Maya
— Ben, sei que existe uma enorme possibilidade de você não acreditar em mim, já que parece enfeitiçado pela Sabrina, mas tem alguma coisa errada na relação de vocês, ela está… — Ele me interrompe erguendo a palma da mão para que eu pare de falar.
— Já estava demorando... Sabia que só estava esperando uma oportunidade para tentar me convencer que a Sabrina não é para mim. — Diz sarcasticamente.
— Mas ela não é mesmo, você merece alguém melhor, que goste de você de verdade. — Digo e ele sorri de canto, como se já esperasse pelas minhas palavras.
— E quem é essa pessoa, você?
Ah, não, esqueci... você é a garota que tem medo de relacionamentos. E pelo jeito, não aceita ver ninguém feliz em um. — Fala ironicamente e se levanta. E suas palavras acertam o meu estomago com toda força.
— Benjamin, você está se ouvindo?
Olha o que você está fazendo com a gente! — Fico de pé a sua frente, e seu olhar encontra o meu.
— Eu estou fazendo?
Você hoje nem veio com a camiseta de jogo, só para me mostrar que não se importa mais comigo... e ainda conseguiu me desestabilizar durante o jogo. — Me culpando por seu péssimo comportamento em quadra.
— Se eu não me importasse, não estaria aqui tentando abrir seus olhos, ouvindo você me acusar e tocar na minha ferida.
Você não é mais o mesmo, Ben, bastou uma semana com aquela garota para você jogar anos de amizade no lixo. — Maneia a cabeça de braços cruzados.
— Isso, é você quem está dizendo, eu não estou jogando nada no lixo. Só não tenho mais tempo de ficar grudado em você o tempo inteiro.
E sabe o que eu acho?
Acho que o seu problema com a Sabrina sempre foi inveja, ela não tem medo da vida. — Diz em tom alto, antes de pegar sua bolsa e me deixar estática, com lágrimas lutando contra a minha vontade de segurá-las.
Decido ir atrás, ele não pode simplesmente me tratar assim e sair, mas quando dou alguns passos, uma mão segura meu braço gentilmente.
— Não vai, vocês estão de cabeça quente, só vão se magoar ainda mais se conversarem agora. — Breno diz, ainda segurando meu braço.
— Você ouviu tudo? — Pergunto envergonhada, com a voz baixa.
— Não se preocupe, só ouvi o suficiente para saber que ele está errado a seu respeito, você não tem motivo algum para invejar a Sabrina.
Eu estava de saída, não queria atrapalhar a conversa, mas, quando vi o Benjamin exaltar a voz, preferi esperar. E, olha... tive que me segurar para não interferir.
Vocês sempre brigam assim, parecendo um casal terminando um namoro? — Pergunta em tom bem-humorado, colocando meu cabelo para trás da minha orelha.
— Não, nunca brigamos. Mas eu só estava tentando protegê-lo. — Algumas lágrimas escapam de meus olhos e ele as apara com seus polegares.
— Não chora princesa, você fez a sua parte. Mas não dá para ajudar quem não quer ser ajudado. — Breno diz, erguendo meu queixo para que nossos olhares se encontrem.
— Com licença crianças, mas precisamos fechar o ginásio. — O zelador nos interrompe, e o Breno pega a minha mão e me conduz para fora.
— Está com pressa de ir para casa? — Pergunta já do lado de fora do ginásio.
— E antes que me descarte, não estou lhe convidando para um encontro romântico. — Brinca.
— Eu quero ir para casa, mas obrigada pela preocupação. — Respondo e ele maneia a cabeça.
— Não vou deixar você ir para casa chorar no seu travesseiro, não mesmo!
Aprenda, minha pequena, homem nenhum merece suas lágrimas, nem mesmo se ele for loiro, alto e de olhos azuis! — Diz e pisca para mim, antes de me surpreender, me erguendo em seus ombros, me deixando de cabeça para baixo.
— Garoto... me coloca no chão! — Bato meus punhos em suas costas e ele segue caminhando pela calçada como se eu tivesse o peso de uma pena.
— Só se prometer que vai andar ao meu lado com os seus próprios pés. — Olho em volta e percebo que já estamos chamando a atenção de algumas pessoas que passam pela rua.
— Está bem, eu vou, só me coloca logo no chão. — Ordeno e soco seu braço quando meus pés estão firmes no chão novamente.
— Se continuar me batendo assim, eu vou me apaixonar, e nenhum dos dois quer isso. — Ele brinca, e eu reviro os olhos.
— Para onde estamos indo? — Pergunto e ele ri de canto.
— Confia em mim, você vai gostar!— Responde e me coloca para o lado de dentro da calçada.
****
— Não sabia que gostava de patinar. — Digo ao chegarmos a um rinque de patinação.
— Na verdade, nunca andei de patins. Mas lembro que me disse, no dia em que tomamos sorvete juntos, que patinar te deixava relaxada, e acho que é disso que precisa hoje. — Ele diz, me deixando surpresa por lembrar de algo que lhe contei despretensiosamente. Mas é bom saber que, pelo menos ele, me ouve.
Calçamos nossos patins alugados e tive que lhe dar a mão até conseguir se equilibrar sozinho, já que disse que nunca tinha feito isso.
E, ele estava certo, patinar afastou o Benjamin dos meus pensamentos por algum tempo, ainda mais com os diversos tombos do Breno me fazendo gargalhar.
****
— Vai viajar? — Me pergunta a caminho de casa, enquanto tomamos um sorvete de casquinha.
— Este ano não, minha mãe não conseguiu conciliar nossas férias.
Só vou passar alguns dias na casa do meu pai e aproveitar para pôr a leitura e as séries em dia.— Dou de ombros.
— E você? — Pergunto.
— Também não. Meu pai está vindo da França, e ficará até o próximo fim de semana, vou aproveitar esse tempo com ele... E foi por isso que perguntei se iria viajar. — Olho para ele confusa, tentando entender o que tem a ver vinda do pai dele com minhas férias sem emoção.
— Faço aniversário na sexta, e não costumo fazer festa porque, como sempre cai nas férias, meus amigos geralmente estão viajando. E meu pai vai cozinhar para eu, ele e minha avó, gostaria muito que você jantasse
conosco.
Aceita? — Pergunta, parecendo inseguro, como nunca vi antes.
— Eu, comemorar seu aniversário comendo a comida de um chefe renomado sem precisar pagar por ela?— Finjo pensar a respeito por alguns segundos.
— É claro que eu aceito! — Respondo demonstrando empolgação, e ele abre um imenso sorriso, antes de nos despedirmos e eu agradecer pela tarde agradável.
Depois do que fez por mim hoje, não teria coragem de negar um convite para o seu aniversário.
Continua...
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Dina Faria
á, benjamin você pisou na bola
2024-05-31
0
User123456
Ben está morrendo de ciúmes da amiga, e se afasta mais dela por causa de uma interesseira, mas é assim que aprendemos, errando e acertando.
2024-05-21
0
Telma Souza
Já tô com raiva do Bem
2024-04-30
3