CAPÍTULO 5

O dia havia sido uma verdadeira correria, com tarefas se acumulando e a pressão aumentando a cada momento. Desde a discussão acalorada com a funcionária, percebi um estranho silêncio pairando ao meu redor. Os olhares curiosos e os sussurros maliciosos dos colegas ecoavam em minha mente.

Enquanto minha atenção estava imersa na montanha de papéis à minha frente, um som inesperado ecoou através da porta. Ergui a cabeça, os olhos se fixaram na entrada do escritório. A voz ríspida e autoritária ecoou pelo ambiente quando ordenei para que a pessoa entrasse.

Henry estava parado diante da minha mesa, com suas mãos habilidosas enfiadas nos bolsos do impecável terno azul que ressaltava seus ombros largos. Era impossível não notar sua presença marcante.

Enquanto o observava, senti meu coração acelerar. Lembranças do nosso breve encontro no elevador inundaram minha mente, nossos olhares se encontrando por um breve instante antes que as portas se abrissem. Foi o suficiente para que uma faísca de conexão se acendesse entre nós.

No entanto, naquele momento, não sabia se ele estava ali por conta desse encontro ou se era apenas mais uma consequência das fofocas e especulações que circulavam sobre nós. O burburinho da intriga e dos rumores se espalhava pelos corredores da empresa, e era inevitável que chegasse aos seus ouvidos.

Tentei recuperar minha compostura, endireitando a postura e tentando parecer confiante, apesar do turbilhão de emoções que estava sentindo. O silêncio entre nós era pesado e denso, enquanto nossos olhares se encontravam novamente, relembrando o momento intenso de ontem.

— O que você quer, Henry? Estou ocupada. — Finalmente, rompi o silêncio com uma voz um tanto trêmula, tentando parecer firme.

Ele sorriu de forma enigmática, sabendo perfeitamente o efeito que causava em mim. Aquele sorriso me deixava ainda mais desconcertada, pois não sabia se era um sinal de que os boatos eram verdadeiros ou apenas sua maneira de me provocar.

Tentei controlar minha expressão facial e manter uma aparência profissional, mas por dentro, meu nervosismo continuava a crescer. Era difícil separar as emoções confusas que se misturavam dentro de mim.

Enquanto meu olhar se encontrava com o dele novamente, uma centelha de curiosidade surgiu em seu olhar penetrante. Será que ele estava ciente das fofocas? Será que também sentia a conexão que parecia existir entre nós?

— Eu gostaria de te convidar para jantar esta noite. Quero me desculpar pela forma como minha noiva a tratou ontem. Ela não tem o direito de interferir em nossas relações profissionais e eu não quero que isso afete nossa dinâmica de trabalho. Por favor, permita-me compensar e conversar sobre isso de forma mais tranquila. — afirmou com um tom de voz suave e afetuoso, fazendo com que minhas sobrancelhas se erguessem de surpresa.

Não esperava que ele abordasse o assunto daquela forma, demonstrando preocupação com a maneira como sua noiva me tratou. Senti-me levemente desconcertada, pois não sabia exatamente como reagir àquela proposta inesperada.

O quão sincero estava sendo? Seria uma tentativa genuína de consertar as coisas ou apenas uma estratégia para manter as aparências? Essas perguntas se agitaram em minha mente, enquanto tentava processar os benefícios que aquela situação poderia me proporcionar.

Por um momento, fiquei em silêncio, avaliando suas palavras e tentando ler as entrelinhas de sua expressão. Minhas emoções estavam em conflito, oscilando entre a curiosidade de entender sua intenção real e a cautela em não me deixar envolver em um jogo perigoso.

Com um sorriso sutil, ocultando minhas verdadeiras intenções, o encarei e disse com uma voz carregada de mistério:

— Aceito o seu convite para jantar, Henry. Será interessante ver o que o destino nos reserva nesta noite. —

O homem parecia satisfeito com as minhas palavras, um sorriso travesso brincava em seus lábios. Seus olhos se encontraram com os meus, transmitindo uma confiança que eu sabia ser perigosa. Sem hesitar, ordenou: “Siga-me, Eve."

Fiquei surpresa com a sua solicitação, afinal, ainda estava em pleno horário de trabalho. Olhei para o relógio na parede, contando mentalmente as horas que faltavam para o meu expediente terminar. Ainda restavam duas longas horas. Com um misto de curiosidade e preocupação, decidi questioná-lo.

Henry, como se estivesse se divertindo com a situação, respondeu com um tom de brincadeira

— Bem, minha querida subordinada, lembre-se de que, como chefe, tenho o poder de dar algumas ordens especiais. E agora, a ordem é que você me acompanhe. —

Um leve sorriso irônico se formou em meu rosto enquanto processava as palavras dele. Era uma situação peculiar, mas eu sabia que teria que obedecer. Henry estava jogando com o poder que possuía sobre mim, usando-o para criar uma atmosfera de submissão.

Respirei fundo e decidi entrar no jogo. Afinal, eu tinha os meus próprios planos e objetivos a alcançar.

— Como sua subordinada exemplar, estou pronta para obedecer, chefe. — respondi com uma pitada de sarcasmo.

Henry soltou uma gargalhada contagiante, uma risada que parecia surgir do fundo de sua alma. Era a primeira vez que eu o via rir de maneira tão sincera, e isso me intrigou ainda mais.

Sem perder tempo, o homem segurou firmemente meu braço e me guiou para fora do escritório. Enquanto caminhávamos pelos corredores, pude sentir os olhares discretos dos funcionários, curiosos para saber o motivo da nossa repentina saída. Um sorriso discreto brincou em meus lábios, pois sabia que esses olhares e especulações só aumentariam a fofoca que circulava sobre nós.

Sentia uma satisfação mental ao imaginar a reação de Alice, a noiva de Henry, quando retornasse à empresa e fosse confrontada com essas fofocas quentes. Era como se eu estivesse plantando sementes de intriga e desconforto em seu caminho, uma pequena vingança pelo mal que ela tentara me fazer. A ideia me trazia uma sensação de prazer, como se estivesse saboreando um doce triunfo.

Alguns minutos se passaram enquanto eu estava perdida em meus próprios pensamentos, quando finalmente retornei à realidade, percebi que já estávamos no estacionamento subterrâneo. O belo homem caminhava à minha frente, determinado a encontrar seu carro luxuoso que nos levaria ao restaurante.

— Henry, para onde exatamente vamos? — indaguei, ansiosa por descobrir o destino desse jantar.

— Vamos para um lugar especial, onde meus avós se conheceram. É um local encantador, repleto de histórias e memórias. — respondeu com um sorriso.

Ao chegarmos ao veículo, fiquei impressionada com sua aparência imponente. Era um elegante carro de luxo, um símbolo de status e poder. A luz dos faróis reluzia sobre a carroceria brilhante, refletindo a grandiosidade do momento.

Adentrei com cautela, sentindo o toque macio do couro nos assentos. Era como se estivesse entrando em um ambiente de sofisticação, onde cada detalhe era cuidadosamente projetado para oferecer o máximo de conforto e requinte.

Enquanto nos acomodávamos, um silêncio confortável pairava no ar. O ruído suave do motor do carro ecoava no ambiente, criando uma atmosfera de expectativa. Eu estava ansiosa para descobrir o que mais essa noite me reservaria.

À medida que começava a se mover, o mundo lá fora se transformava em uma sucessão de luzes e sombras. Eu me sentia como uma personagem de um filme, envolvida em uma trama repleta de mistérios e segredos.

Enquanto nos dirigíamos ao local especial onde os avós de Henry se encontraram, eu me perguntava o que mais estava por vir nessa noite tão singular. Meu coração pulsava com antecipação, pronta para mergulhar em um universo de intrigas e paixões proibidas.

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