Aquela tarde no café me presenteou com uma recordação de infância tão preciosa, uma memória que se entrelaçava com o presente de forma mágica. Enquanto eu deixava o café, meus olhos se fixaram na árvore de cerejeira que parecia me chamar, evocando lembranças de um parque, de brincadeiras e de momentos felizes com minha irmã. Era um dia ensolarado, minha família havia decidido fazer um piquenique naquele parque encantador. Enquanto brincávamos, minha irmã jogou a bola um pouco longe, mas ela não estava disposta a buscá-la. Sem hesitar, decidi ir até lá, e para minha surpresa, a bola havia caído próxima a uma árvore de cerejeira magnífica.
Minha atenção foi capturada pela sua beleza, pelas delicadas pétalas que dançavam no vento, emanando uma energia única. E então, no outro lado da árvore, avistei um rapaz admirando-a também. Nossos olhares se encontraram, e por alguns preciosos segundos, o tempo parecia ter congelado. Era como se nossas almas se conectassem de maneira inexplicável, compartilhando um momento de pura magia sob aquela árvore de cerejeira. No entanto, o chamado de meu pai interrompeu a magia daquele instante. Ele veio me buscar, nos afastando daquela árvore e do encontro fugaz com o rapaz. Mas mesmo com o tempo passando, a lembrança daquele momento especial permaneceu em meu coração.
Agora, enquanto meus olhos se voltavam para Miguel, ele já estava me olhando, capturando minha atenção de uma maneira única. De repente, ele tomou minha mão em um gesto audacioso e decidido, e saímos correndo juntos, sem destino aparente. No começo, a confusão tomou conta de mim, sem compreender o que Miguel pretendia com aquela corrida desenfreada. No entanto, à medida que o vento soprava em meu rosto e nossos passos se sincronizavam em uma harmonia desconcertante, comecei a escutar o chamado do meu coração. E naquele momento, sob o céu aberto e ao som dos nossos risos e batimentos cardíacos acelerados, percebi que a mensagem que Miguel queria transmitir era simples, porém profunda: a vida é feita de momentos espontâneos, de correr em direção àquilo que nos faz sentir vivos, de seguir nossa intuição e abrir espaço para o inesperado. Em meio àquela corrida sem rumo, comecei a sentir uma onda avassaladora de emoção e liberdade, como se o passado e o presente se unissem em um único instante de plenitude.
-Você é louco! – Digo, apoiando-me nas minhas próprias pernas, tentando recuperar o fôlego perdido durante aquela corrida improvável.
-Então, presidenta, você conseguiu ouvir seu coração. – Miguel responde, também ofegante.
Um sorriso escapa pelos meus lábios enquanto começo a andar novamente, e Miguel me acompanha em silêncio. Seu rosto está radiante, mas o silêncio não dura muito.
-Você está bem? – ele pergunta, preocupado.
-Depois de correr como dois loucos pela rua, sim, estou bem. – Fico em silêncio por alguns segundos, reunindo meus pensamentos. – E você?
-Depende... – Miguel responde, seu olhar fixado em mim. Eu o encaro, curiosa e intrigada, esperando que ele continue. – Quando estou perto de você, me sinto bem, em paz. Mas quando estou longe, começo a me perguntar se você está bem, se está feliz. E isso me deixa preocupado.
Seus olhos expressam uma mistura de carinho e ansiedade, revelando o quão sinceras são suas palavras. Uma onda de emoção percorre meu ser enquanto o escuto, sabendo que suas palavras refletem um sentimento genuíno que ele guarda por mim.
-Você às vezes me surpreende... – Digo, admirada com as palavras profundas e poéticas de Miguel.
-Ellen, olhe para o céu! – Ele chama minha atenção, e meus olhos se erguem para contemplar o espetáculo que se desenrola acima de nós. O céu está tingido de tons alaranjados, anunciando a chegada da noite. É um cenário encantador que se revela diante de nossos olhos. – Veja como até o sol precisa descansar às vezes, dando espaço para a lua dançar junto com as estrelas. Mesmo na escuridão, tente brilhar como a lua. Não tenha medo da escuridão, não tenha medo de brilhar. E lembre-se de que, assim como a lua, você não está sozinha. Eu quero ser as estrelas em sua vida, ajudando você a brilhar intensamente.
Suas palavras ecoam em meu coração, preenchendo-me de uma sensação reconfortante. A metáfora do sol, da lua e das estrelas traz um ensinamento valioso. Assim como o sol descansa, permitindo que a lua assuma o protagonismo noturno, também preciso encontrar momentos de descanso e renovação para que minha luz continue a brilhar. E, mais importante, Miguel me lembra que não estou sozinha nessa jornada. Assim como a lua é acompanhada pelas estrelas, ele deseja estar ao meu lado, apoiando-me e ajudando-me a brilhar em meio à escuridão. Abraço Miguel com carinho, deixando que nossos corações se conectem em um entendimento profundo. Em seus braços, sinto-me protegida e fortalecida, pronta para enfrentar os desafios que a vida possa nos trazer.
Chegando em casa, ficamos por alguns instantes em frente à minha porta, relutantes em nos despedir. A noite já avançava, e era hora de encerrar aquele momento especial.
-Acho que é melhor você entrar, está tarde. - Miguel comenta, preocupado.
-È você tem razão... - Digo, me afastando dele lentamente. - Até amanhã.
Antes que eu possa me virar completamente, sinto uma leve pressão em meu braço, e minha pele arrepia com o toque suave de Miguel. Percebo que ele se aproximou e, num gesto surpreendente, seus lábios encontram os meus em um beijo delicado e apaixonado. O mundo parece desaparecer ao nosso redor enquanto nos entregamos àquele beijo, carregado de emoção e desejo. Meu coração acelera e minhas pernas parecem perder a força, enquanto nossos lábios se movem em perfeita sintonia.
O beijo é breve, mas intenso, deixando um rastro de paixão no ar. Quando nos separamos, olhamos um para o outro, nossas respirações entrelaçadas.
-Boa noite, Ellen - Miguel sussurra, com os olhos brilhando.
-Boa noite, Miguel - Respondo, com um sorriso terno nos lábios.
Nosso breve encontro de lábios é o suficiente para despertar um sentimento profundo dentro de mim, e enquanto entro em casa, sinto uma chama de esperança e felicidade arder em meu peito. Mal posso esperar pelo amanhã, quando poderei encontrar novamente aqueles lábios que me fizeram sentir tão especial.
Acordei mais cedo do que o habitual, meus pensamentos ainda estavam envoltos na intensidade da noite anterior. Sentia uma explosão de sentimentos dentro de mim, uma mistura de felicidade, expectativa e um certo receio do desconhecido. Entrei no carro e Roger, meu secretario, começou a me observar pelo retrovisor.
-Como a senhora veio ontem? Quando entrei no café, a senhora não estava lá. - Roger perguntou, curioso.
-Desculpe, Roger, por não ter avisado. Acabei vindo a pé. - Respondi, consciente de que havia deixado de lado os procedimentos habituais.
-Compreendido, senhora. Está tudo bem, só queria ter certeza de que não houve nenhum problema. - Roger respondeu, demonstrando compreensão.
Agradeci sua preocupação e me permiti ficar em silêncio durante o mistura de ansiedade e entusiasmo pelo que o novo dia poderia trazer. O beijo de Miguel ainda ecoava em minha mente, e eu me questionava sobre o que aquilo significava para nós dois. Chegando na empresa, cumprimentei todos com um sorriso no rosto, percebendo os olhares confusos que me lançavam. Passei pela sala dos meus diretores, cumprimentando-os com apertos de mão e até mesmo alguns abraços, algo incomum para mim. Era evidente que algo estava diferente. Quando estava prestes a entrar em minha sala, Ariel e Patrícia entraram de maneira curiosa.
-O que aconteceu? - Patrícia perguntou, claramente curiosa sobre minha mudança repentina.
-Ela só deve estar doente. - Ariel opinou, tentando encontrar uma explicação lógica.
-Não, não é isso - respondi, sorrindo. - Aconteceram algumas coisas que me fizeram repensar algumas atitudes. Decidi que é hora de trazer um pouco mais de humanidade e proximidade para o ambiente de trabalho. Acredito que o relacionamento entre colegas é fundamental para um ambiente saudável e produtivo.
Ariel e Patrícia trocaram olhares surpresos, sem saber como reagir diante dessa nova postura.
-Você resolveu o assunto financeiro? - Ariel perguntou, demonstrando preocupação.
-Não, ainda não - respondi com sinceridade.
Antes que pudesse explicar o motivo, Marques entrou na sala acompanhado do meu pai. Senti meu coração acelerar e me levantei rapidamente da cadeira, preparando-me para enfrentar a situação.
-Descobrimos que houve um furto de dinheiro - Marques anunciou, com um tom sério.
A notícia foi como um soco no estômago. Meus olhos se arregalaram de surpresa e minha mente começou a trabalhar freneticamente, tentando entender a gravidade da situação.
-Como isso foi possível? - perguntei, com a voz trêmula.
-Ainda estamos investigando os detalhes, mas parece que houve uma brecha no sistema de segurança. Alguém teve acesso e conseguiu desviar uma quantia considerável - meu pai explicou, com uma expressão preocupada.
A sensação de desamparo e frustração começou a tomar conta de mim. Sabia que era minha responsabilidade zelar pela empresa, pelos colaboradores e pelos recursos financeiros. Sentia-me impotente diante desse acontecimento.
-Precisamos agir rapidamente para solucionar esse problema e garantir que isso não se repita - falei, tentando reunir minhas forças.
Chamei todos os acionistas e diretores para uma reunião de emergência. O clima na sala estava tenso e cheio de ansiedade. Meu pai, com sua vasta experiência, assumiu a liderança da reunião. Todos aguardavam ansiosos por respostas. Enquanto meu pai começava a falar, meus olhos encontraram os de Miguel, que havia entrado na sala. Um sorriso tímido se formou em meus lábios, e ele retribuiu o gesto, transmitindo apoio silencioso. Meu pai prosseguiu e, de repente, Marques, o antigo membro da empresa, entregou uma pasta a ele. Meu pai a abriu e começou a ler com atenção. O silêncio na sala era quase palpável.
-A transação foi feita no nome de Miguel Lewis - meu pai declarou, com um olhar sério em sua direção
Você...
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Divina Santos
n acredite,joi armação!
2023-08-14
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