Capítulo 07

— Eu.........você me pegou de surpresa, está sendo tão direto, comigo!

— Me desculpe, mas eu não posso mais esconder, não sei se sente o mesmo por mim, mas eu estou completamente encantado por você.

— Eu preciso ser sincera com você, Murilo. Eu nunca havia o olhado com outros olhos, é lógico que eu já havia reparado no quanto é bonito, mas eu sempre soube meu lugar, sempre fui a filha da empregada, e nunca passei da cozinha, apesar de seus pais sempre terem me tratado bem, mas eu sempre fui muito consciente de tudo. Eu jamais me permiti ter uma fantasia romântica com o filho do patrão. Somos de mundos totalmente diferentes, e você sabe disso.

— Mundos diferentes? Pois eu acho que não, acho que essas separações são desnecessárias, pois estamos aqui, agora, e estamos partilhando exatamente o mesmo mundo!........... Isso quer dizer que não tem interesse em me conhecer melhor?

— Eu não disse isso! Apenas fiquei surpresa com sua sinceridade, mas fiquei muito feliz de ter me convidado para sair, esse é meu primeiro encontro e está sendo maravilhoso, mas eu tenho apenas dezoito anos, entende? Eu quero estudar e conseguir me estabelecer, para poder ajudar minha mãe.

— Entendo! Não estou te forçando a nada, apenas achei necessário abrir meu coração para você. Mas...você acha que talvez algum dia, a medida em que formos nos conhecendo, você possa chegar a gostar de mim?

— Eu não sei te responder isso, Murilo. Somente o tempo poderá dizer, mas acho que podemos sair mais vezes, o que acha?

— Se é o que quer, está bem, afinal, você é jovem, entendo que ainda tenha muitas dúvidas, e se quer sair mais vezes, é claro que sairemos. Me esforçarei ao máximo para que você algum dia, sinta o mesmo que eu.

O resto da noite, passou muito rápido, pois depois que haviam colocado as cartas na mesa, os dois relaxaram um pouco e começaram a agir mais naturalmente. Elisa estava disposta a dar uma chance a Murilo, mas não queria fazer nada forçada, afinal, era uma jovem de apenas dezoito anos, tinha muitas dúvidas com relação a absolutamente tudo.

Ao chegarem novamente na comunidade onde Elisa morava, Murilo estaciona em frente à casa simples dela, desce do carro e o contorna para abrir a porta para que ela descesse.

— Obrigada pelo jantar, Murilo. Foi tudo maravilhoso.

— Espero poder repetir esse jantar, muito em breve.

— Eu iria adorar!

— Elisa, eu posso te abraçar?

— Sim!

Murilo se aproxima dela, e a abraça afetuosamente, a mantinha em seus braços e não sentia vontade alguma de soltá-la, mas não queria ultrapassar os limites de Elisa, pois ambos haviam combinado de irem devagar. Ao se desgrudarem, os lábios de Murilo acabam tocando no de Elisa. Ele havia pensado que ela desviaria o rosto, mas ao invés disso, ela fixa seu olhar nos lábios dele e se aproxima ainda mais, era somente o sinal que ele estava esperando, pois ao perceber que ela não hesitaria, ele acaba colando seus lábios nos dela.

O beijo era suave, delicado, e Elisa acaba sentindo seu coração bater mais forte, um sentimento que ela não conhecia acaba tomando conta dela, e uma lágrima escorre de seus olhos, pois acabara de dar seu primeiro beijo, e havia sido ótimo.

Os dois se afastam, e Murilo a olhava ainda mais apaixonado, tinha um sorriso nos lábios, seus olhos brilhavam de satisfação.

— Foi o melhor beijo de toda minha vida, Elisa!

— Não exagere! Tenho certeza que já beijou uma centena de mulheres, e todas com muito mais experiência do que eu. Esse foi meu primeiro beijo, nunca havia beijado ninguém antes, não sabia direito o que fazer!

— É mesmo? Então espero não ter a decepcionado!

— Foi maravilhoso! — Diz com um grande sorriso nos lábios.

— E eu posso repetir?

— Eu adoraria!

Murilo se aproxima dela novamente, e cola seus lábios nos dela, mas dessa vez, a beija de forma sensual e apaixonada, e mesmo Elisa sendo inexperiente, ela correspondia com vontade.

— Acho que não quero parar de beijá-la!

— Vamos com calma, está bem? Estamos nos conhecendo, e eu não quero pular nenhuma etapa. Não quero ser injusta com você, por isso preciso entender meus sentimentos, e tenho também que considerar todas as nossas diferenças, mas quero que saiba que nosso beijo foi maravilhoso!

— Será como você quiser. Não quero força-la a nada, e se algum dia se apaixonar por mim, serei o homem mais feliz deste mundo, mas se não acontecer, eu vou entender!

— Obrigada, Murilo!

— De nada! Agora eu preciso ir embora, está ficando tarde, e você precisa descansar, pois tem que estudar para o vestibular, não é? Sei que sua prova será daqui a duas semanas. Se precisar de ajuda, me fale, tenho muitos livros em minha biblioteca, aliás, se quiser estudar lá em casa, fique à vontade!

— Obrigada, novamente! Agora eu preciso entrar. A noite foi incrível, foi tudo perfeito. Até mais, Murilo!

— Até mais, princesa!

Murilo beija os lábios de Elisa delicadamente e em seguida entra em seu carro, e parte. Ao entrar em sua casa, Marta esperava sua filha na cozinha, já que a casa que elas moravam consistia apenas de um quarto, uma cozinha e um pequeno banheiro, tudo muito simples.

— E então? Como foi seu encontro, minha filha?

— Foi maravilhoso, mãe! E adivinha? Eu dei meu primeiro beijo!

— Jura? E como foi?

— Eu gostei, me senti estranha no começo, mas depois, foi como se um calor tomasse conta do meu corpo, não sei se a senhora já sentiu isso antes, mas eu gostei. O Murilo deixou muito claro que quer me conhecer melhor, disse que está encantado por mim, assim como a senhora havia me dito.

— Eu não disse? Não podia imaginar que fosse te dizer tão claramente assim. Mas de certa forma, é bom, pois demonstra que ele é sincero.

— Eu me senti confusa com tudo isso. Até ontem não fazia ideia dos sentimentos dele por mim, e foi tudo tão rápido, e para falar a verdade, tenho muito medo de que se eu me apaixone por ele, o que não seria nada difícil, pois ele é maravilhoso e me apaixonar por ele seria muito fácil. Mas e se por algum motivo não dê certo, e acabe prejudique meus estudos? Sempre foi meu sonho fazer odontologia, e se eu e Murilo brigarmos e isso respingar na senhora, no seu trabalho, e em meus estudos? Eu tenho muito medo, eu tenho muito a perder, sou a filha da empregada dele, são mundos totalmente opostos, eu moro numa comunidade, enquanto ele mora numa mansão. Talvez alguém do mesmo nível social do que eu seja melhor, além do mais, acho que de certa forma, eu mesma já esteja me sabotando, por puro medo de nossas diferenças.

— Ah, minha filha! Você é tão jovem, mas já tão preocupada com questões que nem deveria. Não acha que deveria apenas aproveitar sua juventude, e as coisas boas que a vida te traz? Você é sim merecedora de coisas boas, não é porque enfrentamos tantas dificuldades e moramos numa comunidade, que ao longo da vida temos que achar que não merecemos nada.

— Não sei, mãe, mas por enquanto não quero me precipitar com nada. Eu e Murilo vamos com calma, mas não temos compromisso algum. Acho que quero ter certeza que não sou um passatempo nas mãos dele, e que suas intenções não são falsas.

— Bem, você deve saber o que está fazendo, mas não se esqueça que ele não vai esperar a vida inteira você decidir se o dará uma chance ou não!

Ao dizer isso, Marta se deita em sua cama e se enfia debaixo de suas cobertas, pois não podia decidir por sua filha, tampouco interferiria em sua decisão. Elisa vai até o banheiro, coloca seu pijama, escova seus dentes e também se deita, pois no dia seguinte começaria a estudar para o vestibular.

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