Não consegui dormir e sonhar com a bela Nott.
O braço dele está enroscado em minha cintura, seu corpo grudado no meu e não consigo me mexer como eu gosto. Está calor. Eu quero tirar essa camisola grudenta e me lavar.
Eu deixo meus dedos irem ao seu rosto, respirando fundo, mas sem me irritar que seu abraço me impeça de me mover. Me sinto como um urso de pelúcia. Ele está sem camisa. Deve estar com calor também.
Pobre menino rico. Teve que assumir tanta responsabilidade tão cedo. Eu devo ser algum tipo de novidade na rotina enfadonha. Uma moça de suposta " classe" que faz amor como uma meretriz. Deve ser por isso que ele gosta.
Ele abre os olhos azuis lindos.
— A questão da bruxa não te deixa dormir? — Sondou sonolento e se posicionou na cama. O cotovelo apoiado no colchão e a mão sustentando o rosto acima do meu. — Por que não usa a pulseira?
— A pulseira me dá alergia também. — Menti.
Toquei o rosto lindo dele sem conseguir controlar minhas malditas mãos. Thomas soltou um suspiro e beijou minhas mãos calejadas. Eu recolhi a mão e ele percebeu. Ele a puxou e beijou de novo.
Ele balançou a cabeça num " entendo" e tocou meu rosto hesitante. Beijei a palma de sua mão.
— Durma. Eu vou tentar também, querida.— Ordenou.
Ele deitou novamente. De barriga para cima.
Depois disso se passa alguns minutos.
Noto que ele não consegue mais dormir como eu. Eu o observo e o vejo mirando o teto bonito com uma pintura sacrossanta. Meu coração dói.
— Quando eu tinha 10 anos, minha mãe morreu e eu tive que assumir os cuidados da casa. Eu odiava isso. — Contei a ele, o estudando com um olhar de esguelha. Thomas retribuiu o olhar por um tempo. Engoli em seco. — Um dos motivos pelo qual aceitei me casar com você, mesmo com a maldição, não foi só porque você é bonito.
— Me acha bonito?
— isso não vem ao caso agora e nem quando noivamos. Eu aceitaria se não fosse vistoso também. — Resmunguei brincando com minhas mãos.— Aceitei seu contrato de casamento porque odiava minha vida servindo minha família e sabia que estava velha e queria ter minha própria vida. A única maneira de sair da casa de meu pai, ironia ou não, era com a prisão do casamento. Enfim… Sei que isso parece horrível.
— Não é. — Atenuou ele. — Só é diferente das outras mulheres que já conheci. Você era diferente. Quando te conheci notei que não era falta de convites para dançar, era porque você gostava de ficar sozinha. Observava as pessoas nos bailes e achou que ninguém te observava. Eu vi você, mas respeitei que não queria ser vista.
Isso. Essas palavras foram algo que eu não esperava.
— Uma vez você reclamou das minhas mãos calejadas… — Comecei e analisei minhas mãos, envergonhada. — Só quero contar porque o são.
Thomas passou os dedos na palma das minhas mãos como se fosse um pedido de desculpas.
Expliquei limpando a garganta e com a voz embargada:
— Eu que tinha que fazer o serviço da casa. Eu fiquei com muita raiva. Me queimei várias vezes para cozinhar para meu pai e meus irmãos e limpar a casa é um serviço pesado, minhas mãos eram as primeiras a mostrarem minha revolta. Pelo menos nas nossas roupas havia alguém para lavar e engomar. Com isso, eu quero dizer que entendo um pouco de como deve se sentir. Pelo menos um pouquinho. Só tem dezesseis anos e teve que assumir as responsabilidades do herdeiro.
Ele me abraçou forte. Seu nariz no meu pescoço. Acariciei seu cabelo.
— Com essa experiência que tem… Não te irrita que eu ainda seja tão imprudente e jovem, querida? — Sondou.
— Não mais. E não é imprudente, meu esposo. Fez tudo conforme o esperado. Se casou, assumiu os negócios da família, cuida da casa, da sua mãe e da sua cunhada. Pode estar furioso, mas ainda tem responsabilidade e honra. Isso te faz um bom homem.— Respondi honesta mexendo no cabelo lindo dele.— Só vejo um menino que teve que assumir responsabilidades cedo e sente raiva e frustração. Alguém que nem teve tempo de ficar de luto pelo irmão. E que se casou e por sorte encontrou alívio no prazer pouco ortodoxo com a sua esposa.
Thomas me abraçou mais forte. Senti meu ombro molhado e soube que ele chorou silencioso.
— Estar daquele jeito dentro de você me ajuda a esquecer tudo de horroroso que já aconteceu dentro desta casa. Essa maldita casa e família que é bonita para outros mas esconde podridão por dentro. Eu gosto de como nós nos amamos, mesmo que a igreja possa nos punir. — Admitiu, beijando meu ombro. — E mesmo quando perco o controle, você não me teme como outra dama temeria.— Confessou sem forças. — Tenho sorte por você ser forte como mamãe disse. Mas agora estou decidido a cuidar de você também. Não quero que a bruxa te leve. Você é a responsabilidade que não esperava, mas quero ter. Porque cuidar de você não é um peso… você me alivia do peso. Como posso te deixar ir assim? Eu vou queimar nosso contrato tolo porque quero recomeçar do jeito certo.
— também me sinto assim. — Revelei, divagante e emocionada. — Como se todas as preocupações fossem trocadas pela paz. E como se os lados mais sombrios de nós, se reconhecessem e respeitassem sem julgamentos.
Ele me soltou, transtornado, mas assentiu me fitando grato por não o temer. Acariciou meu rosto com a ponta dos dedos como se eu fosse feita de porcelana. Seus olhos lindos ligeiramente úmidos pelas lágrimas que não ousavam cair.
— O que você viu no espelho? Viu algo assustador ou… — Quis saber, angustiado, pelo modo que tremeu.
— Não… eu só me odiei. Odiei meu reflexo. Desculpa pelo espelho do nosso quarto… — Pedi.
— Tem vezes que eu também não suporto meu reflexo e tenho vontade de quebrar o espelho. — admitiu ele, a franja sobre os olhos me impedindo de ver seus olhos, ele estremeceu num calafrio e acabou com um suspiro sôfrego contra meu pescoço. Ele está febril — Eu sinto algo em mim que é capaz de destruir o mundo. Eu entendo, meu amor. Não tem que se desculpar. Talvez, não seja o mesmo motivo que o seu, mas eu também não suporto o que vejo no meu reflexo às vezes.
Respirei fundo e o puxei para meus braços e o enchi de beijos sem intuito de excitá-lo, eram beijos fraternos. Eu quis contar do demônio agora. Fiquei com pena. Mas não o fiz. Apenas abracei Thomas forte e firme passando segurança, a segurança que eu sempre quis ter de alguém. Dormimos assim. Sem sonhos ou pesadelos.
Acordei comigo o abraçando forte, meus braços passando por sua cintura bonita e numa posição agradável de abraçar algo e não ser abraçada. Ele tem uma cintura linda.
Agora eu entendi meu desconforto, eu acho que prefiro abraçar do que ser abraçada. Não gosto do meu espaço ser invadido, mas depois que trocamos posições e fui eu que o abracei, consegui dormir bem.
Ele abriu os olhos. Sua cabeça repousava nos meus seios. Acariciei os fios de seu cabelo liso, escuro e bonito.
— Gosta do meu cabelo? Sempre o acaricia como uma mãe. — Analisou ele.
— É o que eu gostaria que minha mãe tivesse feito por mim. Desculpa. — Pedi.
— Eu gosto. — Conciliou ele com o queixo sobre minha barriga e a beijou. — Acho que terei muito ciúme de você quando tivermos um filho…te quero só para mim. Mas ao mesmo tempo quero meu filho em você. Quero que ele ou ela nasçam lindos como você.
Ofeguei.
Ele me beijou nos lábios. Eu tomei o controle.
— Tem ideia do quanto é bonita? — Exigiu contra minha boca. — Hoje haverá um baile dos Montgomery. É um debute da filha deles, Lilyanna. Devemos ir?
Assenti.
— Elizabeth vai conosco. — Avisou antes de tudo. — Mamãe quer que ela saia para conhecer novos pretendentes. Estou te contando para que não se irrite comigo depois e ache que quero esconder algo de você.
O beijei grata.
— Obrigada. — Deixei escapar. — Bom menino.
— Me recompense por ser um bom menino.
Ele roçou o nariz no meu e sorriu. Depois beijou minha boca.
O guiei aos meus seios e abaixei a camisola. Ele os sugou e eu estremeci.
— Compre vestidos hoje. E vá ao salão de beleza. Compre jóias e tudo o que quiser. A casa é cuidada por mamãe. Você está livre disso aqui, Lina. Mas caso queira assumir um dia, me diga. Tudo isso é seu. Claro que não vou desamparar minha mãe nem Elizabeth, mas essa casa é sua. Tudo é seu.
Respirei fundo. Meus olhos se encheram de lágrimas.
— Certo, eu…agradeço. Eu… — Tentei falar algo, mas era uma sensação acolhedora demais.
— Minha. — Sussurrou para mim. — Eu destruo o mundo por você. Pedacinho por pedacinho.
— Thomas…
— Sou seu.
Nesses momentos eu quero que o demônio não surja.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Lopes
pronto agora deu 🤬🤬🤬🤬🤬
2024-03-09
0
Rosária 234 Fonseca
hum ela tá gostando também do Tomás os dois podem amala e ela pode amar os dois pois não
2023-09-03
3