Era uma quinta-feira, e eu estava na minha empresa, onde o Vicenzo, um dos funcionários, não havia comparecido ao trabalho. Ele era parte da minha equipe e sua ausência era incomum. Naquele dia, eu estava reunido com meus diretores executivos, discutindo os assuntos do negócio.
Rodrigo Mates era o diretor de finanças. Ele era uma pessoa simpática e cheia de entusiasmo. Sempre trazia novas ideias para impulsionar a empresa e estava constantemente buscando maneiras de melhorar nossa situação financeira.
Ariel Surts era o designer. Ele veio da Alemanha e trouxe consigo um olhar detalhista e uma abordagem meticulosa para o trabalho. Sua perspectiva internacional e habilidades criativas foram inestimáveis para a empresa.
Patrícia Manus era minha vice-diretora. Ela era uma mulher determinada e cheia de entusiasmo. Sempre se dedicava a suas responsabilidades e trazia uma visão estratégica para os projetos em que estávamos envolvidos. Pietro Poeta era o responsável pela divulgação da empresa. Ele me ajudava a criar campanhas publicitárias eficazes e a transmitir a mensagem certa para o nosso público-alvo. Sua criatividade e habilidades de comunicação eram essenciais para o sucesso de nossas iniciativas de marketing.
Enquanto estávamos reunidos, discutindo os projetos em andamento, a ausência do Vicenzo começou a levantar preocupações. Normalmente, ele era muito confiável e nunca faltava ao trabalho sem avisar. Comecei a me perguntar se algo havia acontecido com ele. Decidimos entrar em contato com Vicenzo para verificar seu bem-estar e saber o motivo de sua ausência. Liguei para o seu celular, mas não obtive resposta. Enviamos também uma mensagem, mas não houve resposta imediata. Fiquei cada vez mais intrigado e preocupada. Aquela situação era incomum e eu não conseguia deixar de pensar em todas as possibilidades. O que teria acontecido com o Vicenzo? Será que ele estava bem?
Fizemos a reunião sem ele, algumas decisões só ele poderia tomar, pedi a Roger que entrasse em contato com o prédio onde ele morava, mas Roger estava sem sucesso. Depois da reunião fui até o escritório para terminar algumas coisas, quando bateram na minha porta.
- Ellen. – Patrícia entrava. – Já vai para casa?
- Só vou resolver algumas coisas e depois irei. – Disse concentrada em alguns papeis.
- Te achei bem preocupada, está tudo bem?
- Está sim. – Digo querendo mentir para mim mesmo.
- Sabe que além de ser sua vice-diretora, somos amigas, pode me dizer tudo que quiser.
- Sabe me dizer por que o Vicenzo não veio?
- Ele não disse nada, vejo que ele anda saindo do trabalho mais cedo do que de costume, achei que vocês tinham brigado.
- Eu e ele parece está bem...- reflito minhas palavras. – Mas...
- Mas?
- Também tenho notada ele estranho, como se estivesse escondendo algo de mim...
Foi então que eu recebi a pior mensagem da minha vida, eu tinha uma amiga, Yara Vasconcelos, digo que tinha por que foi ela que começou a causar essa dor insuportável em mim, ela disse com todas as palavras amargas
Sabe aquela noite, quando você pediu a Vincenzo para me levar em casa, pois bem, eu e ele ficamos.
Eu fiquei chocada e atordoada com as palavras amargas de Yara. As informações reveladas em sua mensagem eram como uma punhalada em meu coração. Ela afirmou que Vicenzo e ela tiveram um envolvimento íntimo naquela noite em que eu pedi a ele para levá-la para casa. Meu mundo parecia desmoronar diante de mim. A traição de Vicenzo, combinada com a revelação de Yara, causou uma dor insuportável em meu peito. Sentimentos de tristeza, raiva e decepção se misturaram dentro de mim, deixando-me sem palavras. Tudo parecia tão inesperado. Eu confiava em Vicenzo. Nunca imaginei que ele seria capaz de me trair dessa maneira. E Yara, uma amiga de longa data, parecia ter se transformado em alguém completamente diferente. No meio da turbulência emocional, eu me perguntava como lidaria com essa situação. A traição de Vicenzo colocava em xeque nossa relação profissional e na nossa relação, enquanto a revelação de Yara deixava nossa amizade completamente abalada. Com o coração partido, percebi que precisava tomar uma decisão. Seria necessário confrontar Vicenzo sobre a traição e buscar respostas mais claras sobre seus motivos e intenções. Ao mesmo tempo, teria que lidar com a situação delicada com Yara e decidir se ainda havia espaço para uma possível reconciliação. Essa revelação mudou completamente o curso das coisas. Meu mundo profissional e pessoal foi abalado, e eu teria que encontrar forças para enfrentar as consequências dessa traição e decidir como seguir em frente.
Meu estado emocional estava em frangalhos após a revelação de Yara. Sentei-me à mesa, com a mente cheia de pensamentos turbulentos. Patrícia, preocupada comigo, correu rapidamente para buscar uma água, mas minha agonia era tamanha que não pude esperar. Decidi agir imediatamente. Chamei Roger, e sem hesitar, fomos em direção à casa de Vicenzo. No caminho, minha mente trabalhava freneticamente, tentando organizar as palavras que eu gostaria de dizer. Eu sabia que seria uma conversa difícil e dolorosa, mas sentia que era necessário confrontá-lo e buscar esclarecimentos.
As palavras que eu carregava dentro de mim eram um turbilhão de sentimentos misturados. Eu queria expressar minha tristeza, minha decepção e minha raiva, mas também ansiava por respostas. Desejava entender os motivos de Vicenzo, como ele pôde trair minha confiança e comprometer nosso namoro e relação profissional. Enquanto dirigíamos em direção à casa de Vicenzo, refleti sobre a importância da calma e da clareza nas palavras que eu escolheria. Eu queria ser assertiva, mas também cuidadosa para evitar mais dor e conflito. Ao chegar à casa de Vicenzo, respirei fundo e tentei reunir toda a coragem que tinha dentro de mim. Era hora de enfrentar a situação de frente e descobrir a verdade por trás de suas ações.
- Vicenzo? – Bato o interfone, minha voz estava tremula, tentei encontrar forças. – Eu sei que você está aí.
O portão se abriu e entrei na residência de Vicenzo. Ele estava parado, olhando fixamente para o celular. Nossos olhares se cruzaram por alguns segundos, e naquele momento, todo o peso da situação recaiu sobre nós. Eu me aproximei devagar, sentindo um misto de ansiedade, tristeza e uma necessidade urgente de entender o que havia acontecido. Cada passo que eu dava parecia uma eternidade, enquanto meu coração batia acelerado. Vicenzo parecia tenso, seus olhos evitavam o meu olhar. O silêncio pairava no ar, como se todas as palavras não ditas fossem sufocantes. Eu ansiava por respostas, por uma explicação que pudesse aliviar a dor que consumia minha alma. Com um nó na garganta, tomei coragem para quebrar o silêncio. Minha voz tremia um pouco quando finalmente disse:
-Vicenzo, precisamos conversar. O que aconteceu? Por que você escondeu isso de mim? Eu confiei em você. Por favor, me explique.
Esperei ansiosamente pela resposta de Vicenzo, enquanto o peso da situação continuava a nos envolver, criando um ambiente carregado de tensão e emoções conflitantes.
- Eu acho que não tem nenhuma explicação. – Disse ele. – O que eu fiz não tem como voltar atrás, não tem como corrigir, aconteceu, e é isso.
- Então por decidiu me contar só agora?
- Eu não sabia como contar, não sabia como dizer isso a você, você fica tão presa neste trabalho que mal tinha tempo para nós.
- Agora você está me culpando pela sua infidelidade, você sabia da minha ausência, eu expliquei você.
- Preciso dizer que nosso amor já tinha acabado faz tempo, eu já não sentia nada mais por você, estava com você por conta do trabalho, eu já estava de olho na Yara já faz tempo, você que não percebeu.
As palavras de Vicenzo atingiram meu coração como facadas. A frieza em sua voz e suas justificativas vazias apenas aumentaram a dor que eu estava sentindo. Ele admitiu sua infidelidade e, pior ainda, colocou a culpa em mim, alegando que nosso relacionamento já estava deteriorado há muito tempo. A raiva começou a se misturar com a tristeza, enquanto eu lutava para compreender suas palavras. Como alguém em quem confiei tanto poderia me trair dessa forma e ainda tentar justificar suas ações, transferindo a responsabilidade para mim?
Eu me senti enganada e usada. As lembranças dos momentos compartilhados e dos sentimentos que pensei serem genuínos pareciam desmoronar diante de mim. Era difícil aceitar que Vicenzo já estivesse interessado em Yara há tanto tempo, enquanto eu estava cegamente envolvida em nosso relacionamento. A dor e a decepção foram esmagadoras. Minhas mãos tremiam e lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Eu precisava processar tudo o que estava acontecendo, mas também sabia que precisava me afastar dessa situação tóxica. Com todas as forças que me restavam, eu disse a ele:
- Chega, Vicenzo. Não quero mais ouvir suas desculpas ou suas tentativas de justificar o injustificável. Nossa relação acabou agora. Não quero mais ter nada a ver com você.
- Eu já não estava a muito tempo com você.
Após aquela noite devastadora, uma transformação profunda ocorreu em mim. A dor da traição e da decepção me consumiu de tal forma que me tornei uma pessoa fria e distante. Para proteger minha própria sanidade, decidi me afastar de tudo que me lembrava Vicenzo, incluindo minha família e amigos mais próximos. Eu me refugiei no trabalho, encontrando nele uma distração e uma forma de preencher o vazio deixado pela quebra de confiança. Foi como se eu tivesse construído uma muralha ao redor do meu coração, evitando qualquer forma de conexão emocional.
Os dias se passaram em uma rotina exaustiva de trabalho árduo e dedicação. Eu me tornei obcecada em alcançar o sucesso profissional, colocando toda a minha energia e foco nas minhas responsabilidades e objetivos. O trabalho se tornou minha única prioridade, um refúgio seguro onde eu podia me sentir forte e no controle. No entanto, essa busca incessante pelo sucesso profissional veio com um preço alto. Eu me isolei emocionalmente, afastando as pessoas que realmente se importavam comigo. Minha família, amigos e até mesmo colegas de trabalho começaram a notar minha mudança de comportamento, minha frieza e distância. Percebi que, apesar de tentar me proteger da dor, também estava me privando de outras formas de felicidade e conexões significativas. Comecei a questionar se minha escolha de me fechar emocionalmente era realmente saudável e se estava me ajudando a superar o passado. Foi nesse momento que percebi a necessidade de buscar ajuda e apoio para lidar com minhas emoções e cicatrizes emocionais. A jornada de cura e reconstrução pessoal seria longa, mas eu estava disposta a enfrentar meus medos e abrir novamente meu coração para o mundo.
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Vê-lo parado ali, diante de mim, trouxe uma avalanche de emoções. Todas as dores do passado ressurgiram intensamente, como se o tempo não tivesse passado desde o dia em que descobri sua traição. Um turbilhão de sentimentos invadiu minha mente e meu coração, deixando-me sem palavras.
Beatriz, ao notar minha aflição, correu em minha direção, desculpando-se e deixando claro que não tinha nenhuma participação naquela situação dolorosa. Seu olhar expressava compaixão e preocupação genuínas, como se ela também pudesse sentir o peso do que estava acontecendo.
Tomas, por outro lado, parecia atordoado e sem saber como reagir diante daquela cena carregada de tensão. Sua expressão refletia confusão e impotência, sem encontrar as palavras certas para expressar seu apoio ou consolo.
Enquanto eu enfrentava essa tempestade emocional, senti-me perdida e fragilizada. A presença de ambos, mesmo que bem-intencionada, não era suficiente para aliviar a dor que eu estava sentindo. Eu precisava de um tempo para processar tudo e encontrar meu próprio caminho para a cura.
Com um nó na garganta, murmurei que precisava de um momento sozinha e me afastei lentamente dali. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto enquanto eu buscava refúgio em um local tranquilo, longe das lembranças dolorosas e das pessoas que estavam ligadas a elas.
Recebi uma série de mensagens de Beatriz, expressando seu arrependimento e pedindo desculpas repetidamente. Ela parecia genuinamente arrependida pelo papel que desempenhou em minha dor e queria reconstruir nossa amizade. Porém, eu me encontrava em um estado emocional frágil e não estava pronta para enfrentar aquela situação ainda. Tomas, por sua vez, insistia em ligar para mim repetidamente. Ele buscava uma oportunidade de se desculpar pessoalmente e explicar sua posição naquele episódio. Eu sabia que ele não tinha culpa direta, mas sua presença naquela situação ainda era uma lembrança dolorosa para mim.
Nas últimas semanas, tomei a decisão de não ir ao trabalho. Optei por trabalhar em casa, tentando me distanciar do ambiente que me lembrava constantemente do que aconteceu. Trabalhar em um espaço familiar e confortável me permitia ter mais controle sobre meu estado emocional e concentração nas tarefas.
Quando voltei ao escritório, me deparei com meus diretores executivos visivelmente aflitos. O encontro internacional estava se aproximando rapidamente e havia muito a ser preparado. Ainda me sentindo fragilizada pela traição de Vicenzo, eu tentava focar nas tarefas e nas responsabilidades profissionais que exigiam minha atenção.
Enquanto eu analisava alguns papéis, o telefone do escritório tocou. Era Roger, meu assistente, do outro lado da linha. Ele informou que minha irmã estava presente e perguntou se poderia deixá-la entrar. Por um momento, considerei dizer para ele que eu estava ocupada e pedir que minha irmã esperasse. No entanto, antes que eu pudesse desligar o telefone, ela entrou na sala sem ser convidada.
Olhei para ela com surpresa e certa resistência. Desde a última vez que nos encontramos, eu havia mantido certa distância, querendo lidar com minha dor sozinha. No entanto, ela parecia ter ignorado meu desejo de isolamento e estava ali, diante de mim, com lágrimas nos olhos. Ela começou a falar em voz trêmula, expressando arrependimento por ter respeitado meu espaço anteriormente e se mantido distante. Ela compartilhou como ficou sem falar comigo por tanto tempo e como o passado voltou para assombrá-la novamente. Suas palavras eram carregadas de emoção e arrependimento. A resistência em meu coração começou a ceder diante de sua sinceridade e vulnerabilidade. Apesar de todas as dificuldades que tínhamos enfrentado, ela era minha irmã, minha família. Eu sabia que não podia continuar me isolando completamente. Deixei escapar um suspiro e, com as emoções misturadas, abri espaço para que ela se aproximasse. Nossos olhares se encontraram e, naquele momento, eu entendi que ela estava ali para ficar ao meu lado, não importasse o que acontecesse. Aos poucos, nossas lágrimas se misturaram em um abraço reconfortante. Eu percebi que, mesmo com todas as feridas e os desafios do passado, a presença da minha irmã era um apoio valioso em meio à tempestade.
- Eu não quero isso, não quero que você se afaste de mim de novo. – Disse se afastando de mim.
- Não vamos nos afastar de novo.
- Jura?
- Juro!
- Não vou deixá-lo se aproximar de novo de você, eu e o Tomas vamos fazer de tudo para proteger você, em falar no Tomas ele está arrasado com tudo que aconteceu.
- Fale com ele que não estou brava.
- Você pode dizer isso a ele, ele está lá fora esperando.
- Mande chamá-lo.
Ela foi empolgada chamá-lo, ele entrou tímido na sala, conversei com ele, nos entendemos, e logo começamos a falar dos gêmeos e suas grandes aventuras, pedi Roger para trazer um café, já fazia tempo que não tinha essa conversa com eles, ficamos conversando amanhã inteira. Enquanto conversávamos, Tomas compartilhou uma informação surpreendente, Vicenzo havia retornado para a cidade para fazer negócios com a T.M.G, uma empresa concorrente da nossa. E para minha surpresa, a T.M.G era de propriedade de Yara e João Casttel, outro ex-amigo meu. A traição de Vicenzo agora parecia ainda mais profunda, pois ele estava se envolvendo com pessoas que haviam se afastado de mim após toda a situação.
Mais tarde, eu estava com pressa para um encontro com outro presidente, quando acidentalmente esbarrei em um rapaz. Seus cabelos lisos e seu olhar penetrante me cativaram instantaneamente. As pastas que eu estava carregando caíram no chão, espalhando papéis e documentos por todos os lados.
- Me desculpe, eu não estava prestando atenção. Deixe-me ajudar a recolher esses papéis.
- Não se preocupe, foi um acidente. Obrigada pela ajuda.
Enquanto nós dois nos abaixávamos para recolher os papéis, trocamos um olhar fugaz. Havia uma conexão inexplicável entre nós, algo que eu não experimentava há muito tempo. O encontro com o outro presidente de repente parecia menos importante em comparação com aquele momento inesperado.
- Meu nome é Miguel Lwis, por acaso trabalha aqui?
- Sim, sou Ellen, dona desta empresa.
A conversa com Miguel parecia fluir naturalmente, e ele tinha um carisma que me intrigava. Ficamos ali por um tempo, trocando histórias e risadas enquanto organizávamos os papéis no chão.
Roger finalmente chegou dizendo que estava atrasada, interrompendo nosso momento de descontração. Eu agradeci a ele e ofereci um café para Miguel.
-Você gostaria de tomar um café comigo? Podemos continuar nossa conversa em um lugar mais confortável.
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Atualizado até capítulo 29
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