CAPÍTULO 11

Com a senha digitada na porta digital, acessei meu apartamento e, para meu espanto, deparei-me com uma figura tão familiar que meu corpo inteiro estremeceu ao notá-la.

Os olhos verdes como esmeraldas, o longo cabelo loiro... era Sophia, minha prima.

A semelhança entre nós era tão marcante que poderíamos ser confundidas facilmente, se não fossem as sutis diferenças que lhe conferiam uma identidade própria.

Ela estava diante de mim, trajando um espartilho preto, calça jeans justa e um colar de diamantes envolvendo seu pulso.

Sophia era a fonte de todas as minhas mágoas. Ao vê-la, imediatamente as recordações de todas as injustiças que sofri naquela casa, que tecnicamente me pertencia, inundaram minha mente.

Meu tio estava no controle de tudo e, no fim, me expulsou daquele lar com base nas falsas acusações de Sophia, alegando que eu havia tido relações com seu namorado, um herdeiro de um grupo menor de empresas, que por coincidência estava associado à companhia que meu pai comandava anteriormente.

Mas, na verdade, era ela quem tinha um amante e não queria qualquer vínculo com aquele homem, sempre disposta a jogar a culpa sobre mim.

A loira me encarou com aqueles olhos, únicos responsáveis por fazer meu sangue ferver. Um sorriso falso se desenhou em seus lábios, enquanto eu permanecia paralisada, como uma estátua patética.

Nunca imaginei que a veria tão cedo, não enquanto eu continuasse sendo uma insignificante verme, sem ninguém por trás dos panos para me apoiar.

Sophia se aproximou de mim, seu passo decidido e confiante contrastava com minha agonia interna. Eu sentia o suor frio escorrendo pela minha testa, enquanto meus pés pareciam presos ao chão, incapazes de se moverem.

Cada movimento que ela fazia parecia amplificar o nó que se formava em minha garganta, sufocando qualquer tentativa de falar ou expressar minha angústia. Era como se o peso do passado e a presença avassaladora dela estivessem me aprisionando em um estado de impotência.

A garota tirou lentamente um envelope preto e prateado do decote do seu espartilho, um gesto provocador que refletia sua natureza sem escrúpulos.

O cheiro do seu perfume adocicado invadiu o ar ao meu redor, sufocante como sua presença. Meus olhos encheram-se de lágrimas, lágrimas genuínas que escapavam do controle. Tentei contê-las, lutar contra a onda de emoções que ameaçava me engolfar, mas era inútil.

Eu estava imersa em um turbilhão de memórias dolorosas, cada uma delas relembrando a humilhação que sofri nas mãos dela. Era como se uma lâmina cega perfurasse minha mente, trazendo à tona a sensação de impotência e desespero que experimentei no passado.

— Oh, você é tão sensível, Eve. Está chorando? —zombou, passando seus dedos pelos rastros das minhas lágrimas.

Em seguida, ela depositou um beijo em minha testa, deixando a marca vívida do seu batom vermelho em minha pele. O gesto era uma mistura de deboche e possessividade, uma maneira sádica de reafirmar seu controle sobre mim. Permaneci imóvel, fria e aparentemente indiferente, embora por dentro uma tormenta de ódio e ressentimento se agitasse.

— Saia imediatamente da minha casa! — ordenei, deixando escapar a tremulação em minha voz.

Sophia fez uma expressão de falsa tristeza, exibindo um beicinho provocador que zombava da minha angústia. Em seguida, ela ergueu minha mão, entregando o envelope com um ar de desprezo.

— Fico tão triste em saber que não sou bem-vinda em seu apartamento — retrucou com sarcasmo. — Mas aqui está o convite do banquete que acontecerá hoje na família. Deveria aparecer para relembrar os velhos tempos — acrescentou, passando por mim e batendo propositalmente seu ombro contra o meu com intensidade.

Com as mãos trêmulas, amassei o convite em um gesto impetuoso. Meu corpo todo tremia, inundado por uma mistura intensa de raiva, frustração e uma ponta de medo. Sophia sempre foi mestra em manipular as emoções, suas palavras eram como flechas envenenadas, capazes de dissolver uma alma em segundos.

Eu conhecia o jogo da manipulação tão bem quanto ela, mas havia algo nela que me desconcertava. Sua habilidade em explorar as fraquezas alheias e em semear dúvidas era inigualável. Sophia sabia como tocar nas feridas mais profundas e transformar as palavras em armas letais.

Enquanto segurava o convite amassado, senti uma mistura de ressentimento. Eu me recusava a admitir que ela tinha algum poder sobre mim, mas a verdade é que suas palavras ecoavam em meu âmago, mexendo com minhas próprias inseguranças.

Emma entrou na sala com um sorriso estampado em seu rosto, carregando sacolas em suas mãos. No entanto, assim que seus olhos encontraram os de Sophia, seu sorriso se desvaneceu e uma expressão de preocupação tomou conta de seu semblante. Ela soltou as compras apressadamente no chão e se aproximou de mim, envolvendo-me em um abraço.

Seus braços transmitiam um calor reconfortante, como se tentasse me proteger de todo o mal que pairava sobre nós naquele momento.

Eu sentia que poderia chorar em seus ombros, deixar todas as minhas angústias escaparem, mas resistia. Não queria demonstrar fraqueza diante de Sophia.

Ela, mais do que qualquer outra pessoa, compreendia a tormenta que se agitava dentro de mim. Sabia o que eu sentia, os fantasmas que me assombravam, o medo que me consumia.

Ela também temia que eu sucumbisse, que todo o plano de vingança meticulosamente elaborado ao longo dos anos fosse destruído por uma única pessoa, aquela jovem garota que já parecia ter perdido sua alma e seu coração para a maldade.

Quando Sophia finalmente se afastou, Emma, preocupada, olhou ao redor e, percebendo que ela não estava mais à vista, se aproximou de mim e perguntou com uma expressão de apreensão em seu rosto:

— O que ela estava fazendo aqui? Você está bem? —

Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado antes de responder. Olhei nos olhos de Emma, sabendo que podia confiar plenamente nela. Minha voz saiu um pouco trêmula, mas eu estava determinada a mostrar força diante dessa situação desafiadora.

— Ela ousou me convidar para um banquete da família após tanto tempo — desabafei, minha voz carregada de desprezo. — Poderia ter enviado qualquer pessoa para entregar o convite, mas preferiu fazer isso pessoalmente. Ela sabe que eu não iria se não fosse encorajada a ir.

A figura assentiu, compreendendo a gravidade da situação. Ela conhecia bem a história entre mim e Sophia, sabia o quão profundo eram os ressentimentos e a mágoa que carregávamos uma pela outra. Sophia estava testando meus limites, tentando me provocar e me fazer perder o controle.

— Não deixe que ela consiga o que quer — aconselhou com um olhar firme. — Você não precisa se submeter a ela ou participar desse banquete.

— De fato, eu não preciso me submeter a ela ou cair em suas intenções — concordei, com a voz firme. — Mas, na verdade, eu não vou simplesmente ignorar isso. Vou comparecer e mostrar que já não tem qualquer controle sobre mim.

Mais populares

Comments

Iara Drimel

Iara Drimel

Como Sofia entrou no apartamento da Eve? Quanto sofrimento e segredos Eve passou e tem? É turbilhão de emoções que afloram ao ver sua prima, pelo jeito elas tem muitas diferenças e maldades entre si.

2023-08-07

2

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!