Antes de entrar no imenso portão de casa, ligo para meu cliente. O mandante da morte de Fixter. Já são quase três da manhã, o telefone chama, no quinto toque ouço o barulho ao fundo e a sua voz.
— Escarlate, aguardava o seu retorno.
— Alvo abatido com sucesso. — Uma risada de satisfação.
— O dinheiro estará na sua conta pela manhã, mandarei mais mil euros como agradecimento pela rapidez.
— Perfeito.
— Como posso te encontrar se precisar novamente dos seus serviços?
— Você não me encontra, eu encontro você.
Desliguei. O guarda apenas assentiu, acionando o botão para o portão abrir. Parei próximo à entrada da mansão Petrov pensativa, olhando a imensa construção à minha frente.
Ela foi construída exatamente como o desejo da minha amada e falecida mãe. Uma imensa fonte na entrada, com uma mulher amamentando um bebê, na sua mão livre um jarro emanando água. A minha mãe era estilo patriarca da família, mesmo jovem, carregava com si os deveres de gerar e cuidar. Sempre cuidando e zelando pelos deveres de boa mãe e esposa.
A construção à minha frente foi construída exatamente, como as mansões do século XVIII, com colunas do chão ao segundo andar, outras do segundo ao terceiro. Janelas amplas e um jardim impecável, repleto de verde e muitas flores.
Ela fazia falta, muita falta. E o seu aniversário de morte estava perto, o que me deixava angustiada. Ela faleceu quando Rowan ainda era um bebê. Foi assassinada a sangue-frio, protegendo e escondendo Rowan do assassino que se quer foi punido por sua monstruosidade.
Entrei, subindo direto para o quarto de Rowan, a está altura, já estava dormindo como um anjinho. A luz do seu abajur espacial estava ligado, refletindo o universo inteiro no seu quarto. Ajeitei a sua coberta beijando o seu rosto, o que fez ele despertar.
— Onde estava Angel? Você disse que me ajudaria com o dever de álgebra.
— A senhorita Beatriz não te ajudou? — Negou se virando para me olhar melhor.
— Ela tem uma casa inteira para administrar.
— Certo. Onde está o seu caderno? — ele aponta para a escrivaninha. — Sei que fui uma péssima irmã mais velha, vou dar uma olhada. — Ele assente sonolento. — Agora, volte a dormir.
— Garratt e papai voltam amanhã? — Questiona abrindo a boca de sono.
— Provavelmente, descanse e nos falamos no café da manhã. Vou te levar para a escola para compesa-lo. — Rowan se acomoda novamente, fechando os olhos, beijo a sua bochecha. — Bons sonhos.
— Você também, Angel.
Pego o caderno e saio do quarto encontrando a porta. O quarto de Rowan é ao lado do meu. Tento ser mais presente que o meu pai, na vida dele. Rowan está cursando o segundo grau, mas, parece uma criança ainda, pelo menos para mim. Faço o que tiver a meu alcance para vê-lo feliz, até mesmo os seus deveres.
Jogo o caderno na cama, tiro as minhas roupas e entro no banheiro, ligo o chuveiro, entrando ainda na água fria. O meu corpo já se acostumou com a baixa temperatura da água.
Lembro da proposta feita, e me pergunto o motivo de tamanho interesse naquele homem.
Ele era interessante, recheado de beleza e atrativos, porém, o fato de me deixar intrigada e me desafiar a se humilhar perante a mim, me fez querer ainda mais tê-lo.
...Seco os cabelos e os tranço antes de me deitar e fazer a tarefa de casa de Rowan. Acabo pegando no sono assim que termino....
...💠...
Após deixar Rowan no colégio, vou para a cafeteira no centro. Compro um café duplo e me dirijo para a loja de uma amiga, Lorelay.
Ela é cinco anos mais nova que eu, nos conhecemos na faculdade, quando cursava medicina, que tranquei há três anos, sem o conhecimento do meu pai, é claro. Lorelay vem se passando pela reitora desde então, para o senhor William, meu prezado pai.
— O que devo a honra da sua presença Angeline?
— Vim buscar você para um dia de garotas. Preciso de um tempo. — Ela ri.
— Infelizmente não posso. A minha costureira está com as peças atrasadas para a minha nova coleção de outono, e preciso ir vê-la hoje.
— Faça isso amanhã, eu preciso da minha amiga hoje. — Ela entrega a sua prancheta para a funcionária.
— Veja quantas peças ainda temos neste tamanho e as coloque nas araras. — A funcionária assente, saindo em seguida — Sabe que tenho afazeres, Angeline. Não posso me dar ao luxo como você, de fazer o que quer, tenho que pagar a faculdade, fora meus fornecedores.
— Eu te dou o dinheiro, mas, sabe que posso ajudar sempre, não é? — Ela suspira.
— Não é sua responsabilidade. Preciso ganhar o meu próprio dinheiro.
— Não seja dramática, sabe que só tenho você. Entretanto, posso te ajudar de outras maneiras, que ver? Ei, você! — A vendedora que estava vestindo o manequim me olha. — Quero todas as peças da Coleção , tamanho XS por favor.
— O quê? — Lorelay me olha surpresa. — Não.
— Vamos garota, não tenho a manhã toda.
— Para, não, Dominica, ela está brincando.
— Não estou, arrume tudo, pego mais tarde. — Entrego o meu cartão a vendedora — É a vista, okay!? — Dominica assente.
— Você só pode ser louca.
— Agora pode sair comigo? — Lorelay revira os olhos.
— Onde vamos? — Sorrio.
— Se prepare para relaxar.
Dinheiro nunca foi um problema, e saber fingir ser o que não sou, também não. Amigos, sempre tive apenas um ou dois, desde criança. A vida e rotina da minha família nunca permitiu que eu tivesse vários amigos, que saísse de casa livremente. Para isso acontecer atualmente, tive que lutar bastante por meus direitos com o senhor William Dascovit Petrov. Lorelay sabe tão pouco sobre o que faço quanto o meu irmão e o meu pai, apenas Jasmine sabe, na verdade. Eu precisava ter alguém para me abrir, para recorrer se algo ruim acontecer. Jasmine tem acesso a minha conta particular na Suiça, sabe o meu número social e emergencial. Ela saberia o que fazer para ocultar as condições da minha morte se necessário.
— Eu não sabia que precisava tanto disso. — Balbucia Lorelay em meio as mãos massageando os seus ombros.
— Se quiser, posso te buscar toda semana. — Ela sorri.
— Você é incrível Angeline. — Ela suspira. — Mas não posso me aproveitar disso, mesmo que queira.
— Você sempre me acoberta, é uma amiga fiel, merece ser paparicada. Este Spar é só um pouco do que eu posso te proporcionar Lore.
— Obrigada.
— Depois que sairmos daqui renovadas, te deixo em casa. — Ela me olha franzindo o cenho.
— Não mesmo. Vamos passar o dia todo aqui, relaxando, fazendo as unhas, cabelo. Vamos sair daqui maravilhosas e quer ir para casa? Não mesmo.
— Preciso dar atenção para Rowan.
— Rowan já tem dezesseis anos Ang.
— Quinze. — A corrijo.
— Que seja, ele não precisa tanto assim de você. Você o trata como criança, deixa o garoto mal acostumado. — Respiro fundo.
— Eu apenas tento suprir a falta da nossa mãe Lore, ele não sabe como é ter uma.
— Exatamente, como você sente falta daquilo que nunca teve? Olha, sei que você se cobra por Rowan, mas não é responsável por isso.
— Não sou, entretanto, eu sou a irmã dele, Garratt está sempre ausente com o meu pai, então só resta a mim.
— Você se cobra demais, senhorita perfeita! — Suspiro.
De certa forma, Lorelay estava certa. Eu me cobrava demais quando o assunto era Rowan, mas, queria suprir todas as necessidades dele. Não era justo que Garratt e eu tivemos tempo com a nossa mãe e Rowan não. A culpa era do nosso pai, e eu odiava ele por isso, odiava muito.
— Onde quer ir? — Perguntei para fugir do assunto. Aquele assunto era como espinhos de rosas me perfurando, arranhado meus membros.
— Uma nova Casa noturna que abriu no subúrbio.
— Preciso estar em casa até às seis para o jantar, meu pai ...
— Não se preocupe, estará em casa às seis. — Argumenta Lorelay — Ela abre às três e vai se sentir no meio da noite.
— Você venceu, vamos à Casa noturna, Lorelay.
O sorriso nos olhos de minha amiga indicava satisfação e empolgação. E minha resposta foi um sorriso amarelo. Não estava tão empolgada quanto ela, mas, como fui eu que arrastei ela para cá, era justo ir onde ela queria.
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Atualizado até capítulo 49
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