Com Amor, Vincent

Com Amor, Vincent

O alienado.

ERA UMA NOITE BASTANTE ESCURA E FRIA QUANDO TUDO ACONTECEU, Vincent lembrava muito bem isso. Conseguia sentir a adrenalina percorrer inteiramente seu corpo, porém, também sentia o ódio e o desprezo por si mesmo lhe dominar. Ao subir os degraus da varanda, sua mente estava vazia e a raiva eminente irrompeu em suas veias, envenenando seu sangue.

Ele estava tão cego pelo ódio, chegando ao seu ponto extremo: nada mais lhe importava. Nem mesmo a vida de Jennifer Grayson.

Ao destrancar e abrir a porta principal da casa, ele logo se deparou com a garota de belíssimos cabelos castanhos e olhos amendoados. O sorriso de Jennifer era, sem duvidas, o mais puro e arrebatador que já tivera a chance em ver em toda a sua vida. Porém desta vez, seus encantos falharam. Nada mais que a garota fizesse iria ter efeito sobre ele. E a última e mais dolorida lembrança de Vincent Vantoch era essa: o sorriso e o olhar reluzente de Jennifer Grayson ao recebê-lo, como se nada houvesse acontecido. No fundo de seus olhos, ele sabia que havia algo estranho. Como se um grande segredo escondido atrás de seus olhares brilhantes e sorrisos escancarados. Ele sempre suspeitou desse brilho incomum e de seu sorriso forçado ao vê-lo.

E de fato, ele a amava mais do que tudo em sua vida; havia encontrado no sorriso escancarado de Jennifer Grayson a sua razão para viver.

Mas...por quê ele a matou?

...~•~•~•~...

...Hospital psiquiátrico de segurança máxima, na Califórnia, 2009....

...|Vincent Vantoch|...

...5 meses após o assassinato....

A LUZ PARCA DO TETO SE REFLETIA CONTRA O PISO DE LINÓLEO. O detetive-inspetor Saul Harris caminhava pelos longos corredores da instituição, em busca da ala isolada e intensiva de psiquiatria. Há poucos dias retornara de suas relaxantes férias que tivera com sua esposa e seu filho no Havaí. Lá, estivera, de fato, em um paraíso insular, porém logo mais teria que retornar a realidade. E quando retornou, um novo e confidencial trabalho recaiu sobre si. Não pensava  em retomar seus trabalhos investigativos por um tempo, porém ninguém mais no Departamento Policial era tão qualificado quanto ele para resolver um caso como este.

Com seus colegas o bajulando e sem ter mais para onde correr, Saul Harris não teve outra saída. E menos de duas horas, uma parte do dossiê policial arquivado foi parar na sua mesa. Inicialmente, ele tentou voltar atrás, recusar a tal proposta, entretanto ao ler cada informação sobre o caso, ele sentiu-se instigado a continuar. E o ápice veio quando descobriu que uma das vítimas era integrante de uma das famílias mais ricas de Washington DC.

Agora, Harris tinha em suas mãos dois casos parcialmente solucionados, mas que ainda necessitavam de mais respostas, complementos: a triste história de Jennifer Grayson, uma típica jovem nascida na capital americana, de 22 anos, e que fora brutalmente assassinada pelo seu ex- companheiro, às 10:00 horas da noite do dia 20 de junho de 2009.

A garota era filha única de um político bem-sucedido, o qual ocupava a posição de primeiro-ministro. Já o segundo caso que tinha, tratava-se de Bradley ''Brad'' Smith Jordan, um jovem rapaz de 24 anos, assassinado no mesmo dia, às 10h35. Ou seja, alguns minutos após a morte da garota Grayson. E, ao contrário de Jennifer Grayson, Bradley não vinha de uma família de altíssimo nível. Ele nasceu e foi criado em uma família de classe baixa, entretanto sempre fora bastante esforçado em seus estudos, correndo atrás de seu grande sonho. Tornar-se um advogado de renome e respeito era o seu maior desejo. E bem, aparentemente não haveria motivos em conectar dois casos de assassinato entre duas pessoas completamente distintas uma da outra, porém fatos recém-descobertos pelos agentes de baixo escalão do Departamento, apontavam uma certa aproximação de Jennifer e Bradley.

Os mais próximos relataram o vínculo amoroso dos jovens, dizendo que os mesmos foram namorados no colegial. Talvez essa fosse a motivação que seu possessivo companheiro havia encontrado para acabar com a vida de Bradley. Mas por quê ele matou Jennifer Grayson?

— Eu sou o detetive-inspetor Harris, estou aqui para falar com o diretor do hospital psiquiátrico e também para visitar um paciente. – ele diz, exibindo o distintivo à recepcionista do local. A mulher teve um sobressalto. Estava prestes a tomar o primeiro gole de seu café descafeinado quando ouviu a voz grave e cortante de Harris. Ela quase engasgou.

— Oh! – ela gemeu, desconfortável, ao sentir a alva pele de seus seios ser queimada com um pouco do conteúdo que transbordara de seu copo. Saul elevou ambas as sobrancelhas. O detetive-inspetor era conhecido por ser muito exigente, perfeccionista e metódico em trabalho, e, por um momento, ficou se perguntando se a recepcionista realmente estava em seus melhores trajes para exercer suas funções na instituição. — Perdoe-me por isso detetive Harris. O senhor Louis já está o esperando. Ele está na ala privada de recreação.

— Ala privada de recreação?

— Sim, sim, é lá onde os enviados da polícia ou àqueles com um crítico estado de saúde mental passam as primeiras horas do dia após a refeição. Normalmente eles são mantidos em isolamento, para evitar atritos. – ela explicou, lançando um olhar sedutor à Harris, que imediamente mudou o foco de seu olhar. A mulher ficou frustrada com a nítida recusa do oficial.

Saul Harris estava com presa e também já não aguentava mais estar ali, então apenas assentiu em silêncio. Não queria que nenhuma outra mulher tentasse o provocar, exceto Nadia Harris, sua querida esposa. Olhando brevemente ao seu redor, ele logo chegou a conclusão de que aquela instituição era maior do que ele pensava ser. Olhou, logo em seguida, para o corredor que ficava mais além do balcão da recepcionista com trajes vulgares e decotados. Na parede branca e altiva diante de si havia uma placa, à qual indicava o caminho da ala de isolamento. Se seguisse por aquele caminho, com certeza conseguiria chegar ao seu local de encontro.

— Tenha um bom dia, senhorita. – ele disse, cordial, antes de caminhar em direção ao corredor e seguir as placas indicativas.

O telefone no balcão da recepção tocou. A mulher prontamente se colocou a atendê-lo, ignorando as últimas palavras ditas por Harris. O detetive-inspetor seguiu, despreocupado, pelos corredores extensos. Já fazia alguns dias desde que teve acesso a todos as informações possíveis que a polícia conseguira coletar do acusado Vincent Vantoch, e, desde então, sua cabeça não teve mais sossego. Em todo o momento sua mente era bombardeada com várias possibilidades ou teorias criadas por ele mesmo acerca do caso. Em um curto período de 5 meses após os homicídios, os casos foram mantidos em sigilo.

Os corpos passaram por necrópsias minuciosas, os laudos periciais foram entregues às autoridades, o sepultamento dos corpos não foi permitido, então os mesmos estavam sendo mantidos em conserva no laboratório da sede principal do Departamento em Los Angeles, e as provas foram arquivadas. As famílias Grayson e Smith estavam terminantemente proibidas em falar sobre algo que envolvesse ambos os assassinatos. Se algo vazasse, os repórteres curiosos iriam se aproveitar da situação para fazer uma grande ''manchete'', divulgando toda a história ocultada pelas autoridades californianas.

Ninguém poderia saber sobre Vincent Vantoch e suas atrocidades naquele momento. Ainda não era certo divulgar ao mundo o duplo homicídio ocorrido em uma cidadezinha tão pequena como aquela. E, por uma das vítimas ser filha de um estimado político, os curiosos exigiriam a todo custo a ação e competência da polícia. Harris poderia aceitar tudo, menos que alguem ficasse cobrando e exigindo o seu trabalho.

Seguindo seu caminho silencioso e com passos largos pelo longo corredor, não demorou muito para que Saul Harris avistasse uma grande porta, feita a partir de um aço muito bem reforçado. Havia dois homens armados, e estes mesmos empunharam suas armas ao detetive, dizendo-lhe, em um tom de voz, que aquela ala era restrita e apenas alguns funcionários ou visitantes com autorização poderiam entrar. Várias ordens de retorno foram dadas à Saul, porém ele as ignorou, pegando calmamente o seu distintivo que estava no bolso de sua calça.

— Eu sou o detetive-inspetor Saul Harris, do Departamento Policial da Califórnia. – ele disse, calmo. Os homens estremeceram ao ouvi-lo, e de pronto baixaram suas armas.

— Soube que o diretor do hospital psiquiátrico está na ala de isolamento, então, com certeza, não vim até aqui em vão. Preciso conversar com ele e interrogar um paciente.

Um dos seguranças retornou a sua posição anterior enquanto seu companheiro se colocou na tarefa em liberar a passagem de Harris ao interior da ala isolada. Fixado na parede havia um leitor de identificação, possibilitando a passagem apenas daqueles que possuíam uma espécie de cartão "especial". Retirando o tal cartão do bolso menor de seu colete, o segurança – denominado L. Drayton – exibiu um código contido na face superior do cartão ao leitor fixado contra a parede grossa e resistente. Saul Harris observou tudo em silêncio.

Um pequeno feixe de luz avermelhado deslizou sobre toda a extensão do cartão exibido pelo segurança, e então houve um barulho. As travas internas da porta de aço, que levava à ala de isolamento haviam sido abertas e logo a passagem abriu-se para Harris, que sem a mínima cerimônia infiltrou-se rapidamente no interior da mesma.

A porta fechou-se atrás de si; um baque surdo fez-se presente após isso. Direcionado seu olhar para mais adiante, Saul deparou-se com mais dois seguranças armados e mais um extenso corredor, repleto de celas individuais. Deslizando um pouco mais o seu olhar ao final daquele mesmo corredor, ele percebeu a presença de mais uma grande porta de aço, monitorada por uma câmera. Na placa acima da porta, Saul conseguiu ler com exatidão "ala de recreação". Era para lá que deveria ir, mas antes teria que passar por uma vistoria rápida. Ao contrário dos seguranças que faziam a monitoração na parte externa da ala, estes agora pareciam serem bem menos rudes. Ou, talvez, simplesmente souberam como reconhecer um oficial superior.

Seu corpo fora inteiramente apalpado; seus bolsos foram revistados, e sua arma havia sido temporariamente confiscada. Feito os típicos procedimentos de praxe, o segundo segurança que também estava na guarda, ofereceu-se para guia-lo até a ala recreativa dos internos. Em um corredor bem iluminado e um pouco mais estreito do que o habitual visto em outros centros de psiquiatra do país, o detetive-inspetor, de cabelos negros e alguns poucos fios grisalhos aparecendo nas laterais, bem próximos às orelhas, observou uma quantidade mínima de celas. Apesar do espaço disposto, ele contou apenas dez celas. Dez celas em ambos os lados.

Não havia nenhuma grade ou janela de vidro reforçado que desse visão ao interior de cada cela. Eram apenas dois lances paralelos com portas pesadas e de aço reforçado à prova de fogo, marcando a extensão de cada cela - que, na verdade, não passavam de simples cubículos onde os internos contavam com uma cama desconfortável e de ferro resistente fixado ao chão, um vaso sanitário, uma pia de inox e uma troca diária de roupas. Do lado externo das celas solitárias, a vistoria diária dos pacientes era realizada através da aberta de uma pequena portinhola -– por onde também os funcionários entregavam as novas trocas de roupas. O olhar impassível de Saul analisou minimamente cada umas das portas.

Na primeira parede de celas, para cada uma das portas, uma placa com o nome e a idade do paciente estava disponível. E de forma respectiva, os nomes eram: Louise Morrison, 48; Caroll J. Swan, 21; Fred Artz, 32; Mitchell Gunnar, 32; Igor Roman, 19; Jeffrey Rey, 52; Sarah West, 62; Alfred E. Sanders, 70; John Pollock, 45; Vincent Ambrose Vantoch, 32.

"Vincent Ambrose Vantoch", este era o seu nome, e, segundo a informação também contida na placa fixada na porta de sua cela, o mesmo contava com 34 anos de idade.

...(...)...

Chegando à porta no fim do corredor, o detetive esperou mais uma vez que o cartão "especial" do segurança que lhe acompanhava ter seu código reconhecido pelo leitor do equipamento fixado na parede ao lado de sua passagem, que logo mais se abriria. Por mais que fosse uma porta de uma grossa espessura e feita a partir de um material de alta segurança, ela não isolava completamente os barulhos internos. Parado atrás do segurança e analisando alguns poucos detalhes ao seu redor, o detetive-inspetor não pôde deixar de ouvir os barulhos abafados que vinham de trás daquela porta, que logo fora destrancada.

Talvez os alienados da ala ainda estejam em seus momentos recreativos., pensou Harris com indiferença.

Após soar um alarme, as travas da porta foram abertas, dando passagem ao detetive. Naturalmente Saul pensava que a partir daquela porta, ele apenas encontraria uma grande sala, onde haveria uma divisa entre os "doentes" e os responsáveis encarregados por aquela ala. Mas não. Elevando seu olhar acusador, ele de imediato se deparou com algo bem mais distinto do que julgava encontrar. Pensando que o reluzente piso de linóleo teria continuidade ao atravessar a porta, Harris se sentiu frustrado ao ouvir um barulho indiferente após a sola grossa de seu sapato se chocar contra o "piso". Foi como um barulho metálico, e, com isso, conseguira desviar a atenção do homem, aparentemente mais velho, que estava ali.

Não havia mais o piso de linóleo ou a sensação quente e aconchegante dos corredores aquecidos. Agora ele caminhava sobre uma plataforma metálica. O grandioso prédio da instituição contava com dois andares, e, até onde o detetive-inspetor conseguia lembrar, ele estava no segundo andar do prédio. E olhando mais diante, para além daquela plataforma metálica, ele pôde contemplar, de maneira ampla, a imagem de cada um dos internos. Eles estavam tão lá embaixo, que, por um momento, Saul julgou que a tal plataforma ligava o segundo andar ao primeiro, e, consequentemente, acabaria por levar quem quer que fosse até o pátio de recreação.

— Oficial Saul Harris? – perguntou o homem de meia idade. Saul assentiu, silencioso, a pergunta feita pelo mais velho. — Sou Louis Miligan, diretor-geral do hospital psiquiátrico.

O mais velho estendeu a mão à Saul, como um cumprimento, que, decerto, o detetive correspondeu com a mesma atitude.

— Peço perdão por não haver explicado muita coisa sobre mim quando lhe liguei hoje mais cedo. – disse Harris. — O Departamento está um caos. Dois casos de assassinatos, aparentemente ligados um ao outro, foram reabertos. Os meus agentes estão trabalhando como podem para recuperar as evidências arquivadas na sede principal do Departamento, em Los Angeles.

— Eu entendo – disse o velho homem, compreensivo. —, mas não penso que será fácil fazer Vincent falar algo além do que já sabemos e conseguimos repassar à policial. Ele se nega a falar qualquer coisa sobre a garota ou sobre a noite em que tudo aconteceu.

Saul Harris suspira profundamente, frustrado. Sem dúvidas, aquela seria uma tarefa difícil, bem mais do que Saul poderia ao menos imaginar.

— Se eu estivesse aqui antes, quando tudo isso começou, com certeza este caso já estaria solucionado e Vincent teria sua condenação por ter matado a ex-companheira. – o detetive diz com frustração.

— Sim, senhor. E ao que tudo indica, após o julgamento, ele cumprirá a pena nesta ala de isolamento do hospital psiquiátrico. – Louis diz, sério. — A data do julgamento está prevista para a segunda semana do próximo mês.

Uma risada aguda e psicótica fez-se presente, ecoando por todo o lugar. O olhar astuto de Harris fitaram o que estava mais além de si. Um grandioso pátio podia ser amplamente vistoriado do alto daquela plataforma. Sobre o chão grosseiro e exposto aos raios solares, vinte quadrados foram pintados em amarelo vívido. No interior de cada quadrado, o espaço contido era o ideal para cada paciente dependente da ala. Eram mantidos em distância uns dos outros, já que uma aproximação mínima poderia resultar em algum conflito, ou, na pior das hipóteses, um óbito. Saul não perguntou nada sobre a distância de cada quadrado, mas cogitou ser algo entre 2 ou 3 metros.

Novamente a risada perturbadora que ouvira antes, retornara a desviar sua atenção. No primeiro quadrado, à esquerda, havia um homem jovem. Um garoto, praticamente. O mesmo ria e gargalhava para o vento, pulava sem parar, agitando as mãos. Aquele era Igor Roman, o mais novo da ala. Como sendo um portador de psicose aguda, ele estava, naquele momento, vivenciando mais uma de suas crises. Com mais dois ou três metros adiante estava o espaço-limite de Vincent Vantoch.

Ele estava de costas, olhando para o nada. O olhar fulminante de Saul Harris o fuzilou. Com todos os outros, ele vestia uma camisa branca e uma calça larga na mesma tonalidade.

— Senhor Miligan, eu soube que Vincent está constantemente passando por novas avaliações mentais. Pode me dizer se há algum novo diagnóstico? – Saul disse sem sequer dedicar seu foco à Louis. Seus olhos estavam fixos à figura do homem.

— Nos últimos dois meses descobrimos bem mais do que poderíamos imaginar. -– o velho disse; seu olhar também se fixou em Vincent. — Realizamos o teste de Rorschach, o popular "teste do borrão", e conseguimos saber um pouco mais sobre a personalidade de Vincent.

Confuso, Saul eleva ambas as sobrancelhas e então indaga:

— Rorschach? Qual é a eficiência desse teste?

— Já é algo comprovado a eficiência do teste. Através deste novo método alguns traços da personalidade de determinado indivíduo é revelada. E com Vincent Vantoch não foi diferente.

— E então?

— Além de descobrir as fortes tendências suicidas de Vantoch, soubemos também sobre uma esquizofrenia ainda não específica, psicose aguda, pensamentos caóticos, episódios erráticos e de extrema violência. – ele explica. Harris o ouve atenciosamente. — Normalmente usamos uma medicação bastante severa: oito miligramas de Trilafom; trinta miligramas de Cipramil; e, vinte miligramas de Paroxetina, em casos necessários.

— Espera, essa medicação, Paroxetina, é um antidepressivo muito forte. Vincent também sofre com episódios depressivos? – o detetive indagou.

— Sim. Às vezes, quando está em sua cela, nós o ouvimos chorar e gritar o nome da ex-companheira. Ele diz que se arrepende muito pelo o que fez e que não consegue mais viver sem ela. – o velho diz. — E quando está em um estado como este, a tristeza acaba por deixá-lo muito agressivo. Então sempre somos obrigados a usar uma overdose de medicamentos fármacos.

— Não acha poderão matá-lo em uma dessas overdoses? – perguntou o detetive, retornando novamente o foco de sua atenção à Louis Miligan.

— Não, as dosagens são pequenas. Apenas algumas convulsões, espasmos doloridos, ou ações sedativas são causadas por estas dosagens. Não são suficientes para matá-lo.

O olhar de Harris fora atraído novamente à Vincent Vantoch. Desta vez o homem que necessitava interrogar estava de frente para ele, encarando-o. Suas expressões eram neutras ao fita-lo, ao menos Harris podia ter essa certeza. Parado no meio do segundo quadrado, à sua esquerda, o corpo de Vantoch aparentava estar trêmulo. Um sorriso psicodélico surgiu em seus lábios. Sem nenhum motivo aparente, ele começou a rir e gargalhar.

— Isso tá estranho. O que ele tem? – Saul indagou, apontando discretamente para Vincent.

— Estão todos drogados. – Louis Miligan disse, calmamente. — Ainda não temos os reforços necessários, então é preciso drogá-los antes de retirá-los de suas celas.

Sabendo que seu tão esperado interrogatório não iria acontecer, Saul Harris bufou.

— Ótimo. Vejo que meu interrogatório terá que esperar! – a frustração é nítida em seu tom de voz. — Senhor Miligan, eu tenho que retornar agora ao Departamento Policial, afinal, interrogar um drogado não vai me ajudar em nada. Voltarei outro dia e espero encontrá-lo sóbrio.

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Comments

Ana Silva

Ana Silva

será que Vicent realmente a matou ?

2024-04-09

1

corrinha

corrinha

isso porque os sintomas não são no organismo desse velho o Vincent deve sofrer muito

2023-10-24

4

Cecilia geralda Geralda ramos

Cecilia geralda Geralda ramos

este jeito de tratar não está correto ,isto droga_los

2023-09-09

2

Ver todos

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