na boate

Marcos

Eu o fiz sentir na pele o que é levar umas cintadas, só parei porque meu braço começou a dar cãibra.

Ele gritou tanto que até ficou roxo e rouco. Coloco o cinto de volta e saio do banheiro com todos olhando para mim. E ele ficou lá no chão todo arrebentado.

Me sento de volta na minha cadeira, e eles continuam a me olhar. Poucos segundos depois, ele vem todo torto, caminhando com muita dificuldade.

Ele se senta na cadeira todo sem jeito, e vejo a esposa dele se debruçando para falar em seu ouvido.

— Ele está bem, teve um problema lá com a porta do box, teve que passar por debaixo para sair, deve ter ralado toda as costas, não foi, senhor Jonas?

Ele me olha com medo, e com isso só confirma com a cabeça. Minha vontade é de cair na gargalhada, mas se eu o fizesse, me entregaria.

Ele chama a esposa para irem embora, diz que não está se sentindo bem. Eles então dão tchau e se levantam.

— Amanhã vou esperar o advogado ir na minha casa, senhor Garcia, não voltarei à sua empresa.

— Ele irá no período da manhã, tenha uma boa noite.

Eles se vão, e a mulher o ajuda a andar.

— O que você fez, Marcos? — meu irmão pergunta, mas não sei para quê, já que ele sabe bem da resposta.

— O cara mijou e ia vir para a mesa sem lavar as mãos, só ensinei a ele que isso é falta de higiene.

Bebo a minha bebida, e digo a eles que isso está um tédio, chamo ele para irem para uma balada, para animar um pouco as coisas, pois ficou parecendo um velório isso daqui.

E eu ficar aqui, olhando para os dois assim, e não ter ninguém para ficar comigo, está me deixando mais deprimido.

— Você quer ir, Emy? Acho que você vai gostar.

"Emy"... Apelido ridículo.

— Se você quiser, vamos sim.

Nós levantamos e seguimos para uma balada que eu frequento muito, o Marcelo não é de sair, então fica meio que perdido aqui dentro, junto com ela.

Levo eles para uma área vip, e peço algumas bebidas. Emilly olha para elas, e parece que está vendo um bicho de sete cabeças.

— Pode beber, não vai te morder não.

— Eu nunca consumi álcool na minha vida, não sei se é uma boa ideia.

— Quando se sentir tonta, para, se você continuar, nem vai se lembrar de que é, ou de onde vem. E amanhã, vai dizer que não fez nada. — falo para ela rindo, pois é isso que acontece na maioria das vezes comigo.

Ela balança a cabeça com medo. O Marcelo se levanta, diz que vai ao banheiro. Assim que eu o perco de vista, me aproximo dela.

— Como está sua vida de casada?

— Melhor impossível. — ela fala pegando uma das bebidas e querendo virar de uma vez. Seguro na sua mão, para que ela beba de vagar, não quero ela bêbada.

Passo os dedos levemente em seu braço, subindo até o pescoço, e vejo seu corpo todo arrepiar.

— Está arrepiada, ele te deixa assim também com o toque dele?

— Não se ache de mais, estou arrepiada porque estou com frio.

Olho para a cara dela, para ver se ficou ao menos vermelha com a sua mentira. Pois aqui dentro da boate, posso garantir que está uns 30 graus.

Continuo a subir os dedos, e quando chego em sua orelha, ela coloca a sua mão me barrando.

— Já falei para você não fazer essas coisas, eu sou casada com o Marcelo, sou sua cunhada, e você está me molestando.

Sei que ela tem razão, mas eu não tenho nem controle das minhas ações quando estou assim tão perto dela.

Sigo minha mão até sua nuca, e puxo seu rosto para perto do meu, e lhe roubo um beijo.

Ela se debate inteira, e eu a prendo para que não saia. Mas acabo desistindo, depois de sentir que ela não correspondeu, ficou o tempo todo com os lábios cerrados.

A solto, e ela vira o rosto para um lado e eu para o outro. Em seguida, o Marcelo volta, e se senta na mesa com a gente, e percebe que o clima não está bom.

— O que vocês têm?

— Nada. — falamos juntos, e ele pega o copo e bebe entre risos.

Ele parece estar aprontando alguma coisa, estou percebendo isso o dia todo, mas agora deu para ficar de segredinho comigo. Ele nunca foi assim, sempre falamos de tudo um com outro, e agora isso.

Tá certo que eu menti para ele sobre o casamento, mas depois eu contei, não deixei ele ficar no escuro igual ele está fazendo comigo.

Vejo ele se aproximando mais dela, e colocando seu braço em cima dela, e sua mão fica acariciando a pele de seu braço. Mas percebo que, diferente do meu toque, a pele dela não se arrepiou. Mesmo que ela lute contra, o corpo dela sabe quem é o melhor.

Pior que agora, eu me sinto mais vela do que antes, e a melação dele com ela, está me embrulhando o estômago. Mas, não quero deixar eles aqui sozinhos. Não quero dar essa oportunidade para eles, sei que não farão nada comigo aqui do lado.

Olho para a pista de dança, e vejo uma bela moça rabuda dançando, e fico entre ir e me divertir, ou ficar aqui, vendo eles se divertirem.

Eles nem estão se importando comigo, e já percebi que eu estou sobrando, não tem jeito, vou ter que sair daqui.

Eu tenho que colocar na minha cabeça que a Emilly não é para mim, essa atração que eu sinto por ela tem que morrer.

Meu irmão está bem com ela, e espero que ele esteja esquecendo da golpista, era esse o meu plano. E eu consegui, e não posso atrapalhar ele agora.

Me levanto e ele me pergunta onde vou.

— Vou procurar alguém para me fazer companhia, vocês ficaram bem sozinhos.

— Que isso, Marcos, vamos continuar bebendo aqui tranquilo.

Viro as costas e saio sem dar a resposta que ele merece, não quero ser ignorante com ele.

Desço para a pista, e encontro a mulher. Começo a dançar atrás dela, que dança muito bem.

Ficamos um tempo nesse rala e rola, e na hora que seguimos para o bar para pagar uma bebida para ela, ela me dá uma surpresa.

— Como você se chama, gato?

— Marcos, e você?

— De dia Rony, e de noite Yasmin...

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