Inverno

Um noivado às pressas, sem muitos convidados, nem arranjos lindos de flores ou glamour do jantar.

Algo tão simples que parece lamentável, parecendo um teatro para os espectadores.

Presença de jornalistas populares das revistas de fofocas, tudo o que consegui obter, pelo mundo todo está de olho na sensação do momento.

Ignoraram de propósito esse evento, mesmo com tudo ruim, fico feliz de estar noivando com Andreia.

Ao ponto do meu coração sair pela boca, as palmas de minha suando, inquieto e sorridente.

Meus velhos nos abençoaram e fotos foram tiradas com a família perfeita que recebe uma mulher simples.

— Está maravilhosa.

Andreia não respondeu ao meu elogio, conversando com os poucos jornalistas. Fazendo o papel da futura esposa, deixando claro que o relacionamento não é por amor.

Os rostos deles queimam da fortuna que será vendida no outro dia, uma notícia escandalosa da família mais poderosa da Itália que se estabeleceu na Rússia através do casamento forçado.

"A filha ilegítima com uma poderosa família russa descendentes de italianos."

Era como voltar tempos atrás quando a primeira união entre os conglomerados se fez.

NDrangheta considerado "homens de honras" , com um código simples de nunca trair sua esposa, havia tido uma criança ilegítima.

Está informação valiosa sai diretamente da fonte, através do noivado privado. Observaram tudo ao redor, para criar uma matéria que fará meu tio ser o herdeiro da casa.

Tudo planejado com cuidado, as intenções deles bem claro nos olhos impiedosos. Andreia não se importou na forma como foi tratada por eles. Moderada e elegante sendo uma dama em meio aos lobos, por isso ficamos surpresos quando sua prima apareceu no meio da festa com um buquê enorme de flores nas mãos.

Uma jovem formosa de cabelos cacheados castanhos e os olhos na cor de mel, uma beleza única para alguém da cor mais escura. Seu sorriso brilhante e os olhos puros de inocência, carregando um buquê que cobre o rosto todo.

— Buonanotte cugino. ( *Boa noite, prima) Spero di non essere troppo in ritardo. ( *Espero não ter chegado tarde) .

— Benvenuto. ( *seja bem vinda)

A garota pulou em cima de Andreia sorrindo, muito contente, na outra vida não soube de alguém da sua família que tivesse carinho por ela. Foi surpreendente ver alguém aparecer nesse noivado, alguém tão brilhante e puro que faz sentir sujo.

— È questo lo sposo? ( *Este é o noivo?)

— Purtroppo. ( *Infelizmente)

Vendo elas socializarem e sorrirem fiquei quieto fingindo entender o que dizem, sentindo um pouco apreensivo o olhar da jovem em cima de mim, analisando meu rosto e corpo.

— Boa noite, sou Melissa. Prazer em conhecê-lo.

— O prazer é todo meu, senhorita Melissa.

— Não precisa me chamar de senhorita, cunhado.

— Cunhado?

— Espero que possamos nos dar bem.

— Claro que sim.

Melissa tem por volta de seus dezesseis anos, curiosa como qualquer outra garota de sua idade, olhando para a mansão de cima a baixo. Uma criança adorável que recebeu um carinho enorme da minha mulher.

Tratando como uma irmãzinha querida, no entanto, um pouco atrapalhada, esbarrando em tudo e quebrando jarros caríssimos, vindo com as orelhas baixas num olhar perdido pedindo desculpas.

Queria ter uma filha parecida com ela, uma graciosa menina cujo fosse seu mundo.

Meus avós também se simpatizam com a garota, a casa triste virou um campo de risada com um ambiente familiar que se perdeu.

Esse momento caloroso, tinha se desfeito, por muito tempo, foi maravilhoso sentir esse calor de volta, trazido pela mulher que arruinei.

Foi pesado para mim sentir de novo essa emoção, tive de sair para a sacada respirar ar puro. Esmagado meu coração com várias sensações diferentes, medo de isso ser um sonho ou tudo desaparecer novamente igual aconteceu.

Vindo um pânico dentro de mim, a sensação de estar traindo meus pais por está feliz, quis entrar, destruir tudo, acabar com essa paz e voltar para o meu lugar seguro, onde não serei ferido.

— Cunhado?

Não percebi estar chorando, trêmulo engasgado com minhas lágrimas. A doce menina me abraçou acompanhando de palavras doces que me fizeram desejar ainda mais uma filha.

— Tudo vai ficar bem. Não chore cunhado. — Limpa o rosto com um sorriso gentil.

— Oh, céus!

Seu sorriso foi tão reconfortante que me desmanchei em prantos, perdido entre várias dores diferentes que sinto.

Fui traído, abandonado, sempre sendo forte e o melhor em tudo. Tive de aprender se proteger contra várias tentativas de assassinatos, erguendo a cabeça de frente, sem compaixão ou piedade.

Para dizer a verdade talvez na outra vida nunca tenha amado ou sido amado. Me agarrei no minúsculo sentimento que me demonstraram, nesse dia tudo que estava de pé se rompeu em pedaços.

— Cunhado, por que está tão triste?

Olhei para os olhos pequenos, confusos pedindo para nunca sentir esse vazio e desespero na alma.

Minha alma junto de Andreia está no inferno queimando em agonia, aterrorizados pelos pesadelos, as sombras do passado que nos atormenta.

Todavia, sigo fazendo o mal para ambos, não sei como consertar nosso relacionamento, evitar suas lágrimas e seu sofrimento sem a libertar desse relacionamento.

Daí querer seu amor é algo egoísta de minha parte, não justifica minhas ações o meu sofrimento.

Aceito de bom grado ficar sozinho no meio da escuridão.

— Cunhado?

Olhar essa menina e desejar ter uma criança pura, querendo ter uma filha igual, só me tornará um demônio. Jamais vou querer minha filha sofrendo por minhas ações.

Este sonho deve morrer junto com essas lágrimas, não devo pedir mais do que tenho.

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