Capítulo 13

Atualmente...

A vida de Elisa era quase perfeita, até aquele momento. No instante em que ela se vira obrigada a reviver suas dores e expor um fato que mudaria a vida de todos à sua volta. Sabia que Liz ficaria ainda mais rebelde depois de descobrir que fora enganada por dezessete anos, mas por hora, somente importava sua saúde, e Elisa faria o que fosse possível para salvá-la. Ela então toma coragem e decide finalmente encarar o passado de uma vez por todas. Elisa desce do carro e caminha em direção à oficina.

Olhava ao redor e via que nem tudo havia mudado na comunidade das laranjeiras, pois muitas crianças ainda corriam atrás de pipas, os comércios simples agora eram maiores, mas ainda assim tinham a mesma característica de antigamente, e as pessoas pareciam felizes, apesar das dificuldades.

Elisa entra na oficina e chama por alguém, mas ninguém responde. Ela chama novamente, e na terceira vez, um homem sai debaixo de um carro e a responde.

— Pois, não?!

O homem olhava para Elisa hipnotizado, ele a encarava dos pés à cabeça e passeava seus olhos pelo seu corpo de forma possessiva, porém, tudo o que Elisa sentia, era repulsa por ele.

— O que uma bela mulher como você faz em minha oficina? — Pergunta Júlio, não a reconhecendo.

— Precisamos conversar, Júlio!

— Então a bela morena sabe meu nome?

— Não me chame assim!

— Está bem, como quiser. E então, do que se trata?

— Minha filha precisa de um pedaço de seu fígado para sobreviver! — Diz Elisa sem perder tempo.

— Como é? E o que tenho a ver com sua filha? De onde você saiu, mulher?

— Sou eu, Júlio! Elisa, se lembra?

— Elisa?

— Sim! Sou aquela que você manipulou quando eu tinha apenas dezoito anos e fez de tudo para que eu me entregasse a você, e segundos depois, não quis nem olhar para mim, se lembra?

Júlio a olhava com a expressão confusa, não havia a reconhecido de imediato, mas a medida em que ela ia falando e ele ia a olhando mais, Júlio se dera conta de quem ela era.

— Claro! Elisa! Nossa, você se tornou um mulherão, hein? Está linda!

— Me poupe de seus elogios falsos. Preciso que faça um exame para ver se é compatível com minha filha, você é minha última chance.

— E por que eu faria isso? Não tenho nada a ver com sua vida, nem com sua filha! Não vou sair daqui!

— Eu te imploro, Júlio! Por favor...

— Por que acha que eu te ajudaria?

— Porque..........porque Liz é sua filha!

— Como é? Está maluca? Você aparece aqui tantos anos depois me dizendo que tenho uma filha? Que conversa fiada é essa?

— Não se faça de desentendido. Você sabe muito bem que eu era virgem quando me entregue a você, sabe que essa possibilidade é real. Depois daquele dia, eu descobri que estava grávida, mas você já tinha outra, não é? Eu o vi com uma mulher aqui mesmo na oficina, então decidi não contar nada.

— Não me leve a mal, mas........se tivesse me contado, não mudaria nada, pois não tenho a menor intenção de me tornar pai. Mas relembrando aqui........até que foi bem gostosinho transar com você, é claro que eu tive transas melhores, mas até que não foi ruim.

— Seu canalha, asqueroso! — Grita Elisa o máximo que consegue, seu rosto estava vermelho de ódio, e seu coração parecia que saltaria do peito.

Júlio a olhava de um jeito nojento, parecia que com os anos ele tinha piorado ainda mais, mas na época ela não percebera nada, pois era uma adolescente inexperiente, iludida, e inocente, mas agora, era completamente capaz de discernir o caráter de quem quer que fosse.

— Minha filha sofreu um acidente, e precisa de um transplante, Júlio. Eu te imploro que me ajude. Eu te garanto que se tivesse outra forma, jamais viria atrás de você, jamais te reencontraria, mas eu estou desesperada.

Júlio a observava atentamente, a despia com os olhos e repousava seu olhar nas curvas dos quadris bem feitos dela, depois nos seios, Elisa se sentia completamente incomodada e anojada, mas pela vida de sua filha, faria qualquer coisa.

— Não é problema meu, não tenho nada a ver com seus problemas. O que eu ganho em te ajudar? Ninguém nunca me ajudou em nada, por que eu tenho que ajudar os outros?

— Você não pode estar falando sério! Vai se recusar a me ajudar, mesmo sabendo que pode salvar a vida de sua filha? É esse tipo de pensamento que você tem? Por que será que nunca ninguém te ajudou? Já parou para pensar nisso?

— Veio até aqui para me dar lição de moral? E quer saber? Tecnicamente essa menina não é minha filha, pois eu nunca convivi com ela, e nem quero conviver, ainda mais depois de tantos anos........mas se quer mesmo saber, acho justo eu receber uma recompensa, não vou fazer nada de graça pra ninguém, e sabe como é, a vida não está nada fácil, você já morou em uma comunidade, sabe que aqui as coisas são difíceis. E eu “tô” vendo que você está muito bem vestida, é sinal que tem grana, acho que só um anel desses que você tem nos dedos, pagaria minha oficina inteira.

— Você me enoja, apesar de tantos anos, você se tornou ainda pior do que era. Não sabe como me arrependo de ter dado ouvidos a um malandro como você. Me arrependo todos os dias de minha vida de ter me entregado pela primeira vez para alguém como você.

— Não me diga, boneca! Será que não sente nem um pingo de saudade? Afinal, eu fui seu primeiro, e me lembro que naquela ocasião, a senti estremecer em meus braços.

— Seu nojento! Chega! — Grita, Elisa. — Vai me ajudar, ou não?

— Depende. Me explique melhor o que quer que eu faça, exatamente.

— Preciso que vá ao hospital o quanto antes e faça os exames para saber se é compatível com minha filha. Depois disso, se você for realmente compatível, terá que doar um pedaço de seu fígado a ela. Mas não tem que se preocupar, pois o fígado se regenera completamente, e você levará uma vida completamente normal.

— Então tem chance de eu não ser compatível com sua filha?

— Sim!

— Entendi. Bem, eu aceito fazer esses exames aí, mas você sabe que nada é de graça, não é?

— Quanto você quer?

— Uau, vejo que você é inteligente! Ao que parece, dinheiro não é mesmo um problema para você, hein?!

— Para salvar a vida de minha filha, farei qualquer coisa. Mas me diga, quanto você quer?

— O que acha de.........deixa eu pensar..........talvez, setecentos mil reais, está bom para você?

— Eu não posso acreditar que esteja negociando a vida de uma pessoa, mas se é o que quer, eu aceito. Mas saiba que te pagarei somente depois que sair o resultado do teste de compatibilidade, e somente depois que o transplante for realizado, pois não vou correr o risco de te dar dinheiro e você fugir.

— Está bem, eu aceito! Mal posso esperar para colocar as mãos nessa grana toda.

— Espero você amanhã, no hospital central no primeiro horário. Você faz uso de drogas?

— Eu dei uma parada, sabe como é, né? Eu andei exagerando e quase bati com rabo na cerca, aí parei um pouco, já faz anos que não uso nada. Não se preocupe, porque estou “limpo”.

— Ótimo! Aqui está o meu cartão, me ligue se precisar, mas espero que não precise, tampouco que mude de ideia sobre o transplante.

Elisa o olhava enojada cada vez mais, como ela não havia percebido o tipo de pessoa ele era? Como ela havia sido tão inocente? Como pudera se enganar tanto a respeito de uma pessoa? Por que os jovens cometem tantos erros?

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Comments

Maria Helena Macedo e Silva

Maria Helena Macedo e Silva

vivendo aprendendo e aprendendo vivendo o que muitos têm dificuldades de se adequar a vida e ao aprendizado...

2024-05-28

1

Kellyla Nunes

Kellyla Nunes

Esse Júlio é um verme da pior espécie.

2024-04-02

0

Lívia Maria Esf

Lívia Maria Esf

Que asqueroso!

2023-12-18

1

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