— O que disse?
— É isso mesmo que ouviu! Não vou doar nada.
— Que brincadeira é essa? A operação será em breve, e você inventa isso agora? O que você quer? Quer mais dinheiro, é isso? Eu posso dar, se é o que quer.
— Não é nada disso, boneca. Acho que você ainda não entendeu, não é?
— Do que está falando?
— Estou falando que além dos setecentos mil, quero que passe uma noite comigo, quero relembrar os velhos tempos, e tem que ser hoje!
— O QUÊ? — Grita, Elisa.
— É isso mesmo! Acho que vale o sacrifício. Você se tornou uma mulher muito atraente, boneca. Acho que vale a pena provar seu gosto mais uma vez.
— Você só pode estar louco! Eu jamais vou me deitar contigo de novo, me ouviu?
— É mesmo? Bem........você que sabe, pois se não fizer isso, não doarei fígado algum. A decisão está em suas mãos.
Elisa fica paralisada, pois não podia acreditar que Júlio havia ido mais baixo do que ela julgava possível, pois como se não bastasse ele negociar a vida de sua filha, agora ele a encurralava para que ela se deitasse com ele. Ela não podia fazer isso com Murilo, pois o amava mais que tudo, mas ao mesmo tempo, era a vida da filha deles que estava em jogo, e se Liz entrasse numa fila de espera, talvez não resistisse, devido as complicações por conta do acidente.
Ela fica muda ao telefone, não conseguia responder nada, mas sabia que Júlio não estava brincando, ele seria mesmo capaz de negociar a vida de uma adolescente. Imediatamente o estômago de Elisa começa a revirar, pois sentia apenas nojo de Júlio.
— Elisa! Está aí?.......Está me ouvindo?
Ela se recompõe e em seguida engole em seco, nem percebia que apertava o telefone com muita força em suas mãos.
— Estou.... — Responde com voz fraca.
— E então? O que decide? Afinal o transplante será daqui a poucas horas, e eu não vou correr o risco de você dizer que vai passar a noite comigo e depois não cumprir, por isso tem que ser hoje, e falando nisso quero metade do dinheiro adiantado.
— Seu nojento, asqueroso!
— O que disse, boneca?
Elisa sentia que a qualquer momento perderia os sentidos, pois não acreditara que ele pudesse levar aquilo a diante, mas Júlio não estava demonstrando vergonha ou constrangimento algum ao propor aquela barbaridade. Ela sabia que se aceitasse seu casamento estaria em risco, pois Murilo não tinha obrigação alguma de perdoá-la, e ela entenderia se ele a abandonasse, se algum dia descobrisse. Sabia que a partir daquele momento, sua vida estava acabada, e teria que lidar com as cicatrizes que mais uma vez, aquele verme causaria nela.
Elisa não podia correr o risco de ver sua filha morrer, não era hora de pensar em nada, a não ser em sua filha. Júlio poderia ter o corpo de Elisa mais uma vez, porém, jamais possuiria seu coração.
— Está bem......eu aceito........ passar essa noite com você. — Diz com voz muito fraca.
Júlio dá um endereço de um hotel muito barato, onde se encontrariam, ela chorava silenciosamente com a decisão que acabara de tomar, pois Murilo não merecia aquilo. Antes de seguir até o local marcado, ela passa no banco e pede que retirem metade da quantia que estava cominado que Júlio receberia, pois ele exigira que ela levasse a metade do dinheiro. Elisa resolve ligar para seu marido e inventar alguma desculpa, pois nem em sonho ele podia imaginar o que ela estava prestes a fazer.
— Amor? — Diz, Elisa, tentando controlar o choro.
— Oi, minha princesa. Onde você está?
— Eu.......eu estou resolvendo algumas coisas aqui em um dos consultórios, mas logo chego em casa, está bem?
— Tudo bem. Eu estou resolvendo os documentos para aquele verme assinar, mas em seguida irei para casa. Não vejo a hora desse pesadelo terminar, meu amor.
— Eu também...............Murilo?
— Sim?!
— Me prometa que aconteça o que acontecer, você nunca duvidará que eu o amo? Você é o único amor da minha vida, e eu o amo mais que tudo, promete para mim que nunca vai duvidar disso?
— O que está acontecendo, Elisa? É claro que eu acredito em você, afinal, são dezessete anos de amor, e a cada ano que passa eu a amo mais, mas.......o que está acontecendo?
— Não está acontecendo nada. Eu só quero que se lembre disso se algo acontecer, te suplico que jamais se esqueça de minhas palavras. Eu o amo de todo meu coração, e sempre o amarei.
— Não me esquecerei, minha princesa, pois você é a luz da minha vida.
— Eu......eu preciso desligar agora, mas.......estarei em casa mais tarde. Te amo, pra sempre!
— Te amo, princesa!
Elisa desliga o telefone e cai em prantos, estava desesperada, mas não correria o risco de ver Júlio desistir de tudo. Elisa se encaminha para o hotel barato que havia combinado com Júlio, não parava de chorar um minuto sequer, e se atrasara para o encontro pois não queria passar por aquela humilhação. Ao chegar ao local combinado, ela estaciona seu carro e entra no hotel, usara um grande lenço na cabeça e um grande óculos escuros, pois era uma mulher alta, bonita, e chamava atenção onde quer que fosse.
Ela para em frente a porta do quarto e fica muito tempo até que finalmente batesse, pois suas mãos tremiam, seu estômago revirava e seus joelhos não a obedeciam. Muito tempo se passa até que ela decide bater à porta, e assim que ela bate, imediatamente Júlio surge à sua frente com um sorriso nojento nos lábios. Elisa entra, mas fazia movimentos robóticos, pois sua vontade era de sair dali correndo.
— Trouxe a grana, boneca?
Elisa retira o grande envelope de sua bolsa e joga no chão para que ele pegasse.
— Petulante! Mas eu vou dar um desconto para você, afinal, está preocupada com sua pirralha, né?.........e agora venha aqui.........estou louco para sentir seu corpinho junto do meu.
Júlio se aproxima dela e começa a tocá-la, Elisa fechava seus olhos o mais forte que conseguia, pois sentia apenas nojo dele. Ela não queria ver absolutamente nada, e também não retribuiria nada, ele teria que fazer tudo sozinho. Elisa já não escondia suas lágrimas, as deixava rolar livremente e tentava somente pensar que estava salvando a vida de sua filha.
O ato todo não demorou nada, pois como na primeira vez em que esteve com Júlio, ele fora afoito. Ela se manteve imóvel, seus braços se mantinham repousados sobre a cama, e os poucos minutos em que ele esteve dentro dela, ela manteve seus olhos fechados e seus dentes serrados, pois sentia que seria capaz de vomitar sobre ele a qualquer momento. Júlio usara preservativo, pois havia dito que não podia correr o risco de fazer outro filho e precisar doar outro pedaço do fígado para mais um pirralho. Ele conseguia ser desagradável pelo simples fato de existir.
Júlio se satisfaz em poucos minutos, o que ela agradece mentalmente, pois para ela havia sido uma verdadeira tortura. Ele prontamente se veste, pega seu pacote de dinheiro, e sai do quarto, mas antes, se vira para ela e abre um sorriso maquiavélico.
— Agora sim! Pode esperar que eu cumprirei minha parte no trato. Sua pirralha vai se salvar, graças a mim, é claro!.......Ah! Você não é tão gostosa quanto parece, eu já tive transas melhores!
Ao Júlio fechar a porta atrás de si, Elisa deixa um choro compulsivo tomar conta dela, se sentia suja, indigna de seu marido, e sabia que Murilo jamais a perdoaria. Ela chorava tanto que sentia que sua cabeça fosse explodir, mas já estava feito, não tinha como voltar atrás, afinal, quem pode julgar uma mãe tentando salvar a vida de sua filha? Até onde você iria para salvar a vida de um filho? O que você estaria disposto a fazer?
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 45
Comments
Liza
capítulo totalmente desnecessário 🤮🤮🤮
estragou o livro 😒
2025-03-22
0
Ameles
não julgo a decisão dela, mas eu teria contado para meu marido antes de fazer
2024-11-27
2
Ameles
ela devia contar, isso vai dar ruim
2024-11-27
0