Capítulo 18

Algumas informações do meu próximo trabalho de execução estavam pela metade. E quando isso acontece, geralmente o mandante gosta que eu vá atrás das informações restantes. Como uma brincadeira de caça ao rato, confesso que isso me instiga ainda mais. Geralmente mandam o nome completo, idade, características e se é uma pessoa pública ou privada. Na maioria das vezes, tanto o mandante quando o alvo são públicos, tornando meu trabalho fácil.

Com o nome que eu tinha, fui para o laptop, digitei Zenith Kampmann e simplesmente nada.

— Merda. — murmurei.

Digitei o nome nas redes sociais e apareceram quarenta Zenith, mas nenhum Zenith Kampmann .

— Esse cara deve estar de brincadeira comigo. — Pego meu celular e ligo para Hans, que atende no segundo toque. — Vê o que consegue sobre esse cara.

— Estava cuidando disso, mas na internet não tem nada. Tudo que consegui digitando apenas o sobrenome, foi sobre as empresas Glob Tech.

— Certo, vê se consegue ir um pouco mais a fundo . — Respiro fundo. — E em questão a Máfia, o que descobriu até agora?

— Sobre isso... Bem, nada concreto ainda. Alguns nomes, mas nenhum que vale a pena.

— Vou ficar aguardando, quando tiver notícias de ambas me ligue.

Voltei para o laptop. Entrei no site da Glob Tech. Uma baboseira sobre tecnologia sustentável e do futuro, entre em " Sobre nós" e comecei a ler.

"Já foi a época que a Glob Tech fazia computadores, hoje a empresa vem se especializando em várias áreas, principalmente na indústria e inteligência artificial. Seu novo investimento atualmente é em Aelyn. Um robô ultra realista, que se parece com um ser humano.

Aelyn tem a capacidade de imitar expressões faciais e interagir diretamente com as pessoas. Não é atoa que atribuem a ela o título de robô mais inteligente do planeta. Além disso, possui um nódulo de visão que pode reconhecer ambientes em três dimensões, identificando pessoas, gestos e expressões. Com este novo investimento, a empresa ultrapassou as empresas famosas em faturamento e capital como: Apple, Microsoft e Alphabet . Atualmente, o valor de mercado da Glob Tech é de € 4,7 trilhões e seu faturamento no último ano fiscal foi de 279,2 bilhões. O que deixou seus fundadores orgulhosos . "

Em anexo estava uma foto do robô, que me espantou de tamanhos detalhes e perfeição. Ela realmente parecia uma mulher humana. Pele clara, como porcelana, lábios avermelhados, redondos olhos grandes como mirtilos, os seus brilhantes cabelos castanhos escuros, eram na altura dos ombros. Se não tivesse lido sobre o assunto, pensaria ser uma CEO da empresa.

— Só faltam inventar robôs para gerar um ser humano agora. — Rio de escárnio — É... Devemos nos preocupar. — Suspiro

 Vasculhei o site por completo, mas não havia nenhum nome, nem de fundadores ou acionistas. Apenas o sobrenome Kampman foi citado uma única vez.

 Fecho a tela do laptop com força, irritada. Estava começando a ficar frustrada com a falta de informações. Mas não tinha muito o que fazer, a não ser esperar que Hans fosse melhor que eu.

...💠...

Dois dias se passaram, em meu quarto, não havia mais espaços para vasos de flores. Mesmo tentando ignorá-lo, não atendendo a suas ligações, não parava de chegar coisas mandadas por ele. Apenas nesta manhã, um dos rapazes de Jasmine veio três vezes, trazendo flores e chocolate na primeira vez, uma pulseira com pequenas pedras de lolita da e um urso de pelúcia da segunda, e um pouco antes do almoço uma caixa com um perfume Her Secret Temptation e um bilhete.

" Um perfume marcante e sensual merece uma mulher como você para usá-lo. Espero que goste de ser mimada."

Qualquer mulher adoraria ser mimada, mas não eu. Ele estava passando dos limites. Era como se quisesse me comprar com tantos mimos, aquilo precisava ter um fim.

— Raposinha, decidiu dar-me a honra de ouvi-la?

— Eu não quero presentes, pare de mandá-los.— Ele ri sensualmente. Mesmo por telefone, minha pele se ariça com aquela risada.

— Tome eles como um agrado por sua existência, querida. E como um pedido de desculpas por assusta-la com o meu... Bem "eu interno". — Expirei lentamente.

— Lhe disse que não me assustou! Eu apenas preciso pensar. — Respondi .

— Preciso vê-la, quando será possível?

— Me ver? — Limpei a garganta. — Nos próximos dias estarei bem ocupada, sinto muito.

— Está fugindo de mim, Raposinha? — Rio de escárnio.

— Você deve se achar muito importante para pensar que estou fugindo de você.

— Então me diga que também não quer me ver. — Engulo em seco.

Queria e muito vê-lo, senti-lo por completo em mim. Morder cada pedacinho da existência dele e fazer todo tipo de prevaricação existente com ele. Entretanto, precisava me afastar, pelo menos até entender o poder que ele tinha sobre meus desejos.

— Não. — Rebato — Está muito enganado.

— Então preciso me esforçar um pouco para mostrar a você o quanto te desejo e sou bom no que faço.

Ele ainda não estava se esforçando? Se aquilo não fosse um esforço, eu deveria ter o dobro de cautela.

— Não me liga mais, e nem mande mimos, como diz você. Se mandar, todos eles irão para o lixo. Passar bem.

Desliguei jogando o celular sobre a cama. Aquilo não podia continuar. Estava me atrapalhando concentrar nas coisas que realmente importavam. Quase tudo que via de couro, de veludo, plumas e correntes me faziam pensar nele e em como ele poderia usar aqueles objetos comigo.

Fui tirada do meu devaneio sórdido com o barulho da moto de Garratt. Eles tinham voltado, e trago consigo soluções. Assim eu esperava.

Olhei para Garrett entre as cortinas, seu olhar era de decepção. Algo me dizia que minha esperança foi ralo a baixo, e se nada deu certo nas negociações, William estaria ainda mais irritado como de costume.

Ao descer para a refeição principal, a mesa já estava posta, porém, apenas Garratt estava a mesa, completamente jogado e tenso.

— Onde está nosso pai? — Sondei aos cochichos.

— Prepara-se para o pior lado dele. — Me debrucei um pouco para Garratt.

— Então não deu certo? — Garratt negou. — O que vamos fazer? — A porta do escritório bateu fortemente, me endireitei sobre a cadeira.

— Depois conversamos sobre isso. — Assenti.

William atravessou o portal da sala de jantar em passos pesados, de cenho franzido e punhos fechados. Ao se aproximar de mim, me deu um tapa tão forte no rosto, que o estalo chegou a dar eco na sala e cai da cadeira.

— Quando será responsável Angeline?— Meus olhos ardiam e as minhas mãos tremiam de raiva. — Eu não suporto mais sua imaturidade e desobediência. — Garratt prontamente se levantou para me ajudar, mas foi interrompido por William. — Nem pense Garratt.

— O que foi.. que fiz desta vez? — Sibilei entre os dentes, ainda massageando o rosto.

— Entrem. — Ordenou William.

Os dois guardas-costas entraram. Aqueles malditos deveriam ter delatado que os subornei para não me seguirem. Desgraçados.

— Você pensou que podia comprar meus homens e sair em pune? — Olhei para os dois com ódio, eles iriam me pagar por aquilo. — Suba agora para seu quarto, irá ficar sem comer por três dias e assim que eu terminar o almoço, mandarei te chamar no escritório.

— Pai. — Interviu Garratt. — Não tem precisão disso.

— CALADO, GARRATT! Se não quiser que faça o mesmo com você. — Com um simples olhar dispensou os guardas. — Inconsequente, ainda. Colocou Rowan em perigo. Veremos se desta vez não aprenderá a honrar seu pai.

Quando ele saiu da sala de jantar em direção ao escritório, Garratt correu até mim para me ajudar a levantar.

— Sinto muito, Angel. — Bati em sua mão

— Não quero sua ajuda. — Me levantei trincando os dentes. — Você é como ele Garratt, igualzinho a ele.

— Não, Angel. Eu não concordo com as punições dele com você. — Ri de escárnio.

— Não concorda? Mas também não faz nada a respeito.

Atravessei aquela sala como um relâmpago. Meu corpo dava espasmos de ira, cravei os punhos com tanta força, que o sangue gotejava sobre o ladrilho das escadas. Ao chegar no quarto, soquei o espelho de corpo inteiro que ficava próximo à porta. Estilhaços cortaram meus dedos, encarei meu reflexo sobre os cacos pelo chão. Aquilo precisava acabar, de qualquer jeito. Não aguentava mais ser tratada daquela forma. Teria que ter um fim.

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