— O quê? — Ethan se levantou rapidamente da cadeira após ter engasgado com o chá.
— Eu disse algo de errado?
— Com certeza, é impossível voltar no tempo.
— Mas eu consegui e posso afirmar que, o futuro que a fundação busca, não será brilhante.
Apesar dela não saber o que exatamente causou o acidente, Lena sabia como era depois dele, um futuro sem a luz do dia, as nuvens negras cobriam os céus fazendo uma noite eterna, o solo não era mais fértil, a comida era escassa e a água, apesar de pouca, passou a ser distribuído em garrafas térmicas.
— Ok, vamos fingir que acredito em você, como construiu a máquina do tempo?
— Eu não fiz uma — respondeu Lena com a voz trêmula.
— Mas, como você voltou?
Isso era um mistério até para ela mesma, mas após sentar-se na cadeira para pensar mais claramente, Lena se lembrou do dia em que encontrou um diário perdido pelas terras de pura sombra e quase sem vida em seu país.
O ano era 40093, em um lugar dominado pela noite eterna, onde não parecia ter esperança para a humanidade, mas para os animais era outro caso, havia acontecido uma sinistra modificação genética neles todos, partes dos seus corpos estavam diferentes, haviam-se multiplicado e ficaram com tamanhos irregulares, eles tinham mais olhos e outros com olhos pelo corpo todo, era algo que passaram a chamar de criaturas perigosas, eles atacavam o que restou dos humanos por puro instinto de caça.
Quem estava no comando agora, era a pessoa mais rica que estava viva, ele propôs em 40092 continuar o acordo com todos, construir um foguete e tirar aqueles que o ajudasse a sobreviver, eles pretendiam ir para outro planeta, a terra estava morrendo.
Os trabalhos importantes eram a caça, mas era um pouco diferente, os caçadores tinham que matar qualquer ameaça à cidade onde eles estavam em um raio de mil metros, e também havia os batedores que saiam da cidade em busca de comida, remédios e água. Lena era um deles, ela não era ótima com os equipamentos de caça, mas ela sabia que precisava, eram as mesmas armas dos caçadores, um arco e no mínimo quinze flechas, o que diferencia são as mochilas dos batedores que eram bem espaçoso com a aljava do lado esquerdo.
Lena estava em seu quarto na cidade, do lado de dentro das muralhas escrevendo em seu diário, os seus dias de expedição, ela tentou colocar todos os detalhes, mas não se lembrou de muita coisa.
Ela parou de escrever quando ouviu duas batidas na porta do seu quarto, ela levantou da cama e guardou o diário e o lápis na estante de livro que estava do outro lado do quarto, foi até a porta e abriu-a, do outro lado estava Rico, o mandachuva.
— Você é a Lena, certo?
— Sim, posso te ajudar líder?
— Tenho uma expedição especialmente para você, venha comigo.
Ela seguiu ele até o armazém, passando pelos corredores cinzentos de chumbo e pelo refeitório que estava pouco movimentado, do lado de fora dos dormitórios havia poucas pessoas também, ela olhou ao redor do pátio e Rico abriu o armazém e para a surpresa de Lena, a parte de eletrônicos estava quase vazio, uma parte da fábrica que estava do lado da cidade ainda nas muralhas, estava desativada, ele queria reativar para fabricar hidrazina, talvez era um pouco cedo até porque, o foguete nem estava na metade, mas ele estava mais preocupado com a reativação da fábrica, ele precisava de pelo menos 3 fusíveis e um gerador de energia, os fusíveis era só procurar nas casas do lado de fora das muralhas e o gerador de energia, seria mais fácil construir um e para isso estava faltando muito material.
— E quanto ao gerador, assim que encontrar os materiais vou fabricar um.
— Entendido — ela levantou um pouco a cabeça e olhou para o líder — e quem vai comigo para monitorar o nível de radiação?
— A Lilith foi a única que ficou na cidade, os outros foram em outra expedição.
Lena saiu do armazém e foi para o quarto de Lilith, que ficava ao lado do quarto dela, ela bateu 2 vezes na porta e não teve resposta, esperou e depois bateu mais 2 vezes e novamente não teve resposta, Lena deu meia volta e voltou para o refeitório onde sentou em uma mesa vazia e esperou Lilith aparecer.
O refeitório está em total silêncio, se passaram alguns minutos até alguém aparecer.
— Oi, Lena, vem sempre aqui? — a pessoa se sentou na frente dela com uma bandeja de comida quase vazio.
— Oi, Lili, onde estava?
— Estava ajudando a bibliotecária a organizar os livros — ela terminou de comer.
— Entendi, mas enfim, temos uma nova expedição…
Conforme Lena falava os detalhes, Lilith ficava menos animada para ir, antes da expedição anterior dela, a roupa contra radiação havia se rasgado com um objeto pontiagudo, ou pelo menos, foi o que ela pensou, entretanto, ela não precisava se preocupar com isso, os níveis de radiação nesse lugar não eram altos, ainda assim, era obrigatório o uso das máscaras respiratórias para evitar outros tipos de gás letal.
Após ter falado tudo para Lilith, Lena foi para o portão de saída da cidade, Lena já estava com o seu equipamento, ela estava apenas esperando sua amiga se preparar para essa expedição que por sua vez, estava apenas procurando a máscara respiratória, não demorou muito para ela encontrar o que precisava e muito menos para ela ir até o portão de saída, ela parecia animada.
— Vamos? — Lilith falou com um sorriso no rosto.
— Vamos com cuidado, pode haver outras pessoas por lá — disse Lena depois dos guardas terem aberto o portão.
Do lado de fora estava tão quieto, que elas podiam ouvir os próprios batimentos cardíacos e os pensamentos com clareza.
— Para onde agora? — perguntou Lilith.
— Vamos para a esquerda até encontrarmos um poço, e daí seguimos para o norte.
Lena estava seguindo as direções que Rico havia descrito para ela antes, de acordo com ele, tinha uma cidade nessa direção a menos de 3 quilômetros que ainda não foi explorada, elas ficaram conversando pelo caminho, até encontrar as chamadas terras de carvão, o solo de todo o planeta estava dessa mesma forma, era o sinal do perigo ou o de radiação.
Depois do acidente, o solo ficou escuro, coberto por um tipo de cascalho preto, os caçadores fizeram uma limpeza de 500 metros ao redor da cidade.
— A partir daqui, precisamos ficar mais alerta — disse Lena enquanto pegava o arco.
— Estamos entrando numa floresta, tem certeza que seu arco vai funcionar?
— Não, mas é melhor estar preparado — ela deu alguns passos — ligue o seu detector geiger.
Lena ouviu o zíper da pochete de perna da Lilith abrir e depois fechar rapidamente, as duas começaram a andar pela floresta fechada.
Lena permanecia com um mau pressentimento depois de alguns passos na floresta adentro, quanto a Lilith, ela estava com os seus olhos fixados no detector geiger
— Tem algo me incomodando — disse Lena.
— O que foi? — perguntou Lilith, sussurrando.
— A gente já deveria ter encontrado algum caçador.
Lilith chegou mais perto de Lena.
— E se eles foram atacados?
— Não se preocupe, talvez eles só expandiram a área para ter mais segurança.
Depois de um tempo, elas saíram da floresta, e a primeira coisa que viram, foi a cidade que Rico mencionou, era um lugar que estava em perfeitas condições, apesar de algumas das casas estarem um pouco destruídas, aos olhos delas, era um local perfeito para se morar, não era um lugar muito grande, mas havia um moinho de vento e o rio que passava do lado da cidade que para Lena, era um sonho que não havia igual, viver uma vida tranquila e sem preocupações.
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Atualizado até capítulo 28
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