Capítulo 20

Muitas vezes me questionava. E as perguntas feitas a mim, eram completamente sem respostas. Eu gostava de ser como era fora da mansão. Gostava da " Feiticeira", aquela que criei para viver uma vida diferente da qual não conseguia mudar. A Angeline dentro dela se sentia livre, se sentia forte para enfrentar e questionar os atos cruéis do pai. Mas às vezes, eu não o culpava por seus atos, não quando era para defender a família, defender Rowan.

 Talvez eu suportasse a forma que ele me tratava por Rowan, não me impunha por Rowan.

   Particularmente, não importava, contanto que ele estivesse bem, estivesse feliz. O que claramente não acontecia, graças a William.

— Desativei as câmeras. Você tem uma hora antes que o sistema reinicie e eu seja expulso — informa Hans.

   Eu estava prestes a entrar no armazém, mais um trabalho, um comum e agradável trabalho.

— Ela está aqui. — Anuncia o segurança. — OK, senhor.

Ele assente para que eu siga meu caminho. O Alvo? Frederick Pavarotti, um italiano, traficante de narcóticos e de mulheres. Estou aqui para negociar algumas garotas, assim ele pensa.

  Pavarotti está sentado em uma mesa, contando dinheiro, muito dinheiro. Observo discretamente o armazém, contando quantos homens armados, no total de dez , a minha vista. Vai ser apertado, mas nada que eu não tire de letra.

— Está adiantada, senhorita Bartosz. — Sorrio amarelo olhando o relógio no pulso.

— Apenas dez minutos, mas vamos ao que interessa. Onde estão as garotas?

Frederick faz um sinal para um dos homens que assente saindo, Frederick me encara com um sorriso malicioso.

— Você quer as garotas para quais fins? — Arqueio uma sobrancelha.

— Não sabia que se importava com o que é feito com elas depois que saem daqui.

— Não, não ligo. São apenas mercadoria. — Seguro a raiva para não matá-lo antes de as garotas estarem seguras. — Mas jamais alguém quis o estoque de uma semana, quinze garotas de etnias e idades diferentes.— estalo a língua.

— Serão úteis no meu bordel. — Uma risada maldosa sai da sua garganta.

— Gostei de você, senhorita. — Ele alisa os dedos . — Mas onde está o dinheiro?

Coloco a maleta sobre a mesa, digito a senha abrindo a maleta recheada de notas altas. Os olhos de Frederick chegam a brilhar com os bolos separados.

— Notas separadas em bolos de cem mil euros cada. Como me pediu.— Ele estica a mão em direção ao dinheiro

— Perfeição. — Fecho a maleta antes de tocar as notas.

— Apenas depois delas estarem na van que as aguarda na porta.

Ele ergue uma sobrancelha. As garotas entram enfileiradas. Filho da puta, são praticamente crianças, adolescentes, a terceira da fileira, parece ter no máximo quatorze anos . Tento esconder minha indignação, com um sorriso ao vê-las.

— São lindas, não são?

 Caminho olhando cada uma delas nos olhos. Estão assustadas e com medo, a mais miúda está em prantos. Ela olha para mim com cautela, assim como algumas das outras garotas.

— Você precisa ser rápida, tem dois carros vindo em sua direção. — Alerta mais uma vez Hans, gemo em resposta.

Uma das garotas me olha de queixo levemente erguendo, ela parece ser a mais velha delas. A garota não deveria ter mais que dezoito, não.Seu cabelos loiros sujo está emaranhado em torno de seu rosto. Ela está imunda, todas estão.A extensa quantidade de pele à mostra está manchada, cheia de hematomas de sujeira e sangue. Ela parece a mais velha e, por sua postura protetora deve ter sido punida por proteger as outras menores.

— Você vai nos machucar também? — ela pergunta em voz

alta.

— Não se preocupe, terão um ótimo tratamento, querida.

— Feiticeira, você tem menos de dez minutos até os carros chegarem. — Murmura Hans no fone em meu ouvido.

Geralmente não trabalho com outra pessoa, mas aquele trabalho era arriscado demais para ir sozinha e Hans poderia ser meus olhos.

— Certo. Estás são todas que tem? — Pavarotti me olha franzindo o cenho.

— Sim, sabe quanto tempo preciso para conseguir garotas como estás?

— Isso é ótimo. — Respondo com um sorriso malicioso.

Assim que perceberem que o primeiro homem caiu, o resto abrirá fogo, e é por isso que preciso ser cuidadosa e rápida.Com a mão no casaco começo a atirar, primeiro Frederick. Um tiro no meio do peito. Uma rápida olhada prova que tenho cerca de dois segundos antes que o resto dos homens comece a atirar, independente do que eu faça em seguida. Os quatro homens ao redor das garotas viram suas cabeças ao mesmo tempo, seus semblantes indo de surpresa, para alarme e raiva em questão de segundos. Imediatamente, eles buscam por suas armas. Saco outra arma do casaco matando os mais próximos delas.

 Assim que me recupero, um cara vem correndo pela esquina, o segurança que permitiu minha entrada. Ele está morto antes mesmo de atirar, um pequeno buraco bem entre suas sobrancelhas. Ele era um filho da puta de merda de qualquer forma. O mundo ficará bem sem ele. Antes que seu corpo toque o chão, eu o agarro pela gola de sua camisa e o trago para perto, usando o homem morto como escudo contra as balas voadoras que ainda cruzam meu caminho. O cadáver leva alguns tiros enquanto faço apenas alguns disparos. Mais três corpos caem e eu retorno para perto das garotas.

— Usem o corretor de paletes e vão até uma van, ela irá tirá-las daqui. Vão.Agora!

Continuo atirando contra eles.Dois deles abrem fogo, forçando-me a recuar. Uma bala atravessa o canto da pilastra, passando bem perto do meu rosto.Pedaços de concreto voam em meus olhos enquanto mais balas passam ao meu redor. Eu sigo chingando, esfregando minhas pálpebras para limpar a visão.

— Cinco minutos. — Me apressa Hans.

— As meninas estão todas aí? — Sondo entrando em um dos corredores de paletes.

— Acabaram de entrar na van.

— Então sai com elas daqui, deixe elas em segurança.

Eu ouço o som de estalos e xingamentos murmurados enquanto eles lutam para recarregar as armas.

— Não vou deixá-la sozinha.

— Sai daqui agora Hans. Te vejo mais tarde ou no inferno. Agora vai.

O sangue sobe para minhas bochechas, e eu só sei que pareço um pimentão vermelho brilhante enquanto caminho no corredor. Os tiros voltam a ecoar no armazém.

— Fodidos idiotas.

Leva ainda menos tempo para matar os outros quatro restantes.

As balas perfuram seus cérebros em uma sucessão tão rápida que seus corpos caem ao mesmo tempo.

— Você viu isso? — pergunto em voz alta, já sabendo que Hans está assistindo através das câmeras.

— Garota, você gastou menos de quatro minutos. Agora sai daí.

— Qual é, a diversão estava apenas começando — eu cantarolo, um sorriso puxando meus lábios para cima. — Preciso dar um checada ...

— Não, os carros estão... Merda... Eles estão aí.

Me escondo em meio aos paletes. O enorme portão se abre. Me aproximo um pouco mais para poder ouvi-los e ver bem seus rostos. Examino os corpos com uma abundante quantidade de sangue no chão de cimento.

 Três homens de terno preto entram no armazém, observando os corpos, sacam as armas, avaliando se ainda há alguém vivo.

— Chefe, o senhor precisa ver isso. — Fala um deles com a mão no ouvido.

Provavelmente escutas, como a que eu estava usando. Quem eram aqueles caras? O que eles queriam ali?

Um movimento em frente vira meu coração de cabeça para baixo e o envia para o poço do meu estômago. Meu coração afunda como uma rocha em um poço profundamente escuro. Eu levanto minha cabeça e olho para ele.Ele evita pisar no sangue.

— Mataram o Frederick. — Ele geme.

— Recolhem tudo, limpem o lugar e coloquem fogo. Não deixem vestígios.

Escondo-me nas sombras, fora de vista. Meu coração ainda está acelerado, embora agora por uma razão completamente diferente.

O que o Soberano estava fazendo aqui? E se ele fosse um cúmplice, ou até o responsável? Eu tiro o pensamento da minha cabeça. Não. Não há como.

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Comments

Elisa Ribeiro

Elisa Ribeiro

autora, seria legal se tivesse o ponto de vista do soberano...

2023-09-06

1

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