Capítulo 06

A mesa de café da manhã estava sendo posta quando desci, nem mesmo Rowan havia descido. Era tanto exagero, três tipos de bolo, de sucos, frutas e pães, que ficam sempre sobre a mesa quando saímos dela. Me sentei servindo um café preto.

— Deixe que sirvo Angeline. — Diz Beatriz, colocando mais um bolo sobre a mesa.

— Não precisa. Quero apenas um café mesmo. Meu pai já saiu ou ainda está deitado?

— Saiu antes do sol nascer.

— Garratt estava com ele?

— Não, provavelmente ainda está deitado.

— Estou acordado, bem aqui. — Responde Garratt descendo as escadas.

— Por que não foi com o nosso pai desta vez? — Ele se senta à minha frente, como de costume.

— Ele foi ver um amigo, aqui mesmo em Moscou. Imagino que será breve. Beatriz, traga dois ovos na manteiga por favor, e o jornal de hoje.

— Claro senhor. — Responde acenando para a empregada.

— E como foi com a sua amiga ontem à noite? Imagino que tenha conseguido ajudá-la.

— Sim, era algo não tão complicado de se resolver. — Garratt assente tomando o seu suco. — Garratt…

— Sim? — Indaga de sombrancelha erguidas.

— Eu quero fazer parte das atividades da família. — Garratt me analisa tombando a cabeça para o lado.

— Só por cima do cadáver do nosso pai.

— Ele não precisa saber. — Rebati — Já sou maior de idade, e bem adulta para tomar as minhas próprias decisões.

— Argumentação válida, Angel. Você pode ter vinte sete anos, assim como pode ter cinquenta. Mas, o nosso pai não permitirá a sua participação. Ele quer uma vida diferente para você.

— Ele não pode me prender numa bolha a vida toda. — Garratt ri.

— Ele pode. — Beatriz o entrega o jornal. — E como anda a medicina? — Bem, falta pouco. — Ele me olha de olhos semi-serrados, abrindo o jornal.

 Na primeira página está a reportagem sobre a morte de Fixter.

Não tinha como chegar até mim. Eu nunca deixava rastros, aquele caso seria apenas mais um dos muitos arquivados.

— Uma pergunta. — Garratt me tira do meu devaneio. — Até quando vai levar essa mentira adiante? — engoli em seco.Garratt me encarava sobre o jornal.

— Como? — Indaguei.

Onde Garratt queria chegar com aquela pergunta. O que ele sabia, ou até onde ele sabia?

— Bom dia! — Rowan se senta ao lado de Garratt— Onde está o papai? — Garratt arqueia a sobrancelha.

— Salva pelo gongo. — Garratt dobra o jornal. — Ele volta para o almoço. Está se sentindo melhor?

— É. Um pouco de dor de cabeça, mas estou bem! — Responde Rowan levando um copo de suco à boca.

— Quer que te leve para a escola hoje? — Pergunto sorrindo.

— Não, prefiro ir com o chofer . — Suspiro.

Ver Rowan chateado comigo, é o mesmo que ser esfaqueada inúmeras vezes.

— Posso te levar, sabe que gosto de passar o tempo com você Rowan. — Insisto.

— Já disse que não quero, Angeline. — ele se levanta pegando uma fruta. — Prefiro ser mordido pelos Laikas do Garratt que ficar um segundo naquele carro com você. — Ele sai andando. Garratt ri.

— Vai para o inferno. — Me levanto da mesa.

— Já estamos nele, maninha. — Saio em direção às escadas. — E não pense que irá fugir da minha pergunta.

— Não te devo satisfação de nada, babaca.

...💠...

Eu olho com frustração para mim mesma no espelho. Maldição... E maldito Garratt por ser tão insuportável.

 Pego o contrato, me sentando na varanda para lê-lo.

... Contrato de submissão...

AS PARTES CONCORDAM COM OS TERMOS ABAIXO

1 — Os termos a seguir são parte de um contrato vinculante entre o Dominador e a Submissa.

TERMOS FUNDAMENTAIS

 2 - O propósito fundamental do presente contrato é permitir à Submissa explorar de maneira segura sua sensualidade e seus limites, respeitando e considerando devidamente suas necessidades, seus limites e seu bem-estar.

3 - O Dominador e a Submissa concordam e confirmam que tudo que ocorra sob os termos do presente contrato será consensual, confidencial e sujeito aos limites acordados e aos procedimentos de segurança estabelecidos no presente contrato. Limites e procedimentos de segurança adicionais poderão ser acordados por escrito.

4 - O Dominador e a Submissa garantem não sofrer de doenças de natureza.

 Obediência

 .A Submissa obedecerá às regras (“as Regras”) estabelecidas no Apêndice 1 do presente contrato.

.A Submissa servirá ao Dominador de qualquer maneira que o Dominador julgar adequada e se esforçará para agradar ao Dominador em todos os momentos, o melhor possível.

.A Submissa tomará todas as medidas necessárias para conservar-se em boa saúde e solicitará ou buscará ajuda médica sempre que necessário, mantendo o Dominador informado de quaisquer problemas de saúde que surjam.

. A Submissa assegurará adquirir contracetivos orais e assegurará recorrer aos mesmos conforme o prescrito para evitar a gravidez.

. A Submissa aceitará sem questionar todo e qualquer ato disciplinar julgado necessário pelo Dominador e se lembrará sempre de sua condição e de suas obrigações em relação ao Dominador.

. A submissa não se tocará ou se dará prazer sexualmente sem a permissão do Dominador.

. A Submissa aceitará ser chicoteada, açoitada, espancada, varejada ou surrada ou receber quaisquer outros castigos que o Dominador decidir aplicar, sem hesitação, questionamento ou reclamação..

— Ele só pode estar de brincadeira. — Rio roendo a unha.

Roupa

Durante a vigência do contrato, a Submissa apenas usará roupa que o Dominador tenha aprovado ou escolhido ser apropriada.

.O dominador acompanhará a Submissa para comprar roupas quando for necessário. Se o dominador assim o exigir, enquanto o contrato estiver vigente, a Submissa vestirá os adornos que exija o Amo, em sua presença ou em qualquer outro momento que o Amo considere oportuno.

— Nem fudendo. Quem ele pensa que é? — Prossigo.

Qualidades pessoais

A Submissa apenas manterá relações sexuais com o dominador. A Submissa se comportará a todo o momento com respeito e humildade. Deve compreender que sua conduta influencia diretamente na do Dominador. Será responsável por qualquer ato, maldade ou má conduta que leve a cabo quando o dominador não estiver presente.

 O não cumprimento de qualquer uma das normas anteriores será imediatamente castigada e dominador determinará o castigo.

Contato Físico

 A submissa permitirá o contato direto do dominador. Onde e quando ele achar apropriado. A submissa não tocará o dominador sem a sua permissão. Apenas quando lhe for ordenado.

DOMINADOR

.O Dominador tornará prioritárias a saúde e a segurança da Submissa em todos os momentos.

.O Dominador, em tempo algum, solicitará, exigirá, permitirá ou ordenará que a Submissa participe de atividades detalhadas no Apêndice 2 ou de qual- quer ato que uma ou outra parte julgue inseguro.

 . O Dominador não realizará nem permitirá que se realize qualquer ato que possa causar dano sério ou risco à vida da Submissa. As sub-cláusulas restantes da presente cláusula 15 deverão ser lidas e sujeitas à presente disposição e às questões fundamentais acordadas nas cláusulas 2-5, acima.

.Dominador manterá sua boa saúde e buscará cuidados médicos quando necessário para manter um ambiente livre de riscos.

. O Dominador não emprestará sua Submissa a outro Dominador.

. O Dominador poderá prender, algemar ou amarrar a Submissa a qualquer momento durante as Horas Designadas ou em quaisquer horas extras acordadas por qualquer razão e por períodos de tempo prolongados, tendo a devida consideração com a saúde e a segurança da Submissa.

.O Dominador aceita a Submissa como propriedade sua, para controlar, dominar e disciplinar durante a Vigência. O Dominador pode usar o corpo da Submissa a qualquer momento durante as Horas Designadas, ou em quaisquer horas extras acordadas, da maneira que julgar apropriada, sexualmente ou de outra maneira qualquer.

Eu nunca fui dominada, pelo contrário, eu sou a dominadora. E chega esse homem e tenta me colocar debaixo do seu julgo? Ele não está com essa bola toda.Como vou aceitar tudo isto?

 Vou para a última página, onde se encontra o número e o nome. Rio com o nome escolhido por ele.

 Soberano...

Pego o celular para ligar, mas, êxito por alguns segundos. Maldita curiosidade Angeline, por que você não consegue pensar direito quando se trata de prazer. Decidi ligar, antes que me arrependa de estar ligando.

— Raposinha, sabia que ligaria.

— Como sabe que sou eu? — Ele ri sensualmente.

— Este número é exclusivo para você. Assim que estivermos acordados, terá um telefone exclusivo para mim também. — Suspiro.

— Temos que discutir os termos do acordo. Tenho algumas objeções.

 — Podemos fazer isso hoje à noite.

— Já? — indago surpresa.

— Quanto mais rápido eu puder te ter, melhor. — Respiro fundo.

— No lugar de sempre, às oito? — ele ri de escárnio.

— Haverá um carro à sua espera na porta da boate, às sete. Seja pontual, raposinha. Um lugar mais reservado e privativo é melhor para discutirmos.

 — Certamente.

— Raposinha! Iremos jantar, então venha a caráter.

Desligo mordendo as bochechas. O que estou fazendo? Onde está se metendo Angeline? Meu subconsciente parece sensato e racional, e não sarcástico, como está acostumado a ser. A Feiticeira dentro de mim, não deixa de saltitar e bater palmas como uma menina de dez anos.

 "Por favor, vamos fazer isso... se não, acabaremos sozinhas, como uma das suas tias da Itália, cercadas por animais, em uma fazenda isolada e tendo a pombos como companhia. "

 O único homem que já me atraiu de verdade, chega com um maldito contrato, um chicote e um amontoado de regras e cláusulas. Completamente insano.

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Comments

Bia Morais

Bia Morais

Ai mds😏
Parece até um Cristian Gray da vida, minina😏

2023-08-16

2

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