Depois de uma viagem cansativa, aproveitei o domingo de manhã para descansar e recarregar as energias. A luz do sol invadia o quarto através da cortina, criando um ambiente acolhedor. Ao conferir o despertador, percebi que eram 8h40 e decidi levantar. Após tomar um banho revigorante, desci para a sala de estar. Além das minhas responsabilidades profissionais, também reservava tempo para meus momentos de lazer. Um deles era a prática de exercícios físicos na academia, que me ajudava a manter o equilíbrio e a saúde. Outra atividade que apreciava era a leitura. Sempre procurava um livro interessante para me transportar para outros mundos e expandir meus horizontes. Através das palavras, encontrava momentos de tranquilidade e aprendizado.
Embora minha rotina fosse intensa, eu valorizava os laços familiares e de amizade. Minha relação com meus pais e minha irmã era próxima, embora nossos encontros fossem menos frequentes devido às nossas agendas ocupadas. Quando possível, fazia questão de visitá-los em suas casas, desfrutando de momentos de convivência e compartilhando histórias.
Além da família, tinha um grupo de amigas especiais com quem compartilhava afinidades e momentos de descontração. Carina, uma empreendedora de sucesso, possuía sua própria boutique de luxo na região. Grazi, uma psicóloga talentosa, tinha seu próprio consultório, onde auxiliava seus pacientes. Roberta, irmã de Grazi, era médica e se dedicava ao cuidado da saúde de seus pacientes. Luana, por sua vez, era proprietária de um hotel luxuoso, onde proporcionava experiências memoráveis aos seus hóspedes.
Receber uma mensagem das minhas amigas para nos encontrarmos à noite despertou a minha empolgação. Fazia um tempo desde a última vez que nos reunimos, então decidi aproveitar a oportunidade para convidá-las a vir à minha casa. Peguei as chaves do carro e segui até o supermercado para comprar algumas coisas para o encontro.
Enquanto caminhava pelos corredores do supermercado, fui surpreendida pela presença de Miguel. Aquele encontro inesperado despertou um misto de surpresa e curiosidade em mim. Nosso relacionamento profissional havia se fortalecido nos últimos tempos, mas encontrar Miguel fora do ambiente de trabalho era algo novo e intrigante.
-Olá presidente! - Miguel cumprimentou-me com um sorriso divertido.
-Eu às vezes acho que você me persegue. - Brinquei, olhando-o com um ar de fingida desconfiança.
-Não presidente, eu não persigo você. Eu acho que isso é destino. - Miguel respondeu com um tom leve e descontraído.
-O que? - Não pude conter uma risada divertida. - Não se esqueça de que ainda sou sua chefe.
-Claro, presidente. - Ele respondeu em tom brincalhão, fazendo uma breve pausa antes de continuar. - Mas também acredito que há algo especial em nossa conexão, além do ambiente profissional.
Me afastei rapidamente de Miguel e segui em direção ao carro para guardar as compras. Porém, no momento em que estava prestes a alcançar o veículo, acabei pisando em um buraco e torcendo meu tornozelo. Uma onda de raiva misturada com a dor percorreu meu corpo.
-Que raiva! - Exclamei, deixando transparecer minha frustração e desconforto.
Sem demora, Miguel apareceu correndo em minha direção, expressando uma preocupação evidente em seu rosto.
-Ellen! Você está bem? - Ele perguntou com urgência e carinho.
-Eu estou bem, não foi nada grave. - Tentei minimizar a situação, enquanto buscava um apoio para aliviar a pressão em meu tornozelo dolorido.
No entanto, Miguel não aceitou minha resposta e se aproximou prontamente, segurando minha cintura com firmeza.
-Vem, se apoie em mim! - Disse ele decididamente, demonstrando sua vontade de me amparar. - Quer que eu a leve ao médico?
-Não é necessário, só quero ir para casa. - Respondi, lutando contra a dor e a frustração que me invadiam. - Ligue para o Roger...
Miguel interrompeu minhas palavras, exibindo uma determinação sincera em cuidar de mim.
-Nada disso, eu te levo! - Afirmou com convicção, mostrando-se disposto a assumir a responsabilidade de me auxiliar.
Apesar de eu ter insistido que não precisava de ajuda e que conseguiria me locomover sozinha, Miguel se recusou a desistir. Soltei-me dele e tentei firmar meus pés no chão, mas logo percebi que não foi uma boa ideia, pois perdi o equilíbrio e quase caí novamente. Por sorte, Miguel segurou-me no último momento, impedindo minha queda.
-Deixa de ser teimosa e deixa eu te ajudar. - Ele disse com uma mistura de preocupação e firmeza em sua voz.
Sem dar muita chance para que eu argumentasse, Miguel me pegou no colo. Senti uma onda de vergonha percorrer meu corpo, nunca tinha passado por uma situação tão constrangedora. Ele caminhou comigo até o carro e gentilmente me colocou no banco de passageiro, em seguida, entrou no carro.
Durante todo o trajeto, permaneci em silêncio, apenas indicando as ruas pelas quais ele deveria virar. Sentia uma mistura de gratidão por sua ajuda e desconforto pela minha dependência momentânea. A presença de Miguel ao meu lado trazia uma sensação reconfortante, mas ao mesmo tempo despertava uma mistura de emoções conflitantes.
Ao chegarmos em minha casa, ele mais uma vez me carregou até a porta, como se fosse a coisa mais natural do mundo para ele. Agradeci, mas ainda sentia certo constrangimento pela situação. No entanto, também percebi que havia algo especial na forma como ele estava presente e atento às minhas necessidades.
- Vou pegar um gelo e colocar no seu tornozelo.
- Miguel você já pode ir.
- Eu não vou, não até saber que você está bem.
Enquanto eu permanecia sentada no sofá, apoiando meu tornozelo torcido, senti uma atmosfera diferente preencher o ambiente. O olhar de Miguel encontrou o meu e parecia haver uma troca de energias entre nós. Um silêncio carregado de significados pairava no ar, e por um momento, esquecemos do mundo ao nosso redor. Aqueles segundos de conexão intensa trouxeram à tona uma mistura de emoções que eu estava tentando compreender. Sentia-me atraída por Miguel, não apenas por sua aparência atraente, mas também pela sua personalidade carinhosa e atenciosa. A maneira como ele cuidou de mim durante o incidente no supermercado revelava um lado dele que eu ainda não tinha conhecido completamente.
Enquanto tentávamos disfarçar o clima que se formou entre nós, decidi que era hora de quebrar o silêncio.
-Miguel... - minha voz saiu suave e um pouco trêmula. - Quero agradecer por toda a sua ajuda hoje.
Ele sorriu, um sorriso gentil que iluminou seu rosto.
-Ellen, não precisa agradecer. Estou aqui para cuidar de você, seja como colega de trabalho ou como... amigo. - Ele hesitou um pouco antes de completar a frase.
Ele foi até a geladeira pegou o gelo e colocou no meu macucado com cuidado.
- Fico feliz em saber que você me considera como uma amiga.
- Eu sei que você ainda não confia em mim, mas eu gostaria de ser seu amigo de verdade, saber o que passa na sua cabeça, ouvir quando você está triste e não deixar você sozinha.
-Eu... – Nada conseguir dizer.
-Eu espero o tempo que for preciso.
Não sei o que deu em mim, só sei que dei a ele um abraço, um abraço que me aqueceu e me fez sentir protegida. Senti suas mãos envoltas em mim, naqueles segundos eu me senti a pessoa mais segura do mundo. Era como se todas as incertezas e preocupações desaparecessem naquele gesto de carinho. O abraço durou alguns instantes, mas foi o suficiente para transmitir uma conexão especial entre nós. Era um abraço cheio de cumplicidade, uma troca de energia que dizia mais do que palavras poderiam expressar. Ao nos afastarmos, nossos olhos se encontraram e havia um brilho de admiração mútua. Ficamos em silêncio por um momento, absorvendo a intensidade daquele momento.
-Ellen, você não faz ideia do quanto esse gesto significa para mim. - Miguel falou suavemente, com sinceridade em sua voz. - Estou aqui para você, sempre estive e sempre estarei.
Suas palavras tocaram meu coração de uma maneira profunda. Era reconfortante saber que havia alguém em quem eu podia confiar plenamente, alguém que me oferecia apoio incondicional.
- Miguel, obrigada.- Respondi, com gratidão transbordando em cada palavra.
Naquele momento, percebi que nosso relacionamento tinha ido além da amizade superficial. Havia algo mais entre nós, uma conexão especial que ia além das palavras e gestos.
Continuamos a conversar sobre assuntos leves e descontraídos, tentando afastar qualquer tensão romântica que pudesse surgir. Não demorou muito para as meninas chegarem. Assustadas, elas entraram, pois foi Miguel quem abriu a porta. Olharam para mim desconfiadas, mas quando viram meu pé, Roberta ficou brava e veio me examinar.
-Ellen, o que aconteceu com você? Por que não nos contou? - Roberta perguntou preocupada.
-Desculpe, meninas. Foi um acidente bobo no supermercado. Torci o tornozelo ao pisar em um buraco. Mas Miguel me ajudou e está tudo bem agora. - Expliquei, tentando acalmar as preocupações delas.
-Você sempre nos preocupa, Ellen! Deveria ter nos ligado imediatamente! - Carina repreendeu, com um olhar de reprovação.
- Eu sei, Carina. Foi um momento de confusão, e acabei não pensando direito. Mas estou bem agora, não se preocupem. - Tentei tranquilizá-las.
Grazi, que estava mais quieta durante a conversa, finalmente se pronunciou:
- Bem, já que está tudo sob controle agora, acho que podemos relaxar e aproveitar nossa noite juntas. Vamos deixar as preocupações de lado e nos divertir.
As palavras de Grazi trouxeram um alívio para o ambiente. Combinamos de nos sentarmos na sala de estar, colocar música e preparar alguns petiscos para curtir a noite. Enquanto nos acomodávamos, percebi que Miguel estava um pouco inquieto, talvez por se sentir um pouco fora do lugar. Roberta percebendo isso decidiu puxar assunto para incluí-lo na conversa:
- Miguel, conte-nos um pouco sobre você. O que faz nos seus momentos de lazer? - Ele sorriu e se sentou ao meu lado, parecendo mais à vontade. -Bem, além de trabalhar, gosto de praticar esportes, principalmente futebol. Também curto música e sou um grande fã de cinema. E, é claro, adoro sair com amigos e aproveitar a vida. - Respondeu Miguel, com um brilho animado nos olhos. As meninas se envolveram na conversa, fazendo perguntas e compartilhando interesses em comum. Logo, o clima ficou mais descontraído e todos pareciam se divertir.
Enquanto a noite avançava, as conversas entre nós fluíam naturalmente. Miguel parecia se integrar cada vez mais ao grupo, demonstrando afinidades com as meninas e participando animadamente das brincadeiras e histórias. Em um momento de descontração, Carina fez uma brincadeira com Miguel, dizendo:
- E então, Miguel, já que você e Ellen são tão próximos, quando vão oficializar o namoro de vocês?
Eu corei instantaneamente e olhei para Miguel, surpresa com a pergunta, mas ele manteve um sorriso sereno no rosto.
- Namoro? - Ele olhou para mim com uma pitada de humor. - Bem, Carina, isso é uma pergunta interessante. A verdade é que a Ellen é minha chefe, e nossa relação tem sido muito mais de amizade do que qualquer outra coisa. - Ele respondeu de maneira diplomática, mas senti um olhar intenso vindo dele.
Grazi interveio, olhando para mim com um olhar de cumplicidade:
- Ah, vamos lá, Ellen! Vocês dois formam um belo casal, e é óbvio que se preocupam um com o outro. Vocês não acham?
As meninas riram, e eu fiquei sem jeito com a situação.
- Mas você gosta dela não é? – Luana, que estava em silêncio o tempo todo, jogou essa bomba.
Miguel ficou momentaneamente sem palavras, seu olhar se encontrou com o meu, e pude ver uma mistura de surpresa e sinceridade em seus olhos.
- É... – Ele começou a dizer, mas foi interrompido por minha intervenção.
- Meninas, vamos mudar de assunto, por favor. - Tentei desviar a atenção da pergunta direta, sentindo meu coração acelerar diante daquela situação constrangedor. - É melhor seguirmos em frente e aproveitarmos a noite juntas. - Tentei desconversar, desviando o foco da pergunta de Luana.
- Ah, vamos lá, Ellen! - Grazi interveio, com um sorriso travesso. - Não adianta fugir, a gente percebeu o clima entre vocês. Vocês formam um belo casal!
Eu senti meu rosto corar, enquanto Miguel sorria timidamente, sem negar nem confirmar as palavras de Grazi. Era evidente que as meninas estavam curiosas sobre nossos sentimentos um pelo outro.
- Meninas, vocês estão exagerando. - Disse Miguel, tentando aliviar a situação. - Ellen é uma pessoa especial para mim, mas não estamos namorando.
Carina riu, dando um tapinha leve no ombro de Miguel.
- Ah, não estamos namorando... ainda! - Ela brincou, provocando risadas entre todas nós.
Apesar da brincadeira, um clima de expectativa pairava no ar. Era difícil negar que havia uma conexão especial entre nós, algo além da amizade.
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Atualizado até capítulo 29
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