei em chamar você. — Admiti. Respirei fundo. — Eu queria só Thomas e gostei dele beber meu sangue.
— Não te assusta que eu esteja dentro dele e também sinta o que ele sente? — Sondou.
— Hm… um pouco. Está irritado comigo porque não te dei Nicolas?
— Thomas o matou. — Falou ele. — Thomas pagou o preço por você. Ele disse em alto e bom tom que me ofertava Nicolas no seu lugar. Achei uma boa proposta. Inclusive quando ele arrancou o coração do maldito do peito e o capou por ter te assediado.
Engoli em seco.
O demônio tentou me beijar, mas não deixei.
— Você deseja esse corpo… Eu o habito. Você disse que gosta mais de mim do que dele ..
— Eu… meu marido é bom para mim. — Comecei nervosa e ele me estudou . — Eu quero honrar isso. Sei que você o possui e ainda é o mesmo corpo. Mas me sinto culpada que toque em mim assim. Não é porque eu não te queira é porque Thomas não merece isso. Thomas é um bom homem. Não bom para a sociedade, mas bom para mim.
O demônio me avaliou e sorriu.
— Certo. — Me soltou, parecendo um tanto agitado . — Acho que realmente ama o pirralho…
— Eu não o amo. — Resmunguei me sentindo constrangida. — Só não acho certo fazer isso… eu…
— Você está grávida dele. — Falou ele de uma vez. — Consequentemente de mim. — Respirou fundo. — Tenha a criança mesmo sendo minha cria.
— não seria de outra forma. — Garanti.
— Não a mataria? — Sondou ele.
— Não. É uma criança inocente. Ela não tem culpa da maldição e nem de tudo isso.
— Elizabeth não perdeu o bebê, Lina… Aquele rosto angelico esconde um monstro. Ela sabia que eu possuía Ivan… Ela abortou a criança porque sabia que ele teria uma parte minha. Isso não te assusta?
— Não farei isso. — Garanti. — E Thomas jamais permitiria que eu tirasse o nosso filho de mim. E eu... Eu nunca quis ser mãe, mas vou tentar não estragar tudo. Prometo.
— Vai ser uma menina. — Declarou o demônio. Ele respirou fundo. — Nott vai reencarnar. Ela é a criança no seu ventre. É por isso que peço que não a machuque.
— Não vou. — Garanti com os olhos cheios de lágrimas de alegria e passando a mão pela minha ainda invisível barriga.
— Mas Lina...
— Hm...
— Thomas e eu...
— O que tem vocês dois? — Perguntei.
.— Nada. — Soltou ele, atordoado. — Só queria dizer para que fique tranquila. Você não vai morrer. Não se estresse, cuide da sua saúde, coma bem, não se esforce e não se machuque mais daquela forma.
Assenti.
— bom. — Sussurrou ele.
.— Está feliz que Nott vai renascer? — Provoquei sem resistir.
— O fato do carma dela ter acabado e ela conseguir perdoar essa família maldita e partir em paz ainda me irrita. Mas saber que ela vai renascer através da bruxa que eu respeito torna menos doloroso essa solidão. E me consola saber que a verei de novo como alguém que amarei e protegerei com todas as minhas forças. Eu te agradeço por tomar a decisão de prosseguir com a gestação.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Rosária 234 Fonseca
😍haaa q fofo da parte dele espero que eles sejam felizes
2023-09-03
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