Capítulo 8

Benjamin

— Como assim você já foi? Foi com quem? — Essa foi mensagem que enviei a Maya em resposta a sua, mas ela nem visualizou.

* A fila da barraca ainda esta grande e o Breno sumiu...*

* — Ah, não! Acho que já sei quem a levou para casa. — Penso, e passo a mão pelo cabelo. Ela não poderia ter feito isso, combinamos que voltaríamos juntos, como sempre fazemos.*

— Samira, você viu quem levou a Maya para casa? — Pergunto só para confirmar minhas suspeitas, quando finalmente a fila esvazia e consigo me livrar daquela barraca. Já que enviei várias outras mensagens a minha amiga e ela não visualizou nenhuma, o que me deixa preocupado, a Maya nunca demora para me responder.

— Não se preocupe, ela foi muito bem acompanhada!

Não sei detalhes, estou presa nessa barraca, só sei que teve a companhia do Breno. — Samira responde debruçada no balcão, segurando o rosto entre as mãos. Agradeço pela informação e caminho na direção da saída, mas antes de passar pela porta, a ruiva mais gata que eu conheço me impediu de sair, parando bem na minha frente.

Beijar a Sabrina era uma das minhas metas de vida, desde os quatorze anos e, posso dizer que foi concluída com sucesso, e eu nem precisei fazer nada, ela me beijou e, que beijo!

— Oi gatinho!

Não vai me dizer que está indo embora sem se despedir. — Diz com a voz manhosa, deslizando a unha enorme do seu dedo indicador pelo meu abdômen, por cima da minha camisa de flanela xadrez.

Sabrina, 18 anos.

— Desculpe, eu não vi mais você depois do... — Seu dedo indicador deixa o meu abdômen e toca meus lábios, me impedindo de continuar. Seu olhar malicioso percorre todo o meu rosto, fazendo com que eu esqueça até como se pronuncia o meu nome.

— Vem, precisamos de um pouco de privacidade! — Diz enquanto pega minha mão e me conduz até o corredor vazio que leva ao vestiário. E, uau! Entre beijos e “amassos”, só consegui chegar em casa quase duas horas depois. A única coisa que me incomodou, foi a quantidade de fotos nossas que ela tirava enquanto nos beijávamos, mas esse é o jeito dela, ela faz esse tipo de coisa o tempo inteiro na escola.

******

— Chegou tarde ontem, hein rapaz!

Sabe como é a sua mãe, não conseguiu fechar os olhos enquanto não ouviu a porta do seu quarto se fechar. — Meu pai, abrindo as cortinas do meu quarto pela manhã, para ver se a claridade me despertava. Mas tudo que faço, é puxar a coberta para cima da minha cabeça.

— Parece que a festa foi boa! — Meu pai diz e puxa a coberta de uma só vez.

— O senhor não faz ideia! — Respondo ainda sonolento, apertando os olhos para escapar do sol que iluminou meu quarto.

— Que bom então!

Mas se continuar aí, vai se atrasar para o treino. — Ele diz e eu estico meu braço para alcançar meu celular na mesinha de cabeceira.

— Caramba! — Exclamo e me levanto apressado da cama, só tenho alguns minutos para chegar no treino e o treinador não tolera atrasos. Fico pronto o mais rápido que consigo, beijo o topo da cabeça da minha mãe na mesa do café e pego apenas uma torrada, saindo apressado enquanto ouço as reclamações dela por não comer antes de sair, e por chegar tarde na noite anterior.

Chego ao ginásio e encontro meus colegas no aquecimento. Cumprimento rapidamente o Peter, meu treinador, que me olha com desaprovação pelo horário, e me junto aos outros, que me cumprimentam com toques de mãos e dizendo que “mandei bem” na noite passada. O Breno não diz nada, apenas toca a

minha mão e continua seu alongamento, só aí me lembro que saí tão apressado que não conferi minhas mensagens, e ainda não sei se a Maya me respondeu. Olho em volta e estranho sua ausência na arquibancada, ela disse que viria ao treino, mas hoje só vejo algumas meninas com os rostos enfiados nas telas de seus celulares.

Sigo com a minha paixão pela música e pela guitarra, mas, confesso que desanimei de querer ser um profissional da área, ao perceber o pouco tempo que meu irmão passa em casa. A sorte dele, é que minha cunhada estava sempre junto, mas agora, com a minha sobrinha em idade escolar, minha cunhada

não acompanha mais a banda com tanta frequência. Sei que são felizes e meu irmão se sente totalmente realizado, mas entendi que talvez aquilo não fosse para mim, então, passei a me dedicar ao basquete e me tornei o ala-armador ou shooting guard, como diz o Peter. Ou seja, minha função é arremessar e pontuar,

e sou muito bom nisso.

Com o fim do treino, peguei meu celular na mochila e vi uma quantidade gigantesca de notificações de mensagens, mas fui direto em uma delas. Tinham duas mensagens da Maya, provavelmente enviadas quando acordou. Em uma, ela dizia que chegou bem e que só não respondeu porque dormiu rápido. E na

outra, enviada minutos depois, me parabenizava pela fama, me deixando sem entender. Mas fui interrompido pelo Breno antes que enviasse uma mensagem a ela perguntando sobre o que estava falando.

— Como se sente o astro do time de basquete, namorando a garota mais descolada da escola? — Ele pergunta e maneia a cabeça com um sorriso sarcástico no rosto.

— Namorando? Astro? Que palhaçada é essa agora? — Pergunto confuso e ele estica o braço me mostrando seu celular. E nele vejo as fotos dos beijos e um vídeo da barraca do beijo na rede social da Sabrina, e várias

pessoas parabenizando pelo namoro. Imediatamente entendi a mensagem da Maya e a quantidade absurda de mensagens no grupo da escola.

— Boa sorte com a Sabrina! — Breno diz e caminha em direção à saída, me deixando parado sem saber o que pensar.

— Breno, espera! — Chamo, e ele para de caminhar, enquanto me apresso para alcançá-lo.

— Soube que você acompanhou a Maya até em casa ontem... — Ele arqueia a sobrancelha esperando que eu termine de falar.

— Rolou alguma coisa entre vocês? — Sou direto e ele ri de canto ao me ouvir.

— Posso não parecer, mas sou um cavalheiro Benjamin. Não sairia por aí contando o que aconteceu entre eu e uma garota, ainda mais com uma princesa como a Maya. — Responde, pisca e volta a caminhar na direção da saída, mas para na porta e me olha por cima do ombro.

— Pergunta para ela! — Diz e some do meu campo de visão. E é isso que estou indo fazer!

Continua...

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