Na semana seguinte, ao sair da universidade, Elisa nota um rapaz dentro de velho fiat 147, modelo de 1976, a chamando do outro lado da rua, e ao olhar mais atentamente, ela percebe que era Júlio. Elisa acaba indo ao encontro dele, mesmo não se sentindo muito à vontade, mas Júlio a chamava de forma insistente, e ele já chamava a atenção de tanto que gritava o nome dela. Elisa atravessa a rua movimentada de forma apressada e o cumprimenta com um sorriso sincero, nem mesmo ela sabia o motivo do sorriso, pois mal o conhecia.
Júlio era insistente, e mesmo Elisa tendo recusado por diversas vezes sair com ele, e dizendo que não queria que ele fosse busca-la na porta da universidade, pois tinha conhecido alguém, ele dizia a ela que não tinha mal algum em serem amigos, ele não aceitava ser contrariado, parecia um chiclete, de tão pegajoso, ele a cercava de todas as formas possíveis, o que fazia com ela cedesse, apenas para ele não continuar a insistir, ele literalmente a “ganhava” pelo cansaço.
Para Júlio, ela acabara se tornando um desafio, pois enfiara em sua cabeça de que ainda iria fazer com que ela cedesse.
Júlio repetiu essa atitude pelas próximas semanas e a cada dia que ele ia buscar Elisa na universidade, os dois iam a lugares diferentes, ele tinha mesmo lábia, pois em questão de dias, já havia conquistado a confiança dela, pois ele falava o que ela queria ouvir, parecia interessado em suas dúvidas juvenis, a ouvia fingia interesse em suas histórias, e em pouco tempo, ele já havia conquistado sua confiança. E Elisa, como era apenas uma jovem de dezoito anos, cheia de dúvidas, sonhos e sem experiência alguma, de deixara levar pela conversa fiada dele.
Os dois iam tomar sorvete, iam ao cinema, ou simplesmente paravam em algum lugar público e ficavam conversando, Júlio era habilidoso, a elogiava, a fazia rir, e fazia com que ela se sentisse a garota mais especial da face da terra, mas usava a desculpa de que eram apenas amigos. Quase um mês depois dessa rotina, em mais um dos dias em que fora buscar Elisa na universidade, Júlio parecia determinado em dar um passo a diante na relação de “amizade” dos dois.
— Quer carona, morena?
— Está bem, aceito!
Elisa entra no carro dele e os dois passam a conversar, Júlio estava especialmente alegre naquele dia, tinham um brilho diferente nos olhos, mas ainda assim, fazia Elisa dar boas risadas, e ela apreciava isso, já que enfrentara muitas dificuldades ao lado de sua mãe, e em alguns aspectos precisara amadurecer mais do que o normal. Não achava que estava traindo Murilo, pois era somente amizade o que ela e Júlio tinham, pelo menos, essa era mentira que contava para ela mesma.
— Posso te levar em um lugar especial, morena?
— Por que, não?
Júlio muda a rota e segue estrada afora, e em poucos minutos, os dois chegam a uma praia deserta que quase ninguém conhecia, pois mesmo ela tendo crescido perto dali, nunca havia sequer ouvido falar daquele lugar. Ao descerem do carro, Elisa sente a brisa suave que soprava, à sua frente uma imensidão de água se abria.
— É relaxante, olhar para o mar, não é?
— Sim! Eu sempre venho aqui, morena. Queria te mostrar meu lugar preferido.
— E por que queria me mostrar?
— Por que eu gostei de você! “Tô” amarradão em você! Neste exato momento vou te beijar, eu quero muito você, boneca!
Júlio se aproxima dela e a agarra com força, seus lábios eram famintos e buscavam os dela com impaciência. Elisa não conseguia raciocinar direito, sentia que era errado, mas ao mesmo tempo estava gostando de descobrir o gosto de Júlio, pois começara a nutrir sentimentos por ele. O beijo entre eles, fora completamente diferente do que ela havia experimentado com Murilo, seus sentimentos estavam confusos, mas ela estava gostando da sensação. A razão acaba abandonando seus pensamentos completamente, e ela então, dá vazão a um desejo jamais sentido.
— Eu quero você, morena! Você é a garota mais bonita que eu conheço. Não sabe como tenho me controlado, mas quero ter você agora mesmo. — Diz Júlio, ofegante.
Elisa nada responde, ficara assustada, pois não imaginara que sua primeira vez chegaria tão cedo, e ainda mais de forma tão inesperada. Por um breve momento ela tenta raciocinar, mas acaba deixando se levar por um fogo que jamais havia sentido, nem mesmo com Murilo sentira algo parecido.
Havia gostado e muito de seu primeiro beijo com ele, mas Júlio era completamente diferente, despertava nela sentimentos desconhecidos, ela perdia a razão completamente. Ela não sabia exatamente o que deveria fazer, pois de um lado pensava em Murilo, e de outro, sentia um fogo crescer dentro dela. Júlio não dava espaço para ela recusar, pois já ia a acariciando e a deixando tonta, ele a faz se deitar na areia da praia e começa a beijá-la com pressa, era impaciente, os corpos dos dois estavam arrepiados.
— Eu nunca fiz isso antes, Júlio!
— Não se preocupe, aposto que vai gostar, eu sei fazer direito!
Júlio então começa a despir Elisa de forma apressada e ali mesmo, na areia da praia, ao final da tarde, Elisa acaba se entregando a ele. Ela havia finalmente experimentado a sensação de estar nos braços de um homem, mas fora tão rápido, e de certa forma decepcionante, pois Júlio havia sido um tanto quanto afoito, pois parecia meio impaciente com ela, que não sabia exatamente o que havia sentido, não sabia se era daquela forma que as mulheres se sentiam, pois ela era inexperiente, ele nem mesmo havia sido cuidadoso, pois ao sentir uma dor inicial, e ela pedir que ele fosse mais devagar, ele simplesmente a ignorara, apenas queria satisfazer a si próprio.
Depois do momento partilhado, Júlio parecia apressado, ele nem bem saiu de dentro dela e já ia se levantando e se vestindo, havia mudado completamente seu comportamento com ela, parecia até que ele a detestava. Ao entrarem no carro dele, para irem embora, Elisa se sentia decepcionada, pois ele parecia distante, e não a olhava mais ou falava com ela, e em suas fantasias, ela havia achado que eles iriam ficar juntos para o resto da vida.
Mesmo assim, ao retornar para sua casa, Elisa tinha um sorriso bobo nos lábios, pois achava que estava apaixonada por Júlio, não podia mais negar. Ao encontrar sua mãe na cozinha, decide finalmente contar tudo o que estava acontecendo no último mês, pois ela nem ao menos havia mencionado a existência de Júlio para sua mãe. Depois de passar mais de uma hora contando tudo, nos mínimos detalhes, inclusive que tinha se entregado a ele, e a atitude distante dele depois de terem transado, Marta finalmente se pronuncia.
— Eu não acredito que tenha feito isso, minha filha!
— Eu sei que foi imprudente, mas eu simplesmente senti que era a hora! Acho que estou apaixonada pelo Júlio!
— Apaixonada, Elisa? Meu Deus!........E ele? Esse tal de Júlio está apaixonado por você? Ele tocou no assunto de namoro, ou compromisso? Pois pelo que me contou, ele apenas se aproveitou de sua inexperiência......Ah, minha filha, tomara que você não sofra!
— Bem, não falamos sobre namoro..........Mas tenho certeza que depois de termos transado, ele com certeza vai querer se casar comigo!
— Meu Deus, Elisa! Que mundo você vive? Não acredito que tenha sido tão ingênua desse jeito! Sempre me orgulhei de tê-la instruído sobre tudo, sempre quis que confiasse em mim e me contasse tudo, mas dessa vez posso dizer que estou decepcionada! Não vê que esse rapaz a usou? Já pensou como o Murilo vai se sentir? Ele foi para os Estados Unidos confiante de que assim que voltasse, você finalmente aceitaria um pedido de namoro dele.
— Eu sinto muito, mãe, mas eu me apaixonei, e quem manda no coração?
— Eu espero sinceramente que você não sofra, minha filha. Espero que esteja preparada para as consequências de seus atos, porque com toda certeza, terá! Tomara que esse tal de Júlio seja um bom rapaz, o que eu sinceramente acho que não é, ou então, você vai sofrer muito. Não quero ser a estraga prazer, mas eu não tenho bom pressentimento........que decepção!
Elisa ouvia sua mãe falar de um jeito amargurado, sentia medo daquelas palavras, mas tinha certeza que Júlio não iria a descartar, tinha certeza que ele também estava apaixonado por ela. Ou não estava?
Nas próximas semanas, Murilo tenta falar com Elisa, mas ela simplesmente o evitava, toda vez que ele ia até a comunidade e pedia para vê-la, ela pedia que sua mãe dissesse que estava dormindo, ou então tinha saído. Quando ele ia na porta da universidade, ela se escondia. Elisa sabia que estava sendo completamente infantil, covarde e desonesta, pois devia uma satisfação a ele, mas não sabia com que “cara” olhar para ele. Em compensação, Júlio parara de ir atrás dela, já não a buscava mais, não ia em seu portão, e quando se encontravam pela comunidade, ele agia como se não a conhecesse, trocava de calçada, ou simplesmente desviava seu olhar.
Vagarosamente, Elisa começara a entender que sua mãe estava coberta de razão, Júlio queria somente se aproveitar dela.
Elisa acabara ficando deprimida, pois Murilo estava apaixonado por ela, mas ela não estava apaixonada por ele.
Dois meses mais tarde, Elisa começa a ter os primeiros sinais de que algo em seu organismo não ia bem, pois vomitava tudo o que comia, não conseguia sentir perfumes fortes, tinha tonturas constantemente, e seu corpo estava mais sensível do que nunca. Ela sabia muito bem que tinha a possibilidade de estar grávida, pois em nenhum momento ela e Júlio haviam se cuidado. Elisa toma coragem e vai até um posto de saúde dentro da comunidade, lá, ela se consulta e o médico pede que fizesse um exame, afim de confirmar as suspeitas.
Ao olhar o resultado do exame, algum tempo depois, seu mundo desaba, pois naquele papel, estava a confirmação que ela estava grávida. Elisa carregava em seu ventre, o fruto de um sentimento não correspondido.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Ameles
bem ela de certa forma procurou, podia e devia ter falado com a mãe antes e não ter sido tão ingênua
2024-11-27
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Ameles
não comprou a pílula do dia seguinte pra filha
2024-11-27
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Ameles
pílula do dia seguinte nem tentou
2024-11-27
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