Maya
— Essa festa é do ensino médio sabia?
Não para crianças do sétimo ano! — Ben implica, quando apareço na sala da minha casa, onde ele conversava com a minha mãe e meu padrasto, usando um vestido típico de festa junina. Branco, rodado, com corações vermelhos, e cheio de babados e fitas, cabelo preso em duas tranças e batom vermelho, todo figurino escolhido especialmente para a minha missão, de cupido da festa. Reviro meus olhos e ignoro seu comentário.
— Está linda filha! — Minha mãe diz e o Bruno concorda.
— Aliais, os dois estão lindos! — Exclama e eu aproveito para reparar no figurino do meu amigo, que não tem nada de elaborado. Apenas uma calça jeans e um blusão xadrez branco e preto, com as mangas dobradas até o cotovelo, que... lhe caiu muito bem.
— Tem certeza que não querem que eu os leve até lá, já é noite? — Bruno se oferece novamente, pela quarta vez hoje.
— São só dois quarteirões, não se preocupe! — Respondo e me despeço dos dois com um beijo no rosto, antes de pegar minha pequena bolsa, atravessar a alça em meu corpo e puxar o Ben pela mão até a saída.
— Filha, liga quando terminar, vou buscar vocês. — Ouço minha mãe gritar, antes de passar pela porta.
— Ligo! — Respondo e fecho a porta apressada.
— Que pressa é essa? — Ben pergunta enquanto esperamos o elevador.
— A festa não pode começar sem o cupido! — Respondo quando o elevador se abre, e aproveito para conferir minha maquiagem no espelho do mesmo. Mas fico sem jeito quando percebo o olhar do Ben para as minhas pernas pelo reflexo. Nossos olhares se encontram e se desviam com a mesma velocidade.
********
— Não acha que exagerou no comprimento do vestido? — Pergunta quando recebo um assobio de um carro que passa por nós. E não tem nada de indecente no meu vestido, juro, está a apenas um palmo a cima do meu joelho. — Reviro os olhos e o ignoro.
— Pronto para beijar a noite inteira, Bebê? — Implico e ele faz uma careta.
Entramos e somos logo recebidos pela Sam, que está uma gracinha em seu vestido xadrez rosa e branco, e cabelo solto. Olho em volta e meu olhar encontra o do Breno, que está me lançando um sorriso exagerado. Aceno com a cabeça e puxo a Sam na direção de alguns professores, que estão em posse da cesta com pequenos cartões em formato de coração, que carregarei pelo resto da noite.
E o Ben vai direto para seu posto, na companhia do Breno, e só de ver os rapazes se aproximando da barraca, uma fila de garotas se forma, mas eles parecem se divertir com isso. O lado feminino da barraca também está bem representado, só estou estranhando a recusa da Sabrina para participar esse ano.
A festa começa a encher e, logo o meu trabalho começa, e ainda bem que estou usando um tênis confortável, pois perco as contas de quantas vezes caminho de um lado para o outro no imenso ginásio. Mas estou me divertindo com as reações que os cartões que entrego causam.
Olho a minha volta e vejo um aceno desesperado, e não é de alguém querendo os meus serviços de cupido, é da barraca de doces, mais precisamente, da Samira. Me apresso até ela, que me pede para ficar alguns minutos em seu lugar, e, sem questionar, assumo seu lugar até que volte. Me distraio com os clientes por alguns minutos e, ao olhar para a barraca de maior sucesso da noite, vejo a Sam grudada nos lábios do Ben, e sei que diz algo engraçado após o beijo rápido, porque vejo o corpo do meu amigo se sacudir, de tanto dar risadas, e ela volta saltitante até onde estou, abrindo um imenso sorriso ao se aproximar.
— Amiga, eu te devo uma! Muito obrigada! — Me agradece com exagero.
— Você não faz ideia do quanto aqueles lábios são macios! — Comenta fechando os olhos, como se tentasse reviver o momento em sua memória. E eu penso: — É, eu sei que são.
— E como ele é cheiroso! — Continua a elogiar. E, eu também sei disso, penso!
Sou salva por um grupo de meninas que me chama do outro lado do ginásio, e até que estava demorando, mas desta vez, os alvos são o Ben, e seus amigos da barraca. Dou a volta pela fila e entrego os cartões aos seus destinatários. Todos riem do conteúdo e voltam seus olhares para as remetentes, mas o Breno parece não se importar com o dele, e me direciona um olhar que me causa um arrepio.
— Eu quero responder! — Ele diz e eu lhe entrego a caneta decorada de fita vermelha, e um dos cartões em branco. Ele leva menos de um minuto para escrever e me entrega. Sorrio para ele e pergunto se mais algum dos rapazes pretendem responder, mas todos negam com a cabeça, e eu me retiro animada para entregar a resposta da garota bonita do segundo ano.
— Acho que isso é para você! — Ela diz desanimada quando abre o cartão para ler, e me entrega. No cartão diz: “Obrigado pelo interesse, mas hoje, apenas uma garota me interessa. Diga a “cupida” mais linda do mundo, que basta um, sim, e meus beijos não serão de mais ninguém está noite, apenas dela!”
Fecho o cartão sem coragem de olhar para trás e o guardo em
minha pequena bolsa. Mas a voz da Sabrina chama a minha atenção e volto meu
olhar na direção da barraca, tentando não encarar o Breno. Apenas presto a atenção
em mais um dos vídeos que a antipática está gravando, mostrando a fila enorme
para beijar os meninos, e, quando chega ao início da fila, pede para que uma das garotas que estava pronta para beijar o Ben, se afaste e, com a mão livre, envolve a nuca do Benjamin, colando seus lábios nos dele. E como se não bastasse passar à frente de outras pessoas, como se fosse a dona do mundo, não dá um beijo rápido como deveria, dá para perceber as línguas se movimentando em um beijo digno de “um vídeo”.
Continua...
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 81
Comments
Dina Faria
menina assanhada
2024-05-30
1
Telma Souza
vixe. oegoui
2024-04-30
3
Bernadete Lopes
Eita ferro!
2023-10-18
1