Maya
Três dias depois...
— Está tudo bem entre você e o Benjamin?
Já faz alguns dias que não o vejo por aqui. — Minha mãe pergunta durante o jantar. Entranhando chegar em casa quase a semana inteira e não encontrar o Ben por aqui. Ele até passa por aqui para irmos juntos a
escola, e esse passou a ser o único momento em que passamos algum tempo juntos, até as mensagens estão escassas.
— Esta, sim. É que, o Ben está namorando, e a senhora sabe como funciona, o tempo para os amigos diminui. — Respondo e confiro rapidamente o celular, para ver se ele me enviou alguma mensagem, e isso está ficando cada vez mais frequente, preciso parar de ter esperança de que ele caia em si. Mas só encontro uma mensagem do Breno, que não vou ler agora, porque sei que é mais uma tentativa de me levar para sair no sábado após o jogo. Ele vem tentando me convencer desde que saímos da sorveteria no dia que precisei “usá-lo” para fugir da carona da Sabrina, mas não posso negar que ele tem deixado meus dias mais leves com seu humor e sinceridade.
— Confesso que estou frustrado em saber que o garoto está namorando, sempre torci por vocês dois. — Bruno diz e minha contorce os lábios segurando o riso, acho que ainda não entenderam que não estou em um bom momento para esse tipo de brincadeira.
— Quando vou poder parar de repetir que eu e o Ben somos apenas amigos, que não somos e nem nunca seremos um casal? — Falo em um tom rude e me levanto da mesa irritada, sem nem pedir licença, e vou direto para o meu quarto.
Após uma hora pensando, percebi o quanto fui grosseira e injusta com o Bruno. Não é com ele que estou irritada, e para dizer a verdade, nem sei se estou irritada comigo por sentir falta do meu amigo, ou se é com o Benjamin, por não sentir minha falta.
* *****
— Bruno, você me desculpa? — Pergunto parada na porta do escritório, onde ele lê um dos seus livros grossos de direito penal. Ele fecha o livro e faz sinal com a mão para que eu entre, entro e sento-me na cadeira a frente de sua mesa.
— Não precisa se desculpar, não estou chateado com você, fiz um comentário infeliz. Sei que deve estar sentindo falta do seu amigo, são grudados desde que te conheço.
— Quer saber o que eu acho disso tudo? — Pergunta e eu respondo que sim com a cabeça.
— Não acho que o Benjamin esteja certo em lhe deixar de lado, mas ele só tem dezessete anos, e está vivendo as próprias experiências, que você também deveria viver. Vocês são jovens e o tempo passa em um piscar de olhos, Maya.
— Eu não quero um namorado Bruno, estou bem sozinha. — Ele estica seu braço sobre a mesa para que lhe dê minha mão. Coloco minha mão sobre a dele e ele sorri docemente ao segurá-la.
— Não tenha medo de viver Maya, é para isso que estamos aqui, para sonhar, se iludir, sofrer desilusões, amar, ser amado...
— Não preciso de mais desilusões na minha vida! — Respondo prontamente, e ele maneia a cabeça sorrindo brevemente.
— Bruno, posso te fazer uma pergunta?
— Todas que quiser. — Responde e solta minha mão, recostando em sua cadeira.
— Sente falta de ter filhos? — Pergunto e ele encara a mesa rapidamente, antes de voltar a me olhar.
— Desculpe se estou sendo indiscreta, é que você ainda é jovem, e tenho certeza que seria um ótimo pai.
— A pergunta não me incomodou, só estava pensando em como responder sem que você me interprete errado.
Mas é que, mesmo amando crianças, eu não sinto falta. A sua irmã eu já conheci adulta, mas mesmo assim, tenho muito carinho por ela. Mas você... você eu estou vendo crescer e, nem sei se eu deveria pensar assim, mas sinto como se você fosse minha filha. Acho que se eu tivesse filhos biológicos, não faria diferença entre vocês.
Mas não se preocupe, eu sei que não sou seu pai, e tenho consciência de quais são os meus limites como padrasto. — Acho que o Bruno não seria tão respeitado em sua profissão se soubessem da sua sensibilidade, pois, agora mesmo, está com os olhos marejados.
— Não me preocupo, você sempre me tratou com respeito. E, para ser bem sincera, sinto como se tivesse dois pais, que meu pai não me ouça, acho que ele não gostaria muito de saber disso. — Digo e rimos juntos. Meu pai e o Bruno nunca se desentenderam, mas evitam o máximo de contato, só convivem mesmo quando não tem outro jeito, como aconteceu na minha festa de quinze anos e no casamento da minha irmã, mais pelo Bruno, que abomina o que meu pai fez com a minha mãe.
— E você não faz ideia do quanto saber disso me deixa feliz. Sua mãe nem sabe, mas quando começamos a namorar, vários amigos, e até algumas pessoas da minha família tentaram me fazer desistir dela, por puro preconceito.
Diziam que eu era jovem, solteiro, tinha uma carreira... e sua mãe era mais velha, divorciada e ainda tinha duas filhas, o que para eles, era um peso que eu carregaria. Claro que nunca dei ouvidos, e nunca vi você e
sua irmã como um problema, só se não simpatizassem comigo, mas, para minha sorte, isso não aconteceu.
Ainda lembro de você tentando me ameaçar com cara de brava, para eu não magoar sua mãe. Como eu poderia não me encantar por aquela garotinha de trancinhas, tão pequena e, ao mesmo tempo, tão corajosa? — Abro um sorriso, pois também me lembro bem daquele dia.
— Se eles soubessem o quanto sou feliz por ter vocês em minha vida, se desculpariam por todas as palavras ditas. — Levantei-me e dei a volta na mesa, lhe dando um abraço bem apertado, pois também amo tê-lo em nossas vidas.
Continua...
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Disandra Azevedo Dos Santos Barboza
verdade Bruno eu também lembro 😅🥰🤭
2023-10-02
3
Milady
Não me julguem mais horei 🥺
2023-10-01
0
Milady
Super concordo com você Bruninho ❤️
2023-10-01
1