Objeto

Incrédulo por não terem me comunicado sobre a morte do velho, pego meu carro dirigindo a toda velocidade para a empresa. Foi recebido pelos antigos funcionários que me seguem até a sala da presidência, onde Andreia conversa em privado com meu tio.

Não dei oportunidade para explicações, com o taco de beisebol, quebro a mesa inteira, voando pedaços para todos os lados. Meu tio assustado recua por detrás das costas dela, o que me tirou mais do sério.

— VOCÊS PLANEJARAM ISSO! — Grito apontando a madeira para o rumo deles, destruindo tudo em volta no puro ódio. — ELE CONFIOU EM VOCÊ! TRAIU NOSSA FAMÍLIA! TRAIU SEU HOMEM!

— MEU HOMEM? — Gritou Sarcástica.

— SOU SEU MARIDO, INGRATA! — Cada palavra é destruído um objeto do escritório.

— Você nunca foi meu homem. — Encara meus olhos cheios de ódio.

— Planejou isso depois daquela noite? Ou foi antes do seu pai lhe vender como uma prostituta para mim? — Aproximo pegando seu queixo.

Ela virou o rosto retirando minha mão, seus olhos contém ódio puro.

— Viver como se estivesse morta, lembra?

Sua provocação fez meu sangue ferver ao ponto de quase lhe acertar com a madeira nas mãos, porém os seguranças vieram me segurar, impedindo de lhe tocar.

Meu tio aproveita o momento para fugir da sala, mando me soltarem ardendo em ódio indo para minha mesa, onde pego um objeto jogando no rosto da mulher.

— Tirem essa cadela da minha presença!

Os seguranças levam embora e fui atrás da minha única parente viva. Encontro minha avó no hospital psiquiátrico vivendo entre os loucos, falando coisa com coisa.

O ódio de ter deixado chegar nessa situação, levou a querer machucar Andreia, fazer pagar por toda essa situação. Imediatamente ordeno dar alta, levando-a para casa, ao chegar, Andreia estava arrumando suas coisas para fugir.

Mando as empregadas levarem minha avó para seu aposento, enquanto, de uma vez por todas, coloco essa mulher no seu devido lugar.

Entro no seu quarto fechando a porta, onde tranco o trinco, arrumando as mangas da blusa, pegando um chicote que uso para domar meus cavalos.

Ao perceber minha intenção, ela grita para sair do quarto, ameaçando contar tudo para a imprensa.

— Não seja ingênua. — Disse lhe dando o primeiro golpe.

Naquela tarde fico por várias horas corrigindo a postura dela, até que meus braços doem. Só paro quando ouvi a voz de Anabela que acabara de chegar da sua viagem.

Abro a porta e a recebo, entre choros, um longo abraço da saudade com tristeza. Havia passado vários meses do funeral, que não pude comparecer, pela maldade de Andreia. Nunca serei capaz de lhe perdoar, por retirar a chance de despedir do meu velho.

Terá de pagar por tudo o que fez de ruim, pelo menos foi o que pensei.

Durante o restante de nossas vidas ela simplesmente continuava causando problemas na casa. Procurando problemas com Anabela, por várias vezes tive de lhe trancar no quarto, não pude divorciar, dado o testamento que contém cláusula.

Só serei herdeiro quando tiver um filho com Andreia, além dela ser a verdadeira herdeira de tudo. Meu avô deixou tudo para minha esposa com pretensão de manter esse casamento. Se separar antes de completar cinco anos de casados sem nenhum filho, Andreia leva tudo.

Não acreditei ao ver que continha minha assinatura e a dela, então lembrei do Casamento e do estranho padre. Fui enganado no próprio casamento para assinar os documentos.

— Dessa maneira ela levará tudo. — Fala Anabela.

— Não irei deixar que essa maldita leve um centavo meu. Farei que tenha um filho de outro homem.— Respondo cheio de raiva.

— Não vai funcionar, a cláusula diz: seu filho, vão fazer teste de DNA para comprovar.

— Se ela me trair, tenho motivos para pedir divórcio.

— Ninguém vai aceitar isso, dado que estou vivendo como sua amante.

— O QUE QUER QUE FAÇA? DURMA COM AQUELA IMUNDA?

— Pelo nosso bem, por favor faça.

Afasto de Anabela indo para meu quarto, onde deito na cama com a possibilidade desse amor ser mentira. Bebo muito a noite inteira e no meio da madrugada acabo ficando com muito ódio de todo ocorrido. Quis vingança contra a mulher que me amo, fazendo se sentir miserável da mesma maneira que sinto. Invadindo o quarto da Andreia para cumprir com seu desejo.

Tudo que tenho de fazer é engravidar que assim seja. Abri a porta do quarto e lá estava, Andreia, esperando com uma adaga nas mãos, dessa vez está determinada a matar. No rosto, sombra de pavor, entre angústia, ri de sua miséria, nada do que fizer vai mudar o fato de ser um cordeiro em minhas mãos. Quando tomei a faca de suas mãos e os olhos dela ficaram apavorados, tive uma leve pena, apagada pela sensação do ódio. Despejo toda a frustração no corpo suave debaixo do meu, deixando minha marca na extensão da pele de porcelana.

Entre tapas, mordidas e a forma que pode se defender, chorando e gritando, inutilmente.

Os dias passaram ao invés de procurar Anabela, indo para o quarto de Andreia, que estava viciado no seu belo rosto choroso enquanto lhe devoro para seu desespero.

Esperava que Anabela ficasse chateada por ter lhe trocado, porém, sempre estava bem, mandando o médico comprovar a gravidez no dia seguinte.

Deu vários tônicos para que a criança fosse gerada, obrigou Andreia a fazer tratamento para conceber meu filho, nada deu certo.

Nossos planos estavam sendo jogados fora, o único modo de se livrar dela foi planejar sua morte. Anabela tentou várias vezes argumentar para essa ideia, nego diversas vezes, o que lhe deixa em fúria. Estava gostando de vê-la com ciúmes da outra, passando a ficar acordada para impedir que passasse a noite com ela, na porta do seu quarto, no corredor com os braços cruzados, Anabela aguarda raivosamente.

— Aonde está indo?

— Cumprir minha tarefa.

— Está de brincadeira? Ela nunca vai gerar um filho! Não precisa se deitar com ela, precisamos lhe matar!

Ela está cada vez, fora de si, vendo como perdeu seu lugar, quis lhe castigar por me obrigar a possuir alguém que jamais desejei.

Firme, continuei meu caminho, ignorando-a quando senti suas mãos suaves deslizando no meu corpo. O cheiro do perfume caro que gosta de usar e a bela pele sedosa enroscada no meu, queria lhe possuir, porém, ao sentir seus lábios, já não é saboroso.

Afastei dela, à procura do meu novo objeto de prazer. Entro no quarto e Andreia não estava para meu desespero. Por um momento pensei que havia fugido quando notei sua sombra na sacada, estava de pé com as mãos na mureta chorando.

Fiquei parado no canto da parede, ouvindo seu choro até ela adormecer. Peguei seu corpo que estava começando a gelar, deixando na cama coberta. Não pude fazer o que vim fazer, cuidando dela com a alta febre que contraiu, por ficar exposto por muito tempo frio.

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