Capítulo 11

Maya

— Está tudo bem princesa? — Breno pergunta ao nos esbarrarmos na saída do banheiro, ele saindo do masculino e eu do feminino. Ergo meus olhos até os dele e ele estuda meu rosto franzindo o cenho.

— Está, sim. — Respondo forçando um sorriso e dou alguns passos pelo corredor, na direção do pátio. Mas ele me alcança e caminha ao meu lado com as mãos no bolso da calça.

— Eu estava pensando... o que acha de darmos uma volta depois da aula? — Pergunta inclinando um pouco a cabeça para o lado para me olhar. Encaro seus olhos verdes e ele movimentas as sobrancelhas aguardando minha resposta.

— Por que cismou comigo? — Pergunto grosseiramente, ainda sob o efeito Sabrina.

Olha a sua volta, tem várias garotas olhando para você! — Digo ao reparar olhares curiosos pelo pátio na nossa direção. Ele dá de ombros.

— Mas eu só estou olhando para uma garota nesse momento. — Responde tranquilamente, sem precisar de tempo para pensar em uma resposta. Desvio meu olhar do dele e avisto, a uma certa distância, o Benjamin e a Sabrina agarrados próximo à cantina, e é claro que ela está fotografando o momento.

— Desculpa Breno, mas não vai dar, não estou em um dos meus melhores dias. — Respondo e me afasto, sem esperar que ele tente me convencer.

— Você demorou! — Samira diz quando me aproximo de onde está sentada devorando seu sanduíche. Dou de ombros, me sento de frente para ela, e encaro o lugar vazio na mesa, que costumava ser do Benjamin, e penso em tudo que a Sabrina me disse no banheiro. Ela nem precisa pedir para que ele se afaste de mim, isso já está acontecendo naturalmente.

— Não vai comer nada? — Sam pergunta, me tirando dos meus pensamentos, o que eu agradeço, pois, meus olhos já estavam tentando me trair lacrimejando.

— Estou sem fome. — Respondo e ela parece perceber minha tristeza, mas não questiona, me conhece bem e sabe que não quero falar agora.

— Parece que em breve termos um novo casal, o Breno não para de olhar para a nossa mesa. — Ela comenta e suga o canudinho do seu achocolatado de caixinha.

— Só se for você e ele! — Respondo e ela se engasga.

— Sabe que não estou interessada em me envolver com ninguém.

— Bem que eu queria que ele me olhasse como está olhando para você. — Suspira.

Maya, estamos no último ano... daqui a pouco terminamos a escola e um monte de responsabilidades cairão sobre nossas cabeças... eu acho que você deveria aproveitar um pouco mais as oportunidades que a vida está lhe dando.

 Você não precisa namorar com ele, nem sei se ele quer isso... Mas olha aquela boca! — Olhando para a mesa do Breno por cima do meu ombro. Sei que ela pode estar certa e, eu já olhei aquela boca, é realmente tentadora. Mas prefiro não começar nada, assim ninguém se envolve e ninguém se machuca.

— Estou fora!— Respondo.

— A carne só cai no prato do vegano!— Ela diz maneando a cabeça, me fazendo rir.

****

— Se importa de voltar sozinha hoje?

Combinei de ir até a casa da Sabrina. — Ben pergunta ao passarmos pela porta da sala no fim da aula.

— Claro que não, você agora tem namorada. — Respondo e dou alguns passos pelo corredor, enquanto ajeito minha mochila nas costas.

— Maya! — Ele me chama e quando me viro, vejo-o ao lado da Sabrina, que acabou de sair de sua sala.

— O motorista da Sabrina está a caminho, quer uma carona?

A Sá não vai se importar! — Pergunta e olha para ela procurando aprovação, e ela sorri docemente para ele.

— Claro que não, amor, sua amiga, é minha amiga também. — Diz com um sorriso falso na minha direção.

— Agradeço, mas eu... — Procuro uma desculpa rápida e convincente. Mas sou salva pela figura que sai da sala pendurando a mochila no ombro.

— Eu combinei... de sair com o Breno. — Respondo torcendo para que o Breno não desminta. Mas ele abre um sorriso, parecendo entender o que está acontecendo, ao contrário do Benjamin, que parece chocado com a minha resposta.

— Vamos princesa!

Até amanhã crianças! — Breno diz e pisca para o Ben, antes de se aproximar e passar o braço em volta dos meus ombros, me conduzindo para fora da escola.

— Me desculpe por isso, eu não queria ter usado você, eu só precisava... — Digo ao passarmos pelo portão e ele me interrompe.

— Eu sei, só queria se livrar da companhia "agradável" da Sabrina. Mas não tem problema, pode me usar a vontade, não vou reclamar. — Diz com um sorriso descarado no rosto. Maneio a cabeça e tiro seu braço do meu ombro.

— Até amanhã Breno, mais uma vez, me desculpe e obrigada por não desmentir. — Me despeço e dou alguns passos pela calçada.

— Ei, garotinha, onde pensa que vai? — Pergunta, mas não me viro, respondo por cima do ombro.

— Para casa! — Ouço seus passos e ele logo aparece ao meu lado.

— Nem pensar, eu disse que podia me usar a vontade, não disse que poderia me iludir.

Vamos tomar pelo menos um sorvete juntos. — Voltando o braço para meus ombros.

— A sua sorte, é que você disse a palavra mágica! — Digo e mordo meu lábio superior, ele me olha confuso.

— Que palavra mágica? — Pergunta e eu me desvencilho do seu braço.

— Sorvete, eu nunca digo não para um sorvete. — Respondo e ele sorri, colocando as mãos nos bolsos da calça, antes de caminharmos na direção de uma sorveteria na esquina de onde moro. E, espero que ele não interprete isso errado, só preciso me distrair um pouco.

Continua...

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