Preparação para viagem internacional

Faltavam apenas alguns dias para o grande encontro internacional, e nossa empresa estava em pleno vapor. Era um frenesi constante, com pessoas se movimentando rapidamente, documentos sendo trocados incessantemente e reuniões acontecendo uma atrás da outra. A agitação era palpável.

No entanto, as ações do senhor Marques estavam em processo devido a um incidente grave que havia ocorrido. Os acionistas, por sua vez, decidiram permitir que as ações do Marques seguissem o curso do processo, o que poderia resultar em ganhos para a empresa e, consequentemente, me proporcionar uma participação nela. O que Marques fez era imperdoável: trazer concorrentes para dentro da nossa empresa era absurdo, um ato que desafiava a lógica dos negócios.

O que eu simplesmente não conseguia entender era o motivo por trás de sua decisão. Por que Marques havia feito isso? Qual era sua motivação oculta? Essas questões pairavam em minha mente, sem respostas claras.

Todos nós estávamos reunidos em uma sala, e o silêncio predominava. O clima era pesado, com todos os diretores mostrando suas ideias e propostas de forma tensa. Sabia que era necessário uma divulgação excelente, abrangendo diferentes línguas, para aumentar nossas chances de conquistar aliados durante o encontro internacional. Nesse momento, Pietro e Miguel se aproximaram da frente da sala. Miguel, em particular, parecia mais nervoso do que o habitual, demonstrando seu estado de ansiedade ao apertar repetidamente uma pasta.

Pietro, que era excepcional no que fazia, começou a explicar, mas, ao olhar para Miguel, percebi que algo estava errado. Ele estava ainda mais tenso, e um silêncio tenso pairou no ar. Todos os diretores olharam para mim com expressões aflitas, conscientes do meu padrão de exigir trabalhos bem apresentados e sem margem para erros.

Esperava que o suspense criado por Pietro e Miguel fosse justificado com uma surpresa extraordinária. Todos os olhares se voltaram para mim, aguardando minha reação.

- Espero que os dois estejam fazendo esse suspense para me surpreender.

- Claro... – Disse Pietro que agora estava nervoso. – Não vamos lhe decepcionar, não é mesmo Miguel?

Pietro olhou para Miguel, e um breve silêncio pairou entre eles. A tensão era palpável, mas então Miguel, para minha surpresa, começou a explicar no idioma que estava sendo exibido no telão. Fiquei surpreso, pois sinceramente não tinha certeza se ele seria capaz de realizar aquela tarefa. Todos os diretores estavam igualmente admirados com o talento de Miguel, que demonstrou habilidades além das nossas expectativas. Enquanto eles terminavam sua apresentação, um silêncio expectante preencheu a sala. Todos os olhares se voltaram para mim, esperando minha reação. Por um momento, fiquei em pé sem dizer nada, processando o que acabara de presenciar. Era difícil expressar minha admiração por Miguel e, ao mesmo tempo, minha surpresa com o seu desempenho brilhante.

Olhando ao redor, percebi que Roger, que me conhecia tão bem, interpretou meu silêncio e decidiu intervir. Ele falou aos diretores presentes, anunciando que a reunião havia chegado ao fim. Era como se ele soubesse que eu precisava de um momento para absorver tudo e avaliar adequadamente a situação. Enquanto saímos da sala, acompanhado pelos diretores, minha mente estava cheia de pensamentos sobre as possibilidades que a apresentação de Miguel havia aberto para nós. Eu sabia que tínhamos uma chance real de conquistar aliados e alcançar um sucesso notável durante o grande encontro internacional.

Apesar de não ter expressado verbalmente minha reação naquele momento, estava claro para todos que a performance de Miguel havia me impressionado profundamente. Agora, era hora de reunir nossas ideias, ajustar nossa estratégia e preparar uma divulgação ainda mais impressionante para o evento, aproveitando o talento demonstrado por Miguel e o potencial que ele trouxe para a empresa.

- O que você achou da apresentação do rapaz? - Perguntou Patrícia enquanto caminhávamos juntos pela sala.

- Foi legal. - Respondi sem demonstrar muito interesse.

- Seria legal se você levasse ele para a viagem, não acha? - Insistiu.

- Não acho que seria necessário.

- Não custa nada dar uma oportunidade para esse rapaz, ele tem talentos escondidos.

O comentário de Patrícia me fez parar e refletir. Talvez eu estivesse subestimando o potencial de Miguel. Embora sua apresentação tenha sido impressionante, eu ainda tinha dúvidas sobre sua capacidade de lidar com as demandas e desafios do encontro internacional. No entanto, eu também sabia que era importante reconhecer e desenvolver talentos dentro da empresa.

Enquanto Patrícia estava prestes a dizer algo, Roger interrompeu e informou que Miguel estava procurando falar comigo. Patrícia lançou-me um olhar intrigante e deu um sorriso discreto. Não demorou muito para Miguel entrar na sala. Ele estava deslumbrante, vestindo uma camiseta social azul que realçava seus olhos, combinada com uma calça social preta. Seu cabelo estava impecavelmente penteado em um corte social, e sua barba por fazer acrescentava um charme adicional ao seu rosto. Eu não pude deixar de notar como Miguel estava se esforçando para se apresentar bem naquela ocasião. Sua aparência cuidada e atraente era um reflexo de sua determinação em causar uma boa impressão. Era evidente que ele estava levando a sério a oportunidade que lhe fora concedida.

Ao vê-lo entrar na sala, meu coração deu um pequeno salto. Estava curioso para saber o motivo de Miguel ter solicitado a conversa comigo. Senti uma mistura de expectativa e intriga em relação ao que ele iria dizer. Enquanto Miguel se aproximava, percebi uma confiança em seus passos, contrastando com o nervosismo que eu havia observado anteriormente. Tudo parecia estar se encaixando: a performance surpreendente durante a apresentação, o pedido de Patrícia para lhe dar uma chance e agora a aparência impecável de Miguel. Era como se ele estivesse se transformando diante dos meus olhos, demonstrando um potencial que eu havia subestimado anteriormente.

À medida que Miguel se aproximava, minha curiosidade aumentava, ansioso para ouvir o que ele tinha a dizer. Eu sabia que esse encontro poderia ser um ponto de virada para ele e, talvez, até para nossa empresa. Era hora de abrir minha mente para as possibilidades e dar a ele a oportunidade de revelar seus talentos e ambições.

- Diga, senhor Lewis? - Eu o chamo pelo sobrenome, o que lhe rende um sorriso de leve.

- Queria saber, presidenta, se a senhora gostou da minha apresentação? - Perguntou ele.

Eu reflito por um momento antes de responder:

- Eu não avalio apresentações, senhor Lewis.

Miguel pareceu surpreso com minha resposta. Ele estava claramente em busca de feedback e orientação sobre seu desempenho.

- Então, como vou saber em que preciso melhorar? - Ele questionou, expressando sua preocupação.

Percebo que Miguel estava em busca de um direcionamento claro, uma avaliação construtiva para saber onde poderia aprimorar suas habilidades.

Compreendendo sua necessidade, respondo com calma:

-Miguel, acredito que você demonstrou um grande talento em sua apresentação. Embora eu não tenha dado um feedback específico, é importante entender que você foi capaz de impressionar a mim e a todos os diretores presentes. No entanto, sempre há espaço para crescimento e aprimoramento.

Explico a ele que, como líder, minha abordagem é permitir que as pessoas explorem seu potencial e encontrem seu próprio caminho de melhoria. Encorajo Miguel a buscar sua própria evolução e a usar sua própria autoavaliação para identificar áreas em que ele gostaria de se desenvolver ainda mais. Continuo:

- Sei que você tem talento, Miguel. Acredito em seu potencial. Continue buscando oportunidades de aprendizado, desafiando-se e buscando feedback dos colegas. Isso o ajudará a identificar suas próprias áreas de melhoria e a alcançar ainda mais sucesso.

- Obrigado, Presidente. - Respondeu Miguel com gratidão.

Eu sorri para ele quando disse:

-Mais uma coisa, senhor Lwis, eu odeio suspense, a única que dá suspense sou eu.

Ele sorriu de volta, parecendo um pouco mais relaxado diante do meu humor descontraído.

Em seguida, fiz a pergunta que estava em minha mente:

- Mais uma coisa, senhor Lwis, você gostaria de vir comigo para a reunião internacional?

Miguel ficou surpreso com o convite, seus olhos se iluminaram com a oportunidade oferecida. Ele não esperava ser escolhido para participar desse encontro importante.

-Eu... eu adoraria, Presidente! - Respondeu ele, com entusiasmo evidente em sua voz. - É uma honra ser considerado para essa oportunidade.

Eu explicava que levaria alguns membros-chave da equipe para representar a empresa no encontro internacional e que ele havia se destacado durante a apresentação, o que me fez considerá-lo para essa importante função. Disse a ele que acredito em seu potencial e que essa seria uma chance valiosa para demonstrar suas habilidades e contribuir com a empresa em um cenário global.

- Estou confiante de que você fará um ótimo trabalho lá. - Eu disse a Miguel. - Será uma experiência enriquecedora tanto para você quanto para a empresa.

Miguel expressou sua gratidão novamente e afirmou que se dedicaria ao máximo para corresponder às expectativas. Conversamos sobre os detalhes logísticos da viagem e o papel que ele desempenharia na reunião. Expliquei que ele teria a oportunidade de conhecer importantes líderes de outras empresas e representantes de diferentes países, e que essa seria uma oportunidade valiosa para fazer contatos e aprender com os melhores do setor.

No dia da viagem, encontramo-nos no aeroporto. O ambiente estava agitado, com viajantes apressados e o som constante de anúncios pelos alto-falantes. Miguel estava ao meu lado, parecendo confiante e animado com a oportunidade que lhe foi concedida.

Enquanto caminhávamos pelo saguão do aeroporto em direção ao portão de embarque, pude sentir a energia pulsante de expectativa ao nosso redor. As pessoas estavam ansiosas para embarcar em suas próprias jornadas, e eu sentia-me empolgada por estar liderando nossa equipe rumo a uma experiência internacional tão significativa.

Eu observei Miguel enquanto ele olhava ao redor, absorvendo a atmosfera do aeroporto e apreciando a diversidade de pessoas de diferentes culturas que compartilhavam aquele espaço. Era um lembrete de que estávamos prestes a participar de um evento que unia pessoas de todo o mundo em torno de um objetivo comum.

Ao chegarmos ao portão de embarque, nossos colegas de equipe estavam lá nos esperando. Patrícia, Pietro e os demais diretores que também iriam comigo estavam animados e prontos para embarcar nessa jornada conosco. Era reconfortante saber que tínhamos uma equipe sólida e comprometida ao nosso lado.

Após as formalidades de segurança, embarcamos no avião. Encontramos nossos assentos e nos acomodamos, ansiosos pela decolagem. Enquanto os motores ronronavam e o avião se preparava para levantar voo, senti uma mistura de emoções: entusiasmo, determinação e um certo nervosismo, afinal, a responsabilidade de representar nossa empresa estava sobre nossos ombros.

Olhei para o lado e percebi que Miguel estava sentado ao meu lado, enquanto Roger ocupava o banco traseiro. Decidi aproveitar o momento para compartilhar algumas informações importantes com Miguel. No entanto, ao me aproximar dele, notei que seus olhos estavam fechados. Era evidente que ele estava enfrentando algum desconforto.

Curiosa, decidi abordar o assunto com cautela. Me aproximei de seu rosto, sentindo o calor que irradiava dele, e sussurrei suavemente:

-Não sabia que tinha medo de avião.

Miguel abriu os olhos e olhou para mim, sua voz tremendo um pouco enquanto respondia:

-Eu não tenho... Eu posso segurar sua mão?

Fiquei surpresa com sua resposta, mas não hesitei em estender minha mão para ele. Nossas mãos se encontraram, e senti uma mistura de emoções dentro de mim. Era um momento íntimo e pessoal, onde Miguel buscava conforto em meio a seus receios.

Enquanto o avião ganhava altitude, mantive minha mão firmemente entrelaçada com a de Miguel. Era uma forma de apoio silencioso, transmitindo-lhe confiança e segurança. Eu queria que ele soubesse que estávamos juntos nessa jornada, não apenas como colegas de trabalho, mas também como seres humanos conectados em momentos de vulnerabilidade.

Enquanto voávamos pelos céus, pude sentir a tensão em Miguel diminuir gradualmente. Nossas conversas se tornaram mais leves e descontraídas, e ele até conseguiu sorrir em alguns momentos. Foi reconfortante testemunhar sua superação pessoal e ver como nossa conexão se fortalecia através desse gesto simples.

À medida que nos aproximávamos do nosso destino, soltei suavemente a mão de Miguel, mas mantive um olhar encorajador. Ele havia enfrentado seu medo de avião com coragem e determinação, e isso era um lembrete poderoso de sua força interior.

Enquanto desembarcávamos do avião, Miguel me agradeceu pelo apoio e compartilhou sua gratidão por termos passado por essa experiência juntos. Eu sorri e disse a ele que estava ali para apoiá-lo não apenas nessa viagem, mas em todos os desafios que surgissem em nosso caminho como equipe.

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