— Eu sei que o que te contarei poderá acabar com nosso casamento, mas eu não posso mais guardar isso comigo, está me consumindo cada dia mais. Mas eu quero que saiba, que nem que eu viva trezentos anos, ainda assim, eu continuarei a te amar. Você é o meu único e verdadeiro amor que eu conheci, e não há um dia sequer que eu não me arrependa de não ter ficado com você da primeira vez que me quis, anos antes!
— Elisa, você pode ir direto ao assunto?
— Não é nada fácil dizer isso, mas.......O que aconteceu, é que aquele desgraçado do Júlio, desistiu de doar o fígado à nossa filha, apenas algumas horas antes do transplante....
— Por que eu não soube de nada disso?
— Porque ele me ligou e.......ele me ligou e disse que não doaria um pedaço dele se eu não adiantasse metade do dinheiro, e se.......
— E se?
— Se eu não passasse a noite com ele...
Murilo se levanta do sofá muito rapidamente, andava nu pela sala, de um lado para ao outro, a olhava incrédulo, e com ressentimento.
— O QUÊ? E com certeza, você não aceitou, não é? — Grita, Murilo.
Elisa apenas chorava, ela cobria seus olhos com as mãos para não o olhar, não podia suportar a vergonha de encará-lo nos olhos.
— Me responda, Elisa! — Diz gritando, novamente.
— O que eu deveria fazer?
— Falar comigo, caramba!......Não posso acreditar que tenha cedido a essa chantagem! Como foi capaz?
— Eu estava desesperada! É a vida de nossa filha que estava em jogo! Eu tenho certeza que se fosse ao contrário, você faria o mesmo que eu fiz! Você acha que eu deveria esperar para ver? Júlio é um verme, e não tinha nada a perder, e eu sim, eu tenho uma filha que amo de todo meu coração, não podia pensar somente em mim, era a vida dela que estava em jogo.
— Não consigo acreditar nisso. Muito conveniente, não é? Você pensou mesmo em Liz, ou quis relembrar os velhos tempos?
Elisa o encara no mesmo instante, sabia que teria que lidar com a desconfiança dele, mas ela deixara claro que havia aceitado, somente por causa de sua filha. Ela então se levanta do sofá, muito magoada, mas compreendia a atitude dele, ela então veste sua roupa de qualquer jeito, e caminha até a sala dele, para então, sair do escritório. Murilo também se vestia apressadamente, e quando ela passa por ele, ele segura seu braço muito firmemente.
— Me diga uma coisa............você gostou?
— O quê?
— Você gostou de estar nos braços dele, novamente?
— Eu não estive nos braços dele........eu não esbocei reação alguma, a não ser nojo e desespero. Eu chorei em cada segundo que aquele porco me tocou, não me mexi, fiquei imóvel, mas graças aos céus, para minha sorte, ele terminou tudo muito rapidamente. E saiba que quase vomitei em cima dele. Quando cheguei em casa, quase arranquei minha pele, de tanto que me lavei, por isso tenho andado o evitando, pois me sinto imunda, não me sinto digna do homem incrível que você é, não me sinto digna de seu amor. Mas apesar de tudo, de toda dor, não me arrependo do que fiz, mesmo sentindo nojo daquele verme, minha filha está viva, e saudável, graças ao que tive que fazer. Ele apenas teve meu corpo por alguns minutos, mas meu coração e meu amor, sempre pertencerão a você, mesmo que duvide disso.
Murilo então solta o braço dela, e seu olhar se transforma, pois, a raiva de minutos atrás, dá lugar a compaixão. Seus sentimentos estavam misturados, no fundo podia entender a atitude dela, mas também sentia seu orgulho ferido. Elisa sai porta afora com a certeza que seu casamento havia terminado ali. Mas pelo menos tinha se livrado do peso do segredo que guardava. Ao chegar em seu carro, ela dá vazão a um choro compulsivo, pois nunca enfrentara uma fase de sua vida tão conturbada daquela forma.
Depois de se acalmar um pouco, Elisa vai direto para casa, pois precisava ver seus filhos, queria passar mais tempo com eles, já que andava distante de tudo e de todos. Ela entra e encontra Breno brincando com sua avó no jardim, os dois jogavam bola desajeitadamente, já que Marta era péssima no futebol.
— Mamãe! Vem brincar comigo?!
— Claro, meu amor!
Elisa passa algum tempo brincando com seu filho fingindo estar feliz, pois por dentro estava destruída, e seu filho não tinha nada a ver com aquilo, então se esforçaria o máximo que conseguisse. Depois sobe para tomar um banho, sabia que possivelmente Murilo não voltaria para casa naquela noite, ou talvez não voltasse nunca mais. Era somente uma questão de tempo, mas ele iria sair de casa definitivamente.
Depois do banho, Elisa vai até o quarto de Liz e a encontra se maquiando, pois ela gostava de estar sempre arrumada.
— Como você está, meu amor?
— Estou bem!
— Meu amor, eu sei que estamos um pouco afastadas, nossas vidas estão um pouco diferentes, mas........não acha que passou da hora de me contar sobre o dia do acidente? Não vai me dizer nada sobre seu amigo que faleceu? Eu não o conhecia. A mãe dele veio falar comigo algum tempo depois, me pediu desculpas por tudo, e eu disse que sentia muito pela perda dela, mas não acha que me deve uma explicação?
— Não tem nada para falar, era só um amigo e pronto.
— Está bem, eu não vou insistir. A hora que quiser me contar, estarei aqui, não vou te julgar, quero apenas que confie em mim, e nunca se esqueça o quanto eu a amo.
Elisa beija a testa de sua filha, sai do quarto, e volta para o seu. Sentia sua vida desmoronando e não podia fazer nada. De uma hora para outra não tinha mais marido, seu trabalho não a satisfazia, sua filha se fechara no mundo dela, e ela se sentia cada dia mais vazia. Queria sumir, queria sair correndo até que tudo se resolvesse.
O jantar havia sido servido no mesmo horário, mas faltava Murilo sentado à mesa com sua alegria de sempre, com sua presença marcante, com seus olhares apaixonados para ela. Aquela casa não era a mesma sem ele. Breno perguntara por seu pai a cada cinco minutos, e Liz a olhava desconfiada, Marta também sabia que algo estava errado, mas esperaria até que sua filha estivesse pronta para contar.
Elisa olha no relógio e percebe que já passava da uma da manhã. Murilo ainda não havia retornado, e provavelmente não retornaria. Ela tenta fechar seus olhos, quando de repente ouve um barulho em sua porta, ela se vira assustada e enxerga Murilo entrando. Ela imediatamente se levanta e acende a luz. Murilo tinha o rosto cheio de sangue, sua boca sangrava e seu olho estava inchado, sua roupa estava rasgada e seus cabelos bagunçados.
Elisa caminha até ele e o encara, os dois ficam muito tempo olhando um para o outro sem dizer nada. Elisa então se aproxima dele e toca o canto de sua boca, o simples gesto faz com que ele resmungasse, pois era um corte feio.
— O que houve, Murilo?
— Eu fiz o que deveria ter feito há muito tempo.
— Do que está falando?
— Eu mostrei para aquele desgraçado que se ele se aproximar de minha mulher novamente, eu o mato!
Elisa sente seu coração se encher de esperança, pois ele havia dito “minha mulher”, o que era sinal de que talvez, ainda tivessem uma chance de ficarem juntos, e isso, era o que ela mais queria, pois não imaginava sua vida sem ele. Será que Murilo daria uma segunda chance ao amor dos dois?
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Ameles
segunda não terceira chance
2024-11-27
0
Ameles
e a filha uma mimada
2024-11-27
0
Maria Helena Macedo e Silva
/CoolGuy//Right Bah!//Left Bah!//Hey//Shy/
2024-05-28
0