Capítulo 12

Rosas vermelhas foram entregues pela manhã. Um dos seguranças de Jasmine trouxe, se passando por entregador. Havia um bilhete preto com a escrita em dourado, e nele dizia:

" Espero sua resposta ansiosamente, minha raposinha. Doce e devassa raposinha."

Não consegui conter um sorriso lendo. Havia um perfume a mais naquelas rosas, seu perfume era mais doce e apurado. Flores nunca me deixaram comovida, na verdade, nunca via graça nelas. Mas aquelas rosas, elas despertaram algo bom dentro de mim. Era como se ele tentasse me animar, mesmo sem saber o que havia ocorrido a dois dias atrás.

William havia viajado para Ásia com Garratt, foram negociar novos armamentos ou algo do tipo. Garratt não teve tempo de me contar os detalhes. Mas se a negociação desse certo, iria cobrir um sexto das cargas roubadas e amenizaria uma parte do prejuízo que William teve.

As vezes, eu me questionava em como podia ser apocalíptica fora das paredes desta mansão, mas aqui dentro, me sentia uma garotinha de cinco anos, indefesa e fraca, que precisava da aprovação e admiração do pai narcisista.

— Vai ficar o dia todo trancada neste quarto? — Sonda Beatriz ao abrir as cortinas. — O dia está lindo lá fora.

— Daqui a pouco Rowan chega e damos uma volta pela propriedade. — Beatriz cruza os braços me encarando.

— Você nunca foi uma mulher de ficar se lamentando, não é agora que vai começar a ser. — Me levanto da poltrona indo até a penteadeira.

— Não estou me lamentando, apenas estou desanimada e me recuperando. Não quero que os outros vejam estas marcas. — Beatriz se dirige a mim, baixando a lateral do meu robe.

— Olha — Ela me encara pelo espelho —, elas praticamente não estão visíveis. Tome um banho e vá aproveitar o fim da tarde. Quando Rowan chegar, eu cuido dele. Aproveite que seu pai está bem longe. — Respiro fundo subindo o robe. — Vá aproveitar o Maslenitsa, se divertir.

— Você tem toda a razão... Um banho, e uma boa bebida pode mudar o meu ânimo. — Beatriz sorri.

...— É assim que se fala garota. — ela segue até a porta — Não deixe eu te ver socada neste quarto quando voltar....

...💠...

O dia não estava tão frio, mas Maslenitsa não seria Maslenitsa sem neve. Alguns pequenos flocos caiam em meio as ruas repletas de cores.O vestido que coloquei, havia mangas soltas, um decote em v e uma abertura lateral, discreta, mas que fazia diferença ao caminhar, como não estava tão frio, apenas uma gabardina vermelha ajudava a me manter quente. As ruas estavam bastante decoradas, com fitas, bandeiras e arranjos de flores, feitas de papel sulfite. Havia tantas pessoas em meio a risos e música, que fiquei estarrecida. Uma jovem, parou com seu cesto recheado de máscara, me entregando uma,dourada e repleta de plumas e brilho.

— Obrigada. — Sorrindo ela continuou a saltar entre as pessoas ali presentes.

Coloquei a máscara, amarrando abaixo do cabelo preso. Andei mais alguns passos, encontrando Lorelay conversando em meio a um grupo. Depois de algumas conversas jogadas ao vento, nos sentamos em um bar ali perto. O bar estava barulhento e agitado, cheio de pessoas felizes. Estávamos nos divertindo tanto em meio a bebidas e bebidas forte, que nem vimos a noite chegar. Enquanto eu bebo a minha sexta ou sétima, não lembrava ao certo, percebo que talvez não seja uma boa ideia misturá-la com tequila. Um certo momento, Lorelay saiu, foi quando me peguei pensando naquele homem.

— Por que cargas d'água ele tem que me atrair tanto? E por que estou pensando naquele gostoso agora?— Viro o restante da bebida.

A bebida tinha me deixado mais alegre do que imaginava. Me levanto indo até o bar. Eu cambalei para fora da multidão.

Claro, há uma fila, mas ao menos posso me distrair enquanto espero. Meu celular vibra, é Lorelay me ligando. Mas recuso a ligação sem querer, aperto o botão para retornar. Chama por duas vezes, mas a voz que atende não é de Lorelay.

— Raposinha... — Sua voz é tão sensual que chego a arrepiar os pelos do braço — Que barulho é este?

— Aí... Não era para você que ia ligar. — As palavras saem arrastadas.

— Onde você está? Está sozinha?— Rio me apoiando no balcão.

— Não é da sua conta... Espera, não, ah que se dane. Você não é meu pai.

— Você está bêbada?! — Ouço sua respiração pesada— Com quem você está? — Sua voz exala preocupação.

— Ah!? Que fofo, ele está preocupado comigo,ou se estou com outro cara? — Rio debochando. — Já posso ver as veias do seu pescoço pulsando de raiva.

— Me diga agora onde você está? Vou te buscar.

— Por que você quer tanto, ou melhor, por que tem que ser tão autoritário e dominador? — Ele suspira.

— Raposinha, me diga, por favor, onde está?

— Não te interessa! E se quer saber, estou muito bem acompanhada.

— Se ele tocar em você, tenha certeza que pela manhã, as mãos dele estarão apodrecendo. — Raiva toma conta de sua voz. — Querida, onde você está? — Eu rio de novo. — Caralho, me fala.— Ele insiste.

— Preciso ir, até logo.

— Não...

Eu desligo. Há! Será que ele acha que é meu dono? Como é dominador. Eu franzo a testa.Eu realmente estou bêbada. Minha cabeça está girando terrivelmente enquanto eu avanço no balcão chamando o barman. Bem, talvez eu devesse parar de beber, só por hoje. Rio me apoiando no balcão.

— E para você? — pergunta o barman.

— Uhnn! Talvez uma bebida amarga.

— Tem preferência? — ergo o dedo.

— Me surpreenda. — o barman sorri.

Enquanto espero minha bebida, meu celular vibra. Merda. É ele. Sou completamente idiota, liguei do número particular. Mordo o lábio. .

— O que é?

— Fica exatamente onde está, estou indo pegar você. — Ele desliga.

— Como é? Droga... O que foi que eu fiz? — Não, ele só disse isso para me deixar apreensiva, eu não disse onde estava.

— Aqui está, um enzoni caprichado.

— Valeu.

— Ei, onde você estava? Não te encontrei na mesa. — Lorelay parecia um pouco desesperada.

— Hunn.. Minha bebida havia acabado.

— Acho melhor a gente ir embora, você já bebeu muito.

— Não seja estúpida, eu estou bem. — Lorelay me puxa pelo braço.

— Vamos. — puxo meu braço de volta.

— Me deixa aqui. Ainda não encontrei um gatinho. — Lore me olha intrigada.

Um rapaz que está ao nosso lado se aproxima .

— Vocês precisam de ajuda? — Ele pergunta.

— Minha amiga — aliso o peito do rapaz —, ela bebeu demais.

— Nossa, como você é forte .— o rapaz ri.

— Ela está bem exaltada. — ele segura minha mão — Vamos para o carro?

— Claro. — eu respondo. — Ele é sexy. — sussurro para Lorelay que revira os olhos.

Ele coloca meu braço sobre seu pescoço e abraça minha cintura, abrimos caminho pela multidão. Eu estou começando a sentir náuseas, minha cabeça gira desconfortavelmente e eu mal consigo ficar em pé.

Quando chegamos na porta, minha garganta seca instantaneamente. Soberano está na nossa frente, encara o rapaz de olhos cerrados, o olhar dele na mão do rapaz em minha cintura, me faz arrepiar. Ele está furioso. Então lembro de sua ameaça.

"Se ele tocar em você, tenha certeza que pela manhã, as mãos dele estarão apodrecendo."

— Solte a garota. —Sua voz sombria soa suavemente. O rapaz olha para Lorelay. — Eu mandei tirar suas mãos dela.— Ele sibila.

— Quem é você? — Questiona Lorelay.

Eu respiro fundo retirando a mão do pescoço do rapaz, mas suas mãos ainda me seguram pela cintura, me mantendo de pé. Porra, como ele me encontrou?

— Está tudo bem, Lore. Ele é conhecido. — Tento me manter de pé. Encarando ele. O olhar dele desce até a mão do rapaz, que continua em minha cintura. Instintivamente eu retiro a mão, mas era a mão dele ali que me mantinha de pé.

Meu corpo é puxado como vácuo para o chão, mas Soberano me segura. Ele me envolve em seus braços definitivamente musculosos e em segurança estou fora do chão.

— Vocês são amigas? — Lorelay assente — Prometo que sua amiga estará bem cuidada e em segurança em casa pela manhã.

— E como vou saber se não é um assassino ou coisa pior. — Seguro o riso apoiando a cabeça em seu ombro.

— Ele não vai me matar, Lore. — Rio escandalosamente — Só se for de prazer.

— Como pode ver, ela está segura comigo.

Saímos do bar, em poucos metros, ele me coloca dentro de um Bucatti preto, mesmo com a vista embaçada, posso contemplar o interior do luxuoso carro enquanto ele coloca o sinto em mim.

— Como me encontrou? — Seus olhos encaram os meus.

— Rastreie seu celular. — Limpo a garganta.

— Rastreou? — um sorriso torto surge em seus lábios. Ele fecha a porta indo para o lado do motorista.— Agora você é um Hacker, que merda. — ele ri.

— É como tirar doce de uma criança. — Respiro fundo. — Não deveria beber desta forma.

— Só estava me divertindo. — Ele expira de vagar. — E você não deveria invadir meu celular ou algo do tipo.

— Eu fiquei preocupado. — Seus olhos se fixam na rua à nossa frente.

— Por que? — Suas mãos apertam o volante.

— Porque não deveria me preocupar? — ele me olha.

Por um instante, vejo seus olhos brilhando. Talvez fosse devido a luzes dos postes nas ruas, porém, logo desviou o olhar, ficando novamente na rua.

— Aquele cara... — ele parecia tentar controlar a respiração no breve silêncio que seguiu — você e ele... vocês estavam juntos? — Neguei com apenas um aceno de cabeça. — Pelo menos, ele terá uma das mãos pela manhã.

— Ele apenas estava me ajudando. — rebati na esperança de o rapaz se safar. Ele ri enquanto entramos na garagem de um edifício.

— Espero que não esteja mentindo para mim.

Eu acho que vou passar mal.. Estava mais instável do que de costume. Respirando o ar frio da noite

no estacionamento me faz perceber o quão bêbada eu estou.

— Eu acho que eu bebi demais. — sorrio fracamente para ele.— Eu preciso de um banheiro... Acho que vou vomitar.

Ele desprende o cinto e sai do carro, eu abro a porta e outra vez estou em seus braços. Minha cabeça começa a rodar... Minha visão foi afetada e eu estou vendo tudo dobrado, como aqueles testes borrados de psiquiatria.

— Estamos chegando, aguenta só mais um pouco.

A última coisa de que me lembro antes de desmaiar nos braços dele é o sonoro prosônimo:

— Cacete, raposinha.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!