Ele está contratado

A reunião com o presidente transcorreu de forma rápida, mas minha mente estava concentrada em encontrar aquele rapaz que tinha despertado algo em mim. Tínhamos combinado de nos encontrar em um café próximo à empresa, mas o trânsito estava terrível e eu temia ter chegado tarde demais.

Finalmente, quando cheguei ao local, avistei-o parado em frente ao prédio, olhando para cima. Meu coração começou a acelerar descontroladamente, e por um momento, senti uma mistura de empolgação e ansiedade que mal conseguia descrever.

Eu me aproximei cautelosamente, tentando controlar as emoções que tomavam conta de mim. Quando ele finalmente percebeu minha presença, nossos olhares se encontraram e eu senti uma conexão instantânea.

- Esse é um dos prédios do meu pai. – Disse quando me aproximava. - Desculpe pelo atraso, o trânsito estava caótico.

- Ellen! Não se preocupe, eu estava admirando a arquitetura deste prédio incrível enquanto esperava. Como você está?

-Estou bem, obrigada. E você?

- Estou ótimo. Essa cidade é realmente fascinante.

Enquanto caminhávamos em direção ao café, nossas conversas fluíam naturalmente. Miguel tinha uma presença cativante e uma maneira envolvente de se expressar. A cada palavra trocada, eu me sentia mais atraída por ele.

Sentamos em uma mesa ao ar livre, aproveitando a brisa suave e a atmosfera descontraída do lugar. Nossos olhares se entrelaçavam e eu sentia como se estivéssemos conectados de uma forma especial.

- Você me parece familiar. – Digo, dando uma golada no meu café, enquanto observava-o com curiosidade.

- Não, eu nunca vim neste lugar, sou do interior. – Ele respondeu com um sorriso gentil.

- Mesmo assim, parece que já te vi em algum lugar. – Insisti, tentando lembrar onde poderia tê-lo visto antes. – Enfim, você é formado em alguma coisa?

- Sou formado em finanças. – Ele respondeu, ainda sorrindo. – É uma entrevista de emprego?

- Acredito que sim, pois uma presidente não sentaria em um café em pleno expediente para jogar conversa fora. – Retruquei com um sorriso leve, admirando sua percepção aguçada.

- Bom, eu não vou mentir, fiquei curioso quando me chamou, não é todo dia que se tem a oportunidade de conversar com a presidente de uma empresa tão importante. – Ele pareceu genuinamente interessado.

- Fico lisonjeada com suas palavras. – Respondi, mantendo a compostura. – A verdade é que acho importante conhecer as pessoas que podem vir a fazer parte da equipe. Afinal, cada integrante é peça fundamental para o sucesso da empresa.

-Concordo plenamente. – Ele assentiu, mostrando sua compreensão. – E acredito que posso trazer muito valor para a sua empresa, com a minha formação em finanças e a minha experiência em gestão de investimentos.

- Isso é muito interessante. – Afirmei, impressionada com o currículo dele. – E o que te levou a se candidatar para a nossa empresa?

-Bom, além de ser uma empresa reconhecida mundialmente, também me identifico com os valores e a visão que vocês têm. Acredito que posso contribuir para o crescimento e o sucesso contínuo da organização.

-Fico feliz em ouvir isso. – Comentei, sentindo-me cada vez mais intrigada com ele. – Mas antes de avançarmos na conversa sobre a vaga, me diga, o que você gosta de fazer nos seus momentos de lazer?

-Gosto de ler, viajar e também sou apaixonado por fotografia. – Ele respondeu com entusiasmo. – E você, Ellen? O que gosta de fazer quando não está ocupada liderando uma empresa?

-Ah, ultimamente tenho me dedicado bastante ao trabalho, mas gosto de ler também, e sempre que posso, viajo para relaxar e conhecer novos lugares. - Respondi, revelando um pouco sobre mim. – Seu currículo é excelente, mas não é o que eu estou precisando. – Digo e vejo o seu sorriso se desmanchar. – Precisamos de alguém para ajudar o Pietro na divulgação

- Eu posso ajudar nisto! – Disse ele empolgado.

- Você é formado em finanças e quer trabalhar na divulgação?

- Bom, qualquer coisa serve para mim. – Disse empolgado

- Você acha que consegue?

- Na minha antiga cidade eu trabalhava com isso, se você quiser olhar na folha de trás...-. Enquanto ele se aproximava, pude sentir a eletricidade no ar. Seus olhos brilhavam com entusiasmo e confiança, fazendo meu coração disparar. Nossos corpos quase se tocavam quando ele estendeu a mão em minha direção. O toque suave de sua mão na minha enviou uma onda de calor percorrendo meu corpo, enquanto borboletas dançavam freneticamente em meu estômago. Um momento de conexão inexplicável preencheu o espaço entre nós. Nesse instante, percebi que havia algo mais do que apenas uma oferta de ajuda mútua. O ar parecia carregado de possibilidades e uma sensação de aventura pairava no ambiente.

- Bem então acho que a gente pode tentar... – Digo me afastando dele.

- Senhora? – Roger vem em minha direção. – Você precisa me acompanhar imediatamente.

- O que aconteceu Roger? – Digo preocupada.

- A senhora Yara e o senhor é João e Vicenzo acabaram de chegar na empresa, junto com o senhor Marques.

Meus pensamentos continuavam confusos enquanto me levantava da mesa e Miguel me acompanhava até o carro. Ainda atordoada com a presença do Senhor Marques, Yara, João e Vincenzo na minha empresa, fui em direção à minha empresa, com um misto de ansiedade e determinação.

Ao chegar, fui direto para a sala de reuniões, onde imaginei que eles estariam reunidos. Ao abrir a porta, meu coração acelerou ao constatar que minha intuição estava correta. Lá estavam eles: Senhor Marques, Yara, João e Vincenzo, todos sentados à mesa, imersos em uma conversa séria.

O silêncio se instalou por um momento quando todos viraram seus olhares em minha direção. Eu me senti um tanto desconfortável, mas mantive minha postura firme, decidida a entender o motivo de suas presenças ali.

- O que fazem aqui? – Digo brava.

- Isso é jeito de receber seus parceiros de negócios. - João disse com uma tonalidade de deboche.

- Vejo que a Rosales não fica na empresa, então como ela pode querer comprar suas ações senhor Marques? – Yara disse.

- Como você sabe que irei comprar as ações de Marques? – perguntei curiosa.

- Seu querido ex-namorado me contou.

A presença de Miguel passou despercebida para mim até aquele momento. Percebi que ele estava na sala o tempo todo, observando a tensão crescente. A atmosfera ficou ainda mais estranha quando Vicenzo fixou seus olhos em Miguel, como se tivesse reconhecido sua presença. Decidi tomar as rédeas da situação e chamei Roger, que estava do lado de fora. Com um tom de autoridade, ordenei:

- Roger, chame todos os acionistas e peça para eles aguardarem na minha sala. Vou discutir com eles o comportamento inadequado do Senhor Marques. Ele deve entender que nenhum concorrente tem permissão para entrar em nossa empresa sem a minha autorização.

O Senhor Marques, por sua vez, tentou se defender:

- Calma, senhora, eu não tenho nada a ver com isso. Estou aqui para uma discussão de negócios completamente diferente.

Eu mantive minha postura firme, encarando-o com determinação. As peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar, e ficava claro que havia mais acontecendo do que eu inicialmente percebi. Não permitiria que minha empresa fosse invadida sem uma explicação adequada.

A tensão na sala atingiu um nível ainda mais elevado com as trocas de palavras cada vez mais ásperas. Enquanto me preparava para sair da sala, Vicenzo decidiu se manifestar, desafiando-me diretamente.

-Ellen! Você sabe muito bem que você não tem chance com a empresa T.M.G. Vamos mostrar que somos bem mais capazes do que você! - disse ele, com um tom desafiador.

- Tire seu cavalinho da chuva... É melhor você abrir bem seus olhos e olhar ao seu redor para não ser atingido. - Disse Miguel.

- Isso é uma ameaça, senhor?

- Não é uma ameaça, é um aviso. Nós não vamos deixar que nossa empresa seja prejudicada ou dominada por interesses externos. Estamos dispostos a proteger o que construímos com todas as nossas forças.

- Vejo que encontrou um namorado tão idiota quanto você Ellen. – Yara disse com tom de deboche. – Vamos meninos, vamos deixar a senhora Rosales e o seu namorado idiota.

O Senhor Marques permanecia paralisado, consciente de que seu destino estava agora em minhas mãos. Enquanto o observava, senti uma gratidão imensa pela presença de Miguel ao meu lado. Era reconfortante saber que podia contar com ele nesse momento desafiador. Decidi chamar os acionistas para uma reunião em minha sala. Sabia que eles precisavam ser informados sobre a presença e comportamento inadequado do Senhor Marques, a fim de tomarmos as medidas apropriadas para proteger a empresa e seus interesses. Os acionistas chegaram à minha sala, demonstrando um misto de surpresa e horror ao saberem dos acontecimentos recentes. Expliquei detalhadamente as circunstâncias que envolviam o Senhor Marques e seus associados, deixando claro o desrespeito às regras e o possível impacto negativo que isso poderia ter na empresa.

Enfatizei a importância de agirmos de maneira rápida e assertiva para resguardar nossa reputação e a integridade da empresa. Foi um momento de discussões intensas, em que todos os acionistas expressaram suas preocupações e opiniões sobre a situação. Confiante em minha liderança, conduzi a reunião com firmeza e escutei atentamente as perspectivas dos acionistas. Juntos, discutimos possíveis medidas a serem tomadas, como reforçar a segurança e estabelecer diretrizes mais rígidas para o acesso à empresa. Em um gesto de cortesia e respeito, pedi a Miguel que saísse da sala, reconhecendo que aquela reunião era exclusiva entre mim e os acionistas. Era fundamental que a confiança e a transparência fossem mantidas nesse momento delicado. Durante a reunião, focamos em traçar um plano estratégico para lidar com as consequências da presença do Senhor Marques e evitar que situações semelhantes ocorressem no futuro. Definimos uma equipe responsável por revisar os protocolos de segurança, investigar possíveis violações e implementar medidas adicionais de proteção.

Ao final da reunião, ficou evidente que os acionistas estavam unidos em seu compromisso com a empresa e seu apoio à minha liderança. Sentia-me fortalecida por sua confiança e determinada a enfrentar os desafios que estavam por vir. Enquanto a reunião chegava ao fim, sabia que o caminho à frente seria difícil, mas com a colaboração de todos os envolvidos, estávamos prontos para superar os obstáculos e garantir um futuro sólido e próspero para nossa empresa. Quando estava saindo da sala, encontrei Miguel no corredor.

- Você ainda está aqui? - Perguntei curiosa e ao mesmo tempo assustada.

- Desculpe Ellen, eu não poderia ir embora se saber que está bem.

- Por favor aqui na empresa me chame de senhora Rosales, já que vai trabalhar aqui. - Ele me abraçou.

O abraço de Miguel transmitia uma energia contagiante, preenchendo o ambiente com uma sensação de calma e felicidade. Enquanto ele comemorava ter conseguido o emprego, eu me sentia surpresa e ao mesmo tempo grata por tê-lo ao meu lado nessa jornada. A reação das pessoas ao redor era variada. Alguns funcionários da empresa nos olhavam com surpresa e confusão, sem entender o contexto do abraço e a empolgação de Miguel. Outros, conhecendo nossa relação profissional, acreditavam que ele era realmente meu namorado, alimentando especulações e boatos. Apesar das especulações, a presença de Miguel ao meu lado era motivo de conforto e confiança. Sua empolgação e felicidade eram compartilhadas por mim, pois sabia que tínhamos uma parceria sólida e que juntos poderíamos superar qualquer desafio que surgisse.

- Não vou decepcionar, e para agradecer gostaria de tomar um café comigo?

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