Elas chegaram na cidade depois de caminhar por algum tempo pelo solo morto onde os seus sapatos pisavam, o vento frio e congelante batia em seus corpos, Lena não se incomodou com o frio, ela estava bem agasalhada, ao contrário de Lilith que estava com roupa de verão, as máscaras a princípio não era um problema, se não fosse pelo embaçamento do visor a cada respirada.
Na cidade era possível ouvir o som do vento passando pelas casas, um som não muito agradável de início, mas era isso que se espera de um lugar onde parece não ter ninguém.
Lena abriu a porta da primeira casa que viu, estava escuro.
— Lili, você tem lanterna?
— Queria ter uma — ela guardou o detector geiger na pochete de perna.
Lena deu um passo hesitante, a madeira do piso rangel.
— Vamos pegar o fusível e sair logo daqui — disse Lena.
Lena continuou andando pela casa, até ouvir algo de vidro cair e quebrar no chão, Lilith estava na frente da porta, assustada, ela saiu da casa devagar, Lena não conseguia ver quase nada e depois de ter quase caído, encostou na parede, ela deixou o arco e a aljava escoltados na parede, quando sua visão se acostumou com a escuridão da casa, viu uma escada que dava acesso ao porão, ela desceu as escadas e a cada passo, a madeira rangia, faltava pouco para rachar.
O porão estava mais escuro do que ela pensou, com os braços erguidos para frente, caminhou até encontrar a parede do outro lado, ela tocou em algo gelado, não era a parede, ela fez um movimento rápido e ouviu um barulho, eram correntes que estavam presas ao teto, ela deu meia volta e chutou as latas que estavam no chão, ao se assustar com o barulho, ela deu um passo para trás novamente e escorregou em um líquido viscoso que estava no chão e caiu de costas, ela levantou a mão esquerda e o líquido pingou no chão. Era sangue.
Lilith ouviu o barulho alto quando Lena caiu, ela entrou na casa novamente.
— Lena? Tá tudo bem?
— Eu tô bem! Não desce aqui!
— Eu vou te esperar aqui em cima.
Lena se levantou devagar, tirou a máscara e a segurou com a mão direta, ela andou para outro lado do porão com a mão esquerda erguida para frente e encontrou uma mesa, essa mesa estava cheia de ferramentas, ela inspecionou todos os materiais que estão em seu alcance e encontrou o que estava procurando, ou pensou ter encontrado. Um cartucho de fusível com o formato de um cilindro, havia dois cilindros com o mesmo tamanho, ela os pegou, colocou a máscara no rosto e com um movimento exagerado, pôs a mão esquerda na parede e seguiu devagar em direção às escadas, ela subiu as escadas e viu Lilith sentada do lado de fora perto da porta, Lena apressou o passo e chamou por Lilith.
Lilith se levantou quando ouviu ela falar seu nome, Lena parou de andar depois que saiu da casa e Lilith abraçou ela, no primeiro toque, ela sentiu o calor do corpo de Lena seguido do sangue que estava um pouco gelado nas costas dela, Lilith levantou a mão e avistou o sangue, ela entrou em desespero e começou a gaguejar logo em seguida.
— Tá tudo bem, Lili, esse sangue não é meu — Lena a segurou pelos braços — eu caí em cima de uma poça de sangue.
— Que alívio — ela soluçou depois de ter limpado as lágrimas.
Lena verificou o que havia pegado no porão, era mesmo um fusível, ela os guardou no bolso do casaco enquanto Lilith falava que perto dali, encontrava-se um hotel que era possível ver de onde elas estavam, um dos lugares que poderia ter gerador de energia, ela ouviu com toda a atenção.
— Vou pegar o meu equipamento.
— Certo — Lilith foi na frente.
Seguindo em direção ao hotel, Lena reparou que tinha mais cascalho pelo chão, ela olhou em volta, todas as casas estavam intactas e com a porta fechada, ela olhou com mais cuidado e viu que algumas casas estavam sem os cascalho em volta.
Lilith de repente se esgueirou na parede de uma casa e puxou Lena junto, ela sussurrou para espera, quando ela foi questionar o porquê desse comportamento repentino, ela ouviu uma voz e depois outra, Lilith deu uma olhada para a rua onde viu quatro pessoas, um deles olhou direito para ela.
— Eu vi alguma coisa — alertou o grupo.
— Onde? — questionaram.
O homem apontou para a direção delas, Lena reage por impulso, agarrou a mão de Lilith e correu para a direção de onde vieram, elas entraram em outra casa e esperaram um tempo, Lena estava em frente a porta olhando pela pequena janela que tinha do lado esquerdo, Lilith se sentou embaixo dessa janela e fez um ruído, as palavras não saiam de sua boca, ela tocou a cintura de Lena e apontou com a mão trêmula para o outro lado da casa que estava destruída, havia um cervo com a cabeça coberta por ossos pontudos e o pescoço quebrado, sua barriga estava aberta e a cada passo, arrastava as suas entranhas, ele não estava sangrando, mas mostrava estar com fome, sua boca estava cheia de espuma junto de um braço humano.
A criatura não notou elas, ele se virou revelando as várias flechas que tinham em seu corpo, Lena auxiliou a sua amiga a se levantar devagar, uma vez de pé, Lilith perdeu o equilíbrio, suas pernas estavam bambas, ela caiu com força no chão fazendo um barulho que deixou a criatura em alerta, ele se virou e começou a correr em direção a elas.
— Corre — gritou Lena.
Ela jogou o seu arco junto com a aljava para a direita, esperou a criatura vir, ela deu uma cambalhota para a direita e a criatura, deu uma estocada na porta e a quebrou inteira, ela pegou seu equipamento novamente e ajudou Lilith a se levantar.
— Vamos rápido, aquela criatura vai nos seguir se a gente demorar.
Lilith não reagiu, franziu a testa e começou a sorrir junto de seus risos travados, lágrimas começaram a cair.
— Droga, não temos tempo para isso.
Lena a ergueu em seus braços e a carregou para fora da casa, passou pelos destroços e olhou para a esquerda, ela observou o hotel e correu em direção a ele, quando ouviu gritos viu de relance, o grupo enfrentando a criatura, ela os ignorou e atravessou a rua que dava acesso ao hotel, passou pelo portão e o encostou usando os pés, ela correu para a recepção e colocou Lilith atrás do balcão, ela já estava desmaiada, Lena se ajoelhou, tirou o seu equipamento e o casaco e cobriu Lilith, em seguida, ela se levantou e ouviu um barulho.
— Você aí! Parada — um homem alto com capuz a abordou — vire-se devagar.
Lena se virou e viu que o homem estava armado, ela colocou as mãos para trás e ele disparou no chão, ordenou para ela pôr as mãos para o alto, ela o obedeceu e viu suas mãos tremerem…
— Tá, paro paro, o que isso tem a ver com a sua viagem para o passado? — Perguntou Ethan.
— Assim você conhece o mundo depois do desastre. Agora. Onde eu parei — ela fez uma pausa — Ah, é, o homem estava tremendo…
As roupas dele estavam cobertas de sangue, seu braço esquerdo estava sangrando, ele deu alguns passos para trás e mandou ela se afastar do balcão.
— Por que não atirou em mim?
— Preciso de uma distração para aquela criatura — ele fez um sinal com a arma para ela continuar andando.
Eles foram até o portão e pararam quando viram a criatura que estava de costas, ela abriu o portão com uma mão e andou pela estrada, o homem fechou o portão e bateu nele com as mãos, Lena correu pela estrada e a criatura a perseguiu, o homem com o capuz preto, fugiu para o rio do outro lado da cidade.
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Atualizado até capítulo 28
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