...*Eros*...
Eu explicaria se soubesse, mas, na verdade sei tanto quanto os jornalistas, talvez até menos.
Eu e Leandra não tínhamos relação alguma desde antes da briga entre ela, Cate e a minha família, a verdade é que fazia muito tempo que eu não tocava nela antes disso, ela provavelmente engravidou da última relação que tivemos, pelo menos dois meses antes da briga e depois disso mantivemos uma relação de fachada para sua saúde e a do bebê, já que a opinião pública era tudo que importava para ela.
Eu não entendia o por que dela ainda querer manter o noivado comigo, sendo que nunca mais tivemos algo, eu tentei ser seu amigo, estava disposto pela minha filha, mas tanto o fato de eu tentar me aproximar quanto o fato de eu tentar terminar a falsa relação e manter a paz pelo bem da nossa bebê, pareciam transtornar ela de uma forma devastadora, a ponto de eu ter que chamar o seu obstetra todas às vezes que tínhamos uma conversa séria.
Acabei acuado pelo medo de perder a única coisa que me restava e importava, minha filha.
Para Leandra o fim na nossa relação significava o mesmo que cortar os meus laços com a bebê, ela dizia a todo o momento que a única coisa que a prendia nos EUA era eu e se ela não me tivesse, eu não era bem-vindo na vida de ambas.
Por maior poder que eu tenha, a ideia de tirar minha filha da sua mãe nunca foi uma alternativa, me traria paz com toda certeza, mas por um preço alto para minha bebê a longo prazo. Claro que se eu resolvesse fazer isso em algum momento conseguiria, mas não sem um grande incomodo, afinal a lei nunca me parou, mas Leandra daria um show.
A ideia de criar minha bebê sem a mãe me parecia uma punição para minha filha também e eu queria que ela tivesse isso, esse tipo de amor, o amor maternal. Eu não tenho a melhor moral, na verdade ela deixou de ser intacta assim que descobri as coisas e pessoas que o dinheiro compra, mas ainda sim, eu não me considero um homem mal, pelo menos não a ponto de tirar uma criança de sua mãe, mesmo a mãe sendo uma completa maluca.
A única certeza que eu tinha é que precisava manter Leandra perto para nossa filha estar perto, então deixei a vida nos levar, me sentindo o mais confuso dos homens.
Leandra tinha incansáveis compromissos fora do país, eu sabia que ela precisaria de tempo para conseguir mudar toda a sua vida para cá e que gastaria milhões pelas quebras de contratos com as marcas que a patrocinavam, mas eu estava disposto a pagar tudo para ter ela aqui em Manhattan e assim fiz.
A verdade é que eu não me importei com o afastamento dela, eu mandava mensagens e ligava todos os dias para saber dela e da nossa bebê, mas sua presença não me fazia falta alguma, vou mentir se disser que Leandra não era importante, ela era a mãe da minha filha, nós tivemos muitos bons momentos juntos e o carinho por toda a nossa história permaneceu, mas era isso, ela era a mãe da minha filha e por ter me dado esse grande presente, eu era grato.
Eu estava contente por ser pai, mas não ter nada além de uma futura paternidade me fez fraco e durante todo o tempo que Leandra não esteve aqui, eu estive na companhia do bom e velho whisky.
Uns dias antes de eu ir para a Grécia a negócios, um dos seus médicos me ligou, Leandra estava internada, passava bem, porém em repouso, algo tinha acontecido, não lembro direito a sua explicação cheia de firulas e nomes complexos, mas tinha algo a ver com a pressão arterial.
Só lembro de sair de casa desesperado, só com a roupa do corpo, ligando para todos os meus contatos para entrar no primeiro voo que tivesse para França, nem mesmo dei tempo dos meus funcionários prepararem o jatinho, fui em um voo comercial, na econômica, sem fazer check-in ou inspeção, na verdade, nem o meu passaporte estava comigo.
Contatos e dinheiro, com isso, tudo se da um jeito.
A viagem de quase nove horas para Nice parecia nunca ter fim e quando eu finalmente cheguei, desejei nunca ter pousado.
Perdemos a nossa filha, descobri isso no corredor do hospital lotado, Leandra não queria me ver e parecia me culpar pelo acontecido, foi indescritível, uma dor que jamais poderei colocar em palavras, eu queria entender, mas quantas mais explicações eu escutava, mais confuso ficava, nada parecia se encaixar, Leandra estava com 28 semanas de gestação e eu só não entendia que raios era essa pré-eclâmpsia que nunca foi diagnosticada durante o seu pré-natal.
Porrä eu sempre estive por dentro de cada consulta, mesmo não estando lá, ela mandava vídeos, fotos, eu conversava muito com os seus médicos, como essa merdä foi acontecer?
Fora semanas terríveis, eu queria pelo menos ver o corpo da minha filhinha, ver como ela era, eu só precisava....Eu....Eu.... Precisava de um amparo.
Nem mesmo ver Leandra consegui, ela deixou avisado que o melhor para ela era eu me manter o mais distante possível, eu forcei o nosso contato algumas vezes, mas tudo piorou muito e quando percebi que poderia piorar a sua saúde, retornei para o meu país.
Não contei para ninguém, eu deixaria que todos soubessem com o tempo ou pelas notícias, mas Cate notou o meu desespero, bastou uma troca de olhar no elevador da empresa e ela me arrastou para sua sala.
Lá ela chorou comigo por horas, Cate não chorou pela minha dor, ela sentia a minha dor.
Minha pequena deusa, minha Alma me amparou nos seus braços por muito tempo, mesmo sem saber o que tinha acontecido.
Ela não me fez perguntas, dois dias depois os fatos estavam estampados nas manchetes, eu odiava como Leandra adorava um espetáculo, mas eu sabia que ela era alguém com muitos fãs, então só segui em frente.
Deixei claro para todos que eu não estava disponível para conversa, nada de abraços ou amparo, eu queria zero aproximações e todos respeitaram, mas Cate, bem, ela não perguntou ou falou nada, ela me abraçava todos os dias sempre que tinha uma oportunidade, quando percebeu que eu não estava dormindo ou comendo bem, ela me espiava de hora em hora no trabalho, depois levava todas as minhas refeições no escritório e até no meu apartamento.
Quanto mais eu permitia ela ali ao meu lado em silêncio, mais coisas ela fazia e mais tempo ela ficava, ela lavava a minha louça e roupas, assim como passava e as deixava prontas para o dia seguinte.
Cate simplesmente ficava ao meu lado em silêncio todos os instantes do dia e esperava pacientemente que eu comesse, tomasse banho e dormisse, para sair do meu apartamento no fim da noite.
Ela entendia que eu precisava de espaço, de silêncio, eu precisava do meu luto, mas ela também sabia que eu precisava constantemente de amparo, então ela esteve ali, como uma assombração silenciosa seguindo todos os meus passos, garantindo que eu não fizesse merdä e me cuidasse, até que a dor não me dominasse tanto, até eu conseguir fazer coisas como uma refeição sem precisar dos seus olhos de àguia me impulsionando.
Após semanas, quando eu finalmente comecei a ver cor no mundo novamente, Leandra apareceu no meu escritório, tão bela quanto sempre foi, cheia de maquiagem, joias, roupa de grife, no salto e sem um fio de cabelo fora do lugar.
Assim como Leandra ressurgiu com a sua depressão estranha e necessidade de me ter repentinamente, Cate assumiu sua forma distante.
A presença de Leandra com sua constante necessidade em relembrar a nossa perda e entre palavras me acusar, acabou sendo o impulso eu que precisava para cair de vez, só que agora eu já não via tanto sentido em resistir, eu cheguei no fundo do poço.
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Atualizado até capítulo 78
Comments
Jéssica Santos
acho que ela nunca esteve grávida, tudo armação
2024-11-30
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Erica Silva
será que ela perdeu mesmo a bebê meio estranho
2024-11-13
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Marcia Regina
acho que não teve gravidez nenhuma
2024-10-18
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