Ao chegar em sua casa, na comunidade, Elisa vai direto para sua cama e se joga nela, pois estava grávida aos dezoito anos, de um homem que tinha apenas a usado. Sabia que teria que enfrentar muitas dificuldades, pois sua mãe tinha passado pela mesma situação, sem contar que Otto, o patrão da mãe dela poderia muito bem não mais querer pagar os custos de sua universidade. E ainda tinha Murilo, ele certamente ficaria chateado, e com toda razão.
O mundo dela estava em ruínas.
Marta, mãe de Elisa chega em casa, e com ela, Murilo adentrava a pequena residência, não tinha para onde ela correr, pois o ambiente era tão pequeno, que seria impossível. Ao entrar em casa, Marta encontra sua filha ainda chorando, deitada na cama.
— O que houve, minha filha?
Elisa apenas olhava envergonhada para Murilo, pois ele sim era um verdadeiro cavalheiro, havia sido paciente com ela, e tinha a respeitado, para que ela agisse de acordo com seu tempo. Sem contar que ele havia se apaixonado por ela, quando ela ainda era menor de idade, e revelara seus sentimentos somente quando ela completara seus dezoito anos. Elisa se sentia uma verdadeira ingrata. Quanto mais olhava para Murilo parado à sua frente, mais chorava de vergonha.
— Elisa, o que aconteceu, minha filha? Por que está chorando dessa forma?
Elisa se levanta imediatamente e se joga nos braços de sua mãe, ainda chorando muito. Marta não entendera de imediato o motivo, mas a medida em que o tempo ia passando, ela compreendeu o que tinha acontecido, pois ela mesma já tinha esse medo dentro dela.
— Ah, minha filha! Eu sinto tanto por você! Eu tive tanto medo de que isso acontecesse.
— E agora, mãe? O que eu vou fazer? Não posso cuidar dessa criança.
— Não é o fim do mundo, minha filha. Olha nós duas aqui, eu engravidei de você na mesma idade, e sobrevivi. Você também, vai. Agora terá que arcar com as consequências de seus atos, não adianta chorar.
Murilo que até aquele momento apenas observava a cena, calado, finalmente esboça uma reação de surpresa, pois ele olhava para Elisa, muito decepcionado, sua fisionomia era triste, parecia que alguém tinha o atingido com uma lança, bem no peito. Ele não diz nada, apenas sai da casa de Elisa e vai embora, o que fez com que ela se sentisse ainda pior.
Enquanto dirigia para sua casa, Murilo chorava. Não tinha vergonha alguma de chorar, pois realmente amava Elisa, e no período em que ele havia ficado fora do país, só servira para que o sentimento dele por ela somente crescesse. Sabia que pela recusa de Elisa em falar com ele, certamente ela havia conhecido alguém, só não poderia imaginar que tivesse ido tão longe e que agora carregava em seu ventre, uma criança. Murilo estava decidido a sair do país definitivamente, pois não faria mais papel de palhaço, não estava disposto a ser brinquedo nas mãos de ninguém. Ele chega em sua casa e vai direto para seu imenso quarto, lá, ele para em frente ao espelho e começa a retirar sua gravata, seus grandes olhos cinzentos ainda tinham lágrimas, e seu rosto, que sempre fora sedutor e belo, agora estampava uma dor imensa.
Uma semana depois, Elisa volta à sua rotina, pois já não podia mais ficar jogada em cama da cama, por algo que ela mesma havia permitido. E como sua mãe mesma havia dito, ela não seria a primeira, nem a última em engravidar ainda na juventude, o que ela não podia, era ser omissa com sua responsabilidade de cuidar de seu bebê. Ela havia perdido uma semana de aula, mas correria atrás do prejuízo, pois agora mais do que nunca, tinha que se esforçar.
Depois de mais uma semana de estudos, Elisa decide ir atrás de Júlio, pois ela merecia uma explicação, nem que ele dissesse com todas as letras que não queria saber dela nunca mais, mesmo que já tivesse óbvio, mas ela precisava ouvir dele. Ela caminhava até a oficina do pai dele, e assim que dobra a esquina, o avista de longe. Júlio se atracava no meio da rua com uma moça loira, os dois estavam aos beijos e risos. Ela podia ouvir as mesmas frases que ele havia dito para ela algum tempo atrás.
..... Você é a garota mais bonita que eu já vi.............. Tô amarradão em você..............
Elisa paralisa no mesmo instante, pois estava mais do que claro que ele já tinha uma nova conquista, com certeza ele usava o mesmo truque com todas. Aquela garota com ele parecia ser da mesma idade que ela, e Elisa sentia pena, pois ela poderia ter o mesmo destino que Elisa. Ela não seria mais humilhada, e no mesmo instante, decide não contar nada sobre sua gravidez, pois não queria ter que olhá-lo nunca mais.
Criaria seu bebê, sozinha, e aquele homem jamais saberia da existência daquela criança.
Na mesma noite, Elisa e Marta decidem sair definitivamente da comunidade, estava na hora de deixarem aquele lugar com tantas lembranças tristes, e por mais que gostassem de lá, queriam que a criança que chegaria em breve, fosse criada em outro ambiente. Marta encontra uma casa bem simples, num bairro também simples, porém, mais seguro, e aluga.
Uma semana depois, Elisa procura por Otto, patrão de Marta e conta tudo o que tinha acontecido, ele como todos que sabiam da gravidez dela, acaba ficando decepcionado com Elisa, mas decide continuar a pagar os estudos dela, pois ela podia muito bem continuar a estudar até quando possível. Murilo já não estava mais no país, e tudo por culpa dela e de sua imprudência, não conseguia deixar de se sentir mal por ter causado sofrimento a ele, e esperava que algum da pudesse pedir desculpas a ele.
Elisa estudava com mais dedicação ainda, focara cem por cento nos estudos e não descuidara de sua saúde um minuto sequer. No oitavo mês, Elisa decide trancar o curso, pois estava muito difícil se locomover com aquela barriga imensa. Otto e sua esposa Rosana Hoffman haviam feito um enxoval e presenteado Elisa, os dois haviam se decepcionado com ela no começo, mas viam que ela se dedicava cada vez mais aos estudos, e acabaram a ajudando ainda mais. Murilo havia retornado ao país fazia poucos dias, mas Elisa ainda não tinha o visto.
No dia em que a bolsa de Elisa estourara, ela estava em casa sozinha, pois sua mãe estava no trabalho, na mansão dos Hoffman, e Elisa havia recorrido a um vizinho para leva-la ao hospital. Somente depois que o bebê de Elisa já tinha vindo ao mundo, é que uma enfermeira havia avisado na mansão dos Hoffman, pois obviamente Elisa não tinha um celular, pois ainda era caro, e agora com um bebê, teriam muito gasto.
Assim que Marta chegara ao hospital, Elisa se encontrava no quarto e segurava sua garotinha nos braços, ela olhava aquele bebezinho encantada, seus olhos brilhavam e um amor enorme tomava conta de seu ser. Elisa levanta seu olhar para sua mãe, e somente nesse instante é que percebe que Murilo estava parado na porta a observando. A garganta dela seca, pois Murilo estava ainda mais bonito, tinha aparência máscula, imponente, e seus olhos estavam ainda mais envolventes.
— Minha netinha finalmente nasceu! Ela é tão linda, minha filha, se parece com você.
— Ela é tão pequenininha, mãe! Minha pequena Liz.
— Que nome lindo, minha filha. Ela será a grande alegria de sua vida. Assim que me ligaram daqui do hospital, eu corri para cá, o senhor Murilo se ofereceu para me trazer.
Elisa o olha com carinho e esboça um meio sorriso para ele. Murilo então se aproxima dela e a cumprimenta.
— Parabéns pela bebezinha, Elisa. Ela é realmente linda.
— Obrigada.
— Senhora Marta, eu preciso ir embora, mas se precisar de alguma coisa, telefone para casa. Daqui a dois dias mandarei o motorista vir levar Elisa e a bebê, para casa. A enfermeira disse que teria alta em 48 horas, não é?
— Isso mesmo. Daqui a dois dias iremos para casa. E mais uma vez, obrigada, Murilo!
— Por nada! Com licença, até mais.
Murilo vira as costas e sai porta afora, mas seu perfume permanece no quarto simples do hospital.
Dois dias depois, no dia da alta, Elisa arrumava suas coisas para voltar para casa, quando Murilo entra pela porta com um largo sorriso nos lábios, estava muito diferente do que antes, parecia alegre.
— Olá! Resolvi leva-la para casa pessoalmente, espero que não se importe.
— É claro que não! Agradeço muito.
Elisa, Marta e Murilo saem do hospital minutos depois. Murilo dirigia o mais cuidadosamente possível, para que nem o bebezinho, nem Elisa se sentissem mal. A todo instante, Murilo e Elisa se olhavam pelo retrovisor, trocavam olhares discretos, mas que denunciavam que Murilo não tinha esquecido de Elisa, e ela em contrapartida, acabara se dando conta do quanto havia sido tola em não perceber o quanto ele era especial, afinal, dizem que somente se dá valor, quando se perde, não é?
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Ameles
agora é tarde pra ter vergonha, a sorte é que ele te ama tanto que vai te assumir
2024-11-27
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Maria Helena Macedo e Silva
se ela ficar com o Murilo só por gratidão vai o fazer sofrer novamente pois se o Júlio for atrás dela e dizer que fica , ela volta rapidinho com a desculpa de que ele é o pai ...🤦
2024-05-28
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Kellyla Nunes
A Elisa foi uma idiota, deixou o Júlio usá-la, ela não valorizou o amor do Murilo, mas ele continua amando a Elisa, agora que ela quebrou a cara com o canalha do Júlio vai querer enxergar o Murilo com outros olhos.
2024-04-02
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