Maya
— E aí, acha que se saiu bem na prova? — Ben pergunta enquanto guardo meu material na mochila para sair da sala de aula. Curvo os lábios para baixo, faço uma expressão triste, e seu olhar é de preocupação.
— Não acho...— Faço um drama.
— Tenho certeza! — Respondo, abro um sorriso e ganho um abraço que tira meus pés do chão.
— E aí, casal, pretendem ajudar na arrumação da festa? — Samira pergunta com um sorriso malicioso, enquanto observa nosso abraço, fazendo o Ben devolver meus pés para o chão. Nem perco meu tempo de dizer a ela pela milésima vez, que não somos um casal. Confirmo com a cabeça e encaixo meu braço no dela
para sairmos da sala.
Hoje fizemos a nossa última prova do bimestre e, daqui a
alguns dias, teremos nossas tão sonhadas férias de meio do ano. Mas antes, temos
a tradicional festa junina colégio para preparar, e confesso que agora estou animada,
já que sei que não ficarei presa a nenhuma barraquinha. E tenho certeza que
passar a noite entregando bilhetinhos amorosos será bem divertido, já que serei
o "cupido" da noite.
Saímos da aula e encontramos pelo menos outros trinta alunos
ou mais no ginásio da escola, onde será nossa festa, isso porque foram
escolhidos apenas cinco alunos de cada turma do ensino médio para ajudar na
decoração e montagem das barraquinhas. Da minha turma, entre os escolhidos,
estamos eu, Ben, Samira e Breno. Do outro terceiro ano, a Sabrina está entre as
escolhidas, a garota mais antipática, popular, disputada e... Mais bonita da
escola, pelo menos é o que ouço da boca dos meninos pelo corredor. O Benjamin
tem uma “queda” por ela desde os quatorze anos, mas ela só andava com os
garotos mais velhos. Só que agora ela não tem muita saída, já que estamos todos
no último ano e somos os mais velhos por aqui.
Só venho a esse ginásio em dias de educação física nos jogos do Ben, nunca perdi
nenhum. Tenho até uma camiseta com seu nome bordado atrás, presente dele, é
claro, disse que era para me destacar das outras fãs.
***
E chegamos na hora em que as meninas se desconcentram e tombam das escadas em que estão penduradas para amarrar bandeirinhas e fitas coloridas. O momento em que os rapazes tiram suas camisetas para pegar no pesado, batendo pregos em madeiras e montando as barraquinhas.
— Amiga, jura para mim que você nunca beijou aquela boca? — Samira pergunta enquanto acompanha minuciosamente os movimentos do Ben sem camisa. Não respondo, mas acho graça da forma nervosa como ela ajeita seus óculos.
— Sam, pode voltar a me ajudar? — Pergunto e ela desperta de seu transe para me ajudar a colar algumas coisas temáticas pelas paredes.
— Olá meninas, precisando de ajuda? — Breno pergunta, encostando o ombro nu, na parede ao meu lado. Ele também é do time de basquete, então, preciso erguer o queixo para encontrar seus olhos, e um sorriso sedutor surge em seus lábios. O Breno é do tipo, garoto popular, a versão masculina da Sabrina, só que sem toda aquela antipatia.
— Já estamos terminando, mas obrigada! — Respondo e abaixo meu olhar, sem deixar de reparar em seu abdômen zero gordura.
— Mas nós estamos precisando de ajuda, Breno! — Ben diz ao colega de time, a apenas alguns passos de distância de nós e o Breno solta o ar, parecendo irritado.
— Tenho que ir princesa, amanhã nos falamos melhor durante a festa. — Breno diz e pisca para mim, antes de caminhar na direção dos outros garotos.
— O que foi isso? — Samira pergunta, boquiaberta.
— O Breno estava flertando com você ou estou enlouquecendo? — Pergunta e eu a olho, fingindo que estou ofendida.
— Não amiga, não é nada com você, você é linda! Mas sabemos bem qual é o tipo de garota que o Breno está acostumado. — Se defende e eu solto uma risada.
— Fica tranquila, Sam, eu entendi. E confesso que também estranhei a aproximação, mas deve ser alguma aposta idiota de garotos. — Dou de ombros, rimos juntas e eu olho em volta.
— Percebeu que a única coisa que a Sabrina fez por aqui hoje, foi gravar conteúdo para suas redes sociais? — Pergunto a Sam, ao ver Sabrina com o celular gravando os meninos e os apresentando como “Os meus meninos do basquete”. E parece que o Ben conseguiu a tão sonhada atenção da Sabrina, pois estão trocando olhares nesse momento, e posso jurar que tem baba escorrendo pelo canto de sua boca.
— Esperava mesmo outra coisa dela? — Sam me pergunta, e eu nego com a cabeça, voltando a atenção para a fita dupla face em minha mão.
— Talvez amanhã o Benjamin consiga o que espera desde os quatorze anos, um beijo da Sabrina. — Penso.
Prestes a completar quinze anos, estávamos estudando para as
provas no quarto do Ben, mas percebi que ele não conseguia prestar a atenção em
absolutamente nada do que eu dizia. Então perguntei o que estava acontecendo,
ele disse que estava nervoso por causa da barraca do beijo, já que era seu
primeiro ano nela. Foi aí que me confidenciou que gostava da Sabrina, claro que
torci o nariz para essa informação, mas não julguei, ninguém manda no coração e
eu sabia que ele não tinha muita chance com ela, que estava mais interessada
nos garotos do terceiro ano.
Perguntei o que a barraca do beijo tinha a ver com seus sentimentos por ela, então ele disse que nunca tinha beijado ninguém, e se a Sabrina pagasse por um beijo dele, descobriria isso, e suas chances com ela
estariam abaixo de zero. Vendo sua agonia, pensei por alguns minutos e, propus que treinássemos, já que eu também não tinha beijado ninguém e nem tinha interesse em beijar.
Jurei para mim mesma que faria diferente da minha mãe, não namoraria alguém da escola, não queria me apaixonar tão nova por alguém, me casar com ele e ver tudo indo por água a baixo algum tempo depois. Sei que parece radical para alguém tão jovem, e que nem todos os homens são como o meu pai, que, mesmo tendo cometido seus erros, eu amo. Mas achei que seria melhor assim, e ainda acho.
Ele me olhou assustado e incrédulo, mas após alguns segundos em silêncio, topou e se aproximou. Confesso que fiquei tão nervosa quando seus lábios se aproximaram dos meus, que achei que ia desmaiar, mas, na primeira tentativa, gargalhamos ao bater nossos dentes. Na segunda, só sugamos os lábios um do outro, mas foi bem melhor do que a primeira, e apenas sorrimos um para o outro quando nos afastamos. Poderíamos parar por aí, já que na barraca do beijo, ninguém beija de língua.
Mas não paramos, nos encaramos por alguns segundos e o Bense aproximou, segurando a lateral do meu rosto, roçando seus lábios nos meus por tempo suficiente para que estivéssemos à vontade com a situação e nossas línguas, desajeitadas, se encontrassem e se movimentassem no mesmo ritmo, e foio beijo mais longo do nosso "treino", e o melhor de todos.
Continua...
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Bernadete Lopes
Essa época de colégio é muito boa, não temos malícia e somos felizes..
2023-10-17
5
Disandra Azevedo Dos Santos Barboza
A autora lembrei do meu primeiro beijo 💋 tive que rir kkkkk 🤭🤭
2023-10-02
1
b3ars_parasempre
só eu que shippo esses dois?
2023-09-26
1