...*Eros*...
Minha relação começou a rachar quando foquei no PHD, para mim era fácil acompanhar Leandra a Paris, ir nos seus desfiles e eventos até então, com o PHD foi impossível ter tempo sobrando para longas viagens.
Leandra foi rapidamente deixando de ser a mulher perfeita e para isso bastou contrariar ela algumas vezes.
Eu fiquei de saco cheio bem rápido.
Não sei exatamente em que momento ela associou a situação toda e a minha falta de tempo para ela, com a vinda da Cate para cá, talvez o fato dela ter vindo justamente quando voltei a estudar possa ter influenciado, mas a birra foi aumentando, tínhamos várias discussões por isso, fora as viagens longas que ela fazia sem mim e no fim das contas o afastamento que Cate mantinha de mim acabou sendo bom, mesmo eu odiando isso.
Eu estava perdido, problemas no relacionamento significam problemas em tudo, Leandra mal me deixava dormir, meu projeto para o PHD estava empacado e eu mal estava trabalhando.
Leandra estava me cercando, ligava várias vezes ao dia, interrompia reuniões importantes e usava a minha falta de tempo contra mim, eu parecia ser um péssimo noivo e sinceramente eu já nem sabia se ela tinha razão ou não.
Ela chorava e eu me sentia culpado, fui tentando suprir tudo, mas eu não aguentava mais.
Então o meu reforço chegou.
Caterina simplesmente invade a minha sala bufando.
— Já chega! Você comeu merdä Eros? Escuta aqui, eu não venho aqui para brincar, eu me mato como uma louca nessa empresa para garantir a excelência, como diabos você fecha um contrato sem a minha análise?— Ela suspira e joga os papéis na minha mesa.— Cancela essa droga, chama os seus advogados e anula agora esse contrato, Eros é a terceira vez que isso acontece, não vou mais deixar passar, se você não precisa de mim para garantir segurança nos acordos, melhor eu procurar outro lugar para trabalhar, você não percebe como eu perco a minha credibilidade quando você faz algo assim?—
— Sinto muito.— Falo cansado, sem ao menos olhar em sua direção.
Ela para e me analisa por um tempo.
— Eu que levo chifre e você que está um trapo, vê se reage homem.—
Ela caminha até a mesa pega o telefone e liga para minha secretária.
— Por favor, cancele toda a agenda do senhor Arvenitis para hoje e amanhã. — Ela fala e logo desliga.
— O que você comeu hoje Eros?—
— Uhum...Acho que, bem eu tomei café.—
— Vem, vamos sair.— Ela diz com firmeza.
— O quê?—
— Levanta a bunda e anda logo, não faz eu me arrepender de te dar entrada. Azia ta monaca.— Ela diz sem paciência.
— Você me chamou de filho da putä? —
Ela revira os olhos e me ignora.
Visto o meu blazer e nós saímos juntos do escritório em completo silêncio, vamos até o carro dela no estacionamento da empresa e entramos.
— Que merdä de carro é esse? — Pergunto indignado, para alguém que ganha bem como ela, no mínimo ela deveria ter um carro zero e dos mais completos.
— Eu economizo a dois anos para fazer uma padaria verdadeiramente decente para minha mãe, você tem ideia de quanto custa um ponto comercial no centro de Manhattan? Tem ideia de quanto custa os materiais e fornos para uma padaria e cafeteria descentes? Isso sem falar no valor da arquiteta, do engenheiro para lidar com as tubulações novas, tem o valor das licenças...— Ela respira fundo e arranca com o carro. — Eu acabei de quitar o apartamento da minha mãe e da minha tia, elas finalmente vão sair do aluguel e além de comprar o ponto novo, eu tive que mandar reformar tudo, fora todos os equipamentos novos da cozinha, elas juntaram cada moeda para isso e eu também, nesse momento a minha última preocupação é uma droga de carro Eros.
Fico em silêncio, eu simplesmente não sei o que dizer, Cate sempre faz com que eu me sinta um lixo, não acredito que eu estou na merdä por tão pouco, enquanto ela ainda rala pra caramba e fazendo um trabalho exemplar.
Nesse momento me sinto o mesmo preguiçoso vagabundo que ela conheceu a seis anos atrás.
Eu tô entregando os pontos pelo simples fato da minha noiva estar surtando, foda-se Eros, essa mulher aqui não parou de lutar nem quando perdeu o pai.
Que grande bosta de homem eu sou.
— Onde você tá morando?—
— Por agora estou em um hotel, quando voltei para Manhattan fui direto para o apartamento do meu ex, esse era o combinado, morarmos juntos até o casamento, mas eu descobri o chifre antes, o apartamento da minha mãe só tem dois quartos, eu realmente não quero atrapalhar elas duas. — Cate fala com uma tranquilidade absurda.
— Sinto muita minha Atenas.— Digo de coração.
Ela abre um sorriso triste.
— Faz muito tempo que não escuto esse apelido, não tenho certeza se quero lembrar dessa época, sabe Eros, ainda doi, doi tanto, que eu mal consigo te olhar.— Ela diz e me olha por um momento com os olhos marejados.
— O meu pai dizia que você era o filho homem que eles não tiveram, ele torcia por nós, pelo nosso futuro, pela nossa amizade, meu pai te amava com todo o coração. — Cate fala com a voz embargada, uma lágrima solitária se força e acaba caindo, eu a enxugo do seu rosto com a ponta do dedo.
— Eu o amava muito, eu realmente queria ter me despedido, eu simplesmente não entendo ou sequer aceito a partida dele, pra mim também é muito difícil, eu sinto muito pelo que passaram.— Digo também emocionado, é a primeira vez que falamos sobre isso, na verdade é a primeira que falamos depois de tudo.
— Ele já sabia sobre a doença, estava escondendo de todos nós, eu e a minha mãe descobrimos a pouco, você sabe, meu pai odiava nos preocupar, o coração dele estava bem fraco.— Ela da um meio sorriso.— Por que não foi lá? por que não nos atendeu? Por que não nos procurou? Por que Eros? O fato de eu ter ficado com o Duda te machucou tanto a ponto de esquecer toda a nossa história? Eu precisava de você, nós precisamos.
E isso não teria doido tanto se fosse um tapa, engulo em seco antes de responder.
— Eu não vi as ligações quando aconteceu, eu bebi e eu sinto muito por isso, quando vi era tarde de mais, eu tentei, muitas e muitas vezes, eu liguei, procurei por vocês, depois esperei que voltassem, seu ex me atendeu todas as vezes, até na faculdade ele me confrontou, me dizendo que você me odiava, que não me queria por perto, eu até vim para Manhattan atrás de vocês, mas quando vi ele aqui com você, imaginei que seria melhor me afastar mesmo.—
Cate arregala os olhos levemente.
— Eu nunca quis isso Eros, tudo o que eu precisava era de você, eu nunca, nunca, disse que te odiava, você não tem ideia de quanto tempo te esperei, o quanto eu chorei por ter perdido você também. —
Ela para o carro e enxuga as lágrimas, estou tão abalado que simplesmente a puxo para o meu colo, Caterina se aninha no meu peito e nós choramos por horas, desabamos um nos braços do outro, deixamos extravasar toda culpa e ressentimento desses anos, mas choramos ainda mais de saudade, saudade de nós, saudade do nosso pai.
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Atualizado até capítulo 78
Comments
Marly Matias
O Duda afastou todos dela.
2024-07-25
1
Socorrinha Lima
Mal entenditos,como yma conversa faz falta.
2023-12-20
2
Teresinha Galvão
eu acredito na pureza do CORAÇÃO e eles se amam ...que importa himem e so uma membrana
2023-12-14
2