Capítulo 4

Benjamin

— Tem certeza que você e a baixinha não tem nada? — Breno pergunta quando me aproximo, enquanto observa a Maya rindo de algo que Samira fez ou disse por cima do meu ombro.

Breno, 17 anos

— Bom dia para você também! — Digo e troco toques de punho com ele e com os outros.

Somos amigos! O nome dela é Maya, se não se lembra, se eu fosse você, não a deixaria te ouvir chamando-a assim. — Ele me encara e ri de canto, quando ouvimos o sinal da escola.

— A baixinha é uma gracinha!

* E se está livre... — Sem terminar a frase, embora não precise, ele morde o lábio inferior e me vira as costas, para caminhar até a sala de aula. E ainda não sei o que pensar disso, mas é estranho ver o Breno interessado nela.*

Estamos em uma aula maçante de química e, acho que hoje a

única pessoa que não parece conferir o as horas a cada cinco minutos é a

Maya. Estão todos ansiosos para saber suas funções na festa e ela está

totalmente atenta a tudo que o professor diz, fazendo diversas anotações e

levando a caneta aos lábios toda vez que... bom, agora está sorrindo para mim,

por ter percebido meu olhar sobre ela. Retribuo o sorriso e volto minha atenção

para o professor, ou tento. Porque lembro que ela cogitou participar da barraca

do beijo e volto a olhar em sua direção, mas encontro o olhar, cheio de intenções, do Breno sobre ela.

O sinal de intervalo toca, e levantamos apressados na direção da porta, mas a minha amiga não. Ela guarda tranquilamente suas canetas no estojo, fecha seu caderno, estica os braços a cima da cabeça, cruzando e

estalando os dedos... sem a menor pressa.

— Anda logo gigante! — Provoco, e seu olhar falta pouco me queimar. Mas, finalmente, se aproxima e me acompanha para fora da sala, com todo seu desanimo.

— Não sei para que todo esse alvoroço, todo mundo já sabe como será. As garotas e os garotos bonitos serão escalados para a barraca do beijo, e os mais ou menos ficarão com todo o trabalho escravo, de venda e arrumação. — Diz e dá de ombros. Sei que ela está certa, mas parece que não sabe que é tão bonita quanto qualquer uma daquelas garotas.

— Então, me acha bonito? — Brinco e ela ergue seu queixo para me olhar, antes de socar meu braço de leve e passar a minha frente e entrelaçar seu braço ao da Samira.

***

* — Que cara é essa? — Pergunto no fim da aula, quando percebo sua palidez e seu olhar de sofrimento enquanto guarda seu material na mochila.*

— Cólica! — Responde ao se levantar e levar uma das mãos abarriga.

— Eu levo isso! — Digo e tiro a mochila de seu ombro, colocando no meu, junto a minha.

— Tchau casal! — Samira diz enquanto aguarda seu transporte na porta escola, atraindo alguns olhares na nossa direção, principalmente o do Breno, que acena e eu retribuo com um aceno de cabeça.

***

* — Tem bolsa de água quente? — Pergunto quando entramos em sua casa e ela se joga no sofá.*

— Acho que no armário do banheiro. Por quê? — Pergunta, mas não respondo. Largo nossas mochilas e a minha jaqueta no sofá, e vou até o banheiro em busca da bolsa.

— Toma um banho morno e veste algo mais confortável que essa

sua calça jeans justa. — Ordeno quando volto do banheiro com a bolsa.

— Benjamin, obrigada pela atenção, mas não estou doente. Vou esquentar nosso almoço! — Levanta do sofá ainda com a mão na barriga e olhos sofridos.

— Deixa de ser teimosa, Maya. Faz o que estou pedindo, pelo menos uma vez na sua vida. — Ele abre e fecha a boca para me responder, mas acho que sente dor, e contorce os lábios.

— Tudo bem, já volto. — Responde com a voz baixa e passa por mim, indo na direção de seu quarto. Dou uma olhada na geladeira, pego tudo que preciso para fazer uma salada, e acho peito de frango temperado em um recipiente. Coloco o frango para grelhar, preparo a salada e, quando estou terminando de arrumar a mesa, ela volta com os cabelos úmidos, cheirando a maçã verde, short e camiseta, bem confortável, atendendo ao meu pedido.

— Preparou nosso almoço? — Pergunta com um sorriso brincando em seu rosto, antes de roubar um tomate-cereja da salada. Afirmo com um movimento de cabeça e sentamos para comer.

***

* — Toma, deita aí e coloca isso na barriga. — Digo ao entrar em seu quarto segurando a bolsa de água quente, após lavar a louça do nosso almoço.*

— Tenho certeza que no quarto da minha mãe deve ter algum remédio. Preciso de algo de efeito mais rápido, precisamos estudar. — Diz e se arrasta para fora da cama.

— Relaxa garota!

Deita e coloca isso na barriga, não vai se automedicar. Sei que isso vai te ajudar, o treinador sempre nos faz usar quando temos problemas musculares no treino. — Não minto, jogo basquete e meu treinador,

Peter, ensinou algumas técnicas para aliviar a dor após um treino puxado. Ela obedece, eu pego o controle da TV e sento-me ao seu lado na cama, me recostando na cabeceira. Escolho um filme e ela deita a cabeça em meu colo para assistir.

— Vai ficar se achando se eu disse que você é o melhor amigo do mundo? — Pergunta sonolenta, abro um sorriso e beijo sua cabeça. Não demora muito até que ela adormeça, com sua barriga aquecida, e um carinho do melhor amigo do mundo em seus cabelos.

Continua...

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