— Acho que você não deveria ter ido atrás dele, não foi nada prudente!
— Tem certeza que você está em condições de me falar sobre prudência? Afinal, você não confiou em mim e decidiu sozinha que deveria ceder à chantagem daquele homem.
— Tem razão..........me desculpe! — Diz Elisa em tom muito baixo e fraco.
Elisa se afasta de Murilo e vira as costas, pois sabia que o que tinha feito a acompanharia para o resto da vida. Entendia perfeitamente a atitude de seu marido, e não podia exigir que ele a perdoasse tão facilmente. Sabia que ele era muito melhor do que ela merecia, pois era a segunda vez que ela agira de forma desonesta com ele.
— Murilo...........eu sinceramente não espero que me perdoe, sei que o que eu fiz passou dos limites, e acho também que nossa convivência ficará difícil, e não podemos deixar respingar em nossos filhos.
— Acho que é a primeira vez, depois de muito tempo, que eu concordo com você. Apesar de eu ter ido atrás daquele canalha e “socado” a cara dele, e dito que ele jamais se aproximasse de você, eu não consigo digerir tudo o que aconteceu, não consigo! Não me sinto egoísta em pensar também em mim, e não somente em nossa filha, pois meus sentimentos também importam, mas sinceramente, não consigo a olhar do mesmo jeito.
— Nem eu mesma consigo me olhar no espelho.......entendo o que está sentindo. Esse é um peso que terei que carregar para o resto da vida, enquanto eu viver vou me lembrar o que fiz. Quando eu era jovem e me entreguei àquele verme, eu tinha o argumento de que era ingênua, inexperiente, mas agora...........por mais que eu tenha somente pensado em minha filha, eu tinha que ter te contado, nunca vou me perdoar por isso.
Elisa chorava muito, pois estava colocando para fora toda sua angústia, e em outras palavras, ela e Murilo estavam colocando um ponto final no relacionamento deles.
— É o fim, não é? — Pergunta Elisa, já sabendo a resposta.
— Acho que sim! Não podemos continuar com isso, pois a cada briga ou desentendimento, vamos acabar jogando na cara um do outro nossas mágoas, e consequentemente nossos filhos vão acabar se prejudicando, e nesse momento, temos que ser maduros o suficiente, devemos agir com sabedoria. Não quero viver num lar cheio de brigas, desentendimentos e acusações.
— Eu concordo com você. Se é o que quer, amanhã mesmo sairei dessa casa. Sei que ama esse lugar, então nada mais justo do que ficar aqui, eu posso muito bem alugar um lugar menor para mim e para nossos filhos.
— Eu amo sim, esta casa, mas é pelo simples fato de que você e nossos filhos estão aqui, mas ficar aqui sem vocês, não faz o menor sentido. Prefiro que fique aqui com eles, afinal, Breno ama o gramado, e a piscina, tem espaço de sobra, e a Liz adora seu quarto enorme, não quero que mudem a vida deles por minha causa, eu posso muito bem ir para um flat.
— Como quiser.........Eu jamais imaginei que fossemos nos separar algum dia, achei que fosse para vida toda.
— Eu também achei, Elisa, mas somente o amor não basta. A confiança tem que ser mútua, e nem eu e você confiamos mais no outro, não é? Você não confiou em mim para resolver o problema com aquele verme, e eu não confio mais em você, depois do que fez.
— Apesar de esta conversa estar sendo muito difícil, eu concordo com tudo o que está dizendo. Nós dois deixamos algumas brechas em nosso relacionamento, e sei que a maior parte foi culpa minha. Eu queria poder voltar no tempo e fazer diferente, mas não posso, agora terei que arcar com as consequências do meu erro. Espero sinceramente que você me perdoe, algum dia.
— Nós dois estamos machucados, é muito cedo para qualquer coisa. Eu vou tomar um banho, curar esses ferimentos, e depois vou arrumar uma mala com o essencial, não quero fazer isso amanhã, pois não vou aguentar me despedir dos meus filhos. Depois eu volto e explicamos tudo com calma.
— Como quiser.
Murilo passa por ela sem a olhar nos olhos, entra no banheiro e fecha a porta atrás de si. Elisa cai no choro mais uma vez, pois depois de dezessete anos casada com um homem maravilhoso, seu sonho havia terminado.
Elisa observava seu marido arrumar suas malas apressadamente, ele enfiava algumas peças de roupa em uma pequena mala e não a olhava. Ela chorava silenciosamente, sentia seu coração se rasgando, não sabia se conseguiria suportar, mas deveria ser forte por conta de seus filhos. Assim que Murilo termina de arrumar suas coisas, ele para em frente Elisa e a olha uma última vez, tinha lágrimas escorrendo, e sua aparência era de angústia.
— Esse é o nosso adeus, não é?
— Acho que sim!
— Cuide bem dos nossos filhos, e se precisar de qualquer coisa, não hesite em me dizer, eu sempre serei presente na vida deles.
— Eu sei, não tenho dúvidas disso.
— Quando estivermos mais calmos, virei até aqui para conversarmos com eles, por enquanto, diga apenas que tive que viajar a trabalho.
— Está bem, como quiser.
— Adeus, Elisa!
— Adeus, Murilo!
Murilo atravessava o quarto e se encaminhava para a porta, antes de abri-la, ele para por um instante com a mão na maçaneta, e se volta para olhá-la pela última vez. Seus olhos estavam tristes, assim como os de Elisa.
No instante em que ele abre a porta, ela ainda o chama, uma última vez.
— Murilo?!
— Sim?! — Ele responde se virando para ela.
— Obrigada por tudo. Obrigada por ter me dado os melhores anos de minha vida. Obrigada por seu amor e cuidado, sempre. Independentemente de estarmos nos separando nesse momento, eu o amarei enquanto eu respirar, o amarei para sempre.
Murilo não diz nada, em certo momento parece que ele ia dizer alguma coisa, pois seus lábios pareciam querer dizer algo, mas ele desiste, pois somente a encara por um longo tempo, e em seguida sai porta afora. Elisa sente seu coração fora do peito, chorava muito e sentia que sua vida não tinha sentido sem Murilo. Ela olha para a enorme cama deles, e se lembra que em dezessete anos de casamento, nunca tinham dormido separados, uma única vez sequer.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Ameles
o grande erro foi não ter contado pra ele
2024-11-27
0
Ameles
ele como sempre um cavaleiro
2024-11-27
0
Anonyamor
Que triste, que angústia que sofrimento aquele verme crápula exigiu pra satisfazer um capricho e humilhar a Elisa pra ter o gosto de ter ela debaixo dele pra provar mais uma vez o qto era cafajeste ordinário e viesse destruir um relacionamento de anos......
2024-09-29
1