Capítulo 7

Maya

Não sei explicar o que estou sentindo, nem deveria sentir nada, vi o Ben beijar dezenas de meninas hoje e não fez nenhuma diferença. Mas talvez seja por ver a cara de bobo que fez ao fim do beijo, ou por ter sido com a garota mais insuportável da escola, ou por saber que por ela, ele tem sentimentos, mesmo que ela não os mereça... Não sei, só sei que preciso de ar, esse lugar está ficando cada vez mais cheio, já estou me sentindo sufocada.

Coloco a cestinha quase vazia na mesa dos professores e, sem muitas explicações, caminho pelo meio de toda aquela gente até a saída. Sento na beirada do muro baixo que suporta as grades altas que cercam o ginásio e fecho meus olhos, apenas sentindo a brisa da noite refrescar meu rosto.

— Você está bem? — Ouço uma voz conhecida e abro meus olhos.

— Estou, lá dentro está muito cheio, só precisava respirar um pouco. — Respondo erguendo suficiente meu rosto para encarar aquela figura enorme ao meu lado.

— Então não tem nada a ver com o beijo entre o Benjamin e a Sabrina? — Breno me pergunta e senta ao meu lado. Nossas pernas estão esticadas na mesma posição, mas a diferença de comprimento é gritante.

— Ao contrário do que muita gente pensa, eu e o Ben não somos um casal, somos apenas amigos. E amigos não se chateiam ao ver o outro beijando alguém. — Respondo para nós dois, pois também estou tentando me convencer disso.

No dia em que eu e o Benjamin “treinamos” o beijo, combinamos que ninguém nunca ficaria sabendo do que tinha acontecido, e nem tocaríamos mais no assunto, aquilo acabaria ali e seguiríamos normalmente a nossa amizade, como se nada tivesse acontecido. E foi assim por alguns meses, até o dia da minha festa de quinze anos.

Dancei a valsa com o meu pai, com o Bruno, com o Miguel, meu cunhado que eu amo, e com o Ben, os homens que fazem parte da minha vida. Mas, durante a nossa dança, nossos olhares pareciam magnéticos, era como se estivéssemos nos movimentando sobre nuvens, sem ninguém a nossa volta. E eu senti tanta vontade de beijar o Ben naquele momento, que agradeci aos céus quando a música acabou e as palmas nos despertaram daquele momento mágico.

As coisas entre a gente ficaram estranhas por alguns dias depois da festa, falávamos o essencial na escola e só, sem visitas na casa um do outro, sem conversas por mensagens que atravessavam a madrugada... Mas, por sorte, não conseguimos ficar muito tempo sem o outro, e, em menos de uma semana, já estávamos bem novamente, e nunca mais esse tipo de coisa aconteceu.

— Quer voltar lá para dentro? — Breno pergunta e brinca com uma das minhas tranças entre seus dedos longos. Mordo o canto interno da bochecha enquanto penso e vejo seu olhar estudando meu rosto.

— Acho que vou para casa. Meus pés já estão moídos de tanto andar de um lado para o outro com aquela cesta. — Respondo, lhe dando um breve sorriso.

— Você mora aqui perto, não é? — Ele pergunta e eu respondo que sim com a cabeça, enquanto me levanto e espano a poeira do vestido com as mãos.

— Eu te acompanho! — Se oferece, e eu nego imediatamente.

— Não precisa, são só dois quarteirões, e nem está tão tarde assim. E eu ainda tenho a opção de ligar para a minha mãe.—Respondo e ele se levanta, me olhando como se nada do que eu disse o fizesse desistir.

— Não vou deixar você andar sozinha por aí desse jeito... parecendo uma boneca!

Tem muito pervertido nesse mundo, sabia? — Pergunta, sendo divertido.

— E a barraca, a fila ainda estava enorme? — Lembro-o, para ver se ele se anima a voltar e desiste de me acompanhar, mas ele dá de ombros.

— Os caras dão conta das garotas, chega de beijos por hoje! — Responde e fita meus olhos coçando a cabeça, como se pensasse: “Falei besteira!”

— Eu quis dizer outros beijos, beijos de outras garotas. — Se enrola e eu contenho uma risada.

— Se você quiser me beijar... eu também quero, e quero muito! — Me surpreendo com a informação, mas, pelo menos, é sincero.

— Ah, obrigada, mas estou bem sem beijos! — Respondo e ele curva os lábios para baixo.

— Se me prometer que não está com segundas intenções, eu deixo que me acompanhe. — Ele franze o cenho e abre um sorriso faceiro.

— Desculpa, mas não posso te prometer isso, eu estou com segundas intenções. Mas posso prometer que não vou forçar nada. Mas, se quiser, assim, de repente, me beijar na hora da despedida... fique à vontade. — Cubro uma risada com as mãos, incrédula de toda aquela sinceridade distribuída em um metro e noventa de altura, pelo menos, é o que parece, olhando aqui de baixo.

— Tudo bem, vou confiar em você. E, não sei se sabe, mas, eu moro na mesma casa que um delegado. — Ameaço, mas de brincadeira. Ele engole em seco, mas não desiste. Pego meu celular e envio uma mensagem rápida para o Ben, avisando apenas que já fui para casa e que não se preocupasse, pois não voltei sozinha. E depois enviei uma para provocar a curiosidade da Samira, avisando que o Breno estava me levando para casa.

Embora tenha tido aquele momento de confusão sentimental, não posso dizer que a noite não foi divertida. Fui rindo até em casa com as histórias de vida que o Breno contava, e espero que meu julgamento a respeito da Sabrina esteja tão errado como a forma que eu julgava esse cara divertido a minha frente.

— Muito obrigada pela companhia! — Agradeço ao chegarmos a portaria do condomínio.

— Não me agradeça, foi um prazer conversar com você. — Responde e estuda meu rosto.

— Lhe digo o mesmo! — Aceno com a mão e dou um passo na direção da entrada.

— Ei, calma aí! — Exclama, segurando meu braço gentilmente.

— Sei que disse que não beijaria a minha boca, mas isso também inclui um simples beijo no rosto?— Pergunta curvando os lábios para baixo, fingindo tristeza. Semicerro meu olhar para ele e, ele se

abaixa, deixando a bochecha na altura dos meus lábios. Encosto meus lábios em sua pele macia e, é impossível não apreciar seu perfume, de muito bom gosto.

— Posso? — Pergunta, apontando para a minha bochecha, quando me afasto alguns centímetros do seu rosto. Balanço a cabeça permitindo e sinto um arrepio com o toque de seus lábios em meu rosto, e a leve carícia que seu polegar faz em meu ombro durante o beijo, que parece mais longo do que deveria.

— Boa noite, princesa!

Vou esperar você entrar. — Nos despedimos, eu entro fazendo uma nota mental, para parar de julgar as pessoas sem antes lhe dar uma oportunidade de mostrar quem realmente é.

Continua...

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Comments

User123456

User123456

Infelizmente Maya, isto é normal em todo ser humano julgar antes de conhecer.

2024-05-21

1

Milady

Milady

Isso aí Maya!
Nunca julgue um livro pela capa! 🙃❤️

2023-10-01

4

Milady

Milady

Isso aí!

2023-10-01

2

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