Capítulo 14

Ao retornar ao hospital, naquela tarde, Elisa encontra com Murilo e Breno, seu filho de dez anos, olhando para Liz através do vidro da UTI. Os dois tinham a expressão triste e Breno tinha lágrimas em seus olhinhos. Ao se aproximar, Elisa se agarra ao seu marido de uma forma desesperada, pois não podia sequer imaginar sua vida sem Murilo, ele sim, era um homem de verdade, e o amava.

— Eu o amo, Murilo. — Diz Elisa, baixinho no ouvido dele.

— Eu também a amo, minha princesa. E como foi a conversa com aquele homem?

— Depois falaremos sobre isso, primeiro quero dar um beijo no meu menino, venha aqui, meu filho!

Breno se vira para Elisa, ainda com lágrimas nos olhos, pois observava atentamente sua irmã imóvel na cama de hospital, ele então se joga nos braços dela e dá passagem para o choro.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Liz vai ficar boa, você vai ver!

— Eu quero minha irmã de volta, mamãe.

— Logo, logo ela estará bem, e implicando com você, como sempre!

— Promete?

— Prometo! Mas me diga, quem te trouxe aqui no hospital? Onde estão seus avós?

— Foi o vovô Otto que me trouxe. Ele está lá embaixo na cantina.

— Assim que ele voltar, você vai com ele, está bem? Eu sei que tem passado muito tempo com seus avós, sei que tenho sido ausente, mas no momento, sua irmã precisa muito da mamãe e o papai. Você entende isso? Eu o amo, entendeu, meu filho?

— Eu sei, mamãe. O vovô já explicou tudo, e eu também quero que minha irmã fique boa logo.

— Isso mesmo. Mas assim que sua irmã ficar boa, nós vamos ficar todos juntos novamente, mas por enquanto, preciso que continue se comportando e obedecendo seus avós, está bem, meu amor? Eu estou indo e vindo do hospital, não tenho hora mais para nada, então não seria justo com você. Mas assim que as coisas melhorarem, eu prometo que te darei toda a atenção do mundo, está bem?

— Sim, mamãe, eu sei.

Otto logo retorna para perto deles, conversam algumas coisas e em seguida, leva Breno para casa, pois aquele hospital não era lugar para crianças.

— Agora que estamos sozinhos, me conte tudo o que conversou com aquele homem, meu amor.

Elisa conta cada detalhe para ele, não escondera absolutamente nada, nem os olhares, nem as expressões, muito menos o pedido de setecentos mil reais para doar um pedaço do fígado dele.

— Crápula! Não posso acreditar que ele tenha ido tão baixo!

— Não sabe como sinto nojo dele, Murilo. Não posso acreditar que um dia achei estar apaixonada por aquele verme. Como fui tão idiota assim?

— Eu estava morrendo de medo de que ele mexesse com seus sentimentos de alguma forma, mesmo sabendo de tudo o que se passou entre vocês. Eu tenho a mais absoluta certeza de que me ama, mas mesmo assim, senti medo.

— Não tem que sentir medo, meu amor, eu sinto apenas nojo dele. Você é o único homem que eu amo. Eu sempre o amarei, aconteça o que acontecer, nunca se esqueça disso.

— Você falando assim, chega a me dar medo, é como se um fantasma do passado retornasse para nos separar.

— Não tem com o que se preocupa, ele não se colocará entre nós dois, é impossível eu sentir algo por ele, que não seja nojo e desprezo.........Mas, falando daquele verme, eu deixei meu cartão com ele, pedi que estivesse aqui amanhã no primeiro horário, e disse que o pagaria somente se o resultado fosse positivo, e depois que o transplante fosse realizado.

— Fez muito bem, meu amor. Não podemos correr o risco de ele pegar essa quantia e sumir.

— Eu preciso falar com o gerente e fazer a retirada dessa quantia, afinal, é um valor relativamente alto.

— Não se preocupe com isso. Tenho essa quantia no cofre de casa, não precisa falar com o gerente do banco. Eu faço questão de pagar o que ele pede.

— Eu não posso aceitar isso, meu amor. Você já faz muito por mim e por nossa família, sem contar que eu, é que coloquei esse verme em nossas vidas. Você não tem que dispor dessa quantia, eu posso muito bem retirar de minha conta bancária.

— Quero fazer isso por nossa filha. Eu a amo, e estou disposto a tudo, não se preocupe, pois não me fará falta alguma. O que acha de irmos para casa e descansarmos um pouco? O quadro de saúde de nossa filha está estável, e sei que a conversa que teve com aquele crápula a abalou um pouco, o que me diz? O que podemos fazer agora, é somente esperar.

— Está bem! Mas antes temos que avisar o médico responsável que amanhã virá um possível doador fazer os exames.

Os dois vão até a sala do médico responsável pela filha deles e explicam tudo, inclusive que Júlio era o pai biológico de Liz. Depois de conversarem mais um pouco com o médico sobre os riscos da cirurgia, os dois decidem ir para casa, pois já não tinham muito o que fazer ali, a não ser esperar que no dia seguinte, Júlio realmente aparecesse para fazer os exames.

Elisa e Murilo chegam à casa deles em poucos minutos, os dois sobem até o quarto, tomam um banho muito rápido juntos e depois se deitam, pois, estavam exaustos por causa dos últimos acontecimentos. Elisa adormece quase que imediatamente.

Na manhã seguinte, Elisa se coloca de pé muito ansiosa, pois seria decidido o destino de sua filha, e ela esperava que desse tudo certo. Murilo também se levantara cedo e se arrumara, pois em poucos minutos os dois sairiam para irem até o hospital.

— Não se preocupe, meu amor, nossa filha ficará bem. — Dizia Murilo, enquanto dirigia até o hospital.

— Você contou ao seu pai, sobre aquele homem?

— Sim! Não podia esconder um assunto desses. Ele pediu que tomássemos cuidado, pois se alguém souber de nosso acordo, podem nos denunciar, podem dizer que estamos comprando órgãos, o que obviamente é um crime em nosso país. Temos que fazer tudo no sigilo, mesmo sendo errado, mas não temos outra alternativa. Quem pode nos julgar por estarmos tentando salvar a vida de nossa filha?

— Eu acho que faria qualquer coisa pelos meus filhos.

— Eu também, meu amor.

Em questão de minutos os dois chegam ao hospital, eles entram de mãos dadas e com a expressão muito séria, e no momento em que Elisa avista Júlio, seu estômago embrulha, pois ele tinha o mesmo olhar luxurioso de antes, para ela. Murilo percebe seu olhar e faz questão de a puxar pra mais perto de si, e demonstrar que ela não estava sozinha nem desprotegida.

— Você se casou com um ricaço, hein! Olha só a beca que ele veste!

— Alguém já o atendeu? — Responde Murilo, ignorando completamente o comentário dele.

— Ainda não. Aliás, temos que ir rápido com isso, pois tenho mais o que fazer.

Elisa chama o médico e em questão de minutos Júlio some para dentro do hospital, pois faria finalmente os exames. Algumas horas se passam até que ele retorna, e tinha a expressão mal-humorada.

— Pronto! Agora é esperar para saber se eu vou poder tirar um pedaço de mim para sua pirralha!

Murilo se controla para não avançar no pescoço dele. Elisa podia notar os punhos de seu marido fechados, e naquele instante, ela toca em seu braço para que se acalmasse. Júlio sai do hospital momentos depois, pois os resultados sairiam alguns dias depois.

Finalmente sai o resultado dos exames de Júlio, e no dia que abririam os envelopes, todos estavam ansiosos. Estavam todos no hospital, Murilo, Elisa, Breno, Marta, Rosana, Otto e Júlio. Somente Elisa, Murilo e Júlio entraram na sala do médico, pois eram os mais interessados. A ansiedade estava os consumindo, mas no momento em que o médico dissera que Júlio era compatível, e estava saudável e apto para realizar o transplante, finalmente puderam respirar aliviados. Ao darem a notícia, todos vibram de alegria, pois era a notícia que todos queriam ouvir.

Os detalhes da cirurgia ficaram acertados, pois não podiam mais perderem tempo. A cirurgia ocorreria dentro de dois dias, e Júlio poderia finalmente salvar a vida de Liz.

No dia seguinte, depois de passar toda a euforia de finalmente terem achado alguém compatível, Elisa havia ido conversar com o médico sobre os riscos da cirurgia, enquanto isso, Murilo cuidara dos aspectos legais, pois tinha parte burocrática, e que Júlio precisava assinar dizendo que estava doando o órgão de maneira espontânea, e que não recebera nada por isso, e mesmo todos sabendo que ele estava vendendo um pedaço de seu fígado para salvar Liz, os documentos precisavam ser assinados.

Assim que saia do hospital e se encaminhava para o estacionamento, Elisa ouve seu telefone tocando, ela olha no visor, e percebe que era Júlio. Por um momento ela tentou ignorar, mas sabia que poderia ser algo sério, pois de certa forma estava nas mãos dele.

— O que quer, Júlio?

— Você é sempre simpática assim, quando atende o telefone?

— O que quer? Não tenho tempo para conversas fiadas!

— Vou direto ao assunto. Eu mudei de ideia, não vou mais doar um pedaço meu, para sua filha!

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Comments

Aida Altoé

Aida Altoé

Que cara canalha, vagabundo, miserável. Não é um ser humano.

2024-06-27

2

Maria Helena Macedo e Silva

Maria Helena Macedo e Silva

🙄📖😳

2024-05-28

0

Rozana Silva

Rozana Silva

tô com ódio desse Júlio
severgonha

2023-11-13

2

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