Sangue E Honra

Sangue E Honra

Capítulo 01

Aviso

Gatilhos: Os conteúdos são muito sombrios, com situações de gatilho, consentimento duvidoso entre os personagens principais, violência, tráfico de armas, perseguição, abuso sexual e psicológico, situações sexuais explícitas. Há também fétiches específicos, como jogos com armas, bandage e humilhação.

Playlist

. Still don't know my name- Labrinth

. We Go down together - Dove Cameron e Khalid

. Play with fire - San Tinnesz

. Gangsta - Kahlani

. I see red - Everybody loves en Outlaw

. Renegade - Aaryan Shah

. Carousel - Melanie Martinez

. Wallflower - Kimberly August

. Bad ideia - Dove Cameron

. Continuum - Tenerelle

. No Pressure - Justin Bieber

. Call out my name - The Weeknd

. Shut up and listen - Nicholas/Angélica e Spped Radio.

. Breakfast - Dove Cameron

. Do or Dai - Natalia Jane

. O Did Something Bad - Taylor Swift

. Cinderella's dead - Emeline

. Control - Halsey

.Never Tear Us Apart -Bishop Briggs

. Love is a Beth - Two Feet

. Monster - Shawn mendes Justin bieber

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Ouço o barulho da bala quebrar o seu crânio antes mesmo do sangue salpicar o meu rosto.

 Aquilo era tão familiar e comum na minha rotina, que não ficava mais deslumbrada com a cena. O corpo de Fixter simplesmente despencou do prédio de noventa e cinco andares. Fazê-lo suplicar pela vida enquanto caminhava no beiral da sua cobertura, me deu muita excitação.

Não era de praxe que humilhava as minhas vítimas, porém, Fixter simplesmente implorou por isso.

Guardei a minha arma no coldre entrando na imensa sala de jantar, limpei o rosto antes de ouvir as batidas insistentes dos seguranças do sociopata, vindo da porta de entrada. Eu precisava ser rápida como sempre.

Gatuna, silenciosa e invisível. O dulto de ventilação era o local mais próximo, mas não tão seguro. Prédios completamente espelhados não eram tão fáceis de penetrar ou escapar pelo lado de fora. Um estrondo vindo da porta principal, cinco dos melhores seguranças de Dubai, tragos por Fixter para Moscou, entraram chamando Fixter.

Não havia outra forma, eu teria que pular, era o único jeito. Respirei profundamente e corri para fora, em direção ao para peito. As batidas fortes do meu coração devido à adrenalina do momento eram surreal, e eu simplesmente amava aquilo. Subi no parapeito e corri em direção a ponta para dar impulso, era tudo ou nada. Em meio a escuridão da noite, me atirei. Tiros... eu podia ouvir tiros vindos da cobertura assim que pulei. Tentei não focar naquilo e comecei a contar. Um... dois… A gravidade estava fazendo seu papel, me atraindo, me lançando para a planície da terra. Era como estar livre e presa em simultâneo. Eu poderia morrer, mas, jamais seria pêga.

O brilho da lua, parcialmente encoberta por nuvens, refletia na superfície do lago à minha frente. Cinco... Seis... Era difícil admirar a beleza quando o seu pensamento está completamente envolto por morte.

Puxei a corda... O paraquedas abriu e pude respirar aliviada. Claro que corria o risco dele agarrar em algo, porém, a estética do edifício me ajudou bastante. O meu peito parecia querer explodir, contudo, o meu coração foi se acalmando com a brisa da noite tocando o meu rosto.

...💠...

A boate estava completamente cheia quando cheguei, fui direto para o camarim de Jasmine. Jasmine era a dona da boate " Sol da meia-noite". De origem árabe, os seus doces olhos grandes, cor de avelã, sempre me encantaram. A nossa amizade floresceu naquele lugar de perdição. Tínhamos um acordo, eu me apresentaria gratuitamente para relaxar, e ela poderia ficar com o dinheiro.

A dança... Sempre amei dançar, ter controle do meu corpo e despertar o brilho nos olhares dos que te observa, não tinha preço. Não sei bem como descrever a sensação de quando estou naquele palco, mesmo sendo uma dança erótica, ainda assim, é algo inexplicável.

 — Deveria perguntar se machucou desta vez, habibti? — Sonda cautelosamente enquanto massageia os meus ombros.

Jasmine naquele momento, sabia mais de mim que os meus irmãos e o meu pai. Apenas três anos e se tornara a irmã que nunca tive.

— Desta vez não. — Respondi palpando sua mão ainda em meu ombro— Hoje a casa está mais cheia que de costume. — Ela ri se sentando no pufe ao meu lado.

— Habibti— Ela toca o meu nariz com o indicador —, vai gostar dos homens desta noite. — Respiro fundo ajeitando os meus longos cabelos negros.

— Está noite só quero dançar. Diversão ficará para a próxima. — Ela me olha através do espelho e suspira.

— O seu coração frio apaixonou-se por algum homem misterioso? — Rio de escárnio.

— Jamais, Mine — mordo o lábio —,nele só há lugar para Rowan e Garratt , e olha que eles ocupam um espaço mínimo, o maior espaço é todo meu. Meu irmão Garratt nem merecia estar nele.

— Habibti. — Jasmine toma a máscara em arabesco que uso para ocultar minha identidade das minhas mãos — Deveria se envolver e principalmente, se apaixonar por um rapaz. É tão triste terminar a vida sozinha. — engulo em seco. — Olhe para mim! Já passei dos quarenta e me sinto uma velha solitária. — Ela amarra a fita da máscara delicadamente.

— Amar é uma fraqueza, Mine. E está fraqueza, não se aplica a mim. — Retiro a tampa do batom carmim, passando em meus lábios.

— Pelo contrário, habibti. O amor nos deixa mais fortes. — Passo os lábios um no outro, limpando o excesso com o papel antes de me levantar.

— Isso se aplica a pessoas comuns, não para a Feiticeira Escarlate. — Dou uma piscadela para Jasmine — É hora do ‘show’.

.........

As luzes haviam sido apagadas, a cadeira estava no centro do palco, Jasmine me anunciou, e quando o refletor se acendeu atrás de mim, assobios e aplausos preencheram o ambiente conforme a música tocava.

 Expirando profundamente, comecei a entrar na música lenta, com toques firmes e sensuais. Me tornei a música, me tornei os movimentos, lentos e macios do meu corpo tenso. Naquele momento eu não era Angeline Petrov, eu era a Feiticeira Escarlate. Envolta em tecidos leves de cor carmesim, rendas e fitas, com botas longas de couro, banhada de perfume importado e cabelos soltos. Senti o meu corpo se aquecer como brasa viva, aos olhares daqueles homens. Homens da alta sociedade, alguns casados, outros solteiros, alguns deles deviam ser conhecidos do meu pai, mas, não me importava. A maquiagem e a máscara me deixava oculta, apenas as pessoas mais próximas de mim — sendo poucas, iriam me reconhecer, entretanto, elas não frequentam este tipo de ambiente. A pouca luz que vinha de cada centro de mesa me deixava mais confortável a cada jogada de pernas, a cada alisadas de mãos. Eu sempre analisava os olhares que vinham na minha direção, todos, exatamente todos, eram de desejo. Desejavam o meu corpo perfeitamente desenhado por curvas exuberantes, os meus lábios carnudos cobertos pelo vermelho, principalmente quando os mordia em meio aos movimentos lentos.

  Toda via, me surpreendi ao olhar o homem na quinta mesa, no centro do salão. De onde ele estava, não conseguia observar a cor dos seus olhos, mas, o seu olhar não era de desejo. Havia outra coisa dentro daquele olhar. Ele segurava um copo com o que parecia ser whisky com gelo. Qual é o louco que aprecia whisky com gelo?

 Aquele rapaz me chamou a atenção, e mesmo não querendo diversão esta noite, ele conseguiu chamar a minha atenção, despertar a minha curiosidade. Os seus cabelos penteados para trás, eram impecavelmente arrumados, seu terno grafite, estava aberto e os primeiros botões da sua blusa vinho estavam abertos, revelando o que parecia ser uma tatuagem no pescoço que descia para o peito. Dei um sorriso torto de satisfação quando percebi ser uma serpente. Ele me intrigava ainda mais a cada toque da música.

 Ao término, Jasmine entrou no palco como de costume, eu nunca, jamais falei, ninguém naquele lugar, a não ser o 'escolhido' — título dado a meu brinquedinho da noite — sabia como era minha voz.

— Este seria o momento mais esperado da noite — anuncia ela em suspiros —, mas, nossa Feiticeira... — Aperto o seu braço, o mesmo que ela segura o microfone. Mine me olha surpresa.

 Em três anos, eu jamais voltei à minha palavra, eu fiquei tão surpresa quanto ela, com aquela minha vontade intrigante de saber o que aquele rapaz pensava, o que havia, ou melhor, o que aquele olhar representava.

 — Desculpe — retratou Jasmine —, me equivoquei. A feiticeira irá apontar o 'escolhido' desta noite. Como todos já sabem, o 'escolhido' terá direito a uma hora com a nossa Feiticeira. — ela abaixa o microfone — Depois vai me dizer o que te fez mudar de ideia — assinto.

— A mesa do centro, o de cabelos castanhos escuros. — Ela olha em direção ao rapaz intrigada.

 — Você não é nada boba, como sempre lindo. Desta vez, só desta vez, vou querer saber dos mínimos detalhes. — Ela sorri levando o microfone à boca — O 'escolhido' será o da mesa do centro, de blusa vinho e terno grafite.

Nenhum sorriso, nem sequer um resquício de um. O belo homem simplesmente se levantou, repousando o copo já vazio sobre a mesa, ajeitou o terno em seguida colocando as mãos nos bolsos, enquanto as meninas o guiavam para o quarto.

      Meu estômago deu um nó com a reação dele. Analisar as pessoas, sempre foi minha maior especialidade, e aquele homem era frio... tão frio quanto eu.

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