Maya
— A Sabrina vai “engolir” aquele garoto! — Breno diz ao sentarmos em uma mesa externa da sorveteria com nossos sorvetes.
— Por que está dizendo isso? — Pergunto e coloco uma colher do meu sorvete de menta com chocolate na boca.
— Porque eu conheço os dois, posso não ser o melhor amigo do Benjamin, mas somos colegas de time e frequentamos praticamente os mesmos lugares. E, até outro dia, você era a única garota que via com ele, e isso me faz pensar que ele não é tão experiente com garotas, ainda mais uma garota como a Sabrina. Se eu fosse você, alertava seu amigo. — Aconselha e dá uma colherada em seu sorvete de chocolate.
— Não posso fazer isso, mais cedo ele a defendeu, sem nem ter dito nada sobre ela, imagina se disser. — Dou de ombros e ele semicerra o olhar para mim.
— Esse namoro está te incomodando mais do que deveria, não está?
Pode dizer, estamos sendo sinceros aqui, você gosta do Benjamin. — Afirma com o olhar fixo no meu.
— Gosto, mas como amigo. Só tenho medo que ele se machuque, acho que estão indo rápido demais, só isso. — Respondo e dou mais uma colherada no meu sorvete.
— Se ele estiver em busca de romance, ele vai se machucar, não tem jeito. A Sabrina vai cansar dele e arrumar um alvo novo, a não ser que, ela perceba o interesse de outra garota por ele... — Me olhando como se a tal garota fosse eu.
— Parece que você a conhece bem... já tiveram alguma coisa? — Pergunto e ele ri de canto.
— Isso não vem ao caso, mas conheço sim. Meu pai é amigo dos pais dela, nos conhecemos desde que nascemos, mas não somos amigos, só frequento as festas que ela costumar dar em casa. Não tenho paciência para pessoas mimadas, e ela é dessas.
A Sabrina foi criada praticamente pelos funcionários da casa, os pais viajam o tempo inteiro e acham que podem compensar a ausência dando tudo que ela quer e fazendo todas as suas vontades. — Conta.
— Agora faz sentindo, por isso ela sente tanta necessidade de estar em evidência o tempo inteiro. Não me lembro mesmo de tê-la visto com nenhum familiar nos eventos da escola. — Comento, sentindo um pouco de compaixão pela garota.
— Mas chega de falar deles, vamos falar de nós dois! — Diz animado, esticando o braço sobre a mesa, colocando a mão sobre a minha, que afasto lentamente e ele arqueia a sobrancelha.
— Me fala de você, nos conhecemos há tantos anos e não sei muita coisa a seu respeito. — Tento mudar o foco.
— O que quer saber? — Pergunta voltando a mão para a colher na taça de sorvete.
— Deixa eu pensar... me fala sobre a sua família, se tem irmãos ou se é o filhinho querido da mamãe... — Brinco, mas ele não ri. Abaixa o olhar para a taça e brinca com a colher mexendo o sorvete de um lado para o outro dentro da taça.
— Talvez eu fosse o filhinho da mamãe, se ela ainda estivesse viva. — Ouço e cubro a boca com as mãos, envergonhada pela minha brincadeira.
— Me desculpe Breno, eu sinto muito. — Tento diminuir minha vergonha, e ele me dá um breve sorriso.
— Não tem problema, você não tinha como saber. Não costumo sair falando disso por aí.
Minha mãe morreu quando eu tinha cinco anos, desde então, estou sob os cuidados da minha avó. Meu pai levou um certo tempo para se recuperar da perda, e, não sei se sabe, mas ele é um renomado chefe de cozinha, e a cinco anos surgiu uma ótima oportunidade de trabalho na França, foi aí que passei a morar de vez com a minha avó. Mas ele nos visita sempre que pode e... quer que eu vá morar com ele no fim do ano letivo. — Fico sem saber o que dizer, não quero parecer repetitiva dizendo que sinto muito, poque realmente sinto, não consigo me imaginar sem a minha mãe.
— Agora é sua vez, embora eu saiba que você tem mãe, me fala um pouco de você. — Ele pede e eu me ajeito na cadeira, ainda um pouco triste por sua história.
— Sou filha de pais separados, tenho uma irmã mais velha que é casada e me deu um sobrinho. Minha mãe casou novamente e hoje eu moro com ela e meu padrasto. — Resumo minha vida para ele.
Trocamos mais algumas perguntas sobre a vida um do outro e, mais uma vez, me surpreendi com o Breno, ele não é tão superficial como sempre achei que fosse. Me contou que pretende seguir a carreira do pai, porque gosta muito de cozinhar e ainda prometeu fazer brownie para eu experimentar qualquer dia desses, disse que é sua especialidade.
Nos despedimos e passei o resto do dia com as palavras da Sabrina ecoando em minha cabeça. Tudo bem que teremos que mudar nossa postura e evitar de andar agarrados o tempo inteiro, mas acho que ela começou de forma errada. Poderia pelo menos ter tentado ganhar minha simpatia, já que somos amigos a tantos anos.
Continua...
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Bernadete Lopes
Maya esquece, deixa o Bem amadurecer, pois o namoro dele com Sabrina vai ajudar a ter outra visão de namoro e saber escolher uma mulher de verdade.
2023-10-18
6
Milady
🥺💔
2023-10-01
2
Imaculada Abreu
Sabrina vai o Ben sofrer muito, ele esta iludido
2023-09-17
1