Capítulo 16

Elisa chega em sua casa e sobe direto ao seu banheiro, vai direto até o vaso sanitário e vomita, ela sentia que ia perder os sentidos de tanto que colocava tudo para fora, sentia sua testa suando, sentia também um calafrio percorrer seu corpo. Ela retira sua roupa e a joga no lixo, pois nunca mais usaria aquelas peças de novo, em seguida, entra debaixo do chuveiro e se esfrega o mais forte que consegue, pois queria retirar o cheiro daquele homem de seu corpo. Ela se esfregava tanto que chegava a se machucar, chorava de vergonha, nojo, ódio e repulsa.

Murilo ainda não tinha chegado do trabalho, o que ela era grata, pois não tinha ideia de como o encararia novamente. Naquele momento, ela desejou que sua mãe estivesse ali, para correr para os braços dela e chorar, mas Marta estava na casa de Otto e Rosana, juntamente com Breno.

Ao sair do banheiro, muito tempo depois, ela toma um analgésico e se deita, pois sua cabeça estava em ponto de explodir. Elisa percebe quando Murilo entra no quarto deles e retira sua roupa, em seguida entra no banheiro e toma um banho, mas Elisa se mantinha de olhos fechados, fingiria que estava dormindo, pois não queria que ele a tocasse, não se sentia digna dele, e talvez nunca mais se sentisse.

Naquela noite, Elisa adormece com os pensamentos conturbados, pois a todo momento Júlio aparecia em seus sonhos, e em todas as vezes, ela sentia nojo dele. Ela acordara durante a noite várias vezes, e chorava baixinho, pois não queria acordar seu marido.

Na manhã seguinte, Elisa se levanta primeiro, toma seu banho e se arruma, ainda não sabia como encarar seu marido, mas tentaria disfarçar o máximo que conseguisse, por mais difícil que fosse.

— Bom dia, luz da minha vida! Hoje é o grande dia. — Diz Murilo se aproximando dela, enquanto Elisa colocava seu relógio no pulso.

Elisa se esquiva como um bicho acuado, pois o fato de alguém a tocando, a deixava nervosa, pois vinha em sua mente, apenas o dia anterior.

— O que houve, meu bem? Está se sentindo mal?

— Não!........não é nada, eu.........eu estou apenas nervosa, só isso.

— Não se preocupe, vai correr tudo bem, e em pouco tempo nossa família estará completa e feliz, novamente.

Elisa nada responde, apenas olhava para seu marido se sentindo a pior mulher do mundo. Em poucos minutos eles saem de casa e se dirigem até o hospital pois estariam todos juntos para saber se o transplante havia sido bem-sucedido. Ao chegarem ao hospital, Elisa encontra sua mãe, seu filho e seus sogros os esperando, eles se cumprimentam, se abraçam e esperam para que os médicos começassem a cirurgia, pois duraria cerca de dez a doze horas, seria uma longa espera.

Breno não desgrudava de Elisa, segurava a mão dela muito forte e a todo instante a abraçava.

— Logo estaremos todos em casa. Só mais uns dias com seus avós, e logo estaremos todos juntos, mas saiba que eu o amo, viu? Você e sua irmã, são meu maior tesouro.

— Eu sei, mamãe, é que eu estou com saudade!

— Eu também, meu pequeno!

A espera fora longa, mas no final, todos puderam respirar aliviados, pois havia corrido tudo bem, e Liz se recuperaria bem.

O médico havia avisado que a recuperação de Liz seria um tanto quanto lenta, mas daria tudo certo. A velocidade de recuperação do paciente, bem como o maior ou menor risco de complicação, depende muito das condições clínicas gerais que ele já apresentava antes da cirurgia, e como ela havia sofrido um grave acidente, poderia demorar um pouco mais. O médico também explicara que a recuperação também é influenciada pela qualidade do fígado que foi recebido e de como aconteceu a cirurgia. Sendo assim, alguns se recuperam mais rápido e outros mais devagar.

Liz deixa a UTI, e é encaminhada para um quarto, pois ainda não podia voltar para casa, ela precisava ficar internada por cerca de uma semana, a fim de manter o monitoramento, recuperar a capacidade de locomoção e alimentação sem dor e sem auxílios, além de ajustes nos remédios que previnem rejeição.

Algumas semanas depois, Liz finalmente recebe alta e vai para casa. Ela estava calada, não conversava muito, e não era nem de longe a mesma jovem de antes. Elisa também era a somente a sombra da mulher forte a decidida de antes, pois não conseguia se perdoar pelo que tinha feito com seu marido.

Vagarosamente a vida de todos ia voltando ao normal, novamente. Liz ia voltando às suas atividades com o ballet, apesar de ter se formado, pois receber seu diploma era apenas uma mera formalidade, pois antes do acidente já era uma exímia bailarina clássica, ela ainda não sabia da existência de Júlio, e não tinham a intenção de contar tão cedo, mas em algum momento Liz questionaria quem havia doado o órgão a ela.

Desde o dia do transplante, ninguém mais ouvira falar em Júlio, o que era um alívio, pois ela não fazia parte daquela família, e nunca seria bem-vindo. Murilo voltara a trabalhar em seus escritórios de advocacia, e estava um tanto quanto distante de Elisa, e ambos sabiam que o casamento deles estava abalado, mas nenhum dos dois tocava no assunto, apenas iam empurrando com a barriga. Marta sabia que sua filha Elisa, estava distante, a conhecia muito bem, sabia que ela estava enfrentando algum problema muito sério.

Otto e Rosana voltaram para sua casa e iam visitar Liz duas vezes na semana, e o único que não havia mudado drasticamente seu comportamento, era Breno, pois o menino finalmente tinha sua família de volta, e se senti feliz por isso.

Três meses depois, Murilo chama Elisa para uma séria conversa, pois não estava mais suportando viver tão perto e ao mesmo tempo tão longe de sua esposa. Ele marcara com ela no escritório dele, pois precisavam conversar em um território neutro. Elisa comparecera pontualmente, pois não tinha como escapar, sabia que tinham que conversar sobre o que estava acontecendo, pois não conversavam como antes, não se tocavam, não se beijavam, já não eram mais um casal apaixonado.

Ela chega ao escritório e sobe direto até o último andar, assim que entra na sala dele, sente vontade de se atirar nos braços dele e fazer amor com ele sobre a mesa, mas ainda se sentia suja, não conseguia encarar seu marido, mesmo o amando muito.

— Precisamos conversar, não é? — Diz Murilo

— Sim!

— Elisa, o que aconteceu com a gente?

— Eu......

— Você não me ama mais, é isso?

— É claro que eu o amo! Eu o amo mais que minha própria vida, você é a melhor coisa que me aconteceu, eu o amo demais! Eu não quero ficar sem o meu amor, nunca.

— Então por que temos vivido como dois estranhos? Por que me evita quando eu me aproximo? Por que finge que está dormindo quando eu tento te tocar? Por que não trocamos confidências mais? Por que mal nós nos olhamos ou conversamos? Eu sinto saudade da minha esposa, minha melhor amiga, da minha cúmplice e amante. Onde foi que nos perdemos?

Nesse momento, Elisa deixa sua angústia falar mais alto, chorava copiosamente e sentia vontade de gritar a dor que sentia por ter sido coagida a fazer o que ela não queria. Murilo se aproxima dela e a abraça carinhosamente. Ela encosta sua cabeça no peito dele e permanece um bom tempo.

Depois de muito tempo, Murilo levanta a cabeça dela e a beija, era um beijo suave, e ela retribuía, pois sentia muito amor e desejo por ele, só não se sentia merecedora. Murilo começa então a ficar mais excitado, pois havia meses que não chegava nem perto de sua esposa, ele então começa a despi-la rapidamente, a olhava de forma apaixonada e queria se livrar de suas roupas o mais rápido possível. Murilo a leva para a sala de reuniões que ficava dentro de seu escritório, pois lá tinha um imenso sofá de couro marrom, e que em seus momentos de tristeza, ele se deitava e ficava lá pensando.

Os dois se encaminhavam até o sofá entre beijos e carícias, parecia que era a primeira vez que estavam juntos.

Murilo a faz se deitar no sofá e em seguida se deita sobre ela, os corpos de ambos estava quente e o hálito dos dois era também quente.

A respiração ficava cada vez mais entrecortada e acelerada, precisavam o mais rápido possível estar um nos braços do outro. Murilo beijava os seios dela de forma apaixonada, e Elisa sentia um prazer jamais experimentado, ela fincava suas unhas nas costas largas dele, e o agarrava o mais forte que conseguia, seu corpo se estremecia por completo ao senti-lo a tocando. Murilo então invade o corpo de Elisa de forma precisa, ele ia se encaixando nela de forma lenta e delicada, mas a medida em que ela ia se entregando, ele ia se movimentando de forma mais rápida.

Os dois se entregavam de forma apaixonada, e sorriam um para o outro ao sentirem tamanho prazer, finalmente estavam novamente trocando veladas promessas de amor, finalmente haviam reestabelecido a conexão de antes, e sabiam que o amor estava novamente presente. Os dois se movimentavam em uníssono, e a cada investida dele no corpo dela, Elisa ia ao céu e voltava. Os dois partilhavam novamente o amor e o prazer.

Muito tempo depois, Murilo ainda abraçado a Elisa, deitados no sofá, acariciava seus volumosos cabelos cacheados, passeava suas mãos pela pele negra dela e admirava o quanto Elisa era bonita.

— Você é sem dúvida a mulher mais bonita e perfeita desse mundo!

— Você acha?

— Eu tenho a mais absoluta certeza, sou viciado em você, e precisaria de outras vidas mais para te sentir, e ainda assim, seria pouco!

Murilo a beija com paixão, pois seu desejo estava longe de acabar, pois haviam ficado muito tempo separados.

— Ainda temos uma conversa pendente. Por que está tão distante de mim, Elisa? — Diz a contragosto, pois queria que aquele momento entre os dois, durasse para sempre.

— Eu....Eu não sei como te contar isso.

— Então tem mesmo algo no meio do nosso casamento? Por acaso, tem alguma coisa a ver com que aquele homem fez, é isso? Pois eu tenho quase certeza que ele tem algo a ver com essa fase difícil que estamos enfrentando.

— Murilo, se lembra que eu pedi que jamais duvidasse do meu amor por você?

— Sim. Eu não duvido de seu amor por mim, você demonstra isso todos os dias, eu sei que estamos numa fase complicada agora, mas eu sei que me ama, assim como eu a amo, nenhum casamento é perfeito, e temos nossas diferenças, mas sabemos muito bem o quanto somos felizes juntos, mas o que está acontecendo, afinal?

Elisa se senta no sofá e o encara, estava na hora de começar a encarar a verdade, e sabia que aquela confissão acabaria com seu casamento, mas já não aguentava mais carregar aquele peso nas costas. Teria que contar ao seu marido o que fizera para salvar a vida de sua filha.

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Comments

Julia Santos

Julia Santos

pq assim se fosse pra pagar ela poderia pagar a qualquer um né mas deu nisso nê

2024-04-21

2

Nedelei Pagel

Nedelei Pagel

coitada 😥 ela não tinha que ter qur passar por isso novamente.

2023-10-23

2

Fabi

Fabi

Coitados.
Que difícil essa confissão.
😭😭😭😭

2023-09-09

0

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