CAPÍTULO 19

Impulsionando Henry para longe, mantive uma distância segura, impedindo-o de me envolver em outro abraço.

Meu coração acelerou, não por amor, mas pela surpresa diante de sua atitude repentina.

Seus olhos frívolos revelaram confusão, perdidos em meio a esse momento inesperado. Sua expressão, normalmente inabalável, oscilava entre o anseio e o desconcerto.

— Embora você não queira que eu vá embora, não vejo sinceridade suficiente em suas ações — disse, com frieza, deixando as palavras cortantes escaparem de meus lábios.

Henry abaixou a cabeça, seus tornozelos se curvaram gradualmente, até que ele se encontrasse ajoelhado diante de mim. O homem acostumado a controlar todas as situações agora se submetia.

Mantive meu olhar imperturbável, sem demonstrar qualquer emoção em meu rosto. Era um retrato da indiferença, uma máscara que ocultava a tormenta interna que eu vivia.

Acompanhando seu gesto, ajoelhei-me também, enfrentando-o de frente. O silêncio preenchia a sala, testemunhando a batalha de vontades.

— Você está disposto a fazer isso? Ajoelhar-se não é algo tão grandioso, afinal. Eu também posso fazer o mesmo — desafiei, provocando-o, ansiosa por uma resposta que revelasse suas verdadeiras intenções.

Por um breve momento, o silêncio se instalou, enquanto aguardava sua resposta. Decidida, levantei-me, pronta para me afastar, mas um aperto firme em meu braço me impediu de prosseguir.

Henry ergueu-se rapidamente, segurando-me com firmeza. Seus olhos encontraram os meus, mostrando uma mistura de medo e desejo.

Em um gesto inesperado, ele aproximou seu rosto. Seus lábios macios tocaram os meus, e nossas línguas dançaram em perfeita sincronia.

Por um breve instante, tudo ao nosso redor desapareceu, restando apenas a intensa conexão entre nós.

Por fim, com relutância, separei-me dele. Coloquei minha mão em seu peito, impedindo-o de se aproximar ainda mais. Sabia que sucumbiria a seu charme, à sua influência sobre mim, se permitisse que isso continuasse.

— E se eu disser que vou terminar meu noivado? — perguntou, seus olhos demonstrando um medo profundo de me perder.

Sua voz trazia a promessa de uma mudança definitiva.

Aquelas palavras ecoaram em minha mente, as escolhas difíceis flutuando em meus pensamentos.

Pela primeira vez, senti-me perdida, incapaz de discernir entre a busca impiedosa por vingança e o amor inesperado que brotava dentro de meu âmago.

— Se você estiver verdadeiramente disposto, talvez haja uma chance para nós — respondi, minha voz envolta em incertezas.

Com firmeza, entreguei a carta de demissão a Henry, observando-o encolher os braços em um gesto de confusão. Seus olhos buscavam desesperadamente compreender o motivo pelo qual eu estava devolvendo aquilo que ele tanto temia.

— Você não me quer mais? — sua voz carregava uma tristeza que ecoava em cada palavra.

Mantive minha expressão inabalável, transmitindo a determinação por trás das minhas palavras.

— Eu lhe concedo um prazo de um mês para terminar o seu noivado. Nesse tempo, tome sua decisão final — respondi, deixando claro que não havia espaço para qualquer hesitação.

Uma centelha de esperança surgiu nos olhos dele, enquanto buscava por uma resposta que eu ainda não estava pronta para dar. Aproximei-me, deslizando meus dedos pelo contorno do seu pescoço até encontrarem os fios macios dos seus cabelos, acariciando-os suavemente. Senti a fragrância masculina que emanava dele, preenchendo meus sentidos.

— Durante esse período, estarei aqui para você. Basta me procurar — sussurrei, encarando-o com intensidade. Desci minhas mãos pela camisa social branca que o Sr. Brixton usava, acariciando seu abdômen delineado antes de me afastar.

Henry parecia prestes a dizer algo, mas fui embargado pelo som dos meus saltos ecoando pelo escritório, indicando minha partida iminente. A incerteza pairou no ar enquanto deixava o recinto, sabendo que o jogo estava apenas começando e que eu estava disposta a jogar todas as cartas para mostrar que sou a pessoa certa para estar ao seu lado.

Aquela situação parecia equivaler a receber uma caixa de diamantes, repleta de riquezas incalculáveis, apenas para ter essa mesma caixa retirada e ser deixado apenas com algumas moedas.

Seria ele capaz de se contentar com tão pouco? Era essa a realidade diante de nós.

Esse homem seria meu, e nem mesmo Alice, sua noiva, teria o poder de influenciar a sua decisão.

As incertezas preenchiam o ar enquanto eu refletia sobre o que estava em jogo. Era uma batalha pelo coração de Henry, e eu estava disposta a usar todas as minhas habilidades.

Seu amor, sua lealdade, tudo seria conquistado, mesmo que para isso eu tivesse que deixar rastros de destruição pelo caminho.

Alice, uma mera sombra no jogo que se desenrolava, não tinha ideia do que estava por vir. Eu estava disposta a enfrentá-la, a desafiá-la e a provar que meu desejo por vingança era muito mais profundo e genuíno do que qualquer acordo de conveniência entre famílias.

Ao sair da sala, deparei-me com uma recepção movimentada e funcionários retomando suas atividades. Olhares curiosos me acompanhavam enquanto eu caminhava, testemunhando o impacto da minha saída da sala do chefe.

Alguns demonstravam surpresa em seus rostos, incapazes de disfarçar a incredulidade diante daquela cena inesperada.

Outros, mais atentos às fofocas que circulavam, trocavam sussurros e cochichos entre si, provavelmente comentando sobre o que acabavam de presenciar.

A verdade é que aqueles funcionários teriam a oportunidade de confirmar em breve todos os rumores que circulavam sobre mim.

Porém, desta vez, eu retornaria com uma posição muito mais elevada do que a que anteriormente me pertencia. Era como se eu estivesse prestes a ascender a um patamar superior, olhando de cima para aqueles que tanto me julgaram.

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