— Você tem certeza de que está disposta a ir tão longe? Ele prometeu cancelar o noivado, mas você sabe que não será tão simples assim. — Emma insistiu, seus olhos brilhando com curiosidade e preocupação.
Afundei-me no sofá de veludo, sentindo o tecido macio e aconchegante contra minha pele exausta. Cada músculo do meu corpo doía, uma mistura de tensão e adrenalina percorrendo minhas veias.
— Sim, ele me prometeu, mas entendo que não será uma tarefa fácil. — Respondi, buscando clareza em meio à turbulência dos meus pensamentos.
Emma se aproximou, seus olhos fixos em mim, capturando cada palavra que escapava dos meus lábios. Sua expressão era uma mistura de fascinação e inquietação.
— Então, você está insegura quanto aos verdadeiros sentimentos dele por você, Eve? — Ela perguntou, sua voz ecoando no ambiente silencioso.
Permaneci em silêncio por um momento, ponderando suas palavras. Era verdade, eu não sabia ao certo quais eram os verdadeiros sentimentos de Henry em relação a mim.
Aquela união arranjada entre as duas famílias era um jogo perigoso de interesses, onde o amor era um mero detalhe.
— Na verdade, não é isso. Os interesses das famílias dele e de Alice estão em jogo, esse casamento é uma negociação empresarial que pode valer algo em torno de 100 milhões de dólares, juntando as duas fortunas. — Me levantei lentamente do sofá, sentindo o tecido grudar na minha pele suada.
O calor do ambiente parecia intensificar minhas emoções, alimentando minha determinação.
Caminhei até a geladeira, buscando uma pequena garrafa de leite com sabor de morango para acalmar minha sede. O líquido gelado deslizou pela minha garganta, trazendo um breve alívio.
— E você está realmente disposta a enfrentar essa batalha? — perguntou, observando cada movimento meu com olhos penetrantes.
Virei-me para encará-la, meu olhar refletindo a chama ardente que ardia dentro de mim.
— Se for preciso descer até as profundezas do inferno para ter o coração daquele homem em minhas mãos, eu o farei sem hesitar. —
O celular de Emma vibrou brevemente, e ela o agarrou apressadamente, demonstrando um misto de ansiedade e curiosidade.
Soltei uma risada ao observar sua reação, imaginando o que poderia ser tão importante para ela.
— Essa já é a terceira vez que seu celular toca e você corre para ver. — Provoquei, divertindo-me com a situação. — O que é que é tão urgente?
Ela soltou um suspiro cansado, deixando o dispositivo de lado e massageando suas pálpebras por alguns instantes.
— Meu pai arranjou um encontro às cegas para mim. Preciso ir para a casa da minha família hoje e provavelmente ficarei fora por uma semana, talvez até mais. — desabafou, sua voz carregada de frustração.
Tentei encontrar um lado positivo para a situação, oferecendo um pouco de consolo.
— Pense pelo lado bom, pelo menos você não ficará entediada. Terá algo para ocupar seu tempo. —
Emma bufou, verificando seu celular novamente.
— Claro que não é a mesma coisa. Aqui eu tinha coisas para fazer, questões para discutir... — resmungou, parecendo descontente.
Curiosa, questionei suas palavras.
— Tipo o quê? —
Revirando os olhos, Emma respondeu com uma pitada de ironia.
— Eu poderia dar meus palpites sobre sua vida e te ajudar com essa relação complexa que você tem com seu chefe bonitão. Afinal, é o que melhores amigas fazem, não é?
Contemplei Emma por um breve momento, admirando sua pele alva, seus cabelos de comprimento médio e seu corpo esguio.
Desde o colegial, ela sempre foi uma amiga leal e verdadeiramente solícita, e desde então nossa amizade se fortaleceu, tornando-nos inseparáveis.
Desejava ardentemente que essa garota bondosa encontrasse alguém que a valorizasse de verdade.
— Emma, se um dia eu pedisse que você me esquecesse, você seria capaz de fazê-lo? — perguntei, minhas mãos que seguravam a pequena garrafa de leite quase vazia tremendo ligeiramente, enquanto pensava mais uma vez em meus pais, em meus objetivos que não estavam muito longe de serem concluídos.
— Por que está dizendo isso de repente? Não seja tola — argumentou, segurando minhas mãos com firmeza, enquanto me fitava com expressão de preocupação e curiosidade.
— A verdade é que um dia posso perder minha sanidade, talvez eu não seja mais a mesma pessoa compassiva que você conhece hoje", respondi em um tom soturno, deixando escapar a sombra que pairava em meu íntimo.
— O que você quer dizer com isso, Eve? — ela indagou, com uma mistura de intriga e apreensão em sua voz.
— Um dia pode ser que o poder não seja suficiente para realizar minha vingança. Por isso, tenho um plano B, caso as coisas não ocorram conforme meu desejo — concluí, um sorriso sinistro curvando meus lábios, enquanto um desejo perigoso tomava conta de meu coração.
— E qual seria esse plano? — me questionou com seriedade, fascinada mas, ao mesmo tempo, inquieta.
Terminei de tomar o último gole do leite e, com cuidado, coloquei a garrafa na estante próxima de mim. Aproximei-me ainda mais de Emma, nossos rostos ficando próximos um do outro, e deslizei meu dedo indicador nos lábios rosados dela.
— É algo tão cruel que nem mesmo os céus poderiam me redimir. Espero sinceramente que não seja necessário — sussurrei com uma entonação sombria e ameaçadora, deixando claro a extensão de minhas intenções ocultas.
Eu vivia pelos sentimentos de ódio que me consumiam todas as noites, e estava disposta a matar, se necessário, para alcançar meu desejo. Era uma existência movida por uma raiva profunda, e também estava preparada para morrer pelo ódio que ardia em mim.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Iara Drimel
Eve se preocupa com Emma . Ela ainda tem humanidade batendo em seu coração. O que ela pretende fazer? Há tanto mistério quanto ódio pairando sobre Eve.
2023-08-13
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