uma conversa com ela...ele...

Marcos

Assim que eu encosto no carro, o motorista chega perto de mim e pergunta se pode levar o carro.

— Eu estou bem.

— Eu sei que sim, mestre. Eu só quero fazer valer o meu trabalho. — Ele olha para cima, me viro devagar e olho para a mesma direção, mas não há ninguém ali.

Entro no banco de trás e permito que ele vá dirigindo. Seguimos para uma boate; esta noite eu vou tirar todo o meu atraso. Amanhã eu não trabalho mesmo.

Chegamos, e eu desço, vou caminhando até a entrada e sigo direto para o bar. Peço uma dose de Bourbon e bebo de uma vez. Peço outra e me sento no banquinho.

— Olha, o gato voltou. — Olho para o lado, e lá está ele... ela... que já vem se sentando do meu lado.

— Estou sem paciência para viadagem, então me deixa em paz, porrä.

— Eu já entendi, você não gosta da fruta, mesmo eu sabendo que se você experimentar, vai se apaixonar. Mas eu sou uma boa mulher e só vou te fazer companhia esta noite.

Grande companhia, eu querendo uma mulher de verdade do meu lado, e ele vem só para afastar as mulheres de perto de mim.

— Fala, o que você está sentindo?

— O que te faz pensar que eu vou me abrir com você, logo com você, um ser... desconhecido.

— Por isso mesmo, você não iria se abrir com quem você conhecer com medo de julgamento. Eu só vou ouvir, e ficará entre nós.

Começo a gargalhar. Ele filho da putå falou para o segurança sobre mim e acha que eu vou acreditar nele.

— Cara, me deixe em paz, eu só quero beber e føder mulher de verdade, não quero conversar com ninguém.

Ele pede uma bebida e continua do meu lado, como se fosse o meu segurança.

— Vou te contar o que aconteceu comigo. Me apaixonei por um homem casado, tivemos momentos incríveis, até a mulher dele descobrir tudo. Sabe, enquanto estava só nós dois, era tudo lindo, tudo romântico, mas depois que ela apareceu, ele esfriou, e não tivemos mais contato. Larguei o cara que eu estava namorando para ficar com ele, e ele não largou a mulher dele para ficar comigo.

— Oh, dó de você, estou com os olhos cheios de lágrimas para chorar. — Digo com uma empolgação tão grande que chega a dar uma dor no coração.

— Estou te contando um segredo meu, vamos lá, se abre. Vamos beber, garçom, traz uma garrafa de Bourbon.

Olho para ele, sem entender. Será que o cara é rico? Pois Bourbon não é barato não. Mas vejo ele dando o cartão para o garçom para cobrar, e nos sentamos na mesa.

— Meu irmão se fødeu em um relacionamento, a biscate roubou ele, levando tudo que ele tinha. E mesmo assim, o idiota espera por ela igual um cachorro abandonado.

— O amor faz isso com as pessoas, deixa a gente meio cego.

Ele enche o meu copo e o dele, e viramos de uma vez, na mesma hora.

— Então decidi que ele precisava de um remédio para isso, e já ouvi falar que um novo amor cura o antigo. Comprei uma mulher para ele, a mais bela das mulheres. Linda, perfeita e delicada... Humilde, e de um caráter impecável. Pois se fosse outra, teria se deitado comigo, e teria os dois irmãos em sua mão. Mas o que ela fez? Me esnobou. Agora eu quero que ela vá embora da minha casa.

— Deu em cima da mulher do teu irmão?

— Fui eu que a escolhi, fui eu que paguei 5 milhões de dólares por aquela ingrata, eu a levei até o cartório, e transformei ela em gente. Tirei ela da vida de merdä que ela tinha, e a fiz a senhora Garcia, esposa do Marcelo Garcia, um putä de um empresário bilionário, e ela não foi capaz nem de me agradecer, dando para mim.

Ele me olha como se eu fosse um assassino. Cadê o papo de ser um estranho não julgar?

— Você é um escroto sabia, fora que é um criminoso. Mulheres não são todas iguais, tem mulheres que gostam de ser tratadas como uma coisa qualquer, mas normalmente essas nem têm sentimentos, só aceitam isso por saber que terá algo em troca. Mas existem mulheres que gostam de serem tratadas como mulher, como rainhas, com carinho e dengo. Se você sempre for escroto com ela, ela sempre vai ficar com o seu irmão, por ele ser diferente de você.

Ele tinha que ser gay mesmo, pois esse papo parece de mulherzinha. Até hoje não encontrei uma mulher que não gosta de ser pisada, xingada, e depois ser expulsa como se fosse um nada.

Ele continua querendo me dar lição de moral, mas queria saber com quantas mulheres ele já se deitou para estar falando comigo dessa forma.

— Apesar de eu ser gay, eu não sou assumido. Por isso me transformo a noite. Durante o dia, ninguém me reconhece como Yasmim, e a noite ninguém me reconhece como Rony. Peruca e maquiagem, são o auge da minha transformação. E com isso, já tentei ter um relacionamento com mulheres, e por pensar como elas, sei que você é um bicho papão para as românticas, que esperam por um príncipe dos contos de fada.

— Príncipe? — Começo a gargalhar, pois isso seria pedir demais para mim. — Meu irmão sempre foi esse cara romântico, esse príncipe encantado que você fala, e foi pisado por uma mulher. Antes eu pisar nelas, do que ser pisoteado.

Continuamos essa conversa, com ele tentando me ensinar como ser um cavalheiro. Mas não acho que devemos mudar por ninguém. Quem quiser gostar de mim, terá que ser pela minha personalidade. Gostando ou não, eu sou assim, se não gostarem, que se føda.

As pessoas começam a irem embora, ficando só nós dois na boate. E o que eu planejava fazer, foi por água abaixo, já que não consegui comer ninguém essa noite, graças à mula sem cabeça que me perturbou a noite inteira, de como conquistar uma mulher.

Me levanto, e é nessa hora que minha visão roda a 360°, e eu não consigo ver mais nada. Apago completamente.

Acordo em um quarto de hotel, com a cabeça dolorida. Tiro a coberta de cima de mim, e vejo que estou só de cueca.

Um homem entra no quarto trazendo a minha roupa em suas mãos.

— Aqui está, senhor, limpinhas. Você vomitou nelas, e eu tive que tirar. — Ele coloca a roupa em cima da cama e pisca para mim. — Gostei do que vi. Meus parabéns.

— O quê???

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