Nunca mais. Versão Andreia.

Cometer um erro é sempre difícil.

Ser uma vítima é algo horrível, viver de cabeça baixa sendo humilhada, aceitando o desprezo dos outros para sobreviver.

Nunca erguendo a voz com medo das represálias, no final... Ah! Esse final...

Destruída pelas mãos de qualquer imundo que permitiu, seguindo a linha tênue entre ser bom e ser mal.

Quando se está muito tempo sofrendo injustiças vem as dúvidas sobre esse céu maravilhoso que descreve aqueles que acreditam em Deus.

Será que realmente devemos passar por todas as aprovações para provar que somos bons e merecedores do céu?

Levada ao limite da vida, retirando a própria vida para acabar sendo condenada ao inferno, pois meu sofrimento foi vontade de um Deus.

E dessa forma receber uma nova chance para obter minha vingança. Mas, isso foi contra a vontade daquele que me condenou ao sofrimento e, por ver o futuro, ser amaldiçoado.

Que seja!

Pelo menos não terei que derramar lágrimas e implorar para ser salva.

Sou eu que vou me salvar!

Abraçada com a única coisa que me mantém viva: meu ódio.

Saindo da casa de minha mãe, fui direto para a casa de Boris ver seu avô. Era esse meu plano, porém, do que adianta ir num lugar que está cheio de traidores. Eles já nem são a cabeça da organização, perderam seu direito por fraquejar.

No momento que os pais de Boris perderam a vida, deveriam saber que o mais forte domina os fracos.

Para proteger seu neto, esconderam a verdade, calaram os policiais e a imprensa. Puniram os inocentes colocando víboras ao seu lado.

Abrindo o caminho para o filho deixado de lado, que só estava esperando um erro para colocar todos ao seu lado.

A queda começa quando deixa as emoções atrapalharem seu julgamento.

Não são eles quem devo provar que sou capaz.

Por isso, fui onde está o centro de todo o poder, no local destinado para criar a segurança e cumprir a vontade do líder.

Cheguei no suposto orfanato recebido com armas apontadas para a cabeça.

Crianças que deveriam brincar, prontas para matar, é incrível como não sinto nenhuma intimidação. Sabendo que posso acabar morta e meu corpo jamais ser encontrado.

Entro pela porta recebida pelo chefe do local, um jovem que viveu a vida matando e não sabe fazer outra coisa.

— Como descobriu esse lugar?

A voz grossa e firme mostra os anos de treinamento em tortura.

— Este lugar já foi necessário, agora não passa de um problema.

O jovem franziu o rosto, apertando as mãos em ódio.

— Veio para nos desfazer? — Sarcástico.

— Por que faria algo tão estúpido? Vocês precisam de um mestre e eu preciso de armas, somos necessários uns para os outros.

Ele se surpreendeu recuando a raiva.

— Como nos encontrou? Para quem trabalha?

— Não trabalho para ninguém, tenho certeza que já verificou todo meu histórico, sabe tudo sobre mim e quem são meus pais. Também sabe que meu pai está tentando matar minha mãe, óbvio que vim até aqui, pois são os únicos que podem me servir.

— Por que faríamos isso? Temos nosso próprio mestre.

— Um homem tão ambicioso que vai matar a própria família para ficar no topo.

— É assim com todos.

— Tolice. Nesse mundo não tem espaço para vocês, em breve terão de ser descartados, ninguém nunca saberá o que essas crianças passaram, jamais saberão quantos de vocês moram aqui. Vão destruir todas as provas, sabe que vão fazer.

— É o nosso destino.

— Seus destinos? — Levantei indo para a janela vendo as crianças treinando pontaria. — Achei que fossem corajosos.

Recolhi meus objetos para sair quando meu braço foi segurado.

— Promete nos salvar! Farei tudo que pedir.

Fechei os olhos, desapontada com o desespero desse jovem.

— Não sou eu quem vai os salvar.

— Por que veio? O que quer em troca? Veio até aqui para nada? — Pergunta ansiosamente apertando meu braço então acerto um tapa forte no seu rosto.

— Acorde! Não são vocês que precisam deles, está tão acostumado a servir que esqueceu do seu livre arbítrio. É você quem aqueles garotos vão seguir, não homens arrogantes que se matam por um bocado de dinheiro.

Ele soltou o braço com os olhos firmes numa verdade esquecida por seu cérebro condicionado a obedecer.

— Escolha? — Sussurrou.

— Estou abrindo meu próprio caminho, não vou aceitar o destino que colocaram para mim.

— Me deixe seguir contigo. — Se ajoelha com a mão direita no peito. — Deixe abrir meu caminho.

— Não sou salvador de ninguém.

— Não preciso de salvador, quero fazer um caminho para essas crianças. Deixe que os jovens não sofram o que os mais velhos sofreram.

Por todos os lados da sala saíram pessoas, a maioria aproximadamente por volta dos 18 anos.

Jovens tirados da rua para se tornarem espiões e assassinos. Forçados a dormir com velhos para obter informações valiosas, ultrasecreta do governo.

Roubar projetos de outras empresas, matar algum idiota que abriu a boca demais.

Tiveram a vida destruída e sabem que não tem como voltar a ter humanidade, porém querem proteger os pequenos de passar por todas as suas dores.

Me entregaram todas as provas das tentativas de assassinatos do Patriarca da família. Amostra dos venenos potentes dado em doses diluídas para matar devagar o velho.

Documentos e documentos de todos, a serviço do filho abandonado pelo pai.

— Só isso não vai fazer ter controle da situação.

Analisando a situação e todos os envolvidos parecem não ter escapatória da morte. Retirar todos só os condenaram à morte mais rápido, a jogada foi tão bem planejada que muitos políticos como militares estão envolvidos.

Ninguém se importará com o velho e seu neto estúpido morrendo.

— A mina da sua mãe e tudo que precisam para começar a fábrica. Rios de dinheiro ficará nas mãos deles, uma área gigantesca de recursos minerais e o armazém de fabricação de armas.

— Leonel, bom trabalho.

Não podem seguir com o plano deles sem os recursos e a fábrica.

Para os colocar de novo ao lado da família e obter minha vingança, devo unir as forças.

Com as papeladas em mãos, convenci o velho de obedecer. Também disse do perigo que corriam, avisei que a morte bateria na porta, assim que fosse revelado todos os crimes.

— Preciso saber se meu neto vai abrir os olhos para a verdade.

— Vai arriscar sua vida por um idiota?

— Eu o estraguei. Quis proteger sua vida, então deixei de vingar a morte de seus pais. Sabia que iriam atrás dele, nunca confiei em Anabela.

— Se o idiota continuar insistindo em não ouvir?

— Que minha morte sirva para abrir seus olhos.

— Você é Estúpido? Ir tão longe...

— Farei qualquer coisa para o salvar.

Suspirei desistindo de o convencer, abrindo a porta para sair, dando de cara com o estúpido que levará sua família a morte.

— Andr... — Voz trêmula.

Ah! Então você também se lembra de tudo, melhor, dessa forma vai saber exatamente a causa do meu tratamento.

Como era de esperar, Anabela ligou para a família afim de impedir que se levantem.

Sabia que iria se movimentar, mas, não pensei que fosse tão rápido.

— Devemos agir, mestra?

— Não, espere.

Deixe aquele verme se desesperar da mesma maneira que gritei e implorei para não matarem minha mãe.

Essa cena, nunca mais, vai se repetir.

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