...*Caterina*...
— Me escute minha filha, de tempo ao tempo, está bem? Sei que Eros é muito importante para você, mas ele precisa disso, sentir sabe? — Minha mãe fala com uma calma avassaladora, agarrada nas minhas mãos como se eu fosse fugir a qualquer momento. — Você sempre esteve disponível de mais, sempre compreendeu de mais, não vê que essa amizade só machuca você? Deixe que ele faça escolhas, deixe que ele sofra e chore dessa vez, já chega Caterina, chega de entender o lado dele, como fica o seu lado?
Concordo com a cabeça, me sinto exausta de mais para discordar ou argumentar.
— Apenas diga que estou melhor.— Peço com a voz ainda falha.
— Eu direi.— Minha mãe responde com um sorriso sincero.
...****************...
Fora mais algumas semanas exaustivas, tudo estava organizado para minha alta e eu já não via a hora de voltar para casa.
Claro que não seria fácil, eu estava toda remendada como diria Selene, além da pancada forte que levei na cabeça que causou o traumatismo craniano, meu quadril teve uma luxação, a articulação saiu do lugar e uma das minhas pernas não moveu mais, fiquei sabendo que logo após o acidente meu pé estava todo virado para dentro e graças aos céus eu não presenciei isso.
Foi necessário fazer uma pequena cirurgia para colocar o osso no lugar, mas o tempo que fiquei no hospital, mais teve a ver com os problemas que a pancada causou no meu cérebro.
Foi uma recuperação difícil, o tubo que me ajudava a respirar ferrou com as minhas cordas vocais, a pancada me fez demorar um tempo enorme para voltar a escutar e por momentos pensei que nunca mais conseguiria ouvir nada, sei que isso deixou todos apavorados também, ainda tenho perda do equilíbrio em alguns momentos, muita dor de cabeça e também transtorno no sono e tudo isso só me fez ficar na cama por mais tempo, já que muletas e desequilíbrio não combinam.
A fisioterapia foi uma merdä de tão dolorosa, com 3 semanas pude começar a ficar sentada e com 7 a possibilidade de ficar de pé veio, mas os neuróticos da família Arvenitis me fizeram passar por isso dentro de um hospital com uma equipe de médicos gigantesca que não me deixavam nem lavar o rosto, sozinha.
Felizmente até agora as minhas sequelas após o traumatismo foram mínimas, não tive alteração na memória, problemas cognitivos ou alteração de humor.
Usei esse tempo entediante no hospital para rever a minha vida, forma de pensar e agir, claro que eu não culpo Eros pelo que aconteceu, nem poderia, eu nunca fui assim, foi uma fatalidade, independente dos motivos que me levaram a sair de carro no meio da madrugada, mas ele precisa mudar, eu preciso e isso é um fato.
Escuto uma batidinha leve na porta, Selene entra com um sorriso enorme no rosto.
...(Selene - Sol)...
— Pronta para ir pra casa meu amor? — Ela diz animada e vem me dar um abraço.
— Mais que pronta, estou com saudade das minhas coisas. — Respondo sem hesitar.
— Uhum... Bem... Acho que sua mãe não te contou nada, não é?— Ela diz de forma triste.
— Sobre o que exatamente?—
— O seu apartamento está em reforma, quer dizer, bem, acho que foi um vazamento no andar superior.—
Arregalo os olhos, incrédula.
— Tá de sacanagem? —
— Infelizmente não, o revestimento do teto caiu e eles ainda não arrumaram tudo, deu uma infiltração forte em vários lugares, traduzindo, os dois andares estão interditados.—
Droga.
— Tudo bem, então eu vou para onde afinal?—
— Espero que lá pra casa, meus pais estão ansiosos te esperando.—
— Eu não quero incomodar, prefiro ir para o apartamento da minha mãe.—
— Tem escadas Cate, sei que já consegue caminhar bem sozinha, mas se você desequilibrar...—
— Eu já entendi, ainda não estou 100%, provavelmente nunca vou ficar, não é?—
— Claro que vai, sua cirurgia no quadril foi só uma correção, em menos de um ano tudo que vai restar será a marquinha, já a recuperação completa do traumatismo é de seis meses.—
Ela é sempre tão positiva.
— E as sequelas? — Pergunto realmente curiosa, sei que Selene ficou quase uma hora conversando com os médicos ontem, tenho quase certeza que Eros estava junto.
— Você não apresentou até então muitas sequelas, provavelmente não terá mais nenhuma fora as dores de cabeça ocasionais e o desequilibro, mas até isso pode mudar com o tempo, os médicos disseram que nesses meses é normal Cate, não desanima tá? —
— Não vou desanimar, estou bem, sou grata por estar viva e as sequelas são o de menos, eu vivi com o meu pai lutando contra uma doença degenerativa durante toda a vida sem cair, não serão dores de cabeça que me farão mais fraca.—
— É isso ai minha Deusa. — diz uma voz masculina.
Me assusto com a voz baixa e rouca, viro na direção da porta para ver Eros em toda a sua glória com um buque de rosas e uma caixa de bombons em mãos.
Ele parece cansado, apesar dos cabelos e roupas estarem impecáveis, Eros tem olheiras escuras e fundas, seu sorriso é honesto, porém fraco.
Luto contra a vontade de pular da maca e me jogar em seus braços.
— Finalmente apareceu.— Digo animada.
— Desculpe por isso, eu não tive muitas oportunidades de invadir o seu quarto, os urubus não saiam de forma alguma de cima de você, agradeço a Selene por distrair Diácono por um tempo. — Ele responde de um jeito provocativo.
Acabo rindo, Eros caminha até a minha maca, da um beijo na minha testa e senta ao meu lado.
— Senti saudades.— Ele diz de forma triste.
— Eu também, os meus dias foram tediosos sem você.— Respondo tentando brincar um pouco.
Selene limpa a garganta.
— Vou deixar vocês conversarem, pretendo montar guarda do lado de fora, não demorem, dona Anna logo chega para te buscar com toda a gangue de Arvenitis.— Ela diz bufando.
Eros sorri.
— Obrigado por isso irmã, sei que não está sendo fácil para você me deixar entrar aqui.— Eros fala com a voz baixa e melancólica.
— Não me agradeça estou fazendo isso pela Cate.— Ela responde com irritação visível.
Selene sai sem dizer mais.
— Ela parece chateada com você.— Percebo tarde que disse isso em voz alta.
— Não sem motivos, não é? — Ele diz com um olhar de culpa.
— Sabe que não te culpo.—
— Não é essa a questão, ela tem razão em estar chateada, todos tem, olha os meses infernais que você tem passado, quase te perdemos Cate e a culpa é minha, sim.—
— Eros...—
— Não Cate, por favor, eu sei o que fiz, sei exatamente o que tenho feito durante todo esse tempo e eu sinto muito, sinto muito de verdade.— Ele diz olhando para o chão e segurando as minhas mãos com força. — Eu errei, de todas as pessoas no mundo a que mais tenho errado é você, tenho errado a anos Caterina, a muitos anos. Espero que me perdoe por ser assim, por ser um desgraçado egoísta e te fazer tanto mal.—
— Já chega, não faz isso, a nossa relação tem erros de ambos os lados, vamos nos perdoar e seguir em frente tá? Nada de esquecer, só aprender com o que já foi e seguir.—
Eros da um sorriso desanimado.
— Parece bom, mas ainda não é o suficiente, não depois de tudo o que você passou, minha Alma.—
— Me compense cuidando muito bem de mim, sabe, esses chocolates são um bom começo.—
Eros sorri, abre a caixa de bombons, retira um e o leva até a minha boca.
E abro a boca e o mordo o bombom pegando a ponta do dedo indicado do Eros propositalmente junto.
Ele faz uma careta de dor.
— Isso foi por não vir aqui antes, seu babaca preguiçoso. — Falo com a boca cheia de chocolate.
— Você está ótima, a alta médica veio no momento certo, já começou a me torturar, já pode até voltar a trabalhar amanhã. —
— Os teus ovos Eros Arvenitis, eu quero no mínimo um ano longe do trabalho e de você como Ceo, também quero alguns MILHÕES de indenização, eu estava trabalhando na hora do acidente e agora eu fiquei sem carro. — Digo com o nariz empinado e braços cruzados.
Eros cai na gargalhada.
— A minha Deusa, vou te dar tudo o que quiser, a conta com os seus muitos milhões já existe a tempos, mas se é o que quer saber, eu te dou o mundo apenas por saber que você está bem e quanto ao seu carro, o novo chega mês que vem minha boneca, reforçado, blindado e obviamente de uma linha de luxo, como deve ser, agora preciso ir. —
Ele beija a minha testa e sai com um sorriso triunfante, como se nada tivesse acontecido.
— Que história é essa de milhões? E que carro é esse?...Eros ...Eu estava brincando... Eros, seu idiota, volta aqui.—
Grito e em resposta escuto a risada rouca do meu melhor amigo.
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Atualizado até capítulo 78
Comments
Marly Matias
Espero que ele se declare para ela. Chega de correr di destino.
2024-07-25
1
Gih
ele não tem medo do perigo 🤣
2023-08-04
4
Joseph
que muié lindaaaaaa
2023-08-03
2